13.3.06



O que vocês NÃO vão ler no Globo...

Eis que amanhã, terça-feira, a vossa blogueira lança, no 00, uma pequena antologia de apócrifos que circulam pela internet, ou seja: aqueles textos atribuídos a autores que jamais os escreveram, mas que provavelmente jamais se livrarão deles.

Enfim: um livro com textos 100% falsos!
A minha colega Suzana Velasco escreveu uma matéria para o Segundo Caderno que sairia amanhã; no entanto, descobriu-se que a capa do Megazine de terça é, justamente, o livrinho.

Seria badalação demais, ainda por cima para alguém da casa. De modo que a matéria da Suzana caiu. Para que o trabalho e o texto dela não se percam de todo, porém, eu os trouxe para cá:
"Quem nunca recebeu pela internet um novo ou inédito texto e Luis Fernando Verissimo e o repassou para um amigo? De e-mail em e-mail, o texto se tornou famoso, mas Verissimo nunca escreveu nada parecido. A espécie de pegadinha, que já foi feita com nomes como Carlos Drummond de Andrade, João Ubaldo Ribeiro e Gabriel García Márquez, tornou-se tão popular que motivou a jornalista Cora Rónai, colunista do GLOBO e editora do caderno Informáticaetc, a organizar o livro "Caiu na rede", uma antologia desses "clássicos" que circulam na internet. O livro, que será lançado pela Agir (Ediouro) amanhã, às 20h30m, no 00, chega acompanhado de um blog (www.livrocaiunarede.com.br), disposto a receber novos textos e esclarecimentos sobre sua autoria.

Cora selecionou os textos pela sua popularidade e circulação e incluiu no livro crônicas de alguns escritores que comentaram sobre eles. Arnaldo Jabor, por exemplo, tratou do tema na crônica "Eu nunca escrevi o 'Bunda dura?", enquanto Verissimo, recordista quando se trata de falsa autoria, escreveu sobre "Quase", que chegou a ser incluído numa antologia do escritor na França. Mas o primeiro grande clássico falso da rede foi, segundo Cora, um discurso supostamente do americano Kurt Vonnegut, que começava com a recomendação "Usem filtro solar".

-- O texto sobre o filtro-solar é um texto espetacular, uma espécie de filosofia popular de muito bom senso. Ele foi escrito pela Mary Schmich, do "Chicago Tribune", mas se fosse mandado com seu nome ninguém leria. Até a revista "Time" caiu -- diz Cora, que, desconfiada, descobriu a verdadeira autoria e comentou o caso numa crônica, em 1997.

Para Cora, este foi um caso típico de um bom texto cuja autoria foi alterada para chamar a atenção. Mas ela diz que há também quem troque o próprio nome para divulgar seus escritos. E nesse troca-troca até Clarice Lispector vira poeta, e das ruins. Segundo a jornalista, a Ediouro foi cuidadosa em descobrir os reais autores dos textos e pedir sua autorização.

? As pessoas tentam até copiar o estilo dos escritores. E, depois que os textos se espalham, é difícil corrigir isso. Todo mundo continua achando que o texto "O direito ao palavrão" é do Millôr Fernandes -- diz Cora.

Essa sina de vincular um texto a um escritor vem da era pré-internet. O poema "Instantes" já é tão atribuído a Jorge Luis Borges que a viúva do escritor argentino teve que pedir para não receber seus direitos autorais. Mas é foi a facilidade de veiculação na internet que tornou os casos um fenômeno. E é também na rede que a questão é debatida. Cora cita os escritos em blogs de Vanessa Lampert e Betty Vidigal como esclarecedores do tema, que, como a internet, não tem data para se esgotar."
De modo que vocês já ficam sabendo, e estão todos convidados: a partir das 20h30, no 00, simpático restaurante da Gávea, na Rua Pe Leonel Franca 240, extamente ao lado do Planetário. Vou ficar feliz mesmo com a presença de vocês.

Ah, e hoje, logo mais, às 16h00, falarei um pouco sobre o livro no Sem Censura, da Leda Nagle.

Nenhum comentário: