4.3.08

A vida é bela...




Acho que deu para perceber, ao longo das últimas fotos, que comer na Roberta Sudbrack não é exatamente "almoçar" ou "jantar"; é uma aventura gastronômica completamente diferente de tudo o que se conhece, uma experiência sui generis, em que a gente faz a festa alegrando os olhos e tentando adivinhar o que é o quê, enquanto brinca com sabores e texturas diferentes na boca.

É óbvio que não é coisa para todo dia; ninguém come assim na vida real. Uma refeição dessas tem um ritmo próprio, e uma tal quantidade e variedade de inflexões, que precisa de um espaço no tempo.

Mal comparando, eu diria que é como uma observação sagaz e espirituosa entre parênteses, que fica perfeita como surpresa ao longo de um texto, e que assim deve ser mantida.

Ao contrário do que parece, é MUITA comida! As porções são minúsculas, bocadinhos de delícias, mas de bocadinho em bocadinho...

Eu acho que a Roberta gosta de perturbar a gente com isso. Lá vem UM aspargo. Depois, UMA colherada de uma outra maravilha qualquer. Está achando pouco? Espera, pra ver o que é bom! O pior é que, no fim, é assim que tem que ser, se a gente quiser curtir o parque de diversões todo.

Outro prazer perverso dela, estou convencida, é assustar as pessoas. Da última vez em que comi lá, por exemplo, um dos pratos tinha jiló. Como quase todo mundo, eu odeio jiló, e fiquei na maior aflição: jiló?! Bom, o raio do jiló aparecia em fatias fritas tão fininhas e tão suaves que levei o susto à toa. Dessa vez, ela resolveu tirar da manga o maxixe, outro legume de má reputação. Nem preciso dizer que também odeio maxixe, né? Pois foi o que se viu. Eu teria lambido o prato, se não pegasse meio mal em local público.

Não conheço, em nenhum lugar do mundo, nada que se compare a um jantar na Roberta. Nada mesmo. O que ela inventa é sempre originalíssimo, e no mínimo muito interessante. Quase sempre, é emoção pura em forma de comida, e vocês sabem que eu sou um bípede muito sensível a essa forma de felicidade.

A toda hora fico com vontade de ir lá na cozinha dar um abraço nela.

Enfim.

Madrugada vai alta, vou dormir e vou sonhar com os anjos, se é que já não os comi todos, com asinhas e tudo.

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