Os finalistas: Nokia 2660 e Samsung C-260: design razoável, telas de boa resolução, números grandes, teclas visíveis a olho nu. Características indispensáveis ao celular de quem quer apenas... um telefone!
Quando menos é mais
A terceira idade que não quer 3G
Você quer comprar um celular com câmera, rádio FM, agenda, email, calendário, conversor de medidas, Bluetooth e player de música, que tenha um ou dois games divertidos para as horas vagas? Sem problema: praticamente não se fazem mais celulares sem essas funções. No high-end, ou seja, naquela ponta estratosférica em que um celular custa às vezes mais do que um computador, a dificuldade está apenas em escolher o que você quer (ou precisa) que ele faça melhor.
Fotografia com 5 Megapixels, lente auto-focus, flash, zoom e bom software? Só aqui na mesa, entre os meus e o de teste, tenho o Nokia N95 (meu favorito), o Sony-Ericsson K850 (que, aliás, não está funcionando – sim, isso acontece comigo também!) e o elegante Viewty, da LG. Música em primeiro lugar, com teclas especiais para o player e um design caprichado? Mais fácil ainda: aí estão toda a série Rokr da Motorola, o excelente Sony-Ericsson W580 (para quem não sabe, o W é de Walkman, uma espécie de iPod inventado pela Sony beeeeeem antes da Apple) e os XpressMusic da Nokia. Televisão digital? É com o Samsung 820 (funciona mesmo!). Escritório de bolso? Todos os fabricantes tem pelo menos um, isso quando não se especializam no gênero, como a HTC ou a Blackberry.
Mas... tente encontrar um celular que seja apenas um telefone! Um celular simples, com uma boa tela, números grandes, teclas legíveis e um ringtone suficientemente alto para ser ouvido se o aparelho estiver na bolsa. Que não tenha câmera digital, player ou games. E que seja, ao mesmo tempo, um objeto bonito, construído em bom material, usando a melhor tecnologia.
Missão impossível. Descobri isso por acaso. Mamãe tinha um velho Nokia CDMA com o qual se dava muito bem, mas que já estava ultrapassado; minha irmã tinha pontos na Oi que precisava resgatar antes que o programa de fidelidade saísse do ar. De modo que a Laura pediu o aparelho simplesinho que os seus pontos permitiam para substituir o velho Nokia.
Mamãe odiou o novo aparelho e, quando o vi, dei-lhe toda a razão: não só a tela é pequena como a resolução é péssima. O 1208 é pequeno, leve e até tem uns extras (calculadora, conversor, lanterna, calendário), mas o design é ruim, o look é barato no mau sentido, as teclas são difíceis de usar e o som é baixo. Cá entre nós, mal se acredita que seja mesmo um Nokia.
Fomos, portanto, procurar o aparelho dos sonhos da Mamãe – que é, aliás, o sonho de tanta gente que precisa de um celular, mas não quer nada além disso. Fiquei impressionada como esta fatia do mercado, que certamente engloba parcela significativa dos usuários de mais idade, é ignorada pelo mercado. Depois de muito procurar, ficamos entre dois modelos: o Samsung C260 e o Nokia 2660, dois flips simples e de acabamento correto. O Nokia ganhou a parada por um detalhe importante: teclas mais bem separadas. Entre as ofertas dos demais fabricantes, não encontramos um só aparelho satisfatório.
Está certo que o público alvo da indústria são os adolescentes e os jovens adultos, mas quando é que alguém vai pensar nos adultos adultos, que não têm vista nem paciência para miudezas e que, ainda assim, tem bom-gosto e dinheiro para um ótimo aparelho?
(O Globo, Revista Digital, 16.6.2008)
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