20.9.08

Lucia Latorre

Ela aparece pouco por aqui; melhor dizendo, manifesta-se pouco. Mas consegue ir direto ao meu coração e, não raro, me deixar emocionada:
"Oi Cora,

Pela primeira vez, acompanho uma viagem sua e sei do que você está falando. Pois é, eu também estive em NY. Em maio, eu e minha filha, depois de um ano de muita, muita economia, nos aventuramos.

Primeiro Cancun numa daquelas excursões, depois NY sozinhas. Sem espikar nadinha, nós nos aventuramos, alugamos um quarto na 86, e saimos a desbaratar NY. Fizemos o roteiro direitinho; vejo agora pela sua viagem . Museu de História Natural, Metropolitan, Moma, assisti o Rei Leão, Marco Zero, Estátua, Museu do Imigrante, Central Parque, Dakota, e outros tantos.

Ficamos 11 dias e foram dias muito felizes.

Acredita que eu, que vim lá daquela casinha de madeira, de repente estava comprando Lancôme e Mac na Sacks e na Bloomingdale? Imagina o que seja isso? Sabe que todos os dias eu tomava café da manhã com os pés na janela, admirando o Rio Hudson? E eu ficava tão feliz.

Desde 2005 que leio seu blog. Suas viagens é que me inspiraram. Antes, nunca tive coragem de viajar.

Mas você viajava, mostrava fotos dos lugares, as pessoas comentavam, conheciam, fui garrando um ódio de não conhecer nada, fui garrando uma birra de ser tão ignorante.

Tô curtindo pela segunda vez NY agora através da sua viagem.

Fico esperando você postar, agora eu sei, conheço, você que viajou tanto não faz idéia do que isso significa, parece que eu aprendi a ler. Porque agora eu leio com outros olhos.

Obrigada, viu, Cora."
Lucia, fiquei com lágrimas nos olhos quando li o que você escreveu. Porque imagino, sim, o que seja vir daquela casinha modesta até aqui; porque você não só foi feliz como soube perceber que era feliz e curtiu o momento; e, lógico, pela parte que me atribui nisso e pela linda analogia que fez com a leitura.

É verdade, eu viajo muito. Mas em todos esses anos e em todas essas viagens, nunca deixei, uma vez sequer, de agradecer à minha boa estrela. Cada vez que piso num aeroporto, cada vez que entro num avião, cada vez que respiro o ar de uma cidade diferente, fico arrepiada, pensando no que foi que eu fiz para merecer tanto.

Espero morrer sem perder esse encantamento -- que é, no fundo, a essência da felicidade.

Um abraço muito apertado, amiga querida; quem agradece sou eu.

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