3.6.08

Matilda rides again

Dessa vez, com uma receita de canjica pra ninguém botar defeito; pode até ser que não dê certo na mão das menos prendadas, como a blogueira que vos tecla, mas a diversão é garantida...
"É hoje, é junho, está frio, o forró flutua no ar, o milho estoura no milharal; Santo Antônio, São João, São Pedro pedem, a gente atende: vamos fazer canjica.

Coloque Flávio José para ouvir, nada como Flávio José para fazer uma canjica, para dar o tom do forró, para se ouvir nas noites frias de junho, para dançar juntinho no frio de junho; em junho Flávio José, o som da sanfona, as letras das músicas ('prestenção' em Tareco e Mariola, um primor), afinal, junho tem que ter canjica e Flávio José, eu adoro Flávio José, e "quem é você prá derramar meu mungunzá"?

E cantando "quando bate o coração tudo pode acontecer, a razão manda soltar e a paixão manda prender, o ciúme quer matar e a saudade quer doer, a cabeça quer pensar mas o amor só quer você" pegue umas dez espigas de milho verde, vá 'tirano' a palha e os cabelos ao som da sanfona, depois corte o milho rente ao sabugo com uma faca afiada ou vá debulhando mesmo se estiver muito duro, depois moa no processador e deixe numa tigela com água.

Rale dois cocos grandes, vá dando o ritmo do ralar com o forró que preenche o ar, tire o leite grosso, coe e reserve e pegue o bagaço do coco e junte uns dois copos de água quente e esprema num pano de prato e reserve também.

Passe o milho por uma peneira fina, passe duas vezes para a massa ficar bem cremosa, ajudando com a colher novamente ao som do forró, vá cantando junto com Flávio José enquanto peneira o milho, depois ponha a massa na panela junto com o leite de coco espremido no pano de prato, pegue erva-doce, cravo-da-índia, canela em casca e amarre num pedaço de tecido fino, fazendo uma boneca, coloque dentro da panela, ponha açúcar a gosto, uma colher de sopa de manteiga e leve ao fogo forte, mexendo sempre a panela, sempre ao som do forró, mexa a colher na panela, mexa o corpo, solte o corpo, vá mexendo com uma colher grande de pau até engrossar, engrossar a massa!

Se o mingau ficar muito duro, lave novamente o bagaço de coco com água quente e vá acrescentando até ficar no ponto desejado.

Quando ferver e ficar uniforme, despeje o leite grosso do coco e deixe cozinhar mais um pouco, até ficar bem cremoso, depois despeje em pratos grandes, polvilhe com canela e pronto: eis sua canjica, eis o cheiro do milho tomando a cozinha, eis o sabor de junho tomando conta da sua casa, eis o gosto do São João no interior da minha terra.

E ouvindo Flávio José, corte sua canjica tremeluzindo, canjica boa balança no prato, forró bom balança a alma e o corpo, deguste sua canjica com um bom licor de jenipapo e pegue seu par, encoche e vá dançar o forró, vá dançar embaixo das bandeirinhas coloridas de crepom ornando o terreiro, vá dançar ao redor da fogueira, vá dançar no céu estrelado das noites de junho e seja feliz, afinal, canjica, licor de jenipapo, forró e um par para encochar é a glória dessa vida nas noites friinhas de junho."

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