Durante muitos anos, o San Jose Mercury News foi meu jornal favorito.
Plantado no coração do Vale do Silício, dava prioridade às notícias que, a meu ver, eram realmente importantes: enquanto Bill Clinton e a Monica Lewinsky eram manchete mundo afora, o Mercury News se esbaldava em manchetes sobre os processos contra a Microsoft e fofocas sobre o Larry Ellison.
Notícias sobre o caso Clinton? Ah, lá dentro, num cantinho qualquer.
Enfim, era um jornal feito por nerds, para nerds, circulando no habitat dos nerds. E era, por isso, um grande sucesso. Infelizmente, também por isso, foi uma das tantas vítimas da bolha.
Hoje agoniza, coitado, reduzido a um número ridículo de páginas e de jornalistas.
No outro dia, achei no Mother Jones um link para um ensaio fotográfico de Martin Gee, um dos seus diagramadores, feito depois do último pasaralho -- que é como nós, jornalistas, chamamos as ondas de demissões coletivas que, volta e meia, se abatem sobre as redações.
Martin foi demitido, ele também, num passaralho subseqüente, em 26 de junho passado, dois dias antes do seu aniversário e poucos dias depois da morte do seu pai, no que descreve como o pior mes da sua vida.
Pudera não.
O ensaio é dos mais tristes que já vi. Fica difícil saber se vai sobrar alguém para apagar a luz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário