27.8.01

Escravidão digital por concorrência pública



Pessoal, é o seguinte: temos que ser menos maliciosos! Nós aqui achando que Steve Ballmer veio ao país para fazer lobby, quando, pelo contrário, o que ele veio fazer foi agradecer ao presidente Fernando Henrique e ao ministro Paulo Renato a gentileza que tiveram ao detonar o Linux das salas de aula...!
No próximo dia 31, quando se encerra o prazo para a apresentação de propostas para a concorrência FUST/ MEC da Anatel, que estabelece que as máquinas para informatização da rede escolar deverão rodar Windows, estes esclarecidos senhores estarão entregando à Micro$oft, de bandeja, a nossa soberania digital. “Educadas” em Windows, as crianças brasileiras estarão, para sempre, escravizadas a uma única companhia, à qual terão que pagar dízimos mensais (definidos cientificamente como "licenças de uso"); precisarão ter sempre máquinas caras, já que, ao contrário do Linux, Windows não roda em qualquer sisteminha; e passarão a achar perfeitamente normal que todos os PCs à sua volta dependam de uma empresa que, em seu país de origem, está sendo processada pelo governo por práticas monopolistas.
Tem que estar mesmo muito agradecido o Mr. Ballmer, do alto dos seus 14 (é, quatorze!) bilhões (isso, bilhões!) de dólares.
Duvido que, nos Estados Unidos, uma simples prefeitura do interior conseguisse emplacar uma vergonha dessas às custas do contribuinte.
País bacana, o Brazil.

(O Globo, 26.08.01)

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