15.3.06



Telexpo 2006

A Telexpo costumava ser a feira mais quente das telecomunicações; era "o" lugar para encontrar todo mundo, e para fazer aquilo que, em bom português, continua se chamando de "networking", isto é, estreitar relações, ouvir uns boatos, espalhar outros, essas coisas. Algo estranho, porém, aconteceu este ano: com exceção da Nextel, que é uma espécie de universo paralelo no mundo da comunicação móvel, nenhuma operadora compareceu.

Resultado: uma feira morna, sem grandes emoções -- exceto aquelas provocadas por novos lançamentos em quem gosta de estar em dia com as novas novidades.

Apesar da ausência das operadoras, pode-se dizer que, de certa forma, Marco Aurélio Rodrigues, presidente da Qualcomm no Brasil, falou pela Vivo: é que a Qualcomm é a empresa que está por trás da tecnologia CDMA, adotada pela operadora -- que enfrenta problemas que a concorrência GSM não tem. O mais sério deles é a falta de cobertura digital nacional. Em Minas e no Nordeste, por exemplo, a cobertura da Vivo ainda é analógica, o que, além de impedir a oferta de uma série de serviços interessantes, permite a clonagem dos celulares:

-- Isso, basicamente, é questão de interesse público -- diz Marco Aurélio. -- Estamos falando de 30 milhões de usuários! A Anatel deveria garantir tratamento isonômico para a única operadora CDMA do país: já foram feitas até agora oito ofertas de freqüências GSM, de 1,8GHz, e nenhuma para CDMA, em 1,9GHZ. Veja o paradoxo: a operadora com o maior número de assinantes é, ao mesmo tempo, a que possui a menor quantidade de espectro.

É um argumento eloqüente, difícil de contestar. A opção preferencial do país pelo GSM é boa, mas melhor ainda é ter um "ecossistema" diversificado, com tratamento igual para todas as empresas por parte do governo e as conseqüentes concorrência e possibilidades de escolha para os usuários.

Apesar da estonteante quantidade de celulares GSM apresentados na Telexpo, um dos lançamentos mais interessantes rolou, justamente, na praia do CDMA: o Kyocera KR1 Mobile Router, ou seja -- um roteador EV-DO para aquelas fenomenais plaquinhas PCMCIA que, habitualmente, a gente usa no notebook. Bom, imaginem: espeta-se a plaquinha neste roteador, e a ele conectam-se todos os computadores da casa.

Em dois tempos, está no ar uma autêntica rede banda larga. A idéia é ótima, e o funcionamento, nas áreas já cobertas pelo EV-DO, muito bom. Eu sei porque, por sorte, moro numa dessas áreas e tenho uma dessas plaquinhas: a velocidade de acesso do meu notebook, com ela, deixa a do desktop no chinelo.

No mais, guardem um nome: Pantech. Alguns dos telefones mais criativos em exibição são crias desta empresa relativamente pouco conhecida no Brasil, mas segunda fabricante da Coréia. Show!

(O Globo, Info etc., 13.3.2006)

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