30.9.05


Vibra cow

Me passaram como aut�ntica, mas � boa demais pra ser verdade: um jornal de Oman noticiou que uma vaca engoliu um celular. O dono da vaca e do celular descobriu o fato quando, tentando encontr�-lo (ao celular), ligou para o pr�prio n�mero e, para seu espanto, ouviu a vaca tocar.

A not�cia � incompleta: n�o informa marca de aparelho, operadora ou ringtone favorito do fazendeiro.






Pronto!










A obra: buracos no teto.










O lado rom�ntico do jornal










Primavera urbana










Gatinhos!










Vin�cius, sobre Portugal

Atendendo a pedidos:
"(....) Eu confesso que depois desta minha �ltima viagem, e de um contato intermitente de tr�s meses com sua gente, Portugal seria o �nico pa�s da Europa onde eu poderia viver fora do Brasil: com eventuais incurs�es � It�lia. Que adiantam o superdesenvolvimento e a kultura (assim mesmo com k) de um povo, como dois ou tr�s que eu conhe�o, se neles a rela��o humana torna-se cada dia mais dif�cil e indesej�vel diante de um outro tipo de ignor�ncia bem mais perigoso a longo prazo, como esse da reserva e falta de di�logo; da submiss�o a preconceitos econ�micos falsos na verdadeira escala de valores; do aburguesamento progressivo e da mesmifica��o do mais pessoal dos meios de comunica��o, que � a linguagem? Que qualidade � mais a prezar no ser humano, se n�o for a gentileza, o gosto de conviver, a boa vontade em cooperar, em socorrer, em dar-se um pouco em tudo o que se faz, desde trabalhar a amar, desde comer a cantar, desde criar no plano intelectual a fazer no plano industrial ou agr�cola?

Obrigado, Portugal! No contato de tuas gentes, teus escritores e teus artistas, teus estudantes e teus simples -- teu povinho das brancas aldeias! -- eu senti que h� ainda muito isso que cada dia mais falta ao mundo: carinho e sinceridade. Represados, talvez, mas latentes como o sangue sob a pele, e prontos a romper a crosta criada a duras penas, ao longo de um passado t�o cheio de sacrif�cios e infort�nios. Obrigado, Lisboa, terra t�o boa, gente t�o gente, casas t�o casas, amigos t�o como j� n�o se encontra.(....)"
A �ntegra da cr�nica, de 1969, pode ser lida aqui.






Filhos de Francisco

Finalmente assisti "Dois filhos de Francisco". N�o � ruim -- mas juro que n�o consegui entender a onda que est� sendo feita em torno do filme. Assisti com interesse, achei a hist�ria bem contada e gostei dos atores; mas faltou uma coisa qualquer, algo que de fato me emocionasse, tirando o dueto de Caetano e Beth�nia em "Tristeza do Jeca", que � das m�sicas de que mais gosto.

Deve ser problema meu, claro, porque o que mais vi no cinema foi gente aos prantos, para quem eu olhava com espanto parecido �quele com que olhava para o povo que ria desbragadamente durante a pe�a "C�cegas", h� uns dois anos, na qual eu n�o consegui achar a m�nima gra�a.

Para mim, o grande filme sobre a m�sica sertaneja continua sendo "Na Estrada da Vida". Foi feito h� mais de 25 anos por Nelson Pereira dos Santos, conta a hist�ria da dupla Milion�rio e Jos� Rico e, sabe-se l� por qu�, teve pouqu�ssima repercuss�o no Brasil, embora fosse um sucesso imenso na China.

No filme de Nelson, um dos poucos musicais brasileiros -- no sentido em que a trama vai sendo contada atrav�s da pr�pria m�sica -- os astros s�o Milion�rio e Jos� Rico em pessoa, revivendo seu passado de pe�es de obra. Se bem me lembro, a trilha sonora � 100% dos dois, ao contr�rio de "Dois Filhos de Francisco", em que brilham sobretudo cl�ssicos sertanejos, o que, diga-se, s� faz bem ao filme.

Na �poca, ali�s, m�sica sertaneja ainda n�o era "produto" e o seu ibope fora da ro�a -- que, por sinal, ouvia r�dio mas n�o ia ao cinema -- era mais ou menos zero. Era preciso coragem para meter a cara e fazer um filme daqueles, n�o fosse Nelson Pereira dos Santos quem �.

Gostaria muito de rever "Na Estrada da Vida" que, para mim, teve o impacto de uma revela��o: b�pede essencialmente urbano (embora j� com uma quedinha para m�sica nordestina), eu n�o tinha a menor id�ia de que pudesse existir m�sica sertaneja da qual eu pudesse gostar tanto.

Voc�s assistiram "Dois Filhos de Francisco"? Gostaram? E, al�m do Ribondi, algu�m ainda se lembra de "Na Estrada da Vida"?







Purgat�rio da beleza e do caos

Por que n�o vamos embora deste inferno?
Pelo muito de c�u que ele preserva


S� para constar, mesmo: voc�s j� leram. Escrevi para c� no domingo, achei que poderia dar uma boa coluna e acabei publicando no jornal.

Durante as curtas f�rias que tirei com a Bia, consegui, pela primeira vez em muitos anos, me desligar completamente do mundo. N�o vi televis�o, n�o surfei pela internet e, por causa das l�nguas em que est�vamos mergulhadas, mal e mal lia as manchetes dos jornais.

Tudo o que me interessava era o boletim meteorol�gico e o pr�ximo passo que dar�amos: para onde ir�amos, como, em que condi��es? A grana seria suficiente? Mesmo quando viajo sem destino tra�ado, costumo fazer melhor o dever de casa do que fiz desta vez; mas fomos t�o felizes que at� os poucos contratempos que enfrentamos foram divertidos, como o achaque na Eslov�quia e um hotel pavoroso em Praga, onde tom�vamos caf� cercadas de armaduras, no aconchegante ambiente de uma pris�o medieval.

* * *

O Brasil ficou muito longe, mesmo na primeira etapa da viagem, quando eu ainda estava trabalhando, mergulhada em telas de plasma e eletrodom�sticos wi-fi. �s vezes recebia uma not�cia ou outra atrav�s da �rea de coment�rios do blog ou de telefonemas para casa, mas consegui a proeza de passar duas semanas sem saber o que estava acontecendo fora das minhas redondezas geogr�ficas. Era como se estivesse numa esp�cie de bolha inating�vel, � prova de CPIs, mensal�es, pol�ticos corruptos, trag�dias mundiais.

A bolha m�gica foi estourada quase no fim da viagem, com a not�cia da morte do Cesar, porteiro noturno de quem gost�vamos muito. A tristeza nos trouxe a consci�ncia do contraste, e nos jogou na cara, como um soco, a realidade que vivemos nesta terra de ningu�m em que se transformou o Rio de Janeiro.

* * *

Muitas vezes, ao longo dos anos, assistindo a cenas de guerra pela televis�o, me espantava com pessoas que insistiam em continuar vivendo no inferno. N�o aquelas pobres pessoas destitu�das, claro, que nascem e morrem sem qualquer poder de escolha; mas as de algumas posses, que em tese poderiam vender casa e carro, por exemplo, e recome�ar a vida em canto mais sossegado.

Enquanto eu me perguntava como algu�m podia continuar a viver em Beirute ou em Jerusal�m, minha pr�pria cidade ia se encarregando da resposta. Salvo em guerras declaradas, o cerco da viol�ncia � sutil, gradual. Um dia � um assalto aqui, no outro uma morte ali. Mal reparamos quando come�amos a evitar as linhas de �nibus mais perigosas, quando deixamos de sair a p� � noite, quando a uma da manh� j� mal se v� gente em pontos onde, antigamente, esta era a hora em que a festa come�ava. O som dos tiroteios vai se integrando � cacofonia urbana, e passamos a achar normal o barulho dos fuzis e metralhadoras que vem dos morros.

Como � que algu�m pode viver numa cidade odiada pelo presidente, abandonada pelos governadores e esquecida pelo prefeito? Como � que algu�m pode viver numa cidade onde n�o existe mais seguran�a alguma, ou vest�gios de qualquer coisa semelhante � ordem? Como � que se pode viver numa cidade tomada pela bandidagem e pelas ervas daninhas, suja e esburacada, cheia de mendigos, assaltantes e menores de rua que metem medo at� na pol�cia? Como � que se pode viver numa cidade onde a pol�cia federal -- a pol�cia federal! -- � roubada diante de todos?!

Por que n�o vamos embora deste inferno para um lugar decente, onde se pode viver em paz, andar pelas ruas a qualquer hora do dia ou da noite e usar transporte coletivo sem risco de vida? Por que nos sujeitamos, de livre e espont�nea vontade, ao descaso e ao cinismo das autoridades, � ang�stia, � viol�ncia?

* * *

Passei duas semanas na Europa vivendo como, em tese, deveriam viver todas as pessoas do planeta, andando pelas ruas sem medo ou desconfian�a. Pude usar minhas c�meras e celulares, andei em bicicletas maravilhosas que jamais sonharia ter aqui, sa� com meu rel�gio de estima��o sem receio de que o levassem na primeira esquina.

Vivi duas semanas feito gente e, confesso, achei muito bom.

O problema � que n�o vivi na minha l�ngua, n�o vivi na minha cultura, n�o vivi na minha quer�ncia. Ser turista � �timo, mas ser estrangeiro n�o �.

* * *

O Rio nunca esteve t�o mal, t�o triste e t�o desamparado; nunca estivemos t�o por baixo, t�o submissos e acabrunhados. Mas a geografia desta cidade est� indelevelmente gravada no meu DNA, e a conversa das ruas � a trilha sonora da minha vida. Para n�o falar na familiaridade com a beleza, este raro privil�gio que temos n�s, cariocas, pelo simples fato de vivermos aqui.

H� gente que vem de todos os lugares para ver, por alto, o que n�s conhecemos a fundo, o que � nosso e o que vemos e veremos todos os dias ? at� que um pivete nos mate por uma bobagem, a pol�cia nos acerte por engano ou uma bala perdida nos encontre, s� assim.

Hoje eu entendo quem morava em Beirute, quem vive em Jerusal�m, quem insiste em n�o sair de Bagd�.


(O Globo, Segundo Caderno, 30.9.2005)






Socorro! Vou fugir antes da tormenta.










Obras na redacao









29.9.05




Oops... erro de revisao!










O papo ta bom la embaixo...

Para quem gosta das bizarras diferencas entre o portugues e o brasileiro, Recomendo o post do guarda-chuva. Aquele, tadinho, tao inocente.







Ferocidade m�xima! :-)



Hoje os quero-queridos me botaram para correr, com v�os rasantes sobre a minha cabe�a e uma gritaria que s� vendo.

Fiquei muito feliz.

Finalmente est�o aprendendo a proteger os ovinhos; nem consegui chegar perto do ninho para fotografar!



Reparem nos espor�es cor-de-rosa em frente �s asas: � com eles que defendem o lar. Est�o bem equipads, n�?

Amo quero-queros, em geral, mas este casal me conquistou para sempre. Como s�o destemidos e bonitinhos!





28.9.05


Lar doce lar










Adivinhem quem acaba de me dar um passa fora...










Tudibom

Gente, falando s�rio: voc�s j� viram o blog da Carolina Vigna-Mar�? Se n�o viram, n�o sabem o que est�o perdendo...






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O sistema de coment�rios deve estar passando por ajustes. Se voc�s toparem com algo parecido com a algaravia do t�tulo, pois, n�o se espantem.






Aos meus pes










Mosca pensando na vida











Um post totalmente nerd

Gra�as aos blogs do Mario AV, em S�o Paulo, e da Mari Ceratti, em Bras�lia, a� est�o os v�rios modelos do bolinho distribu�do pela MS no dia do seu anivers�rio. Sei n�o, mas tenho a impress�o de que o povo de Bras�lia (foto do meio) saiu no preju...






Adeus, amigos; ol�, amigo!

Hoje passei parte do dia empacotando e devolvendo os meus companheiros de viagem para os respectivos fabricantes. Tive sorte com as maquininhas que levei na viagem: a Fuji Z1, em que eu punha pouca f� pelo design (a lente fica bem no caminho do dedo indicador da m�o esquerda), acabou sendo uma grande revela��o; a Kodak 550 fez os melhores filminhos que j� vi uma digital fazer; e considero o Sony-Ericsson W800 o melhor celular atualmente dispon�vel para quem quer ouvir m�sica e tirar fotos, superior at� ao meu querido Samsung D500.

No momento estou testando o Nokia 6681. Este n�o viajou comigo porque n�o descobri como p�r t�tulos nos MMS, isto �, nas imagenzinhas que mando pra c�. Continuo sem saber como fazer isso, mas em compensa��o descobri que � fac�limo envi�-las por email. N�o sei se isso sai mais caro ou barato; vamos precisar esperar a conta chegar para ver. Estou achando a qualidade das fotos muito boa.

Ele � um excelente smartphone, isto �, um telefone com alma de computador, capaz de ler qualquer arquivo do Office, acessar email, etc. J� carreguei nele toda a lista dos meus DVDs, por exemplo, o que evita compras duplicadas; tamb�m poderia carregar qualquer apresenta��o Power Point, caso precisasse.

Como todo Nokia, por�m, ele � imbat�vel em dois quesitos fundamentais num celular: recep��o de sinal e qualidade de som da voz. E tem uma frescurinha que estou adorando: quando est� escuro, o teclado acende sozinho. Bonitinho!





27.9.05


Quem vai ao ar perde o lugar...










Vida literaria










Av. Presidente Vargas










Meu guarda-chuva... :-)










No trabalho










Chove, chove, chove










Emerg�ncia felina!!!

"Pessoal, acabamos de saber que o CCZ do Rio de janeiro recebeu 11 gatos, oriundos da Tv Record de Jacarepagua, capturados pela SEPDA e entregues ao CCZ.

N�o temos lar tempor�rios para todos, apenas para alguns. Algu�m poderia receber algum gatinho de l�? Se algumas pessoas ajudarem, todos poder�o ser resgatados. O CCZ � um lugar ruim para eles. S�o de facil ado��o, merecem uma chance. A informa��o que eu tenho � que eles est�o bem de sa�de, eram acompanhados por protetores do local.

Todos n�s sabemos como um gato fica rapidamente debilitado, com o estresse cai sua imunidade e logo adoece. Os gatos ficam deitados por cima de uma grade, pois tentam se esconder, pegam chuva, frio e escutam os c�es latirem o tempo inteiro, quem tem gato sabe o quanto isso � estressante para eles.

Por favor, quem puder colaborar dando a um gatinho lar tempor�rio, vai estar salvando a vida dele... Pq infelizmente s� temos lugar at� agora para os filhotes e tr�s adultos.

Os que l� sobrarem ficar�o em depress�o e morrer�o em breve....

Se algu�m puder, por favor, entre em contato, pelo telefone [21] 9192-4824 ou pelo email bianca_lena@yahoo.com.br

Se n�o puder ajudar, pelo menos repasse essa mensagem, � muito importante. Grandes beijos,

Bianca de Lena"
Este � o "trabalho" que a SEPDA est� fazendo: recolhendo animais para a morte certa no CCZ. Enquanto o secret�rio ganha seu rico dinheirinho e se diverte brincando de ator de novela, volunt�rios que realmente amam bichos, como a Bianca, v�o � luta com os pr�prios recursos.

Acorda, prefeito! Larga o seu blog e d� uma olhada no que est� acontecendo na sua secretaria, na sua cidade!!!






