31.7.06


Meu sapato novo... ;-)










Pipoca










Tutto il cuore bene trovato

Gente, muito obrigada pelos votos, carinhos, simpatia: não há nada no mundo como ter amigos, e eu, modestamente, tenho os melhores... ;-)

Fazer anos assim não dói nada!





30.7.06


O gato em detalhes






O novo gato veio de Berlim -- cada vez que eu viajo, trago um gatinho miniatura diferente para a casa. O autor do gato é o alemão Thomas Hoffman, que cria bichos muito loucos e lindos; seu trabalho pode ser visto na página da empresa que criou e que dirige, a Tom's Company.






O gato que veio na mala










Ontem à tarde










Siameses congelados










Fazendo nada










Pronta para dormir









29.7.06


Tati










Netcat










Pipoca










Lucas










Mosca










Tutu e Keaton










Tati










Nossos classificados

Chamando todos os geeks: oferta de emprego!
If you are an expert in PHP,
Then you are someone I want to see.
If they call you a LAMP geek,
Or just an open-source freak...

If MySQL is your game
(not just the queries, that's lame),
if I say ACID, you know what I mean,
and your code is nice and clean.

Above all, if you can read this,
this is a project you don't want to miss.
So before we run out of time,
hurry up and drop me a line.

Paulo





28.7.06


Gente, hoje é aniversário da Heliana!!!

Parabéns, querida!!!

Muita saúde, muitas felicidades, muitos gatos e, claro, muitas ondas bacanas para continuar surfando na boa por muitos e muitos anos!






Teste










O Rio é uma festa





Taí, eu já tinha me esquecido de como tem agito nessa cidade! Só esta semana fui ao show da Marisa Monte, ao sneak-preview para amigos do filme do Cacá e, ontem, à estréia de Porcelana Fina, a nova peça da Vera Fischer. E ainda teve o Prêmio Tim, que coincidia com o filme e deixei pra lá.

Resultado: em menos de uma semana, já revi uma quantidade enorme de amigos -- e o melhor é que todos têm notado que emagreci... :-)

Isso é ótimo, porque dá muita força pra continuar seguindo a dieta direitinho.

Por outro lado, ver a Vera é sempre deprimente, e me dá uma baita vontade de jogar a toalha. Somos amigas há quase 30 anos e, juro, mesmo com o pouco-quase-nada de exercício que faço, ainda me mexo mais do que ela; pra não falar que dieta é palavra que não consta do seu vocabulário... ao passo que não sai do meu.

E a danada sempre linda e esplendorosa.

* suspiro *

DNA é tudo...





27.7.06


Saindo do estúdio do Millôr










Somos pobres, mas somos fresquinhos



Minha primeira compra, agora que voltei para casa, vai ser um quadro-negro. Preciso escrever cem vezes: "Nunca mais reclamo do calor do Rio". Não me lembro mais se, em algum momento da vida, estive na Europa no verão; mas sei, com certeza, que nunca vou me esquecer de dois dias em Hamburgo e três em Paris em que tive saudades daquele arzinho fresco de Manaus e da aragem de Cuiabá -- e em que compreendi, afinal, por que as ondas de calor européias fazem tantas vítimas.

Antes, devo dizer que sempre achei um disparate morrer de calor lá para aquelas bandas. Minha impressão era a de que as vítimas sucumbiam de puro susto, para não dizer frescura, palavra pouco adequada sob todos os aspectos às trágicas circunstâncias; agora, que senti a canícula na pele, literalmente, me penitencio. Não só é possível morrer de calor na Europa, como é espantoso que mais gente não o faça.

Chega a ser assustador verificar como, a esta altura dos desmandos ecológicos, o continente está despreparado para o calor. Vi dúzias de lojas chiquérrimas em Saint-Germain onde as vendedoras, coitadas, trabalhavam com o escasso refresco de um ventilador mirrado voltado em sua direção; ar-refrigerado, e ainda assim fraco, só nas grandes lojas e em alguns cinemas. Os outros desconhecem esta peça essencial à sobrevivência humana. No metrô, nos ônibus e nos trens, o calor da hora do rush , em que milhares de pessoas se apertam nos vagões, só não é o que há de pior porque, além dele, há o cheiro das supracitadas pessoas.

* * *

Na casa das minhas amigas em Hamburgo, pude ver como tudo conspira contra o bem-estar de um europeu no verão, a começar pela decoração, invariavelmente pensada para o frio. Carpetes, cortinas, estofados -- tudo é feito para ajudar aqueles pobres bípedes a atravessarem os longos meses de inverno. As janelas podem ser abertas, claro, mas a idéia não é essa. Todas são decoradas com rendas, vasos de flores e objetos lindos de se ver da rua, mas complicados de tirar do lugar no ocasional dia de calor. Para não falar no pavor que todo bom europeu tem de correntes de ar.

No banheiro não há chuveiro. Há banheira e uma ducha móvel que, nos hotéis, pode ser presa à parede na altura de um chuveiro; mas a simples configuração deste arranjo hidráulico é a prova de que os banhos refrescantes sem os quais não conseguimos sobreviver aqui não fazem parte da vida diária de lá.

* * *

Sob este aspecto, o Rio é uma cidade singularmente bem adaptada às suas circunstâncias. Quando eu era criança e ar-refrigerado ainda era um luxo, os cinemas já tinham aparelhos tão possantes que se davam ao luxo de deixar as portas abertas, para atrair os passantes. Uma das coisas de que eu mais gostava no verão era de passar em frente ao Metro ou ao Copacabana, só para sentir a onda de ar frio que vinha lá de dentro. Táxi sem ar praticamente não existe mais, e nem se imagina uma loja com um mínimo de sofisticação sem refrigeração.

Pois só agora, depois da onda de calor que, há três anos, deixou 15 mil mortos na França, alguns estabelecimentos mais espertos começam a perceber o potencial de marketing de um bom ar-refrigerado. Para mim, acostumada à temperatura polar subártica da refrigeração média carioca, parecia piada ver hotéis e restaurantes de certa categoria com imensas placas anunciando "Climatisé" -- como se todo o conceito do ar-refrigerado houvesse sido inventado ontem, e as mudanças climáticas não fossem realidade já há décadas.

É verdade que, se algum dia nevar no Rio, estamos fritos; mas a hipótese parece remota, sobretudo nesta linda tarde invernal de terça-feira em que escrevo, vendo o termômetro marcar 30 graus lá fora. Acabo de chegar da Lagoa, onde fui dar uma volta de bicicleta e conferir a minha querência. Os filhotinhos de frango d'água que eram pequetitinhos quando viajei vingaram e estão lindos: nunca vi tantos deles por aqui. Os biguás estão ótimos, as duas garças minhas amigas continuam onde sempre estiveram, e o teimoso casal de quero-queros, mais uma vez, dá voltas em torno do campo de beisebol. Burros! Como pretendem que seus filhotes sobrevivam lá?! Acho que vou adotar o mantra que Mamãe usa nesses casos:

-- Darwin, Darwin...

* * *

Para que a vossa cronista possa tomar pé, e resolver a penca de problemas e pendências que se acumularam durante sua ausência, esta coluna sai do ar por duas semanas. Fiquem bem; a gente retoma a conversa no dia 17 de agosto. Até lá!


(O Globo, Segundo Caderno, 27.7.2006)





26.7.06


Voltando pra casa










Sampa










Eu amo esta vida!










Rumo a São Paulo










De volta à rotina... :-)










A colheita do dia









25.7.06


Outono no meu quintal

Outono no Rio

Ouro sobre azul II

Olá, vizinho!

Ouro sobre azul I

Ele não é lindo?

Um dos filhotes que cresceu enquanto fiquei fora

Algumas notícias:

  • A Vivo vai ter GSM. Achei o máximo. Sei que este tipo de notícia dificilmente empolga as massas, mas achei a coisa mais interessante;

  • Saiu um novo picolé de banana que é ótimo;

  • Os filhotes de frango d'água que eram pequenos quando eu viajei vingaram, e a Lagoa está cheia de lindos frangos d'água jovenzinhos;

  • Os quero-queridos vão bem, obrigado. Burrinhos como sempre: já estão lá no campo de basebol novamente, com cara de quem vai, mais uma vez, fazer ninho em local inviável... * suspiro *

  • O vet deu uma geral na Família Gato e, tirando uma otite que pegou Keaton, Pipoca e Lucas, tudo está na mais perfeita ordem.






  • Voltando pra casa depois de ver um lindo filme









    24.7.06


    Pelas ruas da cidade










    Reentrada na atmosfera

    Começo a cair na real...





    23.7.06


    Acabou...










    Marisa Monte









    22.7.06


    O outro lado










    O lugar mais bonito do mundo










    Caramba!

    Vejam como está fotografando este menino...






    Volta ao lar


    O avião da Air France estava lotado, atrasou quase duas horas mas, ainda assim, a viagem foi boa: eu estava voltando, e em viagem de volta a gente tem um bom humor que resiste a tudo. Ou quase tudo: ainda tenho que ligar pro Luis Fernando Verissimo e pra Lucinha, pra saber se humor deles resistiu ao cancelamento do vôo Varig SP-RS que os levaria até Porto Alegre.

    Aqui em casa estava bem e lindo e gostoso; a começar pelos quadrupes, que fizeram fila na porta para me receber. Normalmente, quando volto de viagem, aparecem um ou dois, mas acho que desta vez acharam que eu tinha sumido no mundo e se esqueceram de fazer de conta que estavam me ignorando.

    Foi uma festa completa! Todas as divergências entre eles foram esquecidas. Me deitei no chão e fiquei um tempão brincando com todo mundo. Depois, quando começaram a cheirar as malas, achei melhor tirá-las de cena o mais rapidamente possível, antes que alguém tomasse satisfação com elas.

    Deixei a idéia de dar uma pedalada na Lagoa pra lá e, pela úlyima vez na temporada, já coma ajuda da Sônia, brinquei de Pack-Man: trois paquei (do original ã péquin, do Ribondi, transformado em deux péquin pela Mônica L) tudo e guardei as malas no closet, antes que alguma vingança maligna as inutilizasse olfativamente.

    Por falar nisso, sabem a tal pilha de jornais tão bem arrumadinhos pela Sônia descrita pelo meu amigo? Pois dançou, junto com boa parte da correspondência e o Razr prateado que eu tinha emprestado pra Bia antes de ela trocar o preto comigo pelo W800. Este Razr andava dando problemas (desligava sozinho, a tela às vezes só acendia pela metade) de modo que não foi uma grande perda, mas agora estou sem o celular que os meus amigos conhecem: o chip que estava lá dentro era o meu telefone habitual.

    Não sei quem foi o(a) culpado(a), mas, puxa, dá pra entender. Quase dois meses sem notícias, tadinhos, era querer demais que se portassem feito lordes ingleses ou British Short Hairs.

    Tirando isso, tudo na mais perfeita ordem: antes que a última mala fosse guardada, todos já estavam dormindo pelos cantos. Tenho para mim que os gatos culpam as malas pelas nossas viagens. Afinal, quando saímos de casa sem elas, sempre voltamos logo; quando entra um daqueles quadrados pretos em cena, pronto, é ausência longa. Desfazer as malas e tirá-las da vista deles os tranqüiliza, é sinal de que vamos ficar em casa.

    Quanto a mim, que achei que estava no maior pique, desmaiei antes da meia-noite cercada de gatos, na minha prórpia cama! e com o meu próprio travesseiro!, acordei morta de fome de madrugada, não consegui continuar na cama depois das oito, tomei café quando o corpo pedia almoço já!, fui para o sofá ler o jornal e... acordei ainda agora, sem noção de que tinha adormecido.

    Ontem, enquanto desempacotava as coisas, fiz várias fotos da Família Gato. Mais tarde subo pra cá, para que vocês possam conferir com seus próprios olhos como estão lindos; agora vou dar uma volta pela Lagoa e conferir como anda o quintal.

    É tão bom estar em casa... :-)






    Uma esperança pro Tom

    Deu no Ancelmo de hoje:
    A 10 Câmara Cível do TJ do Rio condenou a Churrascaria Gaúcha, em Laranjeiras, a indenizar em R$ 10 mil um vizinho, o advogado Marcelo Turra, por excesso de barulho.

    O desembargador Bernardo Garcez determinou que a casa faça um tratamento acústico.
    Quem sabe, hein, Tomzinho? Se Deus for justo -- e a justiça também -- você ainda fatura uns trocados pela chateação rotineira...





    21.7.06


    Desfazendo as malas










    Matando as saudades









    20.7.06


    Desligo, câmbio.

    Povo, aqui encerro as transmissões do Velho Continente.

    Tenho que terminar de fazer a mala, guardar o notebook, tomar banho e correr com a vida, ou perco o avião.

    Muito obrigada a todos pela companhia maravilhosa que me fizeram, pelas dicas, pelo carinho; sem vocês por aqui, a viagem não teria tido a metade da graça.

    E, como sempre, um agradecimento super especial aos queridos gerentes que cuidaram do blog quando eu não tinha conexão: Tom Taborda, Lucas, Jussara, Eduardo Stuart e, sempre, o Fábio "The Man" Sampaio, nosso Caryorker.

    Se Deus quiser, o próximo post irá ao ar da Muy Leal e Heróica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, onde, apesar de tudo, mora o meu coração.






    O dia em que fui presa em Paris


    Quis o Bom Deus que, em março de 1977, o governo francês convidasse a editora do Segundo Caderno do "Correio Braziliense" para uma semana de comemoração da inauguração do Centro Georges Pompidou; e que, salve Ele!, esta editora fosse eu. Assim é que, com 24 anos incompletos, mochila nas costas, sandália de pneu, poncho peruano e uma cabeleira que ia quase pela cintura, desembarquei na cidade, para horror dos diplomatas impecáveis que me esperavam na pista da aeronave num reluzente Mercedes preto último tipo.

    Alguém estava com a roupa errada, e não eram eles.

    No trajeto até o hotel, percebi que ficaram aliviados ao perceber que a selvagem recém-chegada não só era capaz de se comunicar em palavras, como, ainda por cima, o fazia num francês bastante razoável; e que, incroyable !, sabia até quem eram os nomes do sofisticado cardápio cultural preparado para a imprensa estrangeira. Ainda assim, como apresentar aquela coisa no front-desk do Lutetia, uma espécie de Copacabana Palace da Rive Gauche?

    Pobres diplomatas. Hoje me ponho no seu lugar e fico de cabelos em pé só em pensar na saia justa em que os meti. Ser hippie em Brasília já era meio esquisito, mas em Paris era definitivamente out, pelo menos nas altas rodas do Quai d?Orsay. Mochileiros como eu dormiam nos bancos da estação, e olhe lá.

    Diga-se a favor dos bravos empregados do Lutetia que nenhum fez cara de espanto. Fui regiamente acomodada numa suíte maior do que o apartamento em que morava na época -? e, imediatamente, telefonei para todos os amigos para virem me visitar.

    Eu nunca havia estado em Paris antes, mas, naqueles anos, o que não faltava na cidade eram brasileiros exilados. Na mochila, além de uma ou duas trocas de roupa (todas igualmente inapropriadas), eu trazia goiabada para um, livros para outro, um gravador para uma terceira; de modo que, em dois dias, eu já tinha ótima turma local.

    Entre uma cerimônia no Pompidou e um concerto na Sale Pleyel, nos encontrávamos na Rue Mouffetard, comíamos lindamente a ótimos preços e percorríamos a cidade de graça. Para isso, bastava entrar no metrô pela porta da saída. As portas eram diferentes das de hoje, que mal dão passagem para uma pessoa. Ouvíamos desaforos à beça dos nativos, mas, naquela época e com aquela idade, eu apenas achava tudo muito divertido... até o dia em que fomos pegos pelos flics, os tiras, sem dúvida alertados por algum cidadão furioso com aquele bando de arruaceiros.

    Todos fizemos caras de anjos: como podiam pensar que jamais nos passaria pela cabeça entrar no metrô sem pagar?! Cara e conversa não convenceram, porém, e os flics pediram nossos documentos. Todos tinham identificação, menos eu, instruída no Brasil a jamais sair na rua com o passaporte, que poderia ser roubado por algum perigoso subversivo. Eu nada tinha a temer dos perigosos subversivos meus amigos, mas se perdesse o raio do passaporte levaria meses até conseguir outro no Itamaraty -- e precisava voltar ao Brasil em poucos dias.

    Os policiais ficaram tão contentes em encontrar alguém sans papiers que concentraram as atenções em mim e deixaram os outros para lá. Apelei:

    -- Estou em Paris a convite do governo francês!

    -- Claro -- disse um dos flics. -- E eu sou a Rainha da Inglaterra.

    -- Mas é verdade! Posso provar. Só preciso ir até o Hotel Lutetia pegar os meus papiers.

    -- Ao Hotel Lutetia?!

    Os flics perderam a compostura e tiveram um acesso de riso. Depois, ainda enxugando as lágrimas, me levaram para a delegacia. Pedi a um dos amigos que passasse no hotel para pegar o passaporte e a carta em papel timbrado, chique ao último, que estavam na gaveta da escrivaninha. No caminho para a delegacia, insisti tanto e tão convincentemente na minha história, que me deixaram ligar para o Lutetia. Pedi para falar com o gerente e, mico dos micos, expliquei que estava chez les flics , e que um amigo passaria em breve por lá para pegar os papiers.

    Foi quase tão difícil convencer o homem a deixar um desconhecido subir para o meu quarto quanto convencer os policiais de que eu não tinha tomado chá de cogumelo, mas, finalmente, tudo acabou bem e, uma hora depois, o amigo chegava com o passaporte e a carta para me salvar.

    Ao ver a papelada, os flics ficaram perplexos. Onde é que o governo andava com a cabeça para convidar criaturas desqualificadas como eu?! Ainda assim, me pediram desculpas ("A senhora parece muito mais nova", uma forma polida de dizer que eu já devia ter aprendido a me vestir e a me portar direito), me ofereceram um café bem forte e me deram carona até o hotel, cheios de dedos e galanteios.

    Nem preciso dizer que nunca mais andei num ônibus, trem, metrô ou vaporetto sem o bilhete devidamente carimbado, registrado, perfurado e o que mais exija a legislação local.

    Ontem voltei pela primeira vez ao Lutetia depois de quase 30 anos, para mostrá-lo à minha filha. Paris mudou muito, a globalização acabou com qualquer vestígio de elegância turística, mas o Lutetia continua igual, com seus mármores, seus espelhos e seus bronzes reluzentes.

    O poncho peruano, os cabelos desgrenhados e a sandália de pneu sumiram na poeira dos tempos, mas, usando Birkenstocks, bermudas e uma camiseta berlinense, me senti tão inadequada e fora de lugar quanto nos idos de 1977. Dei um bordejo rápido pelo hall e fugi correndo, antes que alguém daqueles tempos me reconhecesse.


    (O Globo, Segundo Caderno, 20.7.06)






    Ele chove!










    Madrugada na Rue St-Péres










    Galeries Lafayette










    Galeries Lafayette










    A fila do caixa










    Soldes










    Bolha

    Desde que saí do Rio, minha sensação tem sido a de estar vivendo dentro de uma bolha. Primeiro na Copa, onde a única coisa de que se falava era futebol; depois aqui, com a Bia, onde as únicas coisas relevantes eram a temperatura lá fora, o que faríamos ao longo do dia, quem encontraríamos e a quantas andavam os nossos então ainda existentes euros.

    O Brasil e o mundo ficaram isolados, lá longe.

    Aqui passei a semana inteira sem jornal e, mesmo no Globo online, lia apenas as manchetes, e olhe lá. Às vezes uma notícia mais séria conseguia furar a bolha, mas logo era varrida para baixo do tapete. Para quem passa o ano inteiro com uma baita sobrecarga de informações ("information overload", como se diz por aí), há poucas coisas mais saudáveis do que passar um tempo como viviam as pessoas antigamente -- ligada apenas às circunstâncias imediatas.

    Ninguém agüenta saber das desgraças e infortúnios do mundo inteiro 24 horas por dia, 365 dias por ano.

    Amanhã, assim que chegar ao Rio, ainda vou me dar uma folga: preciso botar em dia a relação com sete quadrupes saudosos e matar as saudades que estou sentindo deles, da minha casa, da minha família.

    Mas o fim de semana vai ser fogo. Pilhas de jornal me aguardam e a rotina da informação globalizada já está lá, rosnando atrás da porta.

    Às vezes tenho muita inveja das pessoas que viveram antes da Era da Informação, para quem mesmo os jornais do dia só traziam notícias ali da esquina, e olhe lá.

    * * *

    Ontem à noite fui jantar com Lucinha, Veríssimo e o Dinho, um jornalista brasileiro que mora aqui. Voltei a pé para casa à meia-noite, sentindo um cheiro de chuva no ar.

    Assim que entrei, o céu veio abaixo, com direito a raios e trovoada. Se não estivesse tão cansada, teria saído para fotografar.

    Imagino que, com isso, hoje esteja um pouquinho mais fresco lá fora: o termômetro ontem chegou aos 40 graus no sol, 37 na sombra.

    * * *

    Bia viajou super bem, espichada em três poltronas e dormindo a viagem inteira.

    Disse que encontrou a gataiada ótima, mas pra lá de carente.

    Agora vou pra rua atrás do meu perfume, depois volto para fazer as malas e, se sobrar um espacinho (e uns quilinhos), rua de novo para comprar uns livros.

    Fui!





    19.7.06


    Vida selvagem

    A essa altura, se o vôo da Tap saiu no horário, a Bia já está cruzando o Atlântico rumo ao Brasil. Sete quadrupes tristonhos nem sabem (ou será que sabem?) mas, logo logo, vão ter uma grande surpresa.

    Para mim,Paris perdeu boa parte da graça; acho que amanhã, quando pegar o avião, pela primeira vez na vida não vou embora com aquele gostinho de "Quero mais!".

    Cobrir a Copa foi uma das grandes aventuras da minha vida, e esta temporada européia se encerrou com chave de ouro com a companhia da minha bipinha; mas agora quero a minha casa, a minha cidade, o meu país; quero ouvir o pessoal falar brasileiro na rua, esbarrar nos amigos pelas esquinas, sentir o gosto da nossa comida e o cheiro do mar.

    * * *

    Ontem fomos à Place des Vosges e ficamos batendo perna sem destino pelo Marais, que é um dos meus cantos favoritos em Paris. Descobri um perfume maravilhoso no Fragonard, fiz a besteira de não comprar na hora e agora vou ter que sair para caçá-lo: Fragonard a gente só encontra nas poucas lojas Fragonard ou pela internet, mas parece que há uma aqui em Saint Germain.

    Vou procurar.

    Comemos por lá mesmo, num ótimo vietnamita com cadeirinhas na calçada. Depois andamos até o Centro Pompidou, onde há uma exposição que me interessa -- O Movimento das Imagens -- mas estava fechado, dããã, era terça-feira, e assim nos atiramos às liquidações.

    Esta é uma experiência que eu nunca tinha vivido, época de super liquidações em Paris. E é uma experiência que ou você ama ou você odeia: milhares de pessoas disputando roupas e sapatos atirados por todos os cantos, filas quilométricas no caixa e, nem preciso dizer, ar refrigerado deficiente na maioria das lojas.

    Curiosamente, eu, que odeio shopping center e detesto experimentar roupas, adorei. Acho que é o elemento de caça ao tesouro da coisa, ou quem sabe a sensação de estar participando, ao vivo, de um cartum secular -- mas o fato é que voltei triunfante para casa com:

  • Uma saia da veludo liiiiiiiiiiiiinda por 10 euros;

  • Uma blusa cinza de algodão, de manga comprida, cheia de nervuras, que custava originalmente 50 euros e que saiu... grátis!, porque quando a caixa foi passá-la, a máquina registrou 0 e ficou por isso mesmo;

  • Uma sapatilha preta lindinha a 10 euros;

  • Uma outra sapatilha meio tênis, sei lá, difícil de explicar, mas muito simpática, a 12 euros;

  • Umas três ou quatro blusinhas básicas, ótimas para trabalhar, a preços diversos mas igualmente interessantes.

    A Bia, naturalmente, descobriu muitas coisas lindas, chiques e baratérrimas mas, ao contrário da mãe, ela é magrinha e arrumada, ao passo que eu faço aquele look de quem acabou de cair da árvore.

    * * *

    À noite deixamos tudo em casa e fomos ao Champs-Elysées comprar uma mala. A que ela trouxe já estava inteiramente detonada antes mesmo de sair do Brasil e, depois dos carinhos da companhia aérea, detonou-se de vez. Era uma Samsonite de casco duro que me acompanhava há anos, e que se tivesse milhagem própria bem que podia dar uma volta ao mundo. Fico meio triste de abandonar essa velha companheira, mas levá-la ao Brasil vazia, para reparos, nos custaria 120 euros de bagagem extra... mais os reparos.

    Aproveitamos para jantar por lá mesmo, compramos um daqueles sacões de rodinhas no Monoprix que fica aberto até meia-noite e voltamos para casa, onde passamos umas duas horas brincando de Pack-man; às cinco a Bia, que mal cochilou, já estava de pé para esperar o taxi. Seu avião saía aí pelas 7h30.

    Dormi até meio-dia, achei a casa totalmente vazia, e agora vou para a rua: ainda não desisti dos telefones e minha primeira parada será uma SFR.

    A palavra do dia é SAUDADE.





  • 18.7.06


    Afinal, acabou sendo um dia livre para compras










    Última noite juntas em Paris: fomos comprar uma mala










    Pode dar certo uma coisa dessas?!










    Place des Vosges










    Pus um farelinho nos dedos... :-)










    Museu Carnavalet










    BB: Bia na Boulangerie... :-)










    Reflexos do Arondissement










    Au Bon Marché










    Ahhhhhhhhhhhhhhhhhh...










    Hmmmmmmmmmmm...










    Água para idiotas










    C'est si bon










    Para o Ribondi









    17.7.06


    Comentários

    Fábio S. avisa: o sistema de comentários sai temporariamente do ar às 22h (horário do Rio) para troca de servidores. Volta ao ar assim que tudo estiver OK.






    Batendo perna

    Hoje saímos cedo para a rua mas, estando num dos bairros mais interessantes de Paris, em plena época de liquidações, não conseguimos ir muito longe.

    Logo aqui ao lado fica o Bon Marché onde, por sua vez, fica a Grande Epicerie -- uma ultra-super delicatessen + supermercado onde se acha de tudo mais alguma coisa.

    Só neste Templo Sagrado da Minha Máxima Devoção passamos bem umas duas horas: a vida é curta demais para tantos queijos, frios, temperos e comidinhas do mundo inteiro!

    E as frutas?

    E os legumes?

    E os chocolates?

    * SUSPIRO *

    Foi um passeio bastante platônico; as minhas malas já estão no limite, para não falar na conta bancária. Mesmo assim compramos um almoço dos deuses e um jantarzinho básico e voltamos para casa para comer.

    Depois saímos de novo, pulamos no primeiro ônibus que apareceu e fomos até Montparnasse. Andamos um bocado por lá, mas o bairro não é dos meus favoritos. Ainda assim entramos e saimos de lojas, alimentamos uns pombos confiados, vimos coisa à beça e, aos poucos, acabamos novamente em Saint-Germain.

    Chegamos em casa às dez da noite, ainda dia claro; jantamos a sopa de cogumelos que havíamos comprado mais cedo na Epicerie e nos dedicamos à brincar de Packman: temos que comprar uma mala nova pra Bia, mas era importante saber antes a quantas andamos em termos de espaço e peso.

    Depois escrevi a coluna de quinta-feira e agora, exausta, vou dormir.

    Os telefones continuam mudos em termos de fotos. Amanhã, sobrando um tempinho, subo algumas via Flickr.

    Fiquem bem! :-)






    Resumo do domingo

    Ontem não fizemos quase nada; a Bia não estava bem (por incrível que pareça, acho que pegou uma insolação!) e passou o dia fraquinha e febril. À noite tomou remédio, deu uma melhorada e fomos até Pigalle -- eu queria que ela visse o Moulin Rouge.

    Pigalle nunca foi um convento, mas agora virou, muito agressivamente, o centro do comércio pornô de Paris. É uma sex-shop atrás da outra, um bar de lap dance ao lado do outro, tudo bem decadente, comme il faut.

    No Moulin Rouge propriamente dito é impossível entrar: a fila de turistas dá voltas no quarteirão. E o show, convenhamos, deve ser a versão local daquele, de mulatas, que a Plataforma apresenta. Olhei para a fila de turistas com uma certa pena, todos achando que iam encontrar a Nicole Kidman lá dentro ou, no mínimo, ver algo autenticamente parisiense.

    Mas tudo bem, viajar é isso mesmo e, tirando o fato de estar numa fila monstruosa debaixo de um calor de bode em pleno sol das dez da noite, todos pareciam bem felizes.

    Demos uma voltinhas, comemos num fast-food chamado Quick que tem pratos enormes de saladas e hoje a Bia já está tão serelepe que, mal acordou, foi ali na esquina comprar uma baguette.

    A agenda de hoje prevê uma ida à loja da SFR para pegar a carteira de identidade que esqueci lá, e fazer uma última tentativa de configuração dos telefones. Depois vamos passear sem destino fixo, mas certamente parando nas liquidações espetaculares e na Printemps, que a Bia ainda não conhece e que acho uma das lojas mais lindas do mundo.

    Vamos também ao Marais, outra região que adoro.

    Finalmente, vamos ver se o tour noturno de bicicleta, adiado ontem mais uma vez, desta vez sai.

    Depois eu conto. E, se a visita à SFR adiantar de alguma coisa, até mostro -- em real-time!

    (Tou dizendo: nada como uma viagem à Europa para fazer com que a gente dê valor ao que tem em casa! Tirando a Itália, onde a Tim dá um show, e a Finlândia, onde a Nokia criou uma poderosa cultura de comunicação móvel, ainda não encontrei país onde não tivesse problema para configurar os telefoninos. Falar é fácil e todos falam à primeira troca de Simcard; mas mandar MMS e acessar a internet ainda são outros 500.)





    16.7.06


    Pigalle, a Lapa deles










    No metrô










    Domingo à noite em Saint Germain










    Às vezes a gente pega uma porta aberta...










    Passei a tarde tentando "paramétrer" os telefones... e nada!










    Notícias da Família Gato

    Um amigo esteve lá em casa para ver se estava tudo OK com os gatos, que, depois da viagem da Bia, ficaram por conta da Sônia, a empregada deles que às vezes nos presta uns serviços. Seu relato:
    "Depois de alguma hesitação, resolvi passar na gatolândia. E foi importante. Não sei a que horas a Sônia saiu na sexta, nem se a comida, afinal, dura ou não 30, 36 horas. Cheguei lá pouco antes das 22h e não havia uma comidinha sequer, em nenhum dos potes (inclusive os três que voltaram a ser operados no fim do corredor, onde a Pipoquinha, aliás, adora comer...). Ou seja, essa história de "crocância" é uma tremenda frescura, porque quando a fome apertou, eles comeram tudo...

    Assim que abri a porta encontrei logo 14 olhos me encarando com aquele visual do gato de Shrek II. Lucas, avançando por entre os demais como quem diz "sai que esse é meu amigo", veio até minha perna e deu uma roçada garantindo que, se mais ninguém fosse alimentado por mim, pelo menos ele seria. Tati fez "nheu!" com aquela cara de maga patológica dela e eu fechei rápido a porta e fui pegar a comida.

    Notei que um dos armários estava semi-aberto. Pode ser que numa verdadeira operação de emergência, motivados pela fome animal do Mosca, que estava de sentinela no local, alguns gatos tenham trabalhado em conjunto, liderados pela Keaton, onde um puxava com o focinho e os outros travavam com a pata a porta do armário. Pela cena dava para concluir que, mesmo que eu não tivesse aparecido, eles teriam se virado. Ou seja, hoje, lá pelo meio dia, já estariam forçando aquela latona de comida no meio do chão da cozinha para ver se a tampa saía. Enchi os potes todos e os gatos foram se acomodando de acordo com as preferências.

    Mosca assumiu a cozinha, o primeiro pote que enchi, e afastou todo mundo, para ficar em paz comendo. Lucas foi comer no corredor, onde ficou por uns cinco minutos com o rabo atrapalhando a passagem. Keaton comeu pouquinho lá perto da Pipoquinha, e depois correu para ficar de sentinela na porta do banheiro. Tati olhou a cena com os glutões e preferiu se refugiar no outro canto da sala, onde ficava o sofá, enroscada num daqueles cilindros de corda para unha de gato. Além do barulho de comida sendo quebrada por dente de gato podia também se ouvir que a Netcat, coitada, estava com problemas e logo saiu vomitando perto das cadeiras da sala.

    Peguei uma cerveja e voltei para observar. Em outra frente de luta, aquela miadora da Tutu estava junto do armário da sala onde está o Pounce, visível pelo vidro. Lucas subiu na mesa da sala, onde a Sonia tem colocado os jornais, um a um, de modo que se pode ver parte da capa de todos eles. Olhou para os jornais e deu um longo miado como quem pergunta por notícias dos bípedes da casa. Expliquei que vocês estarão de volta na semana que vem e ele pareceu resignado. Abri a porta do banheiro para Keaton e fui fazer carinho na Tati. Quando voltei o banheiro estava cheio de patinhas de gato molhadas. Keaton fez cara feia pro Mosca (trocaram umas patadas com unha). Sem dúvida, Mosca agora também anda estudando hidrologia e neurótico pelo bidê. Lucas veio ver o que era mas acabei com a festa, apaguei a luz, olhei em volta para ver se não esqueci gato nenhum, e tranquei a porta.

    Afinal, dei uma rodada de carinho em todos (o Lucas depois correu para o sofá e ficou arranhando a capa), peguei aquela manga solitária na geladeira e fui embora."
    Ah, gente, estou com tanta saudade dos peludos!!!





    15.7.06


    Mais fotos via Flickr...

    Ainda não consegui que a SFR tome conhecimento da minha existência;porisso, por enquanto, as fotos continuam sendo subidas aos magotes, quando volto para casa.

    Hoje fomos a Montmartre com a Maria e o Rafa, demos muitas voltas com o carro, chegamos atrasados ao Fat Bike Tire Tour noturno,que ficou para amanhã. Não fizemos muito exercício nem andamos muito, mas chegamos todos chapados de calor.

    Neste momento, 2h25 em Paris, escrevo sozinha na sala, enquanto a galera dorme o sono dos justos -- e o pior é que todos eles são mais ou menos noturnos.

    Vou seguir o exemplo e me recolher.

    Bom domingo para todos!






    Aliás, a igreja é linda, de verdade










    Ou seja: um convite a fotos roubadas!










    É rigorosamente proibido fotografar ou filmar dentro da igreja






    Tudo o que eu tenho a dizer em relação a iso é: huahuahuahuahuahuahuahuahua!!!






    Capivara, Maria, Bia e Rafa






    A Capivara ganhou duas roupas novas da Bia. Uma é este foulard, para ficar com um ar bem parisiense...






    A Capivara na igreja de Sacré Coeur, em Montmartre










    Pela janela do carro II










    Pela janela do carro I










    De dentro do carro










    Rafa: making of de Cora, Bia e Torre Eiffel










    Cora, Bia e Torre Eiffel










    A Capivara festeja o 14 Juillet










    Reflexo da torre no novo museu do Quai de Branly










    A Torre Eiffel fica ao lado da casa do LF e da Lucinha










    Luis Fernando, Bia, Maria, Lucinha, Rafa










    Chez Lucinha e Luis Fernando Verissimo









    14.7.06


    Sobre as fotos

    Estas fotos não foram subidas por telefone, mas sim através do Flickr. Agora vou para a rua, não volto tão cedo, portanto este blog ficará meio paradinho do lado de cá: a atividade agora é com vocês.

    Beijos!






    Bia










    Liquidação da Zara: campo de batalha










    California Dreamin'










    Para isso foram feitas as estátuas, non?










    Place de la Concorde com a Torre Eiffel ao fundo










    Gostei desta porta










    L'esprit du lieu










    Nas garras da Fodafone

    Acabo de passar duas horas tentando descobrir por que cargas d'água não consigo mandar MMS pelos telefones, sequer registrá-los no site da SFR, que é como se chama a Vodafone aqui. Detalhe: nos 0800 locais, não há gente atendendo nem hoje (feriado), nem amanhã nem depois.

    Antes de ficar maluca, e de perder todo o meu tempo parisiense às voltas com isso, liguei para a sucursal da SFR para estrangeiros... em Londres! E lá, finalmente, consegui descobrir que, para que uma conta seja plenamente registrada e possa funcionar a pleno vapor, há um prazo de 24/48 horas.

    Depois a gente fala mal das nossas operadoras brasileiras...

    Tim, Claro, Oi e Vivo: está TUDO perdoado! Eu AMO vocês!!!






    A vista da nossa janela










    Dez da noite aux Champs Elysées










    O menu simplinho do Lenôtre










    Jantando no Relais de l'Entrecôte: hmmmmm!









    13.7.06


    Amigos ursos

    Sempre achei terceiro lugar em Copa muito melhor do que segundo. Quem fica em segundo perde um jogo, quem fica em terceiro ganha; e ganhar, nem preciso dizer, é muito melhor do que perder. Isso me parece absolutamente óbvio mas, por incrível que pareça, jamais consegui explicar esta teoria de forma convincente à minha Mãe, aos meus amigos atletas ou a fãs de esporte em geral. Quando toco no assunto, todos me olham com muita pena e um indisfarçável ar de "Sancta simplicitas!" - mas os dois últimos jogos da Copa foram, enfim, a demonstração prática de que não estou de todo errada.

    Quem assistiu ao jogo entre Alemanha e Portugal viu um time vitorioso e alegre, aclamado por torcedores absolutamente eufóricos. Nas ruas da Alemanha, a população comemorava, com o maior orgulho, o desempenho dos seus jogadores. A festa entrou pelo domingo afora e ainda hoje, terça-feira, quando escrevo, carros e bicicletas circulam com bandeirinhas, as janelas seguem enfeitadas e quem não tem que ir trabalhar usa camisetas com as cores do país. Suponho que, em termos germânicos, isso corresponda a bem um mês de festa na Bahia.

    Quem assistiu à final, em contrapartida (trocadilhos, por favor), viu a antítese do espírito esportivo - não só na cabeçada do Zidane, mas, sobretudo, na atitude antipática de tantos franceses que, mal desceram do pódio, arrancaram a medalha de segundo lugar do peito, como se ela não valesse nada. Nas ruas de Berlim, onde os italianos faziam festa junto com os alemães, os franceses passavam cabisbaixos, com cara de enterro - embora tenham ficado à frente dos alemães.

    Em esportes individuais, como natação, por exemplo, o segundo lugar é indiscutivelmente melhor do que o terceiro; mas em esportes coletivos, em que times se confrontam em jogos diferentes, cada vez mais me convenço de que, pelo menos, há margem para discussão.

    ***

    Como já se falou, os jogadores e torcedores alemães fizeram por merecer a festa. Nunca assisti a outras copas, mas esta foi um evento muito bem organizado e, ao contrário do que eu imaginava, muito pacífico, pelo menos por onde andei. Os alemães não poderiam ter sido anfitriões mais gentis e hospitaleiros. Como os jornais locais já comemoravam antes mesmo da semifinal, eles foram os campeões do coração das torcidas, der Herz Weltmeister.

    ***

    Coisa bonita de se ver, também, foi a quantidade de brasileiros que, apesar do vexame da seleção, continuaram vestindo a camisa do Brasil e agitando a nossa bandeira. Aliás, achei linda a quantidade de cores e bandeiras pelas ruas de Berlim no dia da final. Havia centenas de poloneses, por exemplo - e o time deles nem se qualificou. Havia montes de croatas, com aquela camiseta medonha de quadradinhos, e japoneses, e coreanos e uma espantosa quantidade de mexicanos, todos orgulhosos das suas nacionalidades; é muito interessante ver uma multidão em que se pode identificar de onde vêm as pessoas. Confesso que me senti envergonhada de ter guardado, tão rápido, a camiseta verde e amarela. Afinal, o país está muito acima do time chinfrim que veio disputar o mundial. Ontem ainda saí com a camisa da Itália, terra da minha Mãe, por quem torci na final e que, pelo menos, me deu um certo gostinho de vitória; era agora ou nunca. Algo me diz que não vai pegar bem fazer isso em Paris, minha próxima parada. Depois, no entanto, volto às nossas cores. Que se envergonhem os jogadores, sobretudo aqueles que não cumpriram o que deles se esperava; mas eu sou brasileira, caramba, e não desisto nunca.

    ***

    A melhor tradução do espírito de fraternidade que reinou entre a maioria dos turistas que vieram para a Copa estava na Bebelplatz, de triste memória, onde, em maio de 1933, os nazistas queimaram milhares de livros que consideravam malsãos. A praça é um espaço amplo onde, hoje, existe um monumento arrepiante relembrando os livros mortos: centenas de estantes vazias, debaixo da terra, que podem ser vistas através de uma abertura de vidro no chão. Nesta temporada, porém, lá está a "United Buddy Bears", exposição itinerante que se define como "a arte da tolerância".

    Aproveitando o mote dos ursos coloridos que pontuam Berlim, um círculo de 142 ursos que, cada qual representando um país, parecem se dar as mãos. Cada um foi feito por um artista local, e é uma delícia ver quantas idéias podem dar certo a partir de uma mesma forma. Eventualmente os ursos vão a leilão, e o dinheiro arrecadado é utilizado para ajudar crianças ao redor do mundo: de 2002 até hoje, os simpáticos bichinhos já conseguiram mais de um milhão de euros. Os recursos do próximo leilão, a ser realizado quando a exposição deixar a Bebelplatz, serão entregues ao projeto Escolas para a África, do Unicef.


    (O Globo, Segundo Caderno, 13.7.2006)






    12.7.06


    Sous le ciel de Paris

    Desculpem o sumiço, mas acabaram-se os créditos do telefone e, quando fui a uma loja da SFR comprar um SimCard local, descobri que tinha esquecido a identidade em casa. Resultado: esta será uma tarefa da qual tentarei me desincumbir amanhã.

    Bia, que estava à minha espera, já esquadrinhou toda a área onde estamos; batemos muita perna durante a tarde e fomos jantar num restaurante que só serve entrecôte com salada e batatas fritas; nem preciso dizer que tudo estava bom demais.

    Faz calor, mas à noite melhora. Tanto que estamos até estudando um tour de bicicleta noturno, de cinco horas, que possivelmente faremos amanhã ou sábado. O 14 Juillet passaremos com o Verissimo e a Lucinha, que estão no maior estresse com a viagem -- vieram de Varig, e os vôos daqui pro Brasil foram suspensos.

    Encerro as transmissões por hoje; estou cansada demais.

    Prometo coisa melhor para amanhã, tá?

    Beijos para todos!






    La vie en rose










    Bleu-blanc-rouge










    Lá vamos nós...










    Rumo a Paris!









    11.7.06


    Última noite em Berlim: tchuss!










    Numa estação meio detonada










    Ein mauer










    Boa viagem, amigos!










    Rumo ao aeroporto










    Sozinha em Berlim

    Todos estão indo embora daqui a meia hora... menos eu!

    Como viemos de Air France, resolvi aproveitar a troca de avião em Paris para esticar lá, até porque uma amiga me emprestou o apartamento.

    Mas quem diz que a agência de turismo entendeu? Eles simplesmente não leram até o fim o email que enviei, ecandidamente confessaram este pequeno deslize: quando deram com a expressão "dia 20", acharam que eu queria ficar NA ALEMANHA até lá.

    Agora, por mais que se goste de um país, por mais que se curta uma cidade, convenhamos que já estou há tempo suficiente aqui!!!

    A Bia já está em Paris, Luis Fernando e Lucinha acabaram de embarcar para lá... e eu só tenho passagem para amanhã.

    Eu quero ir emboooooooooooooooooooooooooooooora!!!

    Vou alugar uma bicicleta e sair por aí, pronto: ficar chorando no quarto é que não adianta.

    * grande, grande suspiro *





    10.7.06


    Jantar de despedida










    A Ilha dos Museus










    Um passeio de barco










    Não posso deixar a Capi ver isso...










    Em toda casa tem um quadro de S. Jorge









    9.7.06


    Domingo em Berlim

    Passei o primeiro tempo da final andando de bicicleta -- as ruas de Berlim estavam completamente vazias, o dia estava lindo, a bicicleta era ótima.

    Como é que eu podia perder essa chance?!

    No segundo tempo, fui me encontrar com a Lucinha. E, como pude constatar quando a turma se reuniu mais tarde no hotel, ficamos meio que na contramão da História -- todos os experts odiaram o jogo, mas nós duas gostamos muito. Só aqueles italianos lindos correndo pra cá e pra lá já eram uma alegria... :-D

    Apesar disso -- de ter gostado do jogo -- fiquei horrorizada com a cabeçada maldosa que o Zidane deu no italiano. Ainda que o outro tenha provocado, é de se imaginar que, em futebol, ninguém chegue ao topo da profissão se não souber ignorar provocações; mas ele agiu como um principiante boçal, encerrando de forma patética uma atuação até aqui impecável.

    Pior ainda foi a absoluta falta de espírito esportivo demonstrada por alguns atletas e pelo técnico (!) do time francês, que mal receberam a medalha de segundo lugar a arrancaram do peito, como se não valesse nada. Que atitude cretina e arrogante, francamente!

    Em contrapartida, deu gosto a alegria dos italianos, por quem eu estava torcendo, e ver, ainda hoje, os alemães contentes da vida com o seu terceiro lugar, todos vestindo a camisa da sua seleção, enrolados na bandeira e usando, cada qual, um adereço de cabeça mais estapafúrdio que o outro.

    Acho que, se fossem baianos, o resultado da Copa era caso para uma semana de comemoração, no barato.

    Outra coisa que gostei de ver: a quantidade de brasileiros que, apesar do vexame dado pela seleção, continuou vestindo a camisa do Brasil e agitando a nossa bandeira. Confesso que fiquei com vergonha de ter guardado a minha camisa -- afinal, o país está acima do time chinfrim que veio disputar este mundial.

    Amanhã ainda é dia de sair com a camisa da Itália, já que algo me diz que não vai pegar bem fazer isso em Paris. Mas depois, voltam as nossas cores.

    Sou brasileira e não desisto nunca.






    Uma cidade só para mim II










    Uma cidade só para mim










    Bia já está em Paris!










    Aqui não tem futebol. Unglaublich!










    Já futebol, neca!










    A Capivara encontra um conhecido










    Um bonde pro Millôrzinho










    Me choca a calma com que pilharam tudo










    Um casal romano










    Shiva










    Este museu é o bicho!










    No Pergamon










    Nova em folha!

    Depois de sei lá quantos dias de estrada e sei lá quantas mudanças de hotel, mesmo os viajantes mais tinhosos começam a esmorecer. Está sendo assim comigo e com a Lucia Veríssimo, que temos mania de desfazer as malas assim que chegamos a um lugar, por menor que seja a estadia, e fazemos questão de manter o quarto arrumado como se fosse a nossa casa.

    Pois hoje, no café da manhã, descobrimos que estamos ambas tirando roupas das malas, cansadas demais para o arruma-desarruma habitual. Eu até consegui fazer uma mala que, em tese, não precisarei mais abrir até a minha chegada ao Brasil; mas continuo mantendo parte das coisas na outra. A única mala inteiramente desfeita foi mesmo a da tecnologia, a de bordo, em que transporto o notebook, as câmeras, os celulares e os conectores.

    Agora acabo de me dar a um luxo a que também não costumo me dar em viagens, porque acho um desperdício de tempo quando se tem tanta coisa nova para ver: tomei um banho de Cleópatra, de duas horas, daqueles de acabar com a água do prédio e causar separação entre casais.

    Antes do banho tirei o esmalte, cortei e lixei as unhas, fiz massagem de óleo no cabelo e usei uma máscara anti-stress no rosto (YIKES!!!); depois, passei todos os cremes e perfume a que tinha direito.

    Pois valeu cada minuto: estou me sentindo um ser humano novo em folha!

    A programação do dia é ir ao Pergamon Museum e ao Museu Judaico e, mais tarde, me encontrar com a Lucinha, a Graça Magalhães (correspondente do Globo aqui em Berlim) e duas outras jornalistas e irmos ao Clube da Imprensa, para assistir lá à final da Copa. É lógico que, das entradas obtidas pelo jornal, nenhuma veio para mim, nem tinha porque vir, até porque acho que já vi tudo de futebol ao vivo que queria ver nesta Copa -- eu teria adorado assistir ao jogo de ontem, mas foi em Stuttgart.

    Acho que já estão confirmados na tribuna de imprensa o Rodolfo, o Tadeu, o Calazans, o Renato Maurício Prado e o Verissimo. Ainda há colegas na lista de espera.

    Enquanto isso, a Bia já deve ter chegado a Paris. Não ficará sozinha: a Fernanda, filha da Lucinha e do Luis Fernando, está lá, e hoje tem até piquenique programado na Vilette; eu continuo tentando conseguir passagem.

    * suspiro *

    E agora, rodas pra que te quero! Bom domingo para vocês... :-D





    8.7.06


    Campeões!

    Sempre achei terceiro lugar em Copa muito melhor do que segundo; quem fica em segundo lugar perde um jogo, quem fica em terceiro ganