30.6.05 CatiripapoDo Cat:
Não tem preço!Depois de ver a seleção lá deles perder para a nossa na Copa das Condfederações, e de ver o River perder para o São Paulo na Copa Libertadores, o Olé argentino jogou a toalha.Eles podem até não ter futebol, mas pelo menos têm senso de humor... :-D Tu te lembras da casinha pequenina?Há um Brasil maior do que tudo isso que aí está;os assassinos, porém, andam soltos entre nós Uma paisagem verde, um pé de caqui vermelho de frutas, uma vaca pastando, dois homens conversando numa varanda ao entardecer -- e a casa, digna, bonita, estalando de limpa. Eu nunca tinha ouvido falar em Xanxerê, no interior de Santa Catarina, até minha filha voltar de lá trazendo essas imagens evocativas numa pequena câmera digital. Passei muito tempo olhando para a casinha tão brasileira, admirando cada detalhe, feliz em encontrar numa foto tão singela o antídoto emocional para a sujeirada que Brasília nos despeja aos baldes sobre a cabeça, dia após dia. Publiquei as fotos no blog. * * *"Cora, eu nasci numa casinha exatamente assim, lá no Paraná -- escreveu Lúcia Latorre. -- Minha mãe mora até hoje numa casinha exatamente igual. Também lá no Paraná. A foto da varanda com os dois homens sentados lembra meu pai que era ferreiro e meu irmão, igualmente ferreiro de profissão. E eu sempre tive vergonha de morar em casa de madeira, meu sonho era acordar e ver uma parede de tijolo. O chão da casa que aparece lustroso e limpinho, é porque desde cedo a gente aprendia a encerar o chão. A cera era feita com tablete Santo Antonio derretido com meio litro de gasolina, que a gente esquentava no fogão a lenha.Vendo essas fotos eu chorei. Porque hoje tenho uma casa de tijolo como eu queria, grande, bonita, mas não sou feliz como era naquele tempo. Eu poderia até ser feliz hoje, mas por que será que não sou? Venho aqui todos os dias, mas nunca escrevo porque tenho vergonha ou receio de cometer erros de português. Mas obrigada por devolver meu passado. Hoje mesmo liguei para minha mãe e vou visitá-la semana que vem." Alexandre Ribondi, o amigo querido de Brasília que escreve tão bem, respondeu: "Lúcia, lá na serra do Espírito Santo, de onde eu sou, por causa dos imigrantes italianos, alemães e poloneses, tem muita casa assim. E o que ficou grudado na minha memória é o chão eternamente brilhante. Quando minha mãe ia passar o pano, eu me sentava nele e, fazendo peso para lustrar bem, ainda brincava de deslizar pela casa, desviando-me das quinas dos móveis. Em dia de encerar também, as cortinas das portas internas eram amarradas para ficarem suspensas. Um dia, meu irmão do meio tentou me enforcar no nó, o que provocou um alvoroço igual a galinheiro invadido por gavião. E lembra das roupas, como eram branquinhas, lavadas com boneca de anil? E na sua casa tinha lingüiça pendurada num pau em cima do fogão à lenha para defumar? Tinha horta onde, quando a mãe mandava ir pegar alface, a mão da gente congelava com o frio de uns dois graus? Eu me lembro do cheiro de broa, de mandioca cozida, de pão preto com mel em cima, de polenta. Nem se trata de ser mais ou menos feliz que hoje ou algum dia por vir. É que era bonito demais. E, olha, fica pra sempre." Foi um fim-de-semana nostálgico, com amigos que não se conhecem trocando lembranças de infância, histórias de um país que, apesar de tudo, insiste e resiste por si mesmo, alheio a mensalões, a tesoureiros milionários e a deputados corrompidos até o osso; um país onde ser chamado de ladrão ainda é ofensa, onde honra não é figura de retórica e onde o chão brilha porque é assim que tem que ser. Como disse o Cesar Valente, lá de Florianópolis: "O Brasil, a gente sabe, mas esquece de vez em quando, é maior e melhor que seus políticos e seus governantes." * * *Há dois anos, no dia 24 de julho de 2003, lamentei, aqui, a sorte de Gustavo Damasceno, morto ao volante de seu Uno Mille por um bando de cretinos que batiam pega na Vieira Souto em carrões importados. Como era de se prever, nada aconteceu aos assassinos do rapaz correto, trabalhador. Depois de destruir uma família, armaram-se de bons advogados e hoje simplesmente não se fala mais neles, assim como em breve não se falará mais neste Ioannis Amora Papareskos, o troglodita que já está de volta às ruas, amparado pela justiça dos ricos.Infelizmente, não há casinha em Xanxerê que baste para a gente engolir este outro Brasil, que perdeu por completo a noção do que é certo e do que é errado. Para a desembargadora Rosita de Oliveira Neto, matar um senhor que estava calmamente aproveitando a manhã não parece ser razão suficiente para manter alguém atrás das grades; afinal, passado o porre monumental do uísque, das quatro vodcas e das sete cervejas, o assassino de Cláudio Mazzei Moniz é um ser humano como outro qualquer. Suzanne Richthofen, aquela flor dos Jardins, também é: seu advogado acha um absurdo manter encarcerada uma pessoa de bons antecedentes só porque matou a mãe e o pai. Como ela é loura, fez escova progressiva e tem uma conta bancária de último tipo, o STJ concordou com ele. Grande, grande suspiro. A gente faz o que pode para amar este país, mas às vezes, sinceramente, fica difícil: não há reserva de ternura que consiga sobreviver a tanta safadeza. (O Globo, Segundo Caderno, 30.6.2005) 29.6.05 Alô?! Click!Há duas semanas estou usando um Sony Ericsson K750i como câmera e telefone. Isto é: com exceção de um fim-de-semana na Bahia (onde foram feitas algumas dessas fotos), sai todos os dias sem câmera, o que, para mim, além de parecer temeridade, cria também algo próximo à síndrome de abstinência.Devo dizer, porém, que, ao longo desse tempo, o telefoninho cumpriu às mil maravilhas o que dele se esperava ou, pelo menos, o que dele exigi: tem uma tela clara e brilhante, viva-voz, um bom rádio, um bom player de MP3, acesso à web, games bacaninhas. O som, tanto das campainhas quanto da música, podia ser um pouco mais alto; mas isso é só detalhe. O quente do K750i é mesmo a câmera, que entra em ação assim que se abre a tampa traseira que cobre a lente -- e que é mesmo uma câmera, com auto-foco, macro e alguns controles manuais. E que, como qualquer câmera, se usa na horizontal. Um botão na lateral do celular (modo fone) vira disparador no modo câmera. Como em qualquer outra digital, ele também precisa ser pressionado levemente antes do clic para fazer foco; e, imaginem que delícia, pode-se até ouvir o mecanismo interno da lente em ação, zzz? zzz, procurando a imagem ideal. À luz do dia, esta é quase sempre perfeita. A reprodução de cores é muito fiel, e praticamente não há distorção ou perda de nitidez nos cantos. Em ambientes internos e à noite, naturalmente, ele enfrenta maiores dificuldades. Para objetos próximos, pode-se recorrer ao photo light, espécie de flash que, inclusive, pode ser de grande valia em casos de apagão; mas sua luz é fria, e a tendência é compensá-la com tons excessivamente alaranjados. Isso pode ser corrigido desabilitando-se o modo automático do controle de branco. A câmera permite fazer fotos grandes (1632 x 1224), médias (640 x 480) e pequenas (160 x 120), em modo normal, panorâmico (grande barato!), com 24 moldurinhas tipo cartoon ou num burst de quatro imagens, ótimo para fotografar cenas de ação, crianças, animais de estimação e o que mais teime em se mexer no momento decisivo. Há ainda um modo noturno, temporizador e efeitos básicos, como P&B, sépia, negativo e um "clarear" que parece solarizador. O produto de tantas variantes pode ser guardado na memória interna do telefone ou em cartões Memory Stick Duo, que atualmente vão até 2Gb. A interface é ótima e traz um help providencial para a maioria das funções, o que torna o manual praticamente desnecessário. O K750i, um candy-bar típico com um design conservador, bate um bolão. Pesa cerca de cem gramas, tem bateria de ótima duração e -- impressionante! -- é o primeiro telefone que eu uso que, na maioria dos casos, consegue substituir satisfatoriamente uma câmera básica. (O Globo, Info etc., 27.6.2005) 28.6.05 Quem canta seus males espantaO Moreno fez uma seleção de melôs da crise. Está tão boa que não resisti e roubei algumas (quase todas...) para cá:Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder O que não dá mais pra ocultar e eu não posso mais calar Já que o brilho desse olhar foi traidor E entregou o que você tentou conter O que você não quis desabafar e me cortou... Já lhe dei meu corpo, minha alegria Já estanquei meu sangue quando fervia Olha a voz que me resta Olha a veia que salta Olha a gota que falta Pro desfecho da festa... Se tu falas muitas palavras sutis E gostas de senhas, sussurros, ardis A lei tem ouvidos pra te delatar Nas pedras do teu próprio lar Se trazes no bolso a contravenção Muambas, baganas e nem um tostão A lei te vigia, bandido infeliz Com seus olhos de raio-x Se vives nas sombras, freqüentas porões Se tramas assaltos ou revoluções A lei te procura amanhã de manhã Com seu faro de dobermann E se definitivamente a sociedade só te tem Desprezo e horror E mesmo nas galeras és nocivo És um estorvo, és um tumor A lei fecha o livro, te pregam na cruz Depois chamam os urubus Se pensas que burlas as normas penais Insuflas, agitas e gritas demais A lei logo vai te abraçar, infrator Com seus braços de estivador Vou pedir pra você ficar Vou pedir pra você voltar Eu te amo Eu te quero bem... Quando a gente ama não pensa em dinheiro Só se quer amar Se quer amar Se quer amar De jeito maneira Não quero dinheiro Quero amor sincero... Negue o seu amor O seu carinho Diga que você já me esqueceu Pise machucando de mansinho Este coração que ainda é teu Diga que o meu pranto é covardia Mas não se esqueça Que você foi meu um dia... Quebrei o teu prato, tranquei o meu quarto Bebi teu licor Arrumei a sala, já fiz tua mala Pus no corredor... Hoje não existe nada mais entre nós Somos duas almas que se devem separar O meu coração vive chorando e minha voz Já sofremos tanto que é melhor renunciar... Meu partido é um coração partido E as ilusões estão todas perdidas Os meus sonhos foram todos vendidos Tão baratos que eu nem acredito Que aquele garoto que ia mudar o mundo Freqüenta agora as festas to "grand monde" Meus heróis morreram de overdose Meus inimigos estão no poder Ideologia, eu quero uma pra viver... Não, eu não posso lembrar que te amei Não, eu preciso esquecer que sofri Faça de conta que o tempo passou E que tudo entre nós terminou E que a vida não continuou pra nós dois Caminhemos, talvez nos vejamos depois... Se você crê em Deus Erga as mãos para os céus E agradeça Quando me cobiçou Sem querer acertou Na cabeça Eu sou sua alma gêmea Sou sua fêmea Seu par, sua irmã Eu sou seu incesto (seu jeito, seu gesto) Sou perfeita porque Igualzinha a você Eu não presto... Pode ir armando o coreto E preparando aquele feijão preto Eu tô voltando Põe meia dúzia de Brahma pra gelar Muda a roupa de cama Eu tô voltando... Nosso amor que eu não esqueço, e que teve o seu começo Numa festa de São João Morre hoje sem foguete, sem retrato e sem bilhete, sem luar, sem violão Perto de você me calo, tudo penso e nada falo Tenho medo de chorar... Eu sei que eu tenho um jeito Meio estúpido de ser E de dizer coisas que podem magoar e te ofender Mas cada um tem o seu jeito Todo próprio de amar e de se defender Você me acusa e só me preocupa Agrava mais e mais a minha culpa Eu faço, e desfaço, contrafeito O meu defeito é te amar demais Você abusou Tirou partido de mim Abusou Tirou partido de mim Abusou Tirou partido de mim Abusou... Não vejo mais você faz tanto tempo Que vontade que eu sinto De olhar em seus olhos, ganhar seus abraços É verdade, eu não minto E nesse desespero em que me vejo Já cheguei a tal ponto De me trocar diversas vezes por você Só pra ver se te encontro Você bem que podia perdoar E só mais uma vez me aceitar Prometo agora vou fazer por onde nunca mais perdê-la Agora, que faço eu da vida sem você? Você não me ensinou a te esquecer... Desculpe o auê Eu não queria magoar você Foi ciúme, sim Fiz greve de fome, guerrrilhas, motim Perdi a cabeça Esqueça.. Da próxima vez eu me mando... Por você vou roubar os anéis de Saturno Eu minto, mas minha voz não mente Minha voz soa exatamente De onde no corpo da alma de uma pessoa Se produz a palavra eu Dessa garganta, tudo se canta Quem me ama, quem me ama Adeus, meu olho é todo teu Meu gesto é no momento exato Em que te mato... #$%^@*!!!Argh!!!!!!!!!!!Minha máquina está bichada. O sistema está devagar quase parando, o Word trava e fecha a cada segunda palavra digitada, nada se mexe. * suspiro * 27.6.05 Matou a pauMillôr, na Veja:No Congresso, só porque não estão se vendendo, alguns se acham de esquerda. E alguns, só porque se acham de esquerda, acham que não estão se vendendo 1001001Número de pageviews que o Nedstat estava marcando ainda agora; ele foi instalado em 24 de agosto de 2002.Zoooooooom!Na DP Review, tudo sobre a nova Canon S2 IS, a mais nova câmera com zoom óptico 12x.Taí uma que estou doida para ver... A pedidosO Tom e o Lucas pediram fotos da Keaton estudando hidrologia. No entanto, sendo, como é, um gato, Keaton jamais faz exatamente o que se espera dela; e nem quis saber de redemoinhos.Em compensação, passou o dia se divertindo com o chuveirinho do bidê. Ao contrário do resto da Família Gato, Keaton adora água, e sai encharcada de cada sessão de estudos. (Tirando a barriguinha raspada, ela não está uma gracinha?) 26.6.05 Frases de cinemaLá na Meg, eterna Musa Inspiradora, Fada Madrinha e Grande Mãe dos blogs.BR, há um bom papo sobre aquelas falas de filme que todo mundo adora.Frankly, my dear, I don't give a damn!, do Rhett Butler, em "E o vento levou", foi eleita favorita numa lista americana. Eu, porém, estou com a Meguita: para mim, Nobody's perfect!, última frase de "Some Like it Hot" (Quanto mais quente melhor), dita pelo Osgood, é imbatível. Mas há tantas falas maravilhosas! Qualquer filme do Woody Allen tem pelo menos meia dúzia. E agora mesmo eu estava assistindo com a Bia, pela enésima vez, a "Groundhog Day" (Feitiço do tempo), e revi uma fenomenal, quando o guarda rodoviário informa ao Bill Murray que estão fechando a estrada por causa de uma tempestade de neve. -- O senhor tem duas opções: ou volta já para Punxsutawney ou morre congelado! Então, vai fazer o quê? (longa pausa) --- Estou pensando. Aliás, a Meg fez anos dia 23 e a cabeça de vento que vos tecla se esqueceu da Magna Data, pode isso?! Lembranças de viagemMais uma leva de fotos da Bahia!Quando as fiz, estava muito preocupada com a câmera: digitais são super-sensíveis à maresia -- perdi uma Olympus boazinha há alguns anos, num cenário justamente assim -- e, desta vez, fiz a besteira de não embrulhar a máquina num saco plástico, que é o procedimento que passei a adotar para essas ocasiões. A água estava rasinha e muito limpa, de modo que pude fotografar o caranguejo do alto; mas devo confessar que fiquei meio chocada quando percebi que ele estava comendo... outro caranguejo! Que canibal, francamente. Ah, sim: o azul que aparece nas fotos do bem-te-vi não é a cor da água, mas o reflexo do céu. Show, né? Bom restinho de domingo procês! 25.6.05 Fotos no Blogger.comEstá explicada a mudança do sistema de upload de fotos que reparei ontem ou ante-ontem: o Blogger.com liberou geral. Agora todos os usuários podem subir imagens à vontade, sem precisar recorrer ao Picasa ou ao Hello.Na parte superior da moldura da caixa de edição há dois novos ícones, um quadrinho e uma folha de papel; basta clicar neles para que se abram janelas de diálogo para fazer o upload. O quadrinho permite centralizar a foto, alinhá-la à direita ou à esquerda. Também permite subi-la em tamanho pequeno, médio ou grande (embora o Blogger, irritantemente, não diga quais são as medidas desses tamanhos), ou inserir imagens encontradas em outros sites. A folhinha de papel corresponde ao velho sistema em que se subia a foto sem maiores frescuras. O bom é que é tudo di grátis, com direito a 300Mb em disco, o que dá texto e figurinha às pampas. Paradoxalmente, os antigos usuários do Blogspot Plus, que podiam subir fotos e ainda podem usar FTP, continuam reduzidos aos seus antigos limites, que andavam aí pelos 100Mb. O meu nem desconfio de quanto seja; lembro que há um ou dois anos o internETC. bateu com a cabeça no teto e o Jason (Shellen; um dos criadores do Blogger, que conheci aqui no Rio) me deu uma ampliada legal no espaço. Enfim -- boas figurinhas, pessoas! e bom fim-de-semana para todos. O nosso, aqui em casa, já está garantido com a volta da Keaton... :-) Conversas com KeatonKitinha teve alta!Finalmente está em casa de vez, não precisa mais voltar para a clínica. Ainda tem que tomar uns remédios, e temos que usar um spray num pontinho que não cicatrizou de todo, mas aos poucos volta ao seu humor habitual. Ontem quando cheguei do jornal me espichei no chão para brincar com a Família Gato, como faço sempre que tenho um tempinho, e ela veio conversar; eu estava com a câmera na mão conferindo umas fotos, aproveitei e flagrei o nosso bate-papo. Quer dizer: virei uma papparazza do-it-yourself. Quanto à Keaton (ou "Quiton", como escreveram nos pertences dela na clínica) está, neste exato momento, imersa nos seus estudos de hidrologia, uma das suas áreas favoritas de conhecimento. Fica na pia horas, tapando o ralo com a pata, que, de repente, levanta no ar para ver a água fazer redemoinho. Soube que, no Oriente, o redemoinho roda para o outro lado, e não se cansa de pensar nisso. 24.6.05 Paulinho e Emilia foram juntos a um baile fantasia Anos 50: não ficaram bonitinhos? (pergunta a mãe e vó coruja, toda prosa) Completando: Esqueci de dizer, não só estavam lindos como, ainda por cima, ganharam o concurso de dança! Com troféu e tudo!!! 23.6.05 Clic!O Blogger acaba de mudar o sistema de upload de fotos... ainda não sei se melhorou ou não. Descobri isso ao subir esta foto maravilhosa; o texto que a acompanhava dizia que o bombeiro havia acabado de salvar a cadelinha de um incêndio. Fui checar a história, que me pareceu meio lenda urbana.Pois é extamente o caso: meio lenda. A foto, feita em 1999 por Pattrick Schneider do "Charlotte Observer", é autêntica; a legenda que a acompanha não. O bombeiro, chamado Jeff Clark, de fato ajudou a apagar um incêndio na casa onde morava Cinnamon, então grávida de cinco filhotes; mas ela escapou das chamas sozinha. Quando Clark sentou-se no gramado para descansar, Cinnamon tascou-lhe um beijo. Enfim -- lenda urbana ou não, a foto é campeã, né? Hmmmmm... acho que não gostei do novo sistema de upload não. Atentados contra a CriaçãoOs podres da política talvez passem, mas a vidademora bem mais a se refazer Até outro dia, "Purificar o Subaé" era, para mim, apenas uma canção bonita de Caetano Veloso. Uma canção forte, que fala ao coração de quem preza o meio-ambiente, mas, ainda assim, solta no espaço, como tantas outras que denunciam atrocidades que nos revoltam -- lá longe. Não mais. No último fim-de-semana estive em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, e conheci este pobre Subaé, que corta, com suas águas negras, a paisagem de sonho. O rio foi assassinado por empresas produtoras de óxidos de chumbo que, ao longo de 33 anos, faturaram US$ 450 milhões às custas da saúde e da beleza de uma região paradisíaca. A última empresa foi fechada em 1993, mas a essa altura, a quantidade acumulada de lixo tóxico ultrapassava 500 milhões de toneladas, e a contaminação se espalhara por toda a parte. Hoje ouço a gravação inigualável de Maria Bethânia em "Brasileirinho", penso naquelas águas tristes e fico com o coração apertado; mal imagino a revolta que não atravessa a alma de quem conheceu um Subaé límpido e cheio de vida, vendido aos malditos por trinta dinheiros. * * *Santo Amaro já foi evidentemente rica e elegante. A prosperidade deixou sua marca nas duas lindas igrejas, na praça bonita, nos detalhes caprichados das casas antigas.Na esteira do envenenamento do Subaé, veio o inevitável declínio econômico. A área empobreceu econômica e esteticamente; as velhas casas cheias de personalidade deram lugar àqueles caixotes sem estilo que, infelizmente, tanta gente pelo Brasil afora ainda interpreta como "arquitetura moderna". Há um bom estudo sobre o caso em subae.notlong.com. Apesar disso, Santo Amaro continua adorável, hospitaleira e gentil, com seu ritmo atemporal de interior, sua profusão de árvores frutíferas e seu ar de festa que, desconfio, seja mais permanente do que as bandeirinhas juninas que saudam os visitantes. As maldades que lhe fizeram a tornaram frágil mas, coitadinha, também mais querida. * * *O Jockey Club, como todo mundo sabe, é um dos lugares mais chiques do Rio. Situado num ponto privilegiado da Gávea, tem uma arquitetura impecável, uma vista extraordinária, uma programação das mais variadas -- e uma diretoria sem princípios e sem coração, que há anos luta para acabar com os gatos que lá são abandonados.Se não fosse por Ana Yates, raro exemplo de cidadania e dignidade no lamaçal em que o país inteiro parece chafurdar, os pobres quadrupinhos já estariam extintos: como uma Erin Brockovich da causa felina, ela luta há anos, praticamente sozinha, contra todos os obstáculos que o poderio do Jockey põe em seu caminho. Já foi à prefeitura, à justiça, aos jornais; tudo em vão. Tenta, desesperadamente e por seus próprios meios, dar às criaturinhas que ainda lá sobrevivem um mínimo de conforto, mas, ultimamente, nem isso lhe permitem mais fazer. Tenho certeza de que a maioria dos sócios do clube não sabe do que acontece às suas costas. Peço-lhes: leiam a carta que me foi enviada por Lilian Queiroz, outra abnegada defensora de bichos, e cobrem a vida e o sofrimento desses animaizinhos à diretoria. Não sejam coniventes com este crime! "Recebi uma ligação desesperada da Ana Yates, contando que Lucinda, Rita e Rose, as voluntárias de Vila Isabel que ainda têm permissão para alimentar os gatinhos confinados, estiveram hoje no Jockey Club e voltaram arrasadas. No "gatil", mais uma vez, não havia uma vasilha com água, e nem vestígios dela. Os gatos estavam famintos. Alguns mutilados, provavelmente pelos maus tratos da captura, precisando urgentemente de tratamento veterinário. No casebre, o quadro era dantesco: filhotinhos presos em gaiolas sem água e sem ração, três gatos desesperados dentro de caixas de transporte, um gato trancado com cadeado num dos quartinhos, com toda certeza nas mesmas condições, ou seja, sem água ou ração. A este último não puderam alimentar ou dar água por não terem conseguido a chave do cadeado. Rose se desesperou, gritou, discutiu e talvez seja proibida também de entrar lá novamente, como aconteceu com outras protetoras. Disse que não agüenta mais, nem tem condições emocionais para ver tanto sofrimento. Gente, até quando isso vai ficar assim impune?! Tantas vidinhas já se foram, tanto sofrimento! E ainda estão querendo arquivar o processo contra o Jockey... Não sei mais a quem recorrer, é tristeza demais!" Vale lembrar que esta é câmara de horrores que o secretário de Promoção e Defesa dos Animais, Victor Fasano, quer adotar para toda a cidade: no dia 19 de maio, ele declarou, em entrevista, que "no Jockey, os gatos estão agora sem doenças e bem-nutridos. Sem controle, eles não podem receber medicamento com regularidade". É possível levá-lo a sério?! (O Globo, Segundo Caderno, 23.6.2005) 22.6.05 Parem o mundo...Gente, será que não há uma boa notícia em lugar algum?!Nada, coisa nenhuma, nem um pontinha de qualquer acontecimento que mereça júbilo ou comemoração?! Vejam só o que acaba de chegar à minha mailbox: SOS PARA DOIS CACHORRINHOS!!! Madre TeresaEm Roma o homem comungou só assim, do nada, e teve a cara de pau de dizer que não tem pecado; agora ninguém tem mais autoridade moral e ética do que ele neste país.Obviamente já se esqueceu, ou acha que nos esquecemos -- o que é pior -- de que passou um cheque em branco para o parceiro Roberto Jefferson; para citar apenas o fato mais recente. Há tempos, quando o Lula ainda estava em campanha, o Millôr disse que a ignorância lhe subiu à cabeça. Antes fosse só isso. Que popularidade, hein?Não, crianças, este celular não pertence ao Felipe Dylon, mas a um amigo meu cliente da Claro.O rapaz é bonito, simpático e popular, mas não tanto... 21.6.05 Santo AmaroSanto Amaro da Purificação já foi rica e elegante. A prosperidade deixou sua marca nas duas lindas igrejas, na praça bonita, nos detalhes caprichados das casas antigas.Um dia veio o progresso, que envenenou o rio Subaé e a alma da cidade (bem como um número incerto de cidadãos). As casas antigas cheias de personalidade vieram abaixo, dando lugar aos caixotes sem estilo que, infelizmente, tanta gente por este Brasil afora interpreta como "arquitetura moderna". Ainda assim, continua hospitaleira e amável, com um ritmo bom de interior, uma profusão de árvores frutíferas e um ar de festa que, desconfio, seja mais permanente do que as bandeirinhas juninas que me saudaram. Gostei demais. O secretário se manifestaDeu no Globo:"Há três semanas tenho sido alvo de críticas da jornalista Cora Rónai sobre o meu trabalho na Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais (Sepda). Como todo democrata e a favor da liberdade de imprensa, sou passível de críticas, positivas ou não. Elas enriquecem qualquer trabalho.Algumas observações: A essa altura do campeonato, a única informação que eu queria mesmo ter sobre a Sepda seria a da sua extinção, ou muito em breve, além dos ratos, não haverá um único animal nas ruas da minha cidade. 20.6.05 MoblogDeixei meu moblog pra lá há tempos, por uma série de razões:Agora, por causa de um post da Rosana Hermann, a Querida Blogueira, que precisou do link e veio pescá-lo aqui, dei um pulo até lá. Pois não é que o site deu uma melhorada e tanto? Está mais ágil, mais "navegável", mais fácil de usar e entender. Ainda está longe do ideal, mas deixou de ser a selva ingrata que era. Não sei se vou voltar a postar fotinhas lá; na verdade, desde que abandonei o meu fiel telefonino pela sucessão de celulares que ando testando, tenho postado pouquíssimas fotos direto do telefone. A questão é que tudo isso é prática e familiaridade, e eu não tenho passado tempo suficiente com telefone nenhum para que essas tarefas virem segunda natureza. Acho que vou ter que repensar a minha vida telefônica. Cenas doméstiCATsKeaton foi ao vet, tomou soro, reclamou muito e voltou para casa.Ainda não está de alta: não pode comer muito por causa da pancreatite, nem pouco demais por causa do perigo da lipidose. Ainda tem que voltar algumas vezes ao vet, mas melhora a olhos vistos: já sobe sozinha na janela, voltou a ajudar no trabalho com o computador e reclama dos percalços da celebridade. Reina a paz. Deu no Blue BusUm dos leitores do Blue Bus mandou um email para lá a respeito do Caso Nova Schin. Pode ser, por não ser -- mas a verdade é que eu ainda não tinha pensado nisso por esse ângulo."Outro dia uma leitora do Blue Bus fez uma brincadeira com o problema da Schin perguntando no final se iria faltar cerveja. Parece que vai. E mais. Parece que este país saiu da impunidade total para a receita americana de prender antes para ver se tem culpa depois. 19.6.05 :-)))Olhem só quem acaba de chegar...!Kitinha veio passar a noite em casa -- e, a meu ver, está MUITO melhor! Está naturalmente contrariada e desconfortável com a agulha do soro que continua presa à pata -- bem coberta por esparadrapo -- mas está bem espertinha. Temos que alimentá-la de hora em hora, e ela, felizmente, protesta com bastante energia. Amanhã volta para a clínica para continuar o tratamento, mas o que esta casa está alegre neste momento nem vos conto... Em tempo: desculpem a falta de notícias, mas passei a sexta e o sábado fora, sem acesso à internet. 16.6.05 KeatonSegundo o dr. Jaime, Kitinha está bem. Está tranqüila, numa gaiola grande onde há um pipicat para ela e para onde levamos uma das caminhas de gato aqui de casa de que ela gosta muito.Mas quem eu fiquei mais satisfeita de ouvir hoje foi o Julio, o enfermeiro, que me passou duas informações muito boas: Keaton rosnou quando cuidaram do corte na barriguinha -- que já está praticamente OK -- e o vet está contente. A situação ainda é crítica, mas este rosnado me deixou muito feliz: até ontem ela estava tão caidinha que nem isso fazia. Ah, sim: desculpem aí só estar falando nisso, mas eu realmente estou meio sem foco no resto das coisas. Fora a Fashion Rio, que toma um tempo enorme -- mas, felizmente, diverte um bocado. Estou devendo este post. Posta restanteAos amigos que me mandaram emails por esses dias: desculpem a falta de educação, mas, como vocês sabem, as coisas andam complicadas por aqui.Vou responder a todos na primeira brecha que o tempo me der, OK? Muito carinho para todos -- vocês são mesmo tudo de bom... :-) O triunfo dos blogsAssim como, no outro dia, no auge da crise, o presidente Lula confessou que o que realmente o fez sofrer foram os angustiantes minutos do jogo contra a Argentina, eu confesso que, durante todo o depoimento do deputado Roberto Jefferson, o que realmente mexeu comigo foi a rapidíssima referência que ele fez ao blog do Noblat; mais precisamente, ao "blig" do Noblat, posto que assim se chamam os blogs do IG. Uma referência comum, normal, como a referência a qualquer outra forma de comunicação bem conhecida, como rádio, jornal ou televisão.* * *Fiquei encantada. Como nerd , como blogueira de primeira hora, como leitora de blogs e crente incondicional do blog como ferramenta de democracia e de comunicação, a idéia de que um deputado já possa se referir a um blog sem precisar explicar à nação o que ele é me encheu de orgulho e de contentamento: chegamos lá!É claro que teria sido mil vezes melhor ver esta maravilha da internet ser alçada ao centro da vida política brasileira em circunstâncias mais nobres e através de um arauto com melhores antecedentes e maior credibilidade; se eu pudesse escolher, certamente preferiria o outro Jefferson, o Peres, que é uma figura digna e correta ? mas também não se pode ter tudo... Afinal, há um ou dois anos era quase impossível encontrar esta palavra, blog, sem um parênteses ao lado, explicando que, apesar da fama de diários de adolescentes, blogs também são usados por não-adolescentes para fins eventualmente sérios. Nos EUA eles chegaram à maturidade naquele 11 de setembro de horrenda memória; no Brasil são discutidos há tempos e, aqui no GLOBO, já foram até incorporados à nossa edição online. Ainda assim, acho que a referência no depoimento do deputado ? feita num momento histórico, para um país paralisado diante da TV, e consagrada nas áreas de comentário ? pode ser considerada um marco. * * *Nos blogs mais populares, as áreas de comentário correspondem a verdadeiras mesas de botequim virtuais, onde, todos os dias, batem ponto pessoas com interesses mais ou menos parecidos, sejam esses interesses política e economia ou cerveja e mulheres peladas. Como na "vida real", é normal que, em momentos de crise, todos corram para discutir uns com os outros o que está acontecendo.A dinâmica das áreas de comentários é curiosa: como em qualquer botequim de esquina, as pessoas vão se conhecendo aos poucos e percebendo, no bate-papo contínuo, o seu próprio potencial de comunicação. Muita gente chega tímida e fica calada por meses a fio; outros erram o tom, quebram garrafas e acabam expulsos da comunidade. Não raro, os melhores comentaristas partem para carreiras solo, abrindo seus próprios "botequins" -- blogs que já nascem com uma pequena audiência cativa, e que crescem ou desaparecem de acordo com a persistência e a pauta do autor. A internet é uma rede de conversas, um mar de vozes, onde só fica sozinho quem quer. Neste burburinho incessante, o importante é não deixar a peteca cair. * * *Do blog do Moreno, meu queridíssimo coleguinha da sucursal de Brasília, resumindo o depoimento do deputado Roberto Jefferson:"Antes de se saber se a oposição conseguiu ou não acuar o governo, fica a constatação de que o próprio Congresso, os partidos e a política em geral saíram perdendo. Um jogo feio, sujo, triste e que não dá muitas esperanças ao povo." * * *Acabou, finalmente, o julgamento do Michael Jackson. E acabou, pelo menos a meu ver, da forma certa: com a absolvição daquele pobre freak , que com certeza tem menos culpa no cartório do que uma mãe que deixa o filho na sua (dele) companhia. Pensem bem: vocês deixariam seus filhos pequenos, de qualquer sexo, em companhia de Michael Jackson?!Tenho pena dele, que nunca teve uma vida normal e que, na verdade, nunca cresceu. Não acredito que busque a companhia de meninos por pedofilia, mas sim por uma questão de nível mental: é difícil dizer o que é Michael Jackson, mas ele definitivamente não é um adulto plenamente responsável por seus atos. Teria sido mais justo que tivesse sido processado -- e ido em cana -- quando apareceu expondo um bebê na janela, perigosamente; como um irmão mais velho, digamos, levaria uma bronca se fizesse isso com o mais novinho. Já quanto aos pais e mães que deixaram os filhos passar a noite em Neverland, não tenho qualquer dúvida: esses deveriam, no mínimo, perder a posse das crianças. (O Globo, Segundo Caderno, 16.6.2005) 15.6.05 KeatonVoltei para casa às três e tanto. Gosto muito de andar pelas ruas de madrugada, mas hoje estava aflita demais: queria estar em casa há tempos, fazendo companhia à Keaton.Ela voltou da clínica à noite, enquanto eu estava no jornal. Tirou as ataduras, mas está caidíssima, e continua com vômitos e diarréia. Ronrona quando a gente fica perto dela; quando abre os olhinhos, faz a cara mais triste que se possa imaginar. Logo mais volta para o vet, para ficar no soro de novo. Apesar de toda a racionalização possível, não consigo deixar de me sentir horrivelmente culpada por ter deixado que fosse operada. Se o pior acontecer, não vou me perdoar nunca. Update: Keaton fez uma ultrassonografia e o vet descobriu o motivo da diarréia e do vômito -- pancreatite. Isso quer dizer que ela vai continuar internada, no soro, porque, durante os próximos dias, não poderá se alimentar de nada para não sobrecarregar o pâncreas. Amigos, vocês estão sendo maravilhosos: as palavras e o carinho de todos têm sido um grande alento. Muito obrigada, de coração. Sic transitFui para o jornal à tarde com uma coluna prontinha, e planos de passar pela fashion Rio antes de voltar para casa. Mas a referência do Roberto Jefferson ao blog do Noblat não me saía da cabeça; para mim, esta referência -- feita perante um país paralisado diante da TV, por um excelente comunicador plenamente consciente disso -- foi, sem dúvida, um marco na história dos blogs.Independentemente de quem seja o Roberto Jefferson ou do que ele estivesse ou não dizendo, a questão é: há um ano ou dois, ninguém teria coragem de falar em blog para uma audiência tão grande sem explicar o que é blog. Quem, então, seria louco o suficiente para, em plena fogueira, parar tudo para explicar uma palavra importada?! Imaginem: "Conforme nota no blig do Noblat -- blig sendo a forma como são conhecidos os blogs do IG, um provedor de internet grátis; blogs sendo páginas pessoais na internet, que têm este nome por causa dos diários de bordo... blá blá blá..." Resultado: a tal coluna prontinha foi para a gaveta, onde vai ficar guardada, quem sabe, para a semana que vem. Os planos para a Fashion Rio foram para o espaço. E eu acabei atravessando parte da noite na redação, batucando uma coluna sobre isso que acabei de dizer. 14.6.05 O EcoSabem O Eco, aquele ótimo jornal online sobre meio-ambiente? Então: (com sotaque paulista, por favor; obrigada) tem uma entrevista minha lá essa semana.Aviso aos navegantes, porém, que ela é grande. Meeeeeesmo: tanto que, por enquanto, só foi ao ar a primeira parte, em que falo da lagoa, da capivara, do sítio e do espírito ecológico dos meus pais. Adorei o título: De porta-voz de capivara a detetive em Veneza. :-) Haja ventiladorRoberto Jefferson é um canalha. Este ponto já foi estabelecido. Acontece que ninguém sabe de canalhices melhor do que um canalha."Provas", no sentido de papel timbrado, assinado e carimbado em cartório, ele não apresentou; mas a tranqüilidade e a segurança com que citou endereços, nomes e datas foi impressionante -- e, acho eu, bastante convincente. No mais, cá entre nós: alguém ainda precisa de "provas" para saber como funcionam -- como sempre funcionaram -- as coisas nesse país?! Em tempo: Será que eles não se dão conta de como é ridículo se chamarem uns aos outros de "Nobre Deputado"?! Quem é verdadeiramente "nobre" naquela casa?! Houaiss: nobre -- que merece respeito por seus méritos e qualidades; digno, ilustre, emérito. Todo poder aos blogs!Roberto Jefferson, que está dando um depoimento histriônico, im-per-dí-vel, acaba de citar o blog do Noblat como fonte: afinal, foi lá que apareceu o depoimento de uma secretária confirmando que ajudava a empacotar o dinheiro do mensalão.13.6.05 Fora, Fasano!Amanhã tem protesto: às 15h30, na SEPDA de Botafogo, por ocasião da posse da Comissão Carioca -- composta por algumas ONGs escolhidas pelo secretário de Promoção e Defesa dos Animais (huahauhauhauhauha!)-- demais ONGs e protetores propõem-se a dar sua opinião sincera sobre o trabalho de Victor Fasano & Co.O horário é péssimo, parece escolhido especialmente para desestimular o comparecimento à solenidade, mas pelo menos uns dois ou três "Fora, Fasano!" o alcaide -- que, dizem, estará presente à cerimônia -- vai ouvir. Por falar nisso: voltei a ter boa referência das ouvidorias municipais, onde aparentemente trabalham funcionários concursados, e não apaniguados do prefeito de plantão. Portanto, pessoas, volto a sugerir: mandem suas queixas para lá, de preferência bem documentadas mas pouco verbosas, OK? Ah, sim: aos interessados em participar do protesto, o endereço é Rua São Clemente, sem número, em frente à Rua Real Grandeza, próximo ao Batalhão da PM. Recado dos organizadores: Pessoal, Ufa!Acabou, finalmente, o julgamento do Michael Jackson. E acabou, pelo menos a meu ver, da forma certa: com a absolvição daquele pobre freak, que com certeza tem menos culpa no cartório do que uma mãe que deixa o filho na sua (dele) companhia.Pensem bem: vocês deixariam seus filhos pequenos, de qualquer sexo, em companhia de Michael Jackson?! Tenho muita pena dele, que nunca teve uma vida normal e que, na verdade, nunca cresceu. Não acredito que busque a companhia de meninos por pedofilia, mas sim por uma questão de nível mental: é difícil dizer o que é Michael Jackson, mas ele definitivamente não é um adulto plenamente responsável por seus atos. Acho