Terror
Acabo de falar com uma amiga em São Paulo. Os filhos não foram à escola, ela mesma só foi trabalhar porque não tinha outro jeito mas está completamente apavorada.Todos estão apavorados -- eu também, assim como qualquer pessoa de bom senso.
Andam falando em terrorismo; mas terrorismo é outra coisa. Terroristas, por definição, têm um objetivo, ao passo que é difícil perceber qualquer objetivo na ação dos criminosos em São Paulo, exceto tocar um terror geral -- mas tirando o fato de que a palavra terrorismo vem de terror, as coisas me parecem diferentes.
Acho, aliás, que isso é o mais assustador: um não sei quê, que vem não sei como e mata não sei por que.
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Como é que o governador de São Paulo tem coragem de recusar a ajuda da Polícia Federal?! A política brasileira é mesmo absolutamente podre. Não basta a roubalheira, há ainda a mesquinharia de pôr interesses partidários acima da segurança da população.* * *
Achei muito boa a cobertura do "Fantástico", ontem -- com uma gravíssima exceção: o destaque dado à morte de um bombeiro, muito maior do que o que foi dado à morte de dezenas de policiais.A mensagem que uma cobertura dessas transmite é, mais ou menos, a de que matar um bombeiro é uma barbaridade, ao passo que matar um policial é algo corriqueiro.
Não está certo.
Sim, é verdade que bombeiros em princípio não exercem a profissão para enfrentar bandidos, mas nem por isso o assassinato de um policial pode ser considerado "normal" ou a sua morte menos sentida do que a de um bombeiro ou qualquer outra pessoa; também é verdade que a polícia brasileira tem problemas sérios e que a corrupção desmoraliza a instituição, mas os policiais que estão na rua em São Paulo neste momento tentando pôr alguma ordem no caos são verdadeiros heróis, e como heróis mereceriam ser tratados.
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Por falar nisso, a sociedade brasileira trata extremamente mal a sua polícia, mal falada e mal remunerada.Se ela não funciona, vamos trocar os policiais (a começar pelas chefias), vamos treiná-los melhor, dar-lhes condições decentes de trabalho e melhor remuneração. Mas não é justo exigir competência de primeiro mundo de quem trabalha de forma tão precária.
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