Cheques do Google

Algu�m j� descobriu como descontar? O que fazer com eles (n�o valem respostas de baixo cal�o!)?














Caixas & caixas

Com o friozinho que est� fazendo, as caixas de papel�o est�o em alta. Agora � noite a Net estava t�o bonitinha dormindo dentro de uma delas que eu n�o resisti; e nem a Tutu, que � o gato mais curioso e ciumento do planeta, e que saiu da caixa dela s� pra assuntar.





26.9.05


Eu posso com isso?!

"Boa Tarde,

Passando rapidamente por este blog percebi o ocorrido e gostaria de disponibilizar meu telefone de contato para o Sr. Marcelo, tendo em vista a difama��o que sofreu por pessoas que n�o foram capazes de se identificar, mas que demonstram rela��o �ntima com a propriet�ria do blog, demonstrando, desta forma, o comprometimento desta �ltima com o caso.

Gostaria de comunicar que as mensagens difamat�rias sobre o Sr. Marcelo e sua identifica��o neste blog deveriam ser retiradas em virtude da preserva��o de sua imagem e privacidade.


Maura de Oliveira - 88255069
OAB/RJ 129.378"
Quer dizer: vinha essa dot�ra passeando displiscentemente pela internet, quando viu um blog solto no espa�o e resolveu dar uma olhadinha r�pida no seu conte�do.

Passou por 21 posts, 17 fotos de gatos, netos & diversos, leu todos os 672 coment�rios pertinentes a esses posts, e eis que chegou � famigerada cr�nica que comete a terr�vel barbaridade de p�r a Eslov�quia no primeiro mundo.

Apesar de estar passando rapidamente pelo blog, a dot�ra deu-se ao trabalho de ler, al�m de tudo o que j� mencionei, os 247 coment�rios do dito post -- para ent�o chegar � conclus�o de que deveria oferecer os seus pr�stimos ao intelectual que t�o gentilmente se disp�s a acabar com a nossa burrice e oligofrenia.

Agora imaginem s� o tempo que ela n�o gasta quando se demora nos sites...

Pois v� fundo, dot�ra, mande bala, arraste-me �s barras dos tribunais.

Vai ser divertido.

Gastando seu precioso tempo com a leitura desse monte de bobagem na internet, direito que � bom a senhora n�o estuda h� tempos.






Emerg�ncia canina!

Pessoas, h� uma quantidade de c�zinhos simp�ticos abandonados no CCZ. Se n�o forem resgatados logo, ser�o exterminados.

D�em uma olhada nas carinhas deles: quem sabe algu�m n�o se anima a adotar um novo amigo?






Entre c�u e inferno

Durante essas curtas f�rias que tirei com a Bia, consegui, pela primeira vez em muitos anos, me desligar completamente do mundo. N�o vi televis�o, n�o surfei pela internet.BR e, por causa das l�nguas em que estava mergulhada, mal e mal lia as manchetes dos jornais.

Tudo o que me interessava era o boletim meteorol�gico e o pr�ximo passo que dar�amos: para onde, como, em que condi��es. Em geral fa�o melhor o dever de casa, mas fomos t�o felizes que at� os poucos contratempos que enfrentamos foram divertidos, como o achaque na Eslov�quia e o hotel pavoroso em Praga.

O Brasil ficou muito longe, mesmo na primeira etapa da viagem, quando ainda estava mergulhada nas telas de plasma e nos eletrodom�sticos wi-fi da Philips. �s vezes voc�s me davam uma not�cia ou outra aqui nos coment�rios, mas consegui a proeza de passar duas semanas sem saber o que estava acontecendo por aqui. Era como se eu estivesse numa esp�cie de bolha inating�vel, � prova de CPIs, mensal�es, pol�ticos corruptos.

A bolha m�gica foi estourada com a not�cia da morte do Cesar, o porteiro noturno de quem a Bia e eu gost�vamos muito. A tristeza nos trouxe a consci�ncia do contraste, e nos jogou na cara, como um soco, a realidade que vivemos nesta terra de ningu�m em que se transformou o Rio de Janeiro.

Muitas vezes, ao longo dos anos, assistindo cenas de guerra pela televis�o, eu me espantava com as pessoas que insistiam em continuar no inferno. N�o aquelas pobres pessoas destitu�das, claro, que nascem e morrem sem qualquer poder de escolha; mas as de algumas posses, que em tese poderiam vender casa e carro, por exemplo, e recome�ar a vida num canto mais sossegado.

Enquanto eu me perguntava como algu�m podia continuar a viver em Beirute ou em Jerusal�m, a minha pr�pria cidade ia se encarregando da resposta. Salvo em guerras declaradas, o cerco da viol�ncia � sutil e gradual. Um dia � um assalto aqui, no outro uma morte ali. Mal reparamos quando come�amos a evitar as linhas de �nibus mais perigosas, quando deixamos de sair a p� � noite, quando a uma da manh� j� mal se v� gente em pontos onde, antigamente, esta era a hora em que a festa come�ava. O som dos tiroteios vai se integrando � cacofonia urbana, e passamos a achar normal o barulho dos fuzis e metralhadoras que vem dos morros.

Como � que algu�m pode viver numa cidade odiada pelo presidente, abandonada pelos governadores e esquecida pelo prefeito? Como � que algu�m pode viver numa cidade onde n�o existe mais seguran�a alguma, ou vest�gios de qualquer coisa semelhante a ordem? Como � que se pode viver numa cidade tomada pela bandidagem e pelas ervas daninhas, suja e esburacada, cheia de mendigos, assaltantes e menores de rua que metem medo at� na pol�cia? Como � que se pode viver numa cidade onde a pol�cia federal -- a pol�cia federal! -- � roubada diante de todos?!

Por que n�o vamos embora deste inferno para um lugar decente, onde se pode viver em paz, andar pelas ruas a qualquer hora e usar transporte coletivo sem risco de vida? Por que nos sujeitamos, de livre e espont�nea vontade, ao descaso e ao cinismo das autoridades, � ang�stia, � viol�ncia?

Passei duas semanas na Europa vivendo como, em tese, deveriam viver todas as pessoas do planeta, andando pelas ruas sem medo ou desconfian�a. Pude usar minhas c�meras e celulares, andei em bicicletas maravilhosas que jamais sonharia ter aqui, sa� com meu rel�gio de estima��o sem receio de que o levassem na primeira esquina.

Vivi duas semanas feito gente e achei muito bom.

O problema � que n�o vivi na minha l�ngua, n�o vivi na minha cultura, n�o vivi na minha quer�ncia. Ser turista � �timo, mas ser estrangeiro n�o �.

O Rio nunca esteve t�o mal, t�o triste e t�o desamparado; nunca estivemos t�o por baixo, t�o submissos e acabrunhados. Mas a geografia desta cidade est� indelevelmente gravada no meu DNA, e a conversa das ruas � a trilha sonora da minha vida. Para n�o falar na familiaridade com a beleza, este raro privil�gio que tenho s� pelo acaso de ter nascido aqui.

H� gente que vem de todos os lugares para ver, por alto, o que eu conhe�o a fundo, o que � meu e o que eu vejo e verei todos os dias -- at� que um pivete me mate por uma bobagem, a pol�cia me acerte por engano ou uma bala perdida me encontre, s� assim.

Hoje eu entendo quem morava em Beirute, quem mora em Jerusal�m, quem n�o sai de Bagd�.





25.9.05


Blog!

Meio maluco, meio nost�lgico, mas interessante.











Tutu e a caixa

Os gatos amam as caixas de papel�o que aparecem aqui em casa. Um dia, durante uma faxina, a Ant�nia p�s esta caixa (uma das favoritas deles) em cima da cadeira de diretor que fica ao lado da escrivaninha -- e inventou uma novidade que todos adoraram.

Tutu � a principal freq�entadora da caixa empoleirada. Adora o cantinho alto e protegido, e o papel�o no qual investiu tantas horas de trabalho art�stico.






Mais um albinho






Consegui juntar mais um grupinho de fotos: um resumo da viagem. Para ver, � s� clicar na imagem.






Nossos classificados

Voc�s se lembram da Margarida, a minha ex-assessora dom�stica que estava precisando de emprego h� algum tempo? Bom, ela arranjou emprego e foi muito feliz enquanto durou; mas agora a mo�a que era patroa dela viajou para os Estados Unidos e ela est� dispon�vel novamente.

A Margarida �, sem trocadilho, uma florzinha de pessoa. � de total confian�a, e se d� muito bem com bichos e crian�as. Cozinha um trivial mais do que simples, l� e escreve muito bem. O telefone dela � 2513-5219; ela mora em Copacabana.








Kelyndra

A Monica L pediu para ver uma foto da Kelyndra, a minha nora americana e m�e dos bipinhos lindos da foto abaixo.

Prontinho, Monica!

E olha, ela n�o � s� essa boniteza toda n�o; � tamb�m uma pessoa inteligente, engra�ada, simp�tica e, disparado, a m�e mais paciente que eu j� vi.





24.9.05




Ai, que inveja...!

A super querida Paula Foschia viajou para o Texas hoje � noite, e vai passar dez dias exatamente em Austin, onde vivem os meus bipes d'al�m mar.

Esta � a turminha que ela vai abra�ar por mim: tem coisa mais linda?!






Gosto porque gosto

Prontinho: divirtam-se... :-D






Obras em Copa










N�o gosto porque n�o gosto

Povo, rola a�, alguns posts abaixo, uma interessante discuss�o -- inciada pelo Rbondi -- sobre coisas que a gente n�o gosta porque n�o gosta, ponto. Birras sem explica��o.

T� �timo! E � um maravilhoso t�pico de fim de semana. Sugiro, portanto, continuar aqui: mandem ver.






Ele voltou!!! :-)))


Update: O Mario AV, a quem este post refere-se, tinha um dos melhores blogs do peda�o. O rapaz � uma fera em design, sabe tudo de tipografia e caligrafia, artes marciais e zen budismo, e se interessa pelos assuntos mais variados, do catal�o ao Mac.

Pudera n�o: cresceu na banca de jornais do pai, onde devorava tudo assim que chegava. Mais tarde herdou a banca, com a qual, ao que eu saiba, continua at� hoje, indo trabalhar de bicicleta (em SP!), acompanhado de um dos cachorros mais lindos que j� vi (Ribondi, n�o leia este peda�o pro Neg�o).

A�, um dia, o Mario AV apaixonou-se. Todos ficamos muito felizes, porque a Adri, al�m de linda e simp�tica, � inteligente que s�, e tem uma curiosidade t�o mals� quanto a dele. O �nico problema � que, apaixonados, os dois fundiram os �timos blogs que faziam num �nico, em que talvez at� tenham falado de outras coisas, mas onde tudo o que encontrei durante muito tempo foram gracinhas de apaixonados.

Todas muito fofas e meigas mas, como bem observou a Leila, um tanto inc�modas, pois davam a sensa��o de invas�o de privacidade.

Os dois continuam apaixonados; n�o sei se continuam fazendo o blog a quatro m�os (sim, continuam); mas a blogosfera ganha muito, com certeza, com a retomada do blog individual pelo Mario AV.

Em tempo: ele foi o querido amigo que fez o template do internETC., isto �, foi ele quem deu a este blog a cara que voc�s v�em. Que, verdade se diga, era bem mais clean quando saiu das suas m�os -- mas a� eu fui juntando um Flickr aqui, um selinho ali...






Nao resisti...










Missao cumprida









23.9.05


Ainda no trabalho










Sampa, by Red Bull

"Os brasileiros s�o conhecidos por sua intensa "joie de vivre" e uma teoria para explicar isso � que viver no Brasil carrega um alto "risco de mourir". Quando o GP veio para S�o Paulo, bastava pisar fora do aeroporto para que se visse no pulm�o de algu�m que a pessoa tinha passado a vida toda numa mina de amianto.

Hoje, a polui��o foi drasticamente reduzida, come�ando pelo lado pessoal, j� que os ma�os de cigarro mostram os avisos mais preocupantes do mundo, com fotos de pulm�es afetados, beb�s prematuros em um pote e crian�as usando inaladores. O fato de o sistema de tr�fego da cidade ter melhorado trouxe um novo perigo, visto que os ve�culos iam a 1 km/h e agora eles podem andar. Isso significou que eles aprenderam a virar o volante e mudar de marcha com os joelhos, j� que eles precisam das duas m�os para fazer gestos obscenos e falar ao celular. Todos os motoristas se consideram no n�vel de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna, mas nenhum guia como eles.

Parte dessa cidade parece uma cena da Divina Com�dia de Dante, mas os contos de ataques, assassinatos e destrui��o foram exagerados, pelo menos fora do paddock! Apesar de todos os perigos, h� algo maravilhosamente infectado no lugar, e n�o � a �gua de torneira. Na teoria, eles recomendam n�o beber a �gua, evitar saladas e garantir que sua carne � cozinhada como se fosse a Joana D'Arc de manh� depois de um brit�nico ter oferecido um churrasco a ela. Na pr�tica? Viva a vida, caia fora e se divirta.

Ser um vegetariano � contra a lei no Brasil e todos os cidad�os quase comem o peso de seu corpo em carne, porco, carneiro e frango toda semana em churrascarias em todo lugar. V� a uma e assista como um ex�rcito de gar�ons carregando espetos lotados de carne chegam � sua mesa. Se tiver um sistema cardiovascular e estiver bom, vai estar no seu prato. Os gar�ons vivem nas periferias da cidade e eles t�m permiss�o para levar os espetos para casa � noite para brigarem com os assaltantes.

Houve muito choro do pessoal da F-1 quando tiveram de deixar as belezas das praias do Rio para irem a S�o Paulo, mas os veteranos de corrida bebem tanta caipirinha que se esquecem disso -- eles se esquecem at� do que est�o bebendo. De fato, a caipirinha, um coquetel de pinga que � mais sedutor do que a Michelle Pfeifer deitada num piano ou a Cameron Diaz fazendo coisas com seu gel de cabelo, tem mais do que um chute do Bruce Lee, e o que deixa voc� numa enrascada nessa cidade louca: quanto mais voc� bebe, mais bonitos parecem os travestis e as mulheres da noite.

Mais seguro do que se misturar com essa gente � uma viagem a um clube de jazz onde voc� pode ouvir os famosos sons do samba e os trabalhos de Gilberto, Jobim e Baden Powell, embora o que o pai do escotismo estava fazendo quando se tornou um m�sico � um dos grandes mist�rios do maior pa�s da Am�rica do Sul."
A Deize achou aqui.

O que ser� que eles andaram bebendo, Flying Horse?






A MS fez anos e mandou um bolinho...






(A vers�o paulista do bolinho est� no Mario AV.)






Ontem de tarde










Pipoca e' pop!









A gar�a foi desenhada pelo Dudi num Palm, pode isso?!

Algu�m j� tentou fazer um desenho delicadinho assim naquilo?!













Hoje � tarde fiz essas fotinhas, mas o telefonino est� com um problema qualquer e n�o consegue mandar os MMS.





22.9.05




A lei e a ordem no Primeiro Mundo

Voltando um pouco no tempo e no espa�o, um pequeno Ford Fiesta, dirigido por duas intr�pidas brasileiras, chegou, tarde da noite, � min�scula localidade de Rajka, na fronteira da Hungria com a Eslov�quia. O guarda louro, alto, de olhos azuis e impecavelmente trajado -- a pr�pria imagem da autoridade -- pegou os passaportes e conferiu as fotos. Depois apontou para o carro:

-- Trstzvstz sticker?

-- I beg your pardon? -- disse a senhora ao volante.

-- Sticker strvzstjic.

-- Hein?

-- No sticker.

Aparentemente, faltava um sticker, ou seja, um adesivo, em bom eslovaco. Mas que raios de sticker? E para qu�? O guarda fez sinal para que estacion�ssemos na �rea apropriada e o acompanh�ssemos � salinha da alf�ndega. As duas brasileiras, nem preciso dizer, �ramos a Bia e eu, j� no caminho de volta. Est�vamos no meio do nada, numa escurid�o de breu, quebrada apenas pelas luzes do posto da alf�ndega. Na salinha acanhada, o guarda entregou nossos passaportes a um colega igualmente imponente, que se dirigiu a n�s com grande cortesia e clareza:

-- Trstwzstri strwzjv�i sticker. Trsjvzci?

-- Sorry, we don't understand. Do you speak English?

-- Ne.

-- Italiano?

-- Ne.

-- Fran�ais?

-- Ne.

O guarda conferiu os passaportes sem pressa, olhando os carimbos. Tudo o que consegu�ramos entender � que, ao que tudo indicava, est�vamos numa fria por causa de um sticker. Depois de um di�logo de surdos travado em gestos e consoantes, apareceu um terceiro guarda, que produziu um papelucho xexelento e meio rasgado, onde se lia, em v�rias l�nguas identific�veis, que, para circular pelas estradas locais, era necess�rio um certo sticker colado no parabrisa. Este terceiro guarda era um poliglota.

-- You no sticker. Sticker good one year. No sticker ten sticker fine.

Ah: o sticker valia por um ano. Sem sticker, multa equivalente a dez stickers. Segundo a autoridade, o sticker custava uma quantia de coroas que, convertida, correspondia a quase 29 euros. O guarda desenhou um quadradinho num papel ainda mais seboso do que o outro e apontou com o l�pis:

-- Sticker! Trsjvzci?

Sim, sim, isso hav�amos entendido. Ele riscou o quadradinho.

-- No sticker. Trsjvzci? 286 euro.

-- O QU�???????????????????????!!!!!!!!!!!!!

-- No sticker, 286 euro.

-- I don't have money, no tiengo plata, pas d?argent, trsjvzci?

-- Ne sticker, 286 euro.

-- Do you accept credit cards? Visa, Mastercard, Diners?

-- No. Euro.

Nesse instante, a Bia, que vinha acompanhando o di�logo com o respeito devido �s autoridades de um pa�s s�rio, chegou � correta decis�o de que aquele n�o era assunto para amadores.

-- M�e! Voc� est� doida?! Eu cuido disso.

Ato cont�nuo, fez cara de quem ia desatar em prantos e assumiu a lideran�a das negocia��es.

-- We Brazil. No money.

Tomou o l�pis do guarda e o papel seboso, escreveu NO MONEY e desenhou uma carinha triste. Em seguida tirou um real horr�vel, todo amassado, de dentro da bolsa.

-- See? Brazilian money. No euro.

Os guardas se entreolharam, riscaram os 289 euros que tinham escrito no papel e escreveram 120.

-- 120 euro. We like Brazil good!

-- Brazil good sim, -- disse a Bia -- mas money que � bom n�s num have. Ronaldinho!

Os guardas riram. Isso eles trsjvzci.

-- Pel�!

-- Pel�! -- exclamou a Bia, como se tivesse ouvido o Terceiro Segredo de F�tima. Um dos guardas riscou os 120 euros e escreveu 80. A Bia riscou, escreveu 40 e fez um gesto tipo ?fechamos em quarentinha e n�o se fala mais nisso?.

-- Roberto Carlos!

Eu n�o duvidava mais de nada, mas mesmo assim n�o me contive:

-- Bia, esses caras nunca ouviram o Rei!

-- � outro Roberto Carlos, m�e...

Isso com uma l�grima cinicamente escorrendo pelo rosto, junto com um sorriso c�ndido e ing�nuo para os guardas. Que, imaginem s�, toparam a parada. A Bia entregou uma das notas de 50 euros que tinha na bolsa.

-- Thank you -- disse o guarda.

-- Thank you nada, man�, falta o troco. Ten euro!

-- Trstzcvjic prstzcjv sprztjc euro -- disse um dos guardas para o outro, que tirou a carteira do bolso e, conforme o combinado, deu o troco. Nossos passaportes nos foram devolvidos, junto com a nota de um real.

-- No, no, you keep this! -- disse a Bia, devolvendo o real. -- Brazilian money. My gift. For luck. Ronaldinho Ga�cho, Kak�, Robinho!

-- Pel�! Roberto Carlos!

Os guardas nos levaram at� o carro, a cordialidade em pessoa. O poliglota nos recomendou vivamente que compr�ssemos o sticker tcheco, porque os tchecos, explicou, s�o conhecidos ladr�es, e sem o sticker ter�amos um big problem pela frente, trsjvzci?

-- Trsjvzci! -- exclamou a Bia, dando adeusinho. Tenho at� medo de perguntar qual foi a praga que ela rogou naquela nota de real que deixou com os guardas; e nem ouso imaginar o que nos teria acontecido se eles soubessem que eu estava sem a carteira de motorista.


(O Globo, Segundo Caderno, 22.9.2005)









Novo �lbum de fotos!

Aos poucos, espero conseguir arrumar todas as fotos da viagem; com sorte, at� o Natal talvez eu j� esteja com a metade do servi�o pronto... ;-)

Acabei de subir um albinho com as fotos da visita ao Zoo l� pro Flickr.

Para ver a cole��o, � s� clicar no gostos�o a� de cima.






Emerg�ncia Felina!!!

Recado da Leila:
Uma mo�a est� doando um gato de um ano e meio, castrado, super mansinho, amarelo e branco. Ele era do av� dela, mas o senhor morreu e ela n�o tem como ficar com ele. A m�e queria levar pra SUIPA, ou ent�o (!!!) soltar na rua...

O pobrezinho fica o dia inteiro no apartamento que foi do av� e que daqui a poucos dias, vai ser vendido. V�o l� dar comida e �gua pra ele, mas depois ele fica l�, sozinho...

Ela mora na Tijuca, no Rio. Quem souber de algu�m que possa ficar com o gatinho, por favor escreva para sejane_rj@yahoo.com.br





21.9.05


J� vai tarde

Que figura pat�tica, este Severino. Como � que uma criatura dessas chega � presid�ncia do que quer que seja?!

"Empobrecimento il�cito", francamente...






Interessante!

Gostei da id�ia, vejam s�.

Em tempo: � tecnologia, e est� em ingl�s. S� para a turma que n�o gosta do tema n�o se desapontar ao abrir o link...






Espa�o da Bia

Queridos Jos� Ant�nio, Lucas e Ribondi (os nomes est�o em ordem alfab�tica):

Agora que o jet-leg j� deu uma aliviada, passei todo o dia de ontem pensando e me aconselhando com o meu personal consultor sentimental.

� meia-noite fui dormir, feliz com a escolha a que tinha chegado: o meu par perfeito, a minha alma g�mea, a minha cara metade.

Foi uma noite linda, e eu s� esperava acordar, �s oito, para correr para o computador e dar a not�cia ao meu eleito -? mas infelizmente o telefone tocou �s sete trazendo not�cias do mundo real.

O meu personal descobriu que ainda n�o estou divorciada legalmente; assim, por enquanto, n�o posso divulgar o nome que trago no cora��o, nem me casar com ningu�m.

Devo dizer, contudo, que fiquei muito sensibilizada com todas as poesias que o Lucas comp�s (Lucas, ningu�m resiste a um bom brega!), com a comunidade criada pelo Jos� Ant�nio (que tamb�m escreve muito bem) e com os textos geniais do Ribondi (que amo desde criancinha).

Voc�s tr�s s�o maravilhosos e, no fundo, devo confessar que n�o fiquei de todo infeliz com o detalhe do div�rcio, porque, apesar de ter feito uma escolha excelente, eu viveria para sempre na d�vida do que poderia ter sido a minha vida caso tivesse sido outra a op��o.

Perdi noites e noites de sono pensando nesta �rdua escolha, mas em compensa��o ganhei uma baita massagem no ego.

Adoro voc�s!

Bia





20.9.05


Lucas










Mosca e Tutu, sempre juntos










Arqueologia via Google

Recebi um �timo email do Jayme Aranha, contando uma hist�ria sensacional: estudando a regi�o onde mora no Google Earth, um italiano descobriu as ru�nas de uma vila romana desconhecida at� ent�o.

O caso virou assunto da Nature, e foi, claro, descrito pelo pr�prio Luca Mori, autor do achado, no seu (dele) blog, Quelli dellla Bassa.

Como voc�s v�em, o passado tem um magn�fico futuro na internet...






Os danos da proibi��o de armas publica��o apressada de artigos no blog

Postei isso aqui ainda agora:

A ju�za Denise Frossard levanta pontos muito importantes aqui.

Vale a pena ler:
O bom senso, sob o fogo cerrado da proposta de proibi��o do com�rcio legal de armas, pode ser mais uma das v�timas da ingenuidade ou viol�ncia branca da demagogia.

O que se pretende com a proibi��o? Reduzir a criminalidade � a resposta, t�o imediata quanto impensada, que nos vem � cabe�a. Mas � uma resposta equivocada. A proibi��o do com�rcio legal de armas n�o far� recuar nem um mil�metro a ousadia do crime (organizado), n�o baixar� a taxa de delinq��ncia das ruas nem mesmo trar� o conforto de diminuir a sensa��o de inseguran�a que, hoje, atinge em graus variados a sociedade brasileira.

A proibi��o do com�rcio legal de armas, como o simples aumento de penas, a mudan�a do fardamento da pol�cia, tantas outras medidas (anunciadas ou j� implementadas), tem sobre a criminalidade o mesmo efeito de um arco-�ris no c�u: uma ilus�o bonita aos nossos olhos.

No caso da proibi��o do com�rcio de armas, a falsa sensa��o produzir�, no entanto, um efeito danoso: retirar� do Estado a possibilidade de controle (ainda que fr�gil, como agora) e dificultar� ainda mais a investiga��o de crimes praticados com esse recurso.

Proibida a comercializa��o, o Estado n�o ter� mais instrumentos para o controle da circula��o de armas. Como a sensa��o de inseguran�a persistir�, porque as verdadeiras causas da criminalidade (corrup��o e impunidade) n�o s�o resolvidas em raz�o das defici�ncias do Estado, o mercado inteiro de armas de fogo ir� para a clandestinidade.

As provas desse argumento s�o muitas. Uma delas est� no documento "Fiscaliza��o de Armas de Fogo e Produtos Correlatos", publicado pela imprensa, elaborado pelo coronel de infantaria Di�genes Dantas Filho, que em conjunto com o Minist�rio P�blico Militar Federal, articulou uma a��o policial militar para apreens�o de armas clandestinas no Rio de Janeiro. O trabalho mapeia as rotas utilizadas pelo tr�fico de armas e confirma a exist�ncia, em circula��o, no Brasil, de 20 milh�es de armamentos sem registro, em contraposi��o a 2 milh�es de armas registradas.

� uma absurda ingenuidade de uns (e raz�es suspeitas de outros) imaginar que, diante da proibi��o do com�rcio legal, ningu�m mais comprar� ou deixar� de portar armas. O mercado n�o vai estancar simplesmente porque o Estado proibiu a comercializa��o. Historicamente n�o tem sido assim.

Quem n�o se lembra da Lei Seca, nos EUA, ou da reserva de mercado de inform�tica, no Brasil? Nos dois casos, e em muitos outros que a experi�ncia de proibi��es comerciais mundo afora construiu, cresceu o mercado clandestino e o contrabando. Esse � o terreno f�rtil para aumentar a corrup��o.

A medida certa est� no controle da fabrica��o e do porte de armas de fogo, e n�o na proibi��o da comercializa��o. Nesse ponto, � bom retirar do debate a id�ia equivocada de que os que s�o contra a mera proibi��o est�o no p�lo oposto da argumenta��o, propondo "�s armas, cidad�os". N�o � assim. Acredito na efici�ncia da regulamenta��o e no controle rigoroso da fabrica��o, do porte e da importa��o de armas. Acredito na responsabiliza��o direta e penal de todo aquele que, mesmo n�o portando armas, estimule o porte ilegal. Venho defendendo publicamente esses pontos de vista desde o come�o dos anos 90.

O caminho do controle foi tomado em fevereiro de 1997, com a edi��o da lei 9.437, que estabeleceu condi��es para o registro e o porte de armas de fogo e, mais relevante, configurou como crime possuir, deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar, expor � venda ou fornecer, receber, ter em dep�sito, transportar, ceder (mesmo que gratuitamente), emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e ocultar arma de fogo, de uso permitido, sem a autoriza��o e em desacordo com determina��o legal ou regulamentar.

At� 1997, o porte ilegal de armas era uma simples contraven��o penal. A partir de ent�o, com a lei 9.437, passou a ser crime, com pena de pris�o. Recentemente, o Senado melhorou ainda mais a lei, aprovando um projeto que, entre outras medidas, torna o porte ilegal de armas um crime inafian��vel. A proposta do Senado ser� submetida � C�mara, onde ter� o meu apoio.

Apesar de n�o produzir resultados efetivos para o esfor�o de redu��o da criminalidade, que, comprovadamente, tem causas mais graves, a proposta para proibi��o do com�rcio legal de armas acabar� sendo apresentada � popula��o como um milagroso rem�dio. E nisto est� o segundo, e talvez mais importante, equ�voco. Sendo aprovada a proposta e em nada resultando no que concerne � necessidade de redu��o da criminalidade, veremos aumentar a incredulidade da popula��o com as medidas que venham do Estado. Com isso, continuaremos perdendo um importante aliado na luta contra o crime: a confian�a do cidad�o no Estado.

Mas, oops, o artigo � antigo, de 2003. A ju�za mudou de opini�o:
Porque vou votar sim para o desarmamento

No in�cio de 2003, quando tomava corpo o debate sobre o desarmamento, duas posi��es radicais e antag�nicas estavam presentes. Uma defendia a pura, simples e integral proibi��o do com�rcio de armas, porque isso provocaria redu��o substancial da criminalidade, e a outra patrocinava o com�rcio completamente livre, sem amarras legais, porque andar armado seria um direito do cidad�o sobre o qual o Estado n�o deveria intervir e, em defesa dessa sua tese, apontava-se um absurdo argumento da possibilidade de aumento da criminalidade no caso da proibi��o.

Chamada ao debate, em maio daquele ano (2003), preparei um artigo que ganhou o t�tulo ?Os danos da proibi��o?, no qual defendi a regulamenta��o do porte de armas e falei do risco de se proibir sua comercializa��o de maneira integral e completa. Elogiei a legisla��o que melhorava o controle e limitava o porte de armas de fogo e alertei a popula��o para a necessidade de cobrar a ado��o de medidas complementares, porque a simples proibi��o ou regulamenta��o, sem outras medidas, n�o produziria os reflexos esperados sobre os n�meros da criminalidade.

Depois de apresentar dados do mercado clandestino de armas e falar das experi�ncias da Lei Seca e da reserva de mercado de inform�tica, que estimularam o mercado negro de bebidas e computadores, afirmei: ?(...) � bom retirar do debate a id�ia equivocada de que os que s�o contra a mera proibi��o est�o no p�lo oposto da argumenta��o, propondo ?�s armas, cidad�os?. N�o � assim. Acredito na efici�ncia da regulamenta��o e no controle rigoroso da fabrica��o, do porte e da importa��o de armas. Acredito na responsabiliza��o direta e penal de todo aquele que, mesmo n�o portando armas, estimule o porte ilegal. Venho defendendo publicamente esses pontos de vista desde o come�o dos anos 90. O caminho do controle foi tomado em fevereiro de 1997, com a edi��o da lei 9.437(...). Recentemente o Senado melhorou ainda mais a lei, aprovando um projeto que, entre outras medidas, torna o porte ilegal de armas um crime inafian��vel. A proposta do Senado ser� submetida � C�mara, onde ter� o meu apoio.?

Quem reler o artigo ?Os danos da proibi��o?, comparando-o com o Estatuto do Desarmamento, que nasceu sete meses depois, encontrar� coincid�ncias evidentes, porque, em maio, eu pedia a regulamenta��o e a limita��o do porte de armas de fogo, o que aconteceu, em dezembro, com o Estatuto do Desarmamento.

O Estatuto do Desarmamento, o referendo, a lei 10.867, de 12 de maio de 2004, e o decreto 5.123, de 1 de julho do mesmo ano, surgiram na dire��o do bom senso que sempre defendi, um sentimento que percebi quando escrevi, no t�rmino do artigo ?Os danos da proibi��o?: ?A proposta do Senado ser� submetida � C�mara, onde ter� o meu apoio.?

Sinto-me obrigada a retornar ao assunto, porque, na internet, claramente com o objetivo de confundir, numa atitude de baixa pol�tica e de leviano comportamento, circula o artigo publicado em maio de 2003, que est� dispon�vel em minha p�gina na internet. Circula com um tom que n�o lhe dei e com um sentido que n�o tinha e n�o tem, para atribuir a mim, a partir do t�tulo, ?Os danos da proibi��o?, a prefer�ncia pelo ?n�o?, na resposta ao referendo. Com as mesmas inten��es, um jornal do Rio de Janeiro, sem previamente me ouvir, resolveu, h� poucos dias, republicar o artigo. Sei quem o fez, porque mandei apurar.

Perdem tempo com este jogo bobo, porque a minha op��o pelo desarmamento � clara, indiscut�vel, e est� demonstrada at� pela minha decis�o pessoal de nunca andar armada, mesmo tendo porte legal e passado por momentos na vida em que muitos aconselhavam o contr�rio.

De maneira definitiva: votarei ?sim? no referendo, e com o meu voto estarei confirmando a minha op��o pelos dispositivos do Estatuto do Desarmamento e das leis que limitam e regulamentam o porte de armas de fogo.
Fica, pois, o (meu) dito ("estou com ela e n�o abro") pelo n�o dito.

N�o concordo com a ju�za; ali�s, discordo frontalmente.

Por acaso gosto de armas, me diverti muito quando era crian�a e adolescente fazendo tiro ao alvo com o meu av�, e acho que esta medida imbecil ter� um �nico efeito pr�tico: tornar as armas inacess�veis aos cidad�os de bem, justamente aqueles nas m�os dos quais elas pouco ou nenhum mal causam.

Sou radicalmente contra a proibi��o do com�rcio legal de armas, entre outras coisas porque, como todos sabem, n�o � nele que as quadrilhas e os traficantes se abastecem.






Lucas e a cadeira estranha









19.9.05


Mosca, Tutu e o pacote grande










Ningu�m � bom por nada...

O Ribondi escreveu um texto t�o bonito e delicado nos coment�rios que eu n�o quis correr o risco de que passasse despercebido de voc�s.
"Aquele neg�cio que aquele mo�o disse l� no outro post sobre pretos e problemas sociais -- que bobagem. Cair na farra, brincar com gatos e c�es, beijar na boca, gozar at� revirar os olhos, comer comida boa (eu disse boa e n�o necessariamente cara), viajar pro fim do mundo ou at� ali na casa da av� da gente s�o das boas coisas da vida. Ficar satisfeito n�o aliena ningu�m.

E eu disse ficar satisfeito porque, sim, acho que a felicidade � coisa mais complicada. Ser feliz sozinho � matematicamente imposs�vel porque a felicidade � conta de somar sem nove fora: ou vai todo mundo ou n�o vai ningu�m.

Por que? Quem explica isso de maneira irrevogavelmente brilhante � o poeta Newton Braga, irm�o de Rubem Braga -- sendo que o Rubem, que foi pro Rio, ficou famoso e o irm�o, que nunca saiu de Cachoeiro de Itapemirim, s� era conhecido da gente l� mesmo. Na pra�a de Cachoeiro tem o busto dele e, na placa de m�rmore ao lado, um poema que eu lia todo dia a caminho da escola, com palavras que ficaram pra sempre impressas em mim, e que era assim:

"A sensibilidade,
esta antena delicad�ssima,
me ligando a todas as dores do mundo,
e que me far� morrer
de dores que n�o s�o minhas."

Pela oportunidade de todo dia passar em frente ao busto do Newton Braga e ler esse poema a�, e s� por isso, eu acho que tive uma baita de uma sorte de ter crescido l� em Cachoeiro."






A velha e boa TV

(Ai, n�o � que ia me esquecendo da coluna?)
�s vezes, a impress�o que se tem � de que as copas do mundo existem �nica e exclusivamente para dar uma for�a � ind�stria de televisores. Na IFA 2005, pelo menos, era imposs�vel fugir desta sensa��o. Apesar da profus�o de gadgets e objetos diversos em exposi��o, as telas planas de grande formato dominaram o ambiente. As letras que movem este mundo s�o HDTV, a sigla para TV de alta defini��o.

� que a Copa de 2006 promete entrar para a Hist�ria como a primeira em que os jogos ser�o transmitidos, em sua totalidade, em alta defini��o. Para n�s, brasileiros, que sequer chegamos a uma decis�o em rela��o ao padr�o que ser� adotado no pa�s, o sonho pode parecer distante; na Europa, a realidade � concreta.

N�o h� um �nico fabricante que j� n�o tenha uma linha de aparelhos HD-ready, ou seja, prontos a captar as transmiss�es em alta defini��o. At� que as emissoras abertas estejam transmitindo em HD, em 2010, o consumidor j� pode assistir filmes que praticamente n�o deixam a dever ao que se v� no cinema; e podem gravar e exibir seus pr�prios v�deos em alt�ssima defini��o.

Emissoras a cabo -- como Sky, Astra, Premiere e Canal+ -- j� est�o fazendo transmiss�es experimentais.

A diferen�a para os padr�es a que estamos acostumados � abissal, mais ou menos como a que se v� entre uma fotinha singela de telefone celular e uma foto caprichada feita numa c�mera de muitos megapixels.

Mas os aparelhos mais sofisticados em exibi��o n�o fazem s� transmitir. Eles tamb�m permitem a grava��o de programas, como Sky Plus brasileiro, embora reproduzir a grava��o ainda seja tabu por causa do berreiro que vem sobretudo de Hollywood, da MPAA -- a esclarecida associa��o dos produtores de cinema que, um dia, j� quis proibir a fabrica��o de aparelhos de videocassete, porque, nas palavras de Jack Valenti, seu presidente, eles "arruinariam a ind�stria do cinema".

Estava t�o enganado o senhor Valenti (como de h�bito) que, ao contr�rio, o videocassete acabou provando ser a salva��o da lavoura cinematogr�fica, com a prolifera��o das locadoras e de usu�rios interessados em manter suas pr�prias videotecas.

O cipoal em que se transformou a quest�o dos direitos autorais est� afetando diretamente o desenvolvimento da tecnologia -- e n�o s� a dos aparelhos de TV. Como este � um continente onde a leitura � h�bito geral, h� muita grita por parte das editoras. A Uni�o Europ�ia lida com 25 diferentes sistemas de direito autoral, boa parte dos quais funciona atrav�s de associa��es como o nosso Ecad, isto �: um escrit�rio central recolhe o que sup�e que os usu�rios est�o consumindo, e distribui de acordo com o que imagina ser justo.

A falta de transpar�ncia � absoluta. Na Alemanha, o suposto valor das c�pias a serem feitas pelo consumidor, j� embutido nos equipamentos, pode adicionar cerca de 75 euros a um conjunto de PC e impressora dos mais simples; na Espanha, por causa do mesmo racioc�nio, copiadoras, que poderiam custar menos de 80 euros, n�o saem por menos de 130.

Neste momento, a grande briga da EICTA, a associa��o de fabricantes de sistemas de informa��o, tecnologia da comunica��o e eletroeletr�nicos � a cria��o de um sistema �nico, baseado em DRM (Digital Rights Management), que permita ao usu�rio fazer c�pias de acordo com os termos das licen�as do que quer copiar.


(O Globo, Info etc., 19.9.2005)






As tend�ncias da IFA


WI-FI: Palavra-chave, quase sempre associada a Bluetooth. Um aparelho sem capacidade de comunica��o com outros aparelhos � uma criatura aleijada.

TELAS de plasma de 65 polegadas em diante. Lindos sonhos, ainda invi�veis para a maioria dos bol$o$.

M�SICA e entretenimento m�vel, sempre, o tempo todo. Leia-se players de MP3, consoles de games, celulares capazes de transmitir programa��o de TV.

BLU-RAY, os sucessores dos CDs e DVDs, com capacidade para 25Gb e 50Gb. Ningu�m precisa entrar em p�nico: praticamente todos os fabricantes prop�em backwards compatibility, isto �, a leitura dos CDs e DVDs existentes pelos aparelhos de leitura e grava��o de discos Blu-Ray.

TVS INTERATIVAS: Um velho sonho da ind�stria, desta vez em vers�es acasaladas com celulares.

NOTEBOOKS que funcionam tamb�m como receptores de TV. J� n�o era sem tempo!

CELULARES em p� de igualdade com players de MP3, com mais de 4Gb de espa�o de armazenagem.

CELULARES COM C�MERAS que j� podem ser chamadas de c�meras, com boas lentes e mais de 2 megapixels de resolu��o.

(O Globo, Info etc., 19.9.2005)






P�ra de complicar!

Na sua edi��o de 3 de setembro, a revista "The Economist" deu uma descascada no conceito de "casas inteligentes", ou "casas do futuro", como volta e meia s�o apresentadas. Observava, com raz�o, que tudo o que se tem feito nesse sentido no Vale do Sil�cio � a busca de alternativas para o mercado corporativo, que j� est� consolidado, e onde n�o existem mais lucros astron�micos a conquistar a curto prazo.

O problema, por�m, � que o usu�rio final est� muito bem como est�, e n�o quer mais tecnologia. Quer menos.

A "casa do futuro" � mesmo uma obsess�o de todos os laborat�rios de tecnologia que conhe�o. Todos, sem exce��o, t�m espa�os que simulam o que seria a vida num espa�o "inteligente" e conectado, onde tudo converge para uma esta��o de controle e onde todos os problemas se resolvem, magicamente, a um estalar de dedos. � tudo muito interessante e acho at� que, em casos excepcionais, pode funcionar.

Dizem que na casa de Bill Gates sensores reconhecem as visitas pelo crach� e automaticamente tocam suas m�sicas favoritas; mas sinto arrepios s� de pensar nessa esp�cie de Neverland hi-tech onde visitas t�m que usar crach�.

Na vida real, onde nove em cada dez pessoas t�m problemas para programar o videocassete, o conceito esbarra naquele pequeno detalhe que tanto atrapalha o desenvolvimento da alta tecnologia: o ser humano, este b�pede tonto que prefere acender e apagar a luz atrav�s de interruptores antiquados a usar o controle remoto de uma esta��o central, em que h� um programa sofisticad�ssimo especialmente desenvolvido para isso.

Na �poca em que esta "Economist" chegou �s bancas, eu estava, coincidentemente, visitando mais uma "casa do futuro", onde, por acaso, vi duas ou tr�s coisas que me pareceram, mais do que vi�veis, at� cobi��veis. Eu estava em Eindhoven, Holanda, num dos laborat�rios da Philips -- e isso � que fez a diferen�a.

� que, ao contr�rio dos outros laborat�rios que j� visitei, orientados para um mundo que gira em torno de computadores, este desenvolve, tradicionalmente, eletrodom�sticos. E descobri que a vis�o de quem faz computadores e a de quem faz aparelhos para o lar � muito diferente.

A "casa do futuro" da Philips n�o impressiona como fic��o cient�fica, mas tem um fio-terra que mexe naquele ponto do c�rebro que leva direto ao tal�o de cheques. A primeira coisa que vem � cabe�a de qualquer um que v� uma imensa tela de plasma de alta defini��o �: "Eu quero!".

Outra pequena maravilha da casa era um espelho de banheiro onde uma tela inobstrusiva num dos cantos pode apresentar o telejornal, conectar-se diretamente ao canal do tempo na web ou, horror dos horrores, mostrar o peso da criatura que o contempla. A m�gica se faz atrav�s de um sensor posto no tapete, combinado a um leitor de altura que, � primeira vista, parece apenas um min�sculo e inocente facho de luz azul.

Esta inconveniente propriedade do espelho, nem preciso dizer, pode ser desligada a um simples toque de tela. Na verdade, toque de margem de tela, para evitar que os dedos a manchem. Bacana, n�?

* * *

No seu discurso de abertura da IFA, uma das maiores feiras mundiais de eletroeletr�nicos, que se realiza anualmente em Berlim, Rudy Provoost, CEO da Philips, voltou a bater na tecla da usabilidade:

-- J� vimos muitas novidades tecnol�gicas em que a tecnologia � um fim em si mesma; quando, na verdade, a simplicidade � que deve estar no centro da experi�ncia do consumidor. Os resultados das nossas pesquisas e o nosso conhecimento do que os consumidores desejam indicam que o p�blico est� cansado. Cansado de n�o saber gravar um programa de televis�o, cansado de gastar horas lendo um manual de instru��es, cansado de complica��es desnecess�rias. A verdade � que as nossas vidas j� s�o complexas demais. Queremos simplicidade no nosso relacionamento com a tecnologia, uma tecnologia que d� conta do servi�o em vez de chamar a aten��o para si mesma, que d� conta do recado sem que a gente sequer perceba que est� l�.

Convenhamos: n�o h� como discordar disso.

* * *

Na verdade, esta simplicidade � o Santo Graal de todo mundo da �rea, mesmo dos alpha geeks do Vale do Sil�cio. Conceitos como "computa��o ub�qua" ou "computa��o pervasiva" v�m sendo debatidos h� d�cadas; no legend�rio Parc, da Xerox, a "computa��o invis�vel" � objeto de estudos desde princ�pios dos anos 80.

A id�ia por tr�s de tudo isso � sempre a mesma: uma tecnologia t�o integrada � vida humana que "desapare�a" no ambiente -- mais ou menos como os interruptores de luz, ou mesmo os aparelhos de TV.

Os dom�nios do tempo, que � o senhor da raz�o, tamb�m se estendem ao mundo da alta tecnologia. Um dia, ela estar� t�o desenvolvida que sequer ser� tida como alta tecnologia, mas sim como um fato corriqueiro da vida. Assim foi com a �gua corrente, com a luz el�trica e mesmo com as canetas esferogr�ficas -- todas, em seu tempo, objeto de maravilha e deslumbramento.

Por enquanto, sempre encantada com a tecnologia que me cerca, continuo achando feiti�aria tirar fotos do celular e mand�-las direto para o blog, de onde quer que esteja, ou parar num caixa eletr�nico no Centro de Budapeste, inserir um cart�ozinho vagabundo, apertar tr�s bot�es e ver dinheiro jorrar aos borbot�es na minha m�o -- esquecida da m�gica de verdade que vou ter que fazer quando voltar para casa e tiver que cobrir o rombo no banco...

(O Globo, Info etc., 19.9.2005)






As f�rias, em anima��o!

N�o percam, � um lindo filminho feito pelo Eduardo Stuart: muito obrigada, querido!

Ali�s, assim que eu tiver um tempinho, vou fazer um scrapbook com tudo o que esta viagem rendeu nos coment�rios: m�sicas, blog pra Bia, fotos dos quero-queros, receitas diversas, poemas...

Agora, para me mostrar que o que � bom dura pouco, a agenda se abriu aqui na m�quina e berrou:

DENTISTA!!!

* suspiro *

Pronto, voltamos mesmo � realidade.

Para completar o choque, s� falta chegarem as contas dos cart�es de cr�dito.

Fui!






Reina a paz...










Volta ao lar
















:-)))))

Estou completamente jetlagada; j� brinquei com os gatos, dormi, acordei, brinquei com os gatos, arrumei coisa, brinquei com os gatos, jantei com Mam�e e Laura, brinquei com os gatos -- sem saber direito quem sou, de onde vim, para onde vou e qual � a companhia a�rea que vai me levar.

Mas, no meio da tarde, vejam que del�cia de surpresa!!!

Com este gatinho lindo, veio a �nica coisa da qual tenho certeza absoluta neste momento: adoro voc�s!

Muito obrigada, de verdade.

N�o h� nada como voltar para casa e receber o carinho dos amigos.

E agora vou dormir de novo, que mal ag�ento ficar de olho aberto.

Bom dia, gente; tenham todos uma �tima semana!





18.9.05


Lar, doce lar!

Depois de um v�o muito tranq�ilo, chegamos s�s e salvas, ainda que muito cansadas. As nossas malas, que vieram no avi�o de ontem -- tinham sido embarcadas em Berlim, estavam no fundo do conteiner e seria imposs�vel retir�-las de bordo -- TAMB�M chegaram, e nos aguardavam fielmente numa salinha do aeroporto.

Aqui em casa, passamos um temp�o conversando com a Fam�lia Gato, tentando explicar a eles que a viagem n�o foi um ato de mesquinharia covarde em rela��o a eles, e que sim, que continuam, como sempre estiveram, no centro das nossas aten��es.

Fizeram charme, Mosca conseguiu nos ignorar durante mais de dez minutos e a Netcat positivamente n�o quer saber da gente, mas os outros j� esqueceram a desfeita e est�o cheirando as malas que come�amos a desfazer com muito interesse.

Agora vamos ao verdadeiro luxo da vida: dormir nas nossas pr�prias camas depois de uma viagem maravilhosa, em que tudo correu incrivelmente bem e durante a qual nos divertimos, comemos super bem , vimos coisas interessantes, estivemos com amigos queridos, fizemos �timas fotos e at�, gra�as ao overbooking, umas comprinhas b�sicas.

Boa noite a todos; at� logo mais.

Beijos!!!





17.9.05


Sim, amigos, e' verdade: conseguimos!!!










Iuhuuu!!! La vamos nos. Ufa!










Ainda sem previsao (foto Bia)










2h15 de atraso (foto Bia)










Nao ha previsao para a saida. Juro.










Acho que me precipitei: o voo atrasou...










Olha quem fala...










Mam�e se conecta at� no aeroporto!










At� logo!

Parece que, desta vez, vamos.

J� passamos para a sala de espera, onde estou me conectando atrav�s de um hotspot da T-Mobile. Boa conex�o, ali�s.

Beijos para todos, e muito obrigada pela companhia maravilhosa que nos fizeram durante a viagem: Bia e eu nos conect�vamos correndo quando chegavamos aos hot�is para ler os coment�rios, e rimos muito com todos os papos.

Espa�o da Bia

Mam�e, viciada em internet, vai ficar "limpa" por 12 horas. Mas n�o se preocupem! Estarei do lado com Lexotan, tentando tranquiliz�-la.

J� eu aproveitarei as 12 horas para pensar nas minhas duas propostas de casamento, pois isso � assunto s�rio.

Beijos!






Que trem e' esse?










Foi um dia de compras apetitosas










Tomamos cafe e conversamos










Do alto










Hmmmm...










Demos sorte com o tempo!










TUDO nos lembra ELES










Um passageiro (foto Bia)










Esperando o trem pro Zentrum










A sopa de tomate do hotel










Cariocas, aten��o:
M�sica! Maravilhosa! Gr�tis!

Recadinho da Laura, que alguns de voc�s podem n�o ter lido l� embaixo, nos coment�rios:
Ah, aviso aos gentis leitores: domingo agora, dia 18, �s 11 horas, vou tocar com a Orquestra da UNIRIO no Teatro Municipal. � um concerto de Bach, com obo�, fagote e violino (Luis Carlos Justi, Elione Medeiros e Mariana Salles). Apare�am!
N�o � porque ela � minha irm� n�o, mas a mo�a � boa �s pampas...






E... temos ate' uma sala!










Bom dia! Esta e' a vista da nossa janela









16.9.05


Nosso novo (e inesperado) hotel: bem bom










...










Overbookadas! A aventura continua...










No tunel do tempo, em Frankfurt










Rumo a Frankfurt










Ate logo, Berlim!










Do Aquarium, para a Marcela










O representante da cidade nos da' adeus










Hm... este celular eu ainda nao conheco










Ate eles estao com frio, hoje...










Ultimas horas em Berlim: no Zoo, claro!










Ah, chove, �? Ent�o vamos voltar, pronto!










Rumo a Budapeste: impress�es de viagem

No meio do caminho, a viol�ncia do Rio manda not�cias
e quebra o encanto das f�rias



Como a Europa � um continente civilizado onde tudo funciona feito rel�gio sui�o, Bia e eu resolvemos alugar um carro para ir at� Budapeste. Sair�amos de Berlim, passar�amos a noite em Praga, dar�amos um giro pela cidade e seguir�amos adiante. De acordo com o mapinha fornecido pelo util�ssimo site da Michelin, a viagem duraria precisamente 4h28min, e custaria exatos 23 euros e 51 centavos em gasolina.

Infelizmente, n�o se fazem mais rel�gios su��os como antigamente: a viagem durou mais de seis horas, e isso porque aproveitamos o tapete das estradas e metemos o p�. J� as 5h25min prometidas entre Praga e Budapeste estenderam-se por bem umas sete, que nos custariam, em tese, 31 euros e 84 centavos.

Ainda n�o conseguimos fechar as contas da gasolina, porque passamos por tr�s moedas diferentes do come�o ao fim da viagem; mas se o guia est� t�o certo em rela��o ao dinheiro quanto ao tempo, prefiro continuar n�o sabendo...

Ainda assim, alugar o carro e enfrentar os 900 quilometros que separam Berlim de Budapeste foi uma grande id�ia. H� formas mais r�pidas, baratas e c�modas de se chegar a um destino, mas nenhuma nos daria a mesma sensa��o de estar entrando Europa adentro. As estradas s�o impec�veis, a paisagem � linda e tudo � muito familiar para mim, da comida � linguagem corporal das pessoas. Tudo � muito como l� em casa, gostos, jeitos, h�bitos.

* * *

Por falar nisso, um dos h�bitos europeus que mais me reconforta � o cuidado com o desperd�cio, evitado na medida do poss�vel. Em quase duas semanas de viagem n�o vi um s� prato de papel; talheres de pl�stico s� mesmo as pazinhas de sorvete.

Na Alemanha, campe� de h�bitos ecol�gicos saud�veis, a maioria das bebidas ainda vem em cascos de vidro. Mesmo nos parques onde bebidas s�o servidas em copos de pl�stico, este pl�stico � como o do tupperware, lav�vel e reutilizavel. Paga-se at� dep�sito pelo copo, para se garantir que voltar� ao quiosque de origem, em vez de emporcalhar o ambiente..

O reverso disso -- o desperd�cio desenfreado e absurdamente poluidor -- � das coisas que mais me perturba quando vou aos Estados Unidos. N�o h� planeta que aguente tanto lixo, nem sensibilidade que n�o se choque com tanta riqueza sendo posta fora quando h� tamanha necessidade no mundo.

* * *

Outras coisas boas que observamos por aqui:

-- N�o h� uma farm�cia em cada esquina;

-- Tamb�m n�o h� uma loja de comida a cada dois passos, a menos que se esteja numa �rea de barzinhos;

-- As por��es de comida e bebida t�m o tamanho da fome ou da sede de um b�pede normal. N�o se v�em baldes de pipoca, sorvetes em dez camadas e copos monstruosos de refrigerante. J� os canecos de cerveja s�o descomunais, mas isso, garantem os especialistas, � outra coisa;

-- H� mais escadas do que elevadores;

-- As pessoas levam sacolas consigo quando v�o �s compras. Em toda parte h� gente com sacolinhas das mais diversas levando o jantar para casa. Podem-se pedir sacos pl�sticos nas lojas, naturalmente, mas para qu� poluir o mundo desnecessariamente?

* * *

O meu h�ngaro, milagre dos milagres, ainda funciona -- mas � esquisito. Em geral, quando se chega a uma cidade estrangeira, o problema n�o � fazer as perguntas, mas entender as respostas. Pois o meu caso � o contrario: esqueci como se fazem as perguntas, embora entenda as respostas perfeitamente. Comprar um simcard h�ngaro e configurar os dois celulares para enviarem torpedos e fotos foi uma aut�ntica conquista ling��stica.

* * *

No domingo, aproveitando as ruas vazias, arriscamos sair com o carro. Demos uma volta grande, e estacionamos perto do Parlamento. De l�, fomos ao n�mero 10 da Alkotmany Utca, onde ficava a livraria do meu av�, onde meu Pai passou toda a sua inf�ncia e juventude. A loja era no t�rreo; a casa da fam�lia no �ltimo andar.

O edif�cio, constru�do na virada do s�culo passado, tem um p�tio interno, para onde d�o as portas e algumas janelas dos apartamentos, e lindas grandes de ferro. Para entrar, usei o mesmo expediente de vinte e tantos anos: assim que algu�m abriu a porta para sair, aproveitei o embalo e entrei, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

E �.

Bia e eu exploramos todos os cantinhos, tiramos v�rias fotos e ficamos, nem preciso dizer, muito emocionadas, imaginando o cotidiano do meu Pai, dos meus av�s e dos meus tios subindo e descendo as escadas, entre a livraria e o apartamento.

Pensamos nisso, e pensamos tamb�m em como deve ter sido terr�vel para todos abandonarem tudo de um momento para o outro, indo cada qual para um canto, sem saber se algum dia iriam se ver novamente.

Meu Pai nunca mais viu seus av�s, que moravam ali perto, seu Pai e seus dois irm�os; e s� reviu o velho edif�cio quase um quarto de s�culo depois, ao voltar � Europa pela primeira vez depois da guerra.

Para mim, n�o h� Memorial do Holocausto que se compare a este pr�dio aparentemente comum, onde um dia viveram um casal de livreiros e os seus seis filhos.

* * *

Algumas not�cias nos chegaram do Brasil, mas a �nica que conseguiu atravessar a bolha m�gica das f�rias foi a da morte do porteiro da noite, o C�sar, que tantas e tantas vezes nos abriu a porta, sempre gentil, a despeito dos nossos hor�rios bizarros. Ele foi assassinado s� assim, � toa, como costuma acontecer no Rio.

Depois disso, a viagem perdeu o encanto. Passou a ser imposs�vel andar por essas ruas tranq�ilas, que ainda pertencem aos cidad�os, sem sentir raiva das nossas autoridades, pena da nossa gente e saudades do rapaz humilde e trabalhador, que mandava dinheiro para a m�e em Pernambuco e s� queria tocar a sua vidinha em paz.


(O Globo, Segundo Caderno, 15.6.2005)





15.9.05


O Incr�vel Caso dos Salteadores de Estrada II

Desculpem a interrup��o; tive que telefonar mais uma vez para a Varig para reconfirmar as reservas.

Bom, l� estavam, ent�o, as nossas brasileiras mal paradas em plena Eslov�quia (e n�o Eslov�nia; mas esta vossa escriba � mesmo uma anta topo-geogr�fica!).

Depois de um di�logo de surdos travado em gestos e consoantes, apareceu um terceiro guarda, que produziu um papelucho xexelento e meio rasgado, onde se lia, em v�rias l�nguas identific�veis, que para circular pelas estradas locais era necess�rio um sticker colado no parabrisa.

Este terceiro guarda era um poliglota.

-- You no sticker. Sticker good one year. No sticker ten sticker fine.

Ah: o sticker vale por um ano. Sem sticker, multa equivalente a dez stickers. Segundo a autoridade, o sticker custava uma quantia de coroas que, convertida, correspondia a quase 29 euros.

O poliglota era muito sol�cito. Desenhou um quadradinho num papel seboso e apontou com o l�pis:

-- Sticker! Trsjvzci?

Sim, sim, isso hav�amos entendido.

Ele riscou o quadradinho.

-- No sticker. Trsjvzci? 286 euro.

-- O QU�???????????????????????!!!!!!!!!!!!!

-- No sticker, 286 euro.

-- But I don't have that money, no tiengo plata, pas d'argent, trsjvzci?

-- Sorry, no sticker, 286 euro.

-- Do you accept credit cards? Visa, Mastercard, Diners?

-- Euros.

-- Hungarian forints?

-- No. Euros.

Nesse instante, a Bia, que vinha acompanhando o di�logo com o respeito devido �s autoridades de um pa�s s�rio, chegou � correta decis�o de que aquele n�o era assunto para amadores.

-- M�e! Voc� est� maluca?! Deixa eu cuidar disso.

Ato cont�nuo, fez cara de quem ia desatar em prantos e assumiu a lideran�a das negocia��es.

-- We Brazil. No money.

Tomou o l�pis do guarda e o papel seboso, escreveu NO MONEY e desenhou uma carinha triste.

-- We can wash your dishes for a week, but we have no money.

Eu estava com uma pequena fortuna em dinheiro h�ngaro, que saquei sem querer de uma ATM: sou t�o ruim com convers�o de moedas quanto com mapas. Al�m disso, tinha 5 euros, 20 coroas tchecas e uns 120 reais.

A Bia tirou um real horr�vel, todo amassado, de dentro da bolsa.

-- See? Brazilian money. No euro.

Os guardas se entreolharam, riscaram os 289 euros que tinham escrito no papel e escreveram 120.

-- 120 euro. We like Brazil good!

-- Brazil good sim, -- disse a Bia -- mas money que � bom n�s num have. Ronaldinho...

Os guardas riram. Isso eles trsjvzci.

-- Pel�!

-- Pel�! -- exclamou a Bia, como se tivesse ouvido o Terceiro Segredo de F�tima.

Um dos guardas riscou os 120 euros e escreveu 80. A Bia riscou, escreveu 40 e fez um gesto tipo "fechamos em quarentinha e n�o se fala mais nisso".

-- Roberto Carlos!

Eu n�o duvidava mais de nada, mas mesmo assim n�o me contive:

-- Bia, esses caras nunca ouviram Roberto Carlos.

-- � outro Roberto Carlos, m�e...

Isso com uma l�grima c�nicamente escorrendo pelo rosto, junto com um sorriso c�ndido e ing�nuo para os guardas. Que, imaginem s�, toparam a parada.

A Bia entregou uma das notas de 50 euros que tinha na bolsa.

-- Thank you, -- disse o guarda.

-- Thank you nada, man�, falta o troco. Ten euro me...

-- Trstzcvjic prstzcjv sprztjc euro -- disse um dos guardas para o outro, que tirou a carteira do bolso e, conforme o combinado, deu o troco.

Nossos passaportes nos foram devolvidos, junto com a nota de um real.

-- No, no, you keep this! -- disse a Bia. -- Brazilian money. My gift to you. For good luck. Ronaldinho Ga�cho, Cac�, Robinho!

-- Pel�! Roberto Carlos!

Os guardas nos levaram at� o carro, a cordialidade em pessoa.

O poliglota nos recomendou vivamente que comprassemos o sticker tcheco, porque os tchecos, explicou, s�o conhecidos ladr�es, e sem o sticker ter�amos um big problem pela frente, trsjvzci?

-- Trsjvzci! -- exclamou a Bia que, pelo sim pelo n�o, comprou logo ali adiante um adesivo de cinco euros que jamais nos foi pedido.

Tenho at� medo de perguntar qual foi a praga que ela rogou naquela nota de real que deixou com os guardas; e nem ouso imaginar o que nos teria acontecido se eles soubessem que eu estava sem a carteira de motorista.






O Incr�vel Caso dos Salteadores de Estrada

Voltando um pouco no tempo e no espa�o, um pequeno Ford Fiesta dirigido por duas brasileiras ligeiramente desnorteadas chegou, tarde da noite, � min�scula localidade de Rajka, na fronteira da Hungria com a Eslov�nia Eslov�quia.

O guarda louro, alto, de olhos azuis e impecavelmente trajado, a pr�pria imagem da autoridade, pegou os passaportes e conferiu as fotos. Depois apontou para o carro:

-- Trstzvstz sticker?

-- I beg your pardon? -- disse a senhora ao volante.

-- Sticker strvzstjic.

-- Uh?

-- No sticker.

Aparentemente, faltava um sticker.

Mas que raios de sticker?

O guarda fez sinal para que estacionassem o carro na �rea apropriada e o acompanhassem � salinha da alf�ndega. L�, entregou os dois passaportes a um segundo guarda, igualmente imponente, que se dirigiu a elas com grande cortesia e clareza:

-- Trstwzstri strwzjv�i sticker rstrszjnic. Trsjvzci?

-- Sorry, we don't understand. Do you speak English?

-- No English. Deutsch?

-- Nein, Ich spreche kein Deutsch. Italiano?

-- Nein.

-- Fran�ais?

-- Nein.

O guarda conferia os passaportes sem pressa, olhando os carimbos. Tudo o que as duas haviam conseguido entender � que, ao que tudo indicava, estavam numa fria por causa de um sticker.

Mas que sticker?!

(Continua daqui a pouco)






Minha outra compra! So' falta um Trabant










Minhas compras










Hotel Palace: simpatico!










Wilkomen nach Berlin!










A caminho










Bia ao volante (pro Tom)










Segundos antes da chuva










Brinquedinhos










Igreja de Nossa Senhora










Para a Mami










Bom dia! Eis nossa vista...









14.9.05


Dresden, 3h30: ZZZZZZZZZZ










O carro tambem precisa jantar...










A comida, felizmente, veio em italiano!










Paramos pra jantar - em tcheco...










DSC00614










Ja' estamos aqui...










Ate que a danada dirige bem!










Mamae ao volante, medo constante...










Ultima parada na Hungria. Snif...










Estamos aqui: falta muuuito chao!










Ja cheias de saudades...










Recadinho da Monica

Temos duas Monicas ass�duas nos coment�rios. Uma � a vizinha na Lagoa que manda not�cias dos quero-queridos, dos frangos d'�gua e de quem mais apare�a por aquelas bandas; a outra mora na Alemanha.

Pois vejam que lindo o que ela escreveu para voc�s:
Querida Cora,

eu elogiei a turminha que te visita l� embaixo, num outro post antigo, mas tenho a necessidade de repetir tal feito.Quero agradecer esses dias lindos que voc� nos proporcionou.

Embora morando na Alemanha h� v�rios anos,nunca me diverti e me emocionei com a Europa como atrav�s dos seus posts. ENTRETANTO, esses momentos n�o teriam sido t�o gostosos se teus leitores n�o os comentassem. Eu me diverti MUITO. Eu AMEI!!!!Eu ri v�rias xs e aprendi tantas coisas... Estou aprendendo at� portugu�s novamente!!!!

MUITO OBRIGADA a voc�s todos da tchurma. Aprendi a amar voc�s com esse carinho que ainda acho muio estranho,o virtual. Esse carinho � meio estranho mesmo.Fica aqui ent�o,esse meu comment pra voc�s todos.

Voc�s S�O DEZ!!

Usando essa frase linda da Meg para a Anna Barbara, voc�s equilibram o meu dia!!!

Um abra�o!

Monica, do outro lado do Atl�ntico.





13.9.05


A volta para casa










No mapa do metro, achamos uma rua Ronai










Ih, faltou o titulo anterior...










DSC00101










A praca e' point das bikes










Um Heroi










A Praca dos Herois










Erramos a estacao...










Underground










Viagem ao centro da Terra










Este parque e' nosso vizinho










Oops...

Nossa intr�pida rep�rter acaba de voltar da rua.

N�o subiu nenhuma fotinha porque se esqueceu de me perguntar o PIN do telefonino.

Pano r�pido.








Nova programa��o

Durante as pr�ximas horas, a blogueira que vos tecla ficar� presa ao computador, escrava do dever, escrevendo sobre tecnologia.

Escreve, escrava, escreve!

Enquanto isso, a Bia, que est� de f�rias mesmo e n�o arrastou nem um fiapinho de trabalho consigo, vai dar uma volta por a�.

Est� levando o telefonino e vai se incumbir das fotos. Quaisquer perguntas, elogios ou reclama��es devem, pois, ser-lhe dirigidos.

O blog agradece a prefer�ncia de todos e reafirma:

"Servimos melhor para servir sempre"





12.9.05




Para Meg, com carinho

Ontem n�s jantamos com a Anna Barbara, uma intr�pida brasileirinha que se mandou para Budapeste h� alguns meses para, imaginem s�, aprender h�ngaro e a hist�ria do pa�s.

Naturalmente ela tamb�m � amiga da Meg, de modo que passamos um tempo conversando sobre a nossa querida fada madrinha -- para quem esta foto foi feita especialmente.

Muitos beijos de Budapeste proc�, Meg!






Metropolis










Dentro do Templo










Uma experiencia mistica!










Territorio Sagrado: a Gerbeaud!










Fazendo amigos










Um lugar ao sol










La vamos nos para mais uma aventura










O dia la fora









11.9.05


Notas de viagem

Hoje arriscamos pegar o carro. Fomos ao aeroporto mudar as passagens, para ficar mais dois dias -- e ficamos em estado de graca quando descobrimos que o prato do dia no fast food era galinha com p�prica, nosso grande favorito.

Estava �timo.

Aqui, em cada esquina, pode-se comer galinha com p�prica. � sempre �timo -- embora nunca seja t�o bom quanto o que a Mam�e faz.

Na volta paramos perto do Parlamento, passeamos pelas redondezas e fomos ao n�mero 10 da Alkotmany Utca, onde ficava a livraria do meu av�, e onde meu Pai passou toda a inf�ncia. O edif�cio, constru�do na virada do s�culo passado, tem um p�tio interno, para onde d�o as portas e algumas janelas dos apartamentos, e lindas grandes de ferro.

Para entrar, usei o mesmo golpe de vinte e tantos anos: assim que algu�m abriu a porta para sair, aproveitei o embalo e entrei, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

E �.

Bia e eu exploramos todos os cantinhos, tiramos v�rias fotos e ficamos, nem preciso dizer, muito emocionadas, imaginando o cotidiano do meu Pai, dos meus av�s e dos meus tios subindo e descendo as escadas, entre a livraria e o apartamento.

Pensamos nisso, e pensamos tamb�m em como deve ter sido terr�vel para todos abandonarem tudo de um momento para o outro, indo cada qual para um canto, sem saber se algum dia iriam se ver novamente.

Meu Pai nunca mais viu seus av�s, que moravam ali perto, seu Pai e seus dois irm�os; e s� reviu o velho edif�cio quase um quarto de s�culo depois, ao voltar a Europa pela primeira vez depois da guerra.

Para mim, n�o h� Memorial do Holocausto que se compare a este pr�dio aparentemente comum, onde um dia viveram um casal de livreiros e os seus seis filhos.






O Brasil manda not�cias

Bia e eu passamos um dia melanc�lico, trist�ssimas com o assassinato do Cesar, o porteiro da noite que tantas e tantas vezes abriu a porta para n�s, sempre gentil, apesar dos nossos hor�rios bizarros.

Uma vez ele passou pela capivara, atirou-lhe uma pedra e teve a (p�ssima) id�ia de comentar comigo o acontecido. Perguntei por que tinha feito aquilo. Ora, porque ela estava l�.

N�o fez por mal, claro; fez porque assim foi criado, porque nunca ningu�m lhe explicou que a finalidade dos bichos sobre a terra n�o � ser alvo de pedradas.

Tratei de corrigir esta falha na sua educac�o.

Alguns meses depois, vendo a capivara passear perigosamente pr�xima a avenida, reuniu outros porteiros e vigias e foram todos enxot�-la para perto d'�gua, para que ficasse segura.

Depois do Z�, era o maior amigo da Pipoca, sua companheira de madrugadas.

Era um rapaz bom, humilde e trabalhador.

Vamos sentir falta dele.






A tipica area interna










A familia morava no ultimo andar










Do lado de dentro










Alkotmany ut. 10










A rua onde morava meu Pai










Tomara que nao chova










Fotos!!!





Pronto, pronto: para quem estava reclamando da falta de fotos minhas no blog...

Acima, na Alexander Platz, em Berlim, numa das bicicletas alugadas.





Com Bia, diante do que resta do Muro.

Sei que aqui ficava melhor uma foto com ar circunspecto de locutor dando not�cia triste, mas se algu�m achar ruim, a resposta �: Estamos sorridentes porque o muro n�o existe mais... :-)





Felicidade! =^..^=

Com a pequena, simp�tica e arisca fam�lia gato que frequenta os jardins da casa.





10.9.05


Outros hungaros










Momento kitsch










Uns hungaros antigos










Catedral de Santo Estevao










Um casorio!










Paprika!










Bia e seu souvenir muito pratico










Ufa! Acabei o vinho...










Festival do vinho










Nem da' vontade de sair de casa










O bosque da nossa rua









9.9.05


Impress�es de viagem

Alugar o carro e enfrentar os quase 900 quilometros que separam Berlim de Budapeste foi uma grande id�ia. H� formas mais r�pidas e c�modas de se chegar a um destino, mas nenhuma nos daria a mesma sensac�o de estar entrando Europa adentro.

Para mim, mesmo em Berlim, tudo � impressionantemente familiar, da comida � linguagem corporal das pessoas.

Tudo � muito como l� em casa, gostos, jeitos, h�bitos.

* * *

Um dos h�bitos europeus que mais me reconforta, por falar nisso, � o cuidado com o desperd�cio, evitado na medida do poss�vel. Em quase duas semanas de viagem n�o vi um s� prato de papel; talheres de pl�stico s� mesmo as pazinhas de sorvete.

Na Alemanha, campe� de h�bitos ecol�gicos saud�veis, a maioria das bebidas ainda vem em cascos de vidro. E mesmo nos parques onde bebidas s�o servidas em copos de pl�stico, o pl�stico � como o do tupperware, lav�vel e reutilizavel. Paga-se at� um dep�sito.

O reverso disso -- o desperd�cio desenfreado e absurdamente poluidor -- � das coisas que mais me perturba quando vou aos Estados Unidos. N�o h� planeta que aguente tanto lixo, nem sensibilidade que n�o se choque com tanta riqueza sendo posta fora quando h� tamanha necessidade no mundo.

* * *

Outras coisas boas que observamos por aqui:

  • N�o h� uma farm�cia em cada esquina;

  • Tamb�m n�o h� uma loja de comida a cada dois passos que se d�, a menos que se esteja numa �rea tur�stica de barzinhos, ou coisa assim;

  • As porc�es de comida e bebida t�m o tamanho da fome ou da sede de um b�pede normal. N�o vi baldes de pipoca, sorvetes em dez camadas e copos monstruosos de refrigerante. J� canecos de cerveja... mas isso, garantem os especialistas, � outra coisa.

    * * *

    Fizemos um r�pido tour por Praga.

    O guia conseguiu transformar uma hist�ria riqu�ssima e fascinante em algo t�o atraente e din�mico quanto um discurso do Suplicy.

    -- O rei Venceslau foi assassinado pelo seu irm�o Boroslau em 935 e est� enterrado na bela igreja que se v� do lado direito, parcialmente demolida durante a guerra...

    935!!! Assassinado brutalmente pelo pr�prio irm�o!!! E tudo o que o raio do guia faz � dizer isso s� assim, como um daqueles meninos de Olinda?!

    Mil anos de hist�ria n�o mereciam ser tratados assim, n�o mesmo.

    * * *

    Despreparadas para a viagem de carro, nos esquecemos de algo fundamental: CDs. No meio do caminho, a beira de um ataque de nervos com o repert�rio incompreens�vel das r�dios tchecas e eslovenas, conseguimos comprar um CD num posto de gasolina.

    � uma �tima colet�nea de m�sicas americanas de ver�o.

    S� que, quando chegamos a Budapeste, j� est�vamos ouvindo California Dreamin' pela d�cima vez; e Sunny Afternoon n�o me sai da cabeca h� 48 horas.
    Help me, help me, help me sail away
    Or give me two good reasons why I oughta stay
    'Cause I love to live so pleasantly
    Live this life of luxury
    Lazin' on a sunny afternoon
    In the summertime

    Amanh� vamos a cata de discos virgens para que eu possa queimar um pouco do repert�rio do notebook para o caminho de volta.

    * * *

    Meu h�ngaro, milagre dos milagres, ainda funciona! Mas � esquisito. Em geral, quando a gente chega numa cidade estrangeira, o problema n�o � fazer as perguntas, mas entender as respostas; pois o meu caso aqui � o contrario: me esqueci de como se fazem as perguntas, mas entendo as respostas numa boa.

    Ainda assim consegui comprar um simcard h�ngaro e configurar os dois telefoninos.

    * * *

    Passamos por uma lojinha de flores, e a Bia se atirou nos bracos da propriet�ria, uma amiga dela de Minas chamada Neide.

    E eu pensando que isso s� acontecia no Rio...






  • Alugando bicicletas em Berlim

    Da janela do hotel eu via as bicicletas bonitas, de alum�nio, dipostas num cantinho em frente � esta��o de metr� de Potsdamer Platz. Tamb�m via Berlim at� onde a vista alcan�a, e era longe nesses lindos dias de outono, sem uma nuvem no c�u. Nenhum morro ou colina, sequer montanha � dist�ncia, apenas as avenidas largas, os edif�cios e monumentos. Olhava para as bicicletas e para essa planura toda, pensava "Feitas umas para a outra!"... e seguia para o �nibus que nos levava, diariamente, ao centro de conven��es.

    Pelas janelas do �nibus, ali�s, eu via outras, semelhantes, soltas pelas esquinas. Era claro que eram bicicletas de aluguel -- todas iguais, com destaques em laranja -- mas, estranhamente, nunca via ningu�m por perto para cuidar da transa��o.

    Quando os dias de trabalho chegaram ao fim, e a Bia chegou do Brasil para passarmos juntas uma semana de f�rias, decidi esclarecer o mist�rio. Ainda agora, tr�s dias depois, de malas feitas para prosseguir viagem, continuo me sentindo uma criatura poderosa e cheia de marra por ter conseguido realizar a complexa opera��o do aluguel de duas bicicletas pelo celular. A intui��o me veio quando fui v�-las de perto e descobri que, al�m de ter um n�mero do lado, elas se chamam Call-a-Bike.

    -- Ah�! -- exclamei para a Bia. -- Aqui est� uma miss�o sob medida para o chip alem�o do telefone.

    -- Tem certeza que n�o � melhor a gente ir numa loja de aluguel de bicicletas? T�m umas cinco recomendadas no guia.

    -- Claro que n�o! A tecnologia foi feita para isso, para facilitar a vida das pessoas, o que voc� est� pensando?!

    Convencida dos poderes do meu telefonino com simcard local, chamei o tal n�mero... e me deparei com a voz mec�nica e maviosa de um atendimento autom�tico em alem�o. Fiquei pendurada at� aparecer um humano do outro lado. Perguntei se ele falava ingl�s.

    -- A little bit, yes.

    Esta � uma express�o de rotina. Todos os berlinenses que falam ingl�s falam "a little bit".

    Lancei um olhar vitorioso para a minha filha e perguntei como era o lance. Simpl�ssimo: a gente fornece nome, n�mero do cart�o de cr�dito e alguns dados b�sicos, e recebe um c�digo para destrancar o cadeado eletr�nico. Quando enjoa de andar, larga a bicicleta numa esquina ou numa esta��o de metr�, tranca direitinho e telefona para l� novamente dizendo onde a deixou.

    O pre�o era razo�vel: sete centavos de euro por minuto, num m�ximo de 15 euros por dia.

    Apesar do barulho da esquina em que est�vamos e de umas falhas na linha, a negocia��o foi bem tranq�ila, at� o rapaz pedir o meu endere�o. N�o, n�o o do hotel em Berlim; o do Rio, mesmo. Pergunto: voc�s j� tentaram soletrar E-P-I-T-A-C-I-O P-E-S-S-O-A em ingl�s para um alem�o?

    Quando eu disse "Avenida" no telefone, a Bia sentou no ch�o e, pronta para uma longa espera, teve um ataque de riso.

    -- "Avenida", just like "Avenue" but ending with �i-di-�i...

    M�e de um filho que gosta de pilotar avi�es, consegui me lembrar de algumas letras do que eu achava que era o c�digo da avia��o, mas que o Tom Taborda explicou depois, l� no blog, que � o C�digo da NATO: Indian, Tango, Alfa, Charlie, Oscar... mas esqueci completamente que D � Delta e P � Papa, e de E e S j� n�o fazia a menor id�ia. A Bia se lembrou do Papa por linhas tortas, mas isso n�o adiantou muito:

    -- Pope!

    -- Hope?

    -- No, no. P, as in Paul.

    -- Bowl?

    -- Nein! P as in... panzer!

    -- Ah, gutt. P, as in Pablo.

    -- Yes!

    Nem imagino como ter� sido escrito o meu endere�o no registro do Call-a-Bike, mas o fato � que, apenas 45 minutos depois, l� est�vamos n�s, felizes da vida, pedalando naquelas maravilhas, verdadeiras Mercedes sobre duas rodas.

    * * *

    Berlim � uma cidade perfeita para andar de bicicleta. As ciclovias s�o bem demarcadas e acompanham as ruas e, muito importante, os carros respeitam os ciclistas. Outra vantagem � que o clima � seco, de modo que, mesmo com o maior calor, � poss�vel rodar direito, sem suar em bicas.

    Antes de nos pormos a caminho, Bia e eu estudamos o mapa com muita aten��o, tra�amos uma rota meticulosa.... e erramos tudo. Somos p�ssimas de mapa, e nenhuma faz a menor id�ia da posi��o dos pontos cardeais. De acordo com o mapa, precis�vamos seguir para o Norte. Mas onde seria o Norte?!

    Paramos um grupo de tr�s jovens alem�es para fazer esta pergunta meio rid�cula. Eles viram o pin no meu colete.

    -- Ah, voc�s s�o do Brasil?! Que coincid�ncia, n�s tamb�m!

    Eram catarinenses. Est�o aqui h� quase um ano, falam um alem�o perfeito -- mas tamb�m n�o sabem onde fica o Norte. Em suma: como n�s duas, um bando de desnorteados.

    Mas foi, ainda assim, um lindo passeio.

    Passamos cinco vezes pelo Checkpoint Charlie depois descemos pelas margens do rio Spree, demos num canto sem sa�da, subimos umas pontes e, finalmente, acabamos o dia na Alexander Platz, onde vimos uma extraordin�ria revoada de p�ssaros ao anoitecer.

    Deixamos as bicicletas na esta��o de metr�, telefonamos para o Call-a-Bike, ficamos sabendo que a nossa conta era de dez euros e uns quebrados por cada uma e, cansadas mas contentes, pegamos um t�xi de volta para o hotel.

    Nenhuma estava disposta a arriscar o mapa do metr�.

    (O Globo, Segundo Caderno)

    N�o estranhem a repetic�o: voces leram aqui antes... ;-)






    De onde vos teclo










    Love is in the air










    Uma turista brasileira em Budapeste










    O Danubio, nem tao azul, visto da ponte










    O Parlamento visto do bonde










    A nossa nova vista










    Praga, do alto










    Acertar os telefoninos demooora...









    8.9.05


    Diario de bordo

    Desculpem o longo sumico, mas, como adivinhou o Tom, naquele horripilante hotel que nao faria feio em Las Vegas nao havia banda larga. Tampouco havia banda estreita. Na verdade, apesar de uma placa prometendo wi-fi gratis, nao havia conexao nem discada.

    Para completar, o simcard do telefonino e' alemao e, em roaming, devorou rapidamente os creditos que me restavam.

    Amanha de manha vou comprar um novo simcard e resolver a parada; aguardem novas fotos em breve. Tambem tenho que organizar mais um albinho com as fotos "de verdade", que estao se acumulando a uma velocidade vertiginosa na maquina, ja' que tudo e' bonito por aqui, e ha' uma foto espreitando em cada esquina...

    Mas, neste momento, tudo o que eu quero (preciso!) fazer e' tomar um banho bem caprichado, cair na cama e dormir muuuuuuuuito.

    Estou cansadissima, foi um dia e tanto.

    Ah, sim: digito essas mal tecladas linhas de um belo Mac na casa do Luis Felipe e da Margarida, meus queridissimos amigos portugueses em Budapeste.

    Chegamos, afinal... :-)






    "A Catedral de Praga"










    "No aconchego do cafe da manha"









    7.9.05


    "Achamos um restaurante aberto!"










    "Nosso hotel em Praga - YIKES!!!"










    "Republica Tcheca!"










    "Beira de estrada"










    So' nos perdemos duas vezes at� agora!










    "Na estrada"










    "Pausa para almoco"










    "Quase em Dresden"










    "Energia pura"










    "Ate aqui tudo bem"










    Pr�xima parada: Praga









    6.9.05


    "Saudades de casa..."










    "Tudo de tudo"










    KaDeWe










    Paraiso!










    "O Reischtag"










    "A Ostra Gravida"










    "Portao de Brandemburgo"










    Bicicletando










    "Memorial do Holocausto"










    "Tour..."










    "Tour de bicicleta"









    5.9.05


    Alugando bicicletas em Berlim

    Estamos de volta ao hotel depois de uma tarde inteira zanzando de bicicleta por Berlim; e eu estou me sentindo uma criatura poderosa e cheia de marra por ter conseguido realizar a complexa opera��o do aluguel pelo celular.

    Desde que cheguei, vejo umas bicicletas muito bonitas espalhadas pelos cantos, mas nunca vi ningu�m por perto para fazer o neg�cio. Como t�m um n�mero de telefone escrito do lado e se chamam Call-a-bike intui que a opera��o se faz pelo telefone.

    Sou ou n�o sou um g�nio?!

    Pois assim que saimos do hotel vimos duas bicicletas juntinhas nos chamando. Telefonei para o tal n�mero (sim, comprei um simcard aqui) e me deparei com o que mais temia: atendimento autom�tico em alem�o. Fiquei pendurada at� aparecer um humano do outro lado. Perguntei se ele falava ingl�s.

    -- A little bit, yes.

    Esta � uma express�o de rotina. Todos os berlinenses que falam ingl�s falam "a little bit".

    Perguntei como era o lance. Simples: a gente d� o nome, o n�mero do cart�o de cr�dito, alguns dados e logo recebe um c�digo para destrancar o cadeado eletr�nico. Quando a gente enjoa de andar, larga a bicicleta numa esquina ou numa esta��o de metr�, tranca direitinho e telefona para l� novamente dizendo onde a deixou.

    O pre�o � razo�vel: 7 centavos de euro por minuto, num m�ximo de 15 euros por dia.

    A negocia��o foi bem tranq�ila at� o rapaz pedir o meu endere�o. Voc�s j� tentaram soletrar E-P-I-T-A-C-I-O P-E-S-S-O-A em ingl�s para um alem�o? Com a Bia rindo do lado?!

    N�o, crian�as, n�o � f�cil!

    Ainda me lembrei de algumas letras no c�digo da avia��o (� o c�digo da avia��o, pois n�o?) como Indian, Tango, Alfa, Charlie, Oscar.. mas esqueci completamente que P � Papa, e de E e S n�o fa�o mais a menor id�ia. N�o sei como ter� sido escrito o meu endere�o no registro do Call-a-Bike, mas depois de meia hora l� est�vamos n�s felizes da vida, pedalando.

    Berlim � uma cidade maravilhosa para andar de bicicleta. Quase n�o tem eleva��es, h� ciclovias bem demarcadas acompanhando as ruas e os carros respeitam os ciclistas. Outra vantagem � que o clima � seco, de modo que mesmo com o calor que fazia hoje d� para rodar direito sem se ficar suada.

    Bia e eu estudamos o mapa com muita aten��o, tra�amos uma rota meticulosa... e depois erramos tudo. Acontece que somos p�ssimas de mapa, e nenhuma faz a mais m�nima id�ia de onde ficam os pontos cardeais; somos, literalmente, duas desnorteadas.

    Mas foi, ainda assim, um lindo passeio.

    Passamos cinco vezes pelo Checkpoint Charlie (a Bia repetindo "Parlament, Big Ben" de cada vez), depois descemos pelas margens do rio, demos num canto sem sa�da, subimos umas pontes e, finalmente, acabamos o dia na Alexander Platz, onde vimos uma extraordin�ria revoada de p�ssaros ao anoitecer.

    Deixamos as bicicletas na esta��o, telefonamos para o Call-a-Bike, ficamos sabendo que a nossa conta era de dez euros e uns quebrados por cada uma e, cansadas mas contentes, pegamos um taxi de volta para o hotel.

    Nenhuma estava disposta a arriscar o mapa do metr�.






    "Bikers in Berlin!"










    "Checkpoint Charlie"










    "Bia na venda da esquina"










    "Nosso novo hotel"









    4.9.05




    Bia em Berlim

    Eu ia fazer uma surpresa, mas como neste blog tudo se sabe, informo apenas que a Bia chegou s� e salva, ainda que exausta da viagem (e logo censurou a fotinha de telefone que mandei que mostrava isso...).

    No avi�o havia um beb� a bordo que chorou a noite inteira e, naturalmente, ela n�o conseguiu pregar o olho.

    Eu s� estava esperando ela chegar para decidir que rumo tomar na vida:

  • Ficar mais um ou dois dias em Berlim?

  • Ficar neste hotel mesmo, torrando euros � velocidade da luz, ou cair na real (e no real) e buscar acomoda��es mais baratinhas?

  • Alugar um carro, pegar um trem, ir pro aeroporto?

    A Bia, que � um b�pede com mais fio-terra que a m�e, cortou imediatamente meu del�rio hoteleiro, lembrando da quantidade de contas que temos em casa para pagar. Fomos, pois, ca�ar um hotel mais em conta; e encontramos um simp�tico estabelecimento chamado Relexa, para o qual nos mudamos amanh�, deixando para tr�s os m�rmores, as plumas e o pessoal fora de s�rie do Ritz-Carlton -- onde at� o porteiro j� sabe o meu nome.

    I could live with that.

    Em outras palavras, eu n�o teria a menor dificuldade em me adaptar � dura vida de rico.

    Na volta para c�, paramos para jantar e nos perdemos l� pelos lados da antiga Berlim Oriental, numa parte bem detonada e escura da cidade -- mas, em sendo cariocas, nada nos mete medo, nem mesmo uma cidade desconhecida � meia noite.

    * * *

    Berlim � um gigantesco canteiro de obras. Aqui h� mais terrenos baldios e pr�dios em reconstru��o do que em qualquer outra grande cidade que eu conhe�a.

    Mas essa atividade toda �, no fundo, um monumento � estupidez humana. Mais do que ruas e edif�cios, o que se tenta fazer com tanto trabalho � fechar as feridas abertas por uma guerra devastadora e por tudo o que se seguiu a ela.

    Praticamente n�o h� nada que se veja que n�o tenha sido destru�do, ou pelos bombardeios, ou pela falta de sensibilidade dos burocratas do regime comunista.

    Seguir a linha do muro que durante quase 30 anos dividiu a cidade foi, para mim, uma experi�ncia muito perturbadora. Por mais que eu tenha lido sobre o assunto, por melhor que conhe�a a Hist�ria, estar aqui deu, � trag�dia, uma dimens�o humana inigual�vel.

    * * *

    Trag�dias � parte, Berlim tem recantos ador�veis e parques deslumbrantes. Aproveitando o tempo espetacular que tem feito, a programa��o de hoje � alugar duas bicicletas e sair por a�.

    Mas, desta vez, de mapa na m�o...

    P.S. -- Bia me trouxe a foto acima de presente. O pessoal da Livraria da Travessa recortou a cr�nica em que eu falava dos livros h�ngaros e fez um cantinho especial s� para eles. N�o � a coisa mais delicada?!






  • "Tai um passeio legal!"










    "Sony Center"










    Metro










    "Adeus, Lenin..."










    Turistando










    "Iuhuuuuu! Primeiro dia livre!!!"










    Enfim, f�rias!!!

    Hoje � o meu primeiro dia livre. Faz um sol LINDO l� fora, h� bicicletas para alugar em frente ao hotel -- e l� vou eu pedalar em Berlim.

    O trabalho foi bom e proveitoso.

    A visita aos laborat�rios da Philips em Eindhoven foi �tima e a feira aqui tamb�m, com coisas interessant�ssimas de se ver. Mas, como sempre, o centro de conven��es � do outro lado da cidade, e n�s passavamos os dias l�, longe de Berlim (e do mundo).

    Agora o sol me chama, h� muitas fotos bonitas esperando l� fora.

    As fotinhas do telefonino seguir�o como de h�bito ao longo do dia; mais tarde escrevo direito, contando as minhas aventuras e impress�es daqui.

    Fiquem bem; bom domingo para todo mundo!






    "Bom dia!"










    "Multipla escolha"









    3.9.05


    "Um pouco de rua, enfim"










    "O novo D600 e TUDO! Faz 15 mosaicos..."










    "Na Sharp"










    Enquanto isso, na mailbox do ministro...


    Exmo Sr. Dr. M�rcio Thomaz Bastos,
    Ministro da Justi�a,

    Ontem, ap�s ler as 150 mensagens que recebo por dia em meu computador, escrevi a V. Exa. mais um de meus textos de protesto, lembrando que o c�nico ex-marqueteiro da SECOM da Presid�ncia da Rep�blica que havia declarado � CPI do "Mensal�o", como ali�s a maioria dos envolvidos, que n�o se lembrava de nada, que n�o sabia quem havia aberto a conta na offshore Dusseldorf, que isso quem sabia eram seus advogados, que n�o movimentava a conta porque n�o era bahamense nem norte-americano, pois bem, esse mesmo cara-de-pau estava, sim, fazendo "movimenta��es at�picas" na offshore, segundo informa��es da Unidade de Intelig�ncia das Bahamas.

    Antes que eu conseguisse enviar c�pia da mensagem a jornalistas selecionados, que j� entenderam n�o estar eu falando apenas da prote��o de "bichinhos", mas de algo muito mais s�rio, a membros do MP, a companheiros de luta ambientalista, a membros dos tribunais superiores, a membros do Congresso Nacional, pois bem, antes que meu provedor desse conta de distribuir as mensagens, vejo que n�o s� at� o momento o marqueteiro da Petrobr�s e do Minist�rio da Sa�de, duas contas obesas, conseguiu escapar das garras da justi�a, como me chega a not�cia de que o Dr. Antonio Carlos Rayol e o agente Federal F�bio, que goza de imunidade sindical, foram indiciados pela c�pola da Pol�cia Federal. Os policiais foram acusados de "concorrer para esc�ndalo p�blico" e "arranhar publicamente a reputa��o da PF".

    Senhor Ministro, com este indiciamento, que considero de todos os protetores de animais e dos brasileiros que execram a impunidade e as carteiradas, vejo-me obrigada a abandonar minhas costumeiras brincadeiras e subir o tom de minhas cr�ticas. V. Exa. e o Dr. Paulo Lacerda me levaram a isto.

    Estou aterrorizada ao presenciar a certeza de poder ilimitado com que conta o Governo "deste pa�s", como diz o Presidente Lula, nas pat�ticas e alienadas falas a que tem se dedicado ultimamente, nas inaugura��es de supermercados, a�udes e barracas de quermesses, desde que seu governo foi invadido pela lama, como uma esp�cie de New Orleans ideol�gica, ap�s a passagem do Katrina do vale-tudo-pelo-ou-no-poder. Como j� disse a V. Exa., uma das poucas e s�bias decis�es do Presidente Lula foi ter escolhido um advogado criminalista para Ministro da Justi�a.

    Provavelmente V. Exa. e seu ex-escrit�rio nunca tiveram de dar tantas orienta��es! S�o as ironias do destino! Garanto que seus ex-s�cios nunca viram uma cole��o t�o grande a variada de delitos cometidos por um �nico grupo de pessoas, de crimes contra o sistema financeiro, evas�o de divisas, agress�es as mais diversas ao Direito Administrativo, fora as incurs�es nos crimes contra a pessoa em ao menos duas cidades, como Santo Andr� e Campinas.

    Certamente os ex-s�cios de V. Exa. devem estar estressados! N�o estar�o at� constrangidos? At� sobre a cena dantesca descrita no O Estado de S�o Paulo de 29/8/2005, referente � postura desse �cone contra a tortura, Deputado Lu�s Eduardo Greenhalgh, tendo pitis na sala de necropsia, tentando impedir o correto exame do corpo do desditoso prefeito Celso Daniel, que havia sido torturado! Ter� o Deputado Greenhalgh surtado? J� sei: o advogado nunca tinha visto um morto com express�o t�o sofrida, t�o retorcido de dor, da� o chilique... Mas nesse caso, se a ele sempre indignou a tortura, como ali�s a todos n�s, comuns mortais, n�o teria sido mais s�bio se, ao inv�s de ter faniquitos, o advogado n�o tivesse denunciado a pr�tica aos quatro ventos? Ao menos assim n�o teria torturado sua biografia!

    Exa., acho que nunca em minha vida escolhi t�o bem um nome para um texto. "Opera��o Holocausto" soa-me agora como uma profecia, de que o PT partiu como um panzer de Hitler por cima de todas as normas, c�digos, a come�ar pelo de �tica, sem falar da Constitui��o Federal, � conquista n�o do governo mas do poder duradouro a qualquer custo. Para esse fim todos os meios foram e s�o aceit�veis. A persegui��o ao Dr. Antonio Carlos Rayol e sua equipe s�o um dos aspectos dessa trucul�ncia hitlerista, que bem poderia ter sido praticada por Josef Stalin, pois os extremos da tara pelo poder sempre se encontram. Aceitar� seu partido uma derrota nas pr�ximas elei��es? A trucul�ncia demonstrada nesses desdobramentos da pris�o do marqueteiro agressor do C�digo Penal permitem que eu aceite apostas: sair� o partido de V. Exa. do poder "numa boa" ou n�o? Eu sou pela segunda hip�tese.

    Pois que ent�o Dr. Rayol e sua equipe foram indiciados por "concorrer para esc�ndalo p�blico"! Exa., eu lhe digo quem concorreu para esc�ndalo internacional, expondo o povo brasileiro, tirando-lhe a paz, afligindo-o com as conseq��ncias pol�ticas, ideol�gicas e econ�micas que ainda poder�o ainda advir: o PT, este partido que se revelou um santinho do pau oco. Se os membros deste governo fossem policiais federais, a� sim, concordo que deveriam estar a ferros, jogados numa masmorra.

    � o que merece um partido que matou com requintes de crueldade as esperan�as de termos um Brasil pr�spero e decente, um partido que cuspiu na cara dos habitantes "deste pa�s", um governo que ainda continua certo de que vai conseguir tudo abafar, rindo da nossa cara. At� a Medalha Rio Branco parece ter virado moeda de barganha para dois presidentes: o da Rep�blica e o da C�mara dos Deputados.

    A falta de aplausos na cerim�nia de outorga, ontem, foi sintom�tica de que a sociedade n�o permitir� que se transforme o Governo Federal em algum curral da terra do xique-xique. O povo "deste pa�s" foi t�o torturado quanto Celso Daniel.

    At� quando V. Exa. acha que basta fazer uma nega��o de uma acusa��o e tudo est� resolvido? N�o n�o recebi propina. Pronto. N�o, n�o paguei propina. Pronto. N�o, n�o tenho caixa 2. Pronto. Conta nas Bahamas? N�o, n�o me lembro. Pronto. V. Exa. bem sabe que se fosse simples assim, os advogados seriam dispens�veis, principalmente os criminalistas.

    O Delegado Rayol e sua equipe foram tamb�m indiciados por arranhar "publicamente a reputa��o da PF". Pois eu digo a V. Exa. quem arranhou a reputa��o da PF: foram a Dr. Paulo Lacerda e outros chefetes, que, por ordens superiores, decidiram punir quem, cumprindo seu dever, n�o hesitou em pisar nos calos dos poderosos. Isto, sim, � um esc�ndalo p�blico! Mas Dr. Lacerda et allii tenham uma certeza: ele e outros passam.

    A Pol�cia Federal � bem maior que isto. A institui��o n�o � representada por cartolas, mas sim por seus agentes, aqueles que agem para manter a ordem arriscando a pr�pria vida, contando com a admira��o do povo brasileiro. Esses homens passar�o por cima das mesquinharias dos feitores burocratas como uma jamanta, impondo o nome da PF como grande institui��o. Aqueles que se prestarem a pequenezas ser�o esmagados como CDs piratas e varridos para a cova do esquecimento.

    Ana Maria Pinheiro
    F�rum Nacional de Prote��o e Defesa Animal






    "O assunto? HDTV..."










    "Hoje comecou cedo..."










    Meio atrasado...

    ...porque s� esta madrugada consegui ler um pouco de Brasil e saber do que vcs estavam falando aqui quando se referiram ao embate Gabeira x Severino.

    Ta�. Eu n�o pensava mais que um pol�tico -- um pol�tico! -- pudesse me fazer sentir qualquer orgulho por ser brasileira (e muito menos carioca) mas o Gabeira conseguiu.

    Agora vou muito feliz para a feira, pensando na Coruja, no Lucas e na satisfa��o que d� ver que ainda h� gente decente na pol�tica do meu pa�s.






    Lucas e Coruja finalmente juntos!!!

    Not�cia maravilhosa para come�ar o fim-de-semana: o Lucas adotou a Coruja e, pelo visto, a Coruja, que � s�bia, adotou a M�e do Lucas!

    Estou felic�ssima pelos tr�s. Como escrevi l� no blog do Lucas, acho que a Coruja est� em �timas m�os, e ele e a m�e em �timas patas.

    Iuhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!

    Sejam muito felizes, queridos!





    2.9.05








    Segredos

    Aos angloparlantes: n�o deixem de ver isso aqui.

    � emocionante: uma cole��o de postais em que pessoas an�nimas contam os seus segredos.

    Virou livro, de t�o bom.

    Um segredo: estava editando fotos, levantei a vista do computador para descansar um pouco e descobri a tomada da parede em frente me olhando espantada.

    A vida tem umas esquisitices totalmente inesperadas: neste quarto de hotel em Berlim, com a Postdamer Platz l� fora, o iTunes toca m�sica panamenha e uma tomada me olha abobalhada.

    A m�sica n�o � ruim n�o, pelo contr�rio. E eu n�o bebi nada; n�o bebo nunca -- ningu�m � perfeito.

    Bem que aquele curry wurst me pareceu meio alucin�geno.






    "No onibus para o hotel"










    "O lounge da Philips"










    "Caixas de som wi-fi, lindas!"










    "102 polegadas!!!"














    Duas fotinhas que os telefones n�o mandaram

    �s vezes eles t�m disso: fazem fotos maiores do que conseguem enviar, e eu tenho que usar o cabo chupa-cabra do computador...

    O dia come�a, vou l�.

    � cedo demais pro meu gosto, mas n�o posso me queixar: esquecer a pol�tica brasileira por uns dias n�o tem pre�o... :-)))





    1.9.05




    Exclus�o digital j�!

    Ta�: nunca pensei que a quest�o dos fingers no Santos Dumont fosse t�o pol�mica. Perdi a conta dos emails de ades�o � campanha pela exclus�o digital do Santos Dumont: todos os leitores que me escreveram queriam saber onde assinar, para quem mandar emails, de qual autoridade cobrar este crime de lesa-aeroporto.

    Infelizmente, n�o tenho resposta para essa pergunta: ainda h� autoridades no Rio de Janeiro?!

    A boa not�cia � que o deputado Fernando Gabeira tamb�m aderiu ao movimento, e j� fez um requerimento de audi�ncia p�blica para debater este famigerado projeto de amplia��o.

    Maria Beatriz Setubal de Rezende Silva, arquiteta do Iphan, resumiu bem o sentimento de todos: "Acho dif�cil haver aeroporto mais bonito, n�o apenas pela arquitetura, cuja simplicidade e transpar�ncia orientam rapidamente o viajante mais inexperiente, mas pelo conjunto de aspectos que fazem desse aeroporto um exemplar �nico. (....) A paisagem que se pode desfrutar da pista � deslumbrante e a sensa��o de deixar a terra para ganhar os ares n�o poderia ser mais contundente. Caminhar pela pista, com os avi�es t�o pr�ximos, passar por debaixo da asa para subir a escada posterior da aeronave, coberta ou descoberta em fun��o do clima, faz qualquer um resgatar o fasc�nio dos transportes (....) e perceber o quanto eles revolucionaram nosso modo de estar no mundo. N�o h� tubos, n�o h� esteiras, o aeroporto n�o tem jeito de shopping, ao contr�rio nos lembra o tempo todo que se trata de uma base para os homens levantarem v�o. Se estamos ali � para voar. N�o vamos deixar morrer o Santos Dumont!"

    A �nica voz dissonante em rela��o aos fingers foi a da Jerusa Ara�jo -- mas a observa��o que ela fez foi de extrema import�ncia: "Tudo bem que voc� ache lindo descer a escadinha do avi�o vendo o P�o de A��car. Concordo que � um belo cen�rio. Mas d� para imaginar que a aus�ncia de fingers � um transtorno para o deficiente f�sico? Adoro viajar, mas sem finger, n�o d�. Evito a Ponte A�rea, porque s� de pensar que tenho que ser carregada escada acima e abaixo, tenho calafrios. Os fingers deveriam ser obrigat�rios em todos os aeroportos do mundo!"

    * * *

    Enquanto isso, o spotter Gustavo Kaufmann comentou como anda dif�cil exercer o seu hobby ultimamente: "Somos aqueles doidos que v�o ao aeroporto n�o para receber parentes ou viajar, mas simplesmente para ver os avi�es.

    "Armados" de c�meras fotogr�ficas, r�dios para saber quem � quem nos c�us, bin�culos para captar os m�nimos detalhes, somos constantemente "assediados" pela Infraero das mais diversas formas. Nossos terra�os panor�micos foram extintos, as grades nos aeroportos s�o cada vez mais altas e opacas e a seguran�a aeroportu�ria feita por empresas terceirizadas (que s�o muito mais c�micas do que efetivas, pois parecem nem saber o que fazem l�) constantemente nos aborda nos aeroportos: "N�o pode tirar foto n�o"... claro que pode, mas a Infraero parece se sentir "invadida" por nosso interesse em saber o que se passa em um aeroporto.

    Caso f�ssemos terroristas ou "muleques" fazendo algazarra nos aeroportos a seguran�a se justificaria, mas n�o, somos pilotos, comiss�rios, engenheiros, advogados, m�dicos, todos infectados pelas infal�veis bact�rias do "aerococus", que nos unem com os olhos voltados para os c�us; "Qual a matr�cula nova da Varig?", "J� chegou o novo 737 da Gol?", "Viram s� a nova pintura da Tam?". As fotos para marcar cada momento, s�o postadas em sites especializados -- onde n�s, brasileiros, fazemos muito sucesso, mod�stia � parte."

    Outro spotter, o Carlos Henrique. complementou: "O nosso trabalho pode ser visto em . Entre no "search engine" e procure por "Netherlands Antilles -- St. Maartten -- Princess Juliana Airport" por exemplo, e veja que fotos fant�sticas. Ou Funchal na Ilha da Madeira, ou Santos Dumont no Rio. Milhares de fotos, vale a pena."

    Por acaso, conhe�o o aeroporto de Saint Martin, onde j� estive algumas vezes -- e onde, claro, fiz muitas fotos de avi�es. � irresist�vel: imaginem uma pista t�o curta que come�a literalmente na praia; e agora imaginem o pouso de Boeings 747, os velhos Jumbos, criando verdadeiros tornados em que se misturam, em partes mais ou menos iguais, um barulho ensurdecedor, areia, vento, o calor escaldante das turbinas e um cheiro horr�vel de querosene. A experi�ncia n�o � agrad�vel, mas � muito divertida. A tal ponto que, numa ilha paradis�aca, cheia de praias quase desertas, a do aeroporto vive lotada.

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    Quando voc�s lerem esta cr�nica, eu estarei em Berlim, onde se realiza uma das maiores feiras de eletro-eletr�nicos do mundo. J� terei voado um bocado, mas outros v�os estar�o � minha espera: assim que a feira terminar, tiro uma semana de f�rias. Mando not�cias de l�. E prometo que s� volto ao assunto dos fingers no Santos Dumont depois de me encontrar com o arquiteto S�rgio Jardim, que gentilmente se ofereceu para me explicar o projeto que fez para a expans�o do aeroporto.


    (O Globo, Segundo Caderno, 1.9.2005)






    "O estande da Philips"










    "O mundo dos carros"










    "O que rola"










    "Outra coletiva"










    "Novos lancamentos"










    "Esperando uma coletiva"










    "O muro!"










    Fotos!






    Subi um albinho de fotos de Eindhoven; para ver � s� clicar AQUI.