que Jackson deveria ter ido em cana quando apareceu com o bebê na janela, isso sim; como um irmão mais velho, digamos, levaria uma bronca se fizesse isso com o mais novinho. Já quanto às mães e pais que deixaram os filhos passar a noite em Neverland, não tenho qualquer dúvida: deveriam, no mínimo, perder a posse das crianças. Minha amiga Nívea Semprini, que tem uma família gato das mais simpáticas, faz lindos São Franciscos gateiros em papel machê: as figurinhas têm sempre um gatinho no colo, às vezes um ou mais gatinhos aos pés. Eles são ótimos presentes para quem gosta de gato; e tenho a impressão de que, se alguém quiser um São Francisco cãozeiro, ela faz também. O email para encomendas é semprinivea@hotmail.com. 12.6.05 KeatonHoje passei o dia com a Keaton. O pós-operatório dela não está sendo nada fácil: como alguns pontos ainda não fecharam e a área mais mexida está inchada, não pode tirar o curativo de todo, nem deixar de tomar o antibiótico; está com vômito e diarréia, e amanhã vai cedo para o vet para ficar no soro.Ao longo da semana, ela foi à clínica dia sim dia não para trocar as ataduras. Como sempre fez a vida inteira, assim que vê o carregador aqui em casa, foge imediatamente; mas, na clínica, já aprendeu que a sacola azul significa "carona para casa" -- e corre para lá assim que a soltam. Está magrinha e desconfortável, e eu estou com muita pena da minha queridinha. Update: Keaton vai dormir no vet. O dr. Jaime prefere assim, porque ela pode ficar no soro, e eles podem cuidar melhor da parte que está inflamada no ferimento, aparentemente contaminada por urina. Pelo menos ela está sem nenhuma atadura, o que já é um alívio. Mais uma vez, muito obrigada a todos vocês, amigos, pela energia positiva! Patético é poucoEu nunca tinha visto o Pânico, este programa que todo mundo acha o máximo. Pois estou vendo agora, e deve haver algo muito errado comigo, porque simplesmente não consigo ver nenhuma graça nos dois "gênios" do comando.Não entendo o que há de tão extraordinário em humilhar pessoas, gozar suas características físicas e, de modo geral, intimidar todo mundo com a ameaça de um escândalo em rede nacional. Isso não é humor, é chantagem. Eu só queria ver esses dois "heróis" fazendo o seu número covarde com os atletas antes de um campeonato mundial de luta livre. Dos comentáriosCora, eu nasci numa casinha exatamente assim. Lá no Paraná. Minha mãe mora até hoje numa casinha exatamente igual. Tb lá no Paraná. A foto da varanda com os dois homens sentados lembra meu pai que era ferreiro e meu irmão igualmente ferreiro de profissão. Lucia, uma pessoa que escreve com tanto sentimento não tem perigo de errar. Quando vi essas fotos, fiquei muito tempo olhando para a casa, tão arrumada, digna e bonita: um lar de gente de bem. A felicidade, bom, essa acho que nunca está onde esperamos; o importante é olhar em volta com atenção e ver onde se esconde, não no passado ou no futuro, mas aqui e agora. Ou mais pra frente a gente periga olhar pra trás, e pensar que era feliz e não sabia... Dê um grande abraço na sua mãe por mim; aproveite a linda casa de madeira, o chão limpinho, o cheiro da lenha e do café. Um beijo! Cora 11.6.05 Ilusão de Movimento Ilusão de cinemaEm 1986, um homem volta para a desconsolada cidade de Rosario, na Argentina, para retomar a vida interrompida sabe-se lá por quê. À sua espera estão a velha casa quase abandonada, os antigos amigos, uma vaga namorada e o filho que, descobre-se, foi retomado pela avó materna da família que o adotara quando algo aconteceu à mãe nos porões da ditadura. O quê? Quando? Como? Onde?"Ilusión de movimiento" (no original), longa de estréia do diretor Hector Molina, deixa uma série de perguntas suspensas no ar, o que não seria de todo mau se a ação também não se perdesse no limbo das boas intenções cinematográficas. O que se pretende inovador e inobtrusivo acaba se revelando apenas alienante e confuso. Apesar das possibilidades dramáticas da história, em nenhum momento o filme cria no espectador qualquer empatia pelos personagens; a aproximação entre pai e filho, que poderia ser delicada e comovente, é um tédio só. Que garoto poderia se interessar por aquele mala? E que homem poderia sentir qualquer afeto por aquele garoto sorumbático? Depois de muito bocejar, o Bonequinho saiu contente do cinema, feliz por não ter mais que conviver com tais chatos. (O Globo, Rio Show, 10.6.2005) A Pedra do ReinoEu devia ter 20, 21 anos; já tinha devorado umas duas ou três bibliotecas, e lia tudo o que me caía em mãos. Pois um dia caiu "A Pedra do Reino", de Ariano Suassuna: quase 800 páginas que comecei a ler meio distraída, e que me agarraram de jeito.Na época, todo o universo criado por Suassuna estava muito presente na minha vida. Eu estava morando em Brasília, no que até hoje considero uma espécie de exílio; o que tornava a cidade suportável eram os amigos, vários deles nordestinos e envolvidos com o Movimento Armorial. Durante um tempo, que não sei quanto durou, vivi mergulhada naquele romance fabuloso (em todos os sentidos). Acordava, almoçava e jantava pensando naquele mundo, ao mesmo tempo agreste e refinado, tão diferente de tudo o que havia lido até então. Quando terminei, fiquei tão desconsolada de ter acabado que, imediatamente, recomecei tudo de novo. Que A Pedra do Reino tenha ficado vinte anos fora de catálogo é uma vergonha nacional. Ao longo desses anos todos me batia, volta e meia, a amargura de entrar numa livraria, ver tanta porcaria à venda e não encontrar o meu velho e maravilhoso amigo. Como se pode roubar de tanta gente a convivência com um dos melhores livros jamais escritos no país?! Finalmente, há uns dois ou três meses, saiu uma nova edição do livro -- e hoje o Prosa e Verso traz uma ótima entrevista com Suassuna. Leiam, e depois, se posso dar um conselho, leiam também o romance. É grande e é "difícil", mas é uma aventura intelectual inesquecível. Os otimistasQue tem doido pra tudo eu sei, mas às vezes ainda me espanto. Não é que uma turma pretende mudar a órbita do planeta convencendo gente ao redor do mundo a pular junto, ao mesmo tempo?!A idéia é que o impacto pode amenizar a questão do aquecimento global. O dia e a hora já estão marcados: 20 de julho do ano que vem, 11.39.13 GMT. E, querem saber? Acho que vou participar... :-) 10.6.05 A saídaO Emerson, que manda muito bem, encontrou a saída ideal para a crise: devolvermos o Brasil para Portugal!Além das vantagens políticas e morais óbvias, há outras: passaríamos todos a ter passaporte comunitário e a ganhar em euros, os Dão seriam vinhos nacionais e, quem sabe, nossos times disputariam a Champions League e a Copa da UEFA. A se pensar mesmo. O único problema é que acho muito difícil Portugal aceitar a devolução... 9.6.05 Ana Yates avisa:Hoje, o Dr. Wanderley Rebello Filho, presidente da Comissão do Meio Ambiente , da OAB-RJ estará no programa da TVE "Direito em Debate" falando sobre Direito Ambiental. Hoje o tema do programa é só meio ambiente. Eu e um grupo de defensores de animais cariocas tivemos o privilégio de conversar com esse advogado e ele é realmente e seriamente comprometido com a defesa do meio ambiente, incluindo a FAUNA URBANA, que tanto nos tem preocupado e feito sofrer.Vale lembrar que o dr. Wanderley Rebello Filho combate o bom combate, dando apoio jurídico às ONGS e protetores de animais de rua em sua luta contra a prefeitura. Pagando micoO secretário Fasano viaja para São FranciscoIsto foi ouvido lá em São Francisco, onde, certo dia, brilhou Oscar Wilde: "Conclusion (!): A dificuldade de acesso a Florestas como as da região da Amazônia, as Africanas Equatoriais, aquelas localizadas no Sudeste da Ásia, Australasia, Papua New Guine, etc. tendem em inibir o acesso de pessoas comuns a essas magníficas áreas. Levando em consideração que a Floresta da Tijuca e os ecossistemas do seu entorno localizam-se no centro do Rio de Janeiro, quase dividindo-o em dois, eles são de fato vizinhos muito próximos e simpáticos dos habitantes da cidade. Com a definição legal das futuras fronteiras do Parque e de suas diversas áreas, pretendemos triplicar o seu tamanho atual, fazendo com que as pessoas abracem qualquer causa que os eduque e ajude a amar a área. O fato da Estátua do Cristo Redentor e o Pão de Açúcar ficarem há apenas 15 minutos de distância de qualquer Hotel na beira das famosas praias de Copacabana e Ipanema. Essa enorme biodiversidade explica a urgência de tornar aplicáveis os documentos da Agenda 21, de acordo com a Convenção da Diversidade Biológica." Samba do ecologista doido? Pesquisa escolar? Pegadinha da internet? Nada disso. É a conclusão (conclusion) da apresentação feita por Victor Fasano, secretário municipal de Promoção e Defesa dos Animais (!), em encontro organizado pela ONU para comemorar o Dia Internacional do Meio-Ambiente. O congresso, que reuniu prefeitos de cem diferentes cidades, teve, segundo a assessoria de imprensa da prefeitura do Rio, "o objetivo de promover e estimular o conhecimento de programas e projetos referentes à utilização e preservação do Meio-Ambiente, como também definir políticas e ações públicas". Para nossa desgraça,Victor Fasano, representante do Rio de Janeiro (!), levou uma versão da apresentação em inglês. Rubra de vergonha, nem vou comenta-la. Ou melhor, comento. Depois de ter feito duas colunas sobre o trabalho (?) de Fasano à frente da Sepda, eu planejava, sinceramente, esquecer. Mas como acontece com toda a ação pública deste país, basta que se levante uma pontinha do tapete, para descobrir que embaixo do tapete tem outro tapete, numa tapeçaria sem fim de mutretas e mesquinharias. Por isso, na minha cabeça, a cada dia há novas perguntas que não querem calar. Vamos lá. Para início de conversa: 1) Quanto custou isso aos cofres públicos? 2) Se o congresso era importante (e era!), por que o secretário municipal de Meio-Ambiente, Ayrton Xerez, não foi nos representar? 3) Se o congresso não era importante, por que gastar o rico dinheirinho dos contribuintes? 4) Se o prefeito César Maia considera que Ayrton Xerez não tem competência nem para representar a cidade no exterior, por que o conserva na pasta? 5) Se acha que tem, por que mandou para nos representar (leia-se envergonhar) em São Francisco o senhor Victor Fasano, que entende tão pouco de meio-ambiente quanto de animais sem plumas? O congresso de São Francisco, realizado com as melhores intenções e a maior seriedade, não merecia isso. O Rio de Janeiro, que quase só se salva pela paisagem e pelo privilegiado ecossistema que tem, também não merecia. Quer dizer: de uma penada só, o prefeito mostrou o seu desprezo pela ONU, pela cidade que administra, pelo meio-ambiente e por nós, que o elegemos. Otários, pois não? * * *Tudo isso pode parecer pinimba boba diante da #$%@!#&* do país; afinal, que importância tem um secretário municipal a mais ou a menos, ou uma viagem sem razão de ser, diante da jeffersonalha que nos cerca? Que importância tem o mau português e o pior raciocínio do senhor Fasano diante do raciocínio, numa língua sub-paleológica, do nosso presidente? Quando a manada inteira vai para o brejo, que diferença faz mais uma vaca que se afoga?Na anedota, nenhuma. Em nossa vida, toda. Não podemos perder nossa cidadania junto com a nossa indignação. Democracia não é só ir na escolinha em dia de votação. É a "eterna vigilância" do dia a dia, de olho nas "otoridades", cobrando o que fazem ou deixam de fazer. Para o bem ou para o mal, somos responsáveis por quem elegemos. No momento, lamentavelmente, não podemos cobrar tudo de todos, ou não faremos outra coisa na vida. Mas podemos, pelo menos, olhar o que está mais perto de nós, e avisar, ou gritar, que ali tem algo podre. A democracia não mora em Brasília; mora em toda a parte. Devemos estar atentos a isso, antes que Ela seja despejada. * * *Confesso: votei em César Maia. Amigo de Victor Fasano. Inimigo dos animais. Sinto muito, de verdade, e peço sinceras desculpas. Como o homem ganhou no primeiro turno, nem vou perguntar em quem você votou. Só posso pedir a todos que prestem atenção ao que está acontecendo com os bichos de rua do Rio, e que registrem o vexame que demos na convenção de São Francisco. Pensemos nas próximas eleições.(O Globo, Segundo Caderno, 9.6.2005) Nossos comerciaisRecebi um email do Buscapé informando que não conseguiram depositar os meus ganhos na conta que indiquei.Acabo de fornecer o número da outra conta, onde agora aguardo receber, ansiosa, os R$ 86,50 que o anúncio gerou... em seis meses de existência! * suspiro * Como é mesmo aquela história da boquinha para escritores, hein? Ou reinstaura-se a moralidade, Quem me chamou a atenção para a página foi o Polzonoff, aqui nos comentários: aparentemente enciumados das bocas fartamente distribuídas em Brasília, um grupo de escritores criou um movimento chamado Literatura Urgente!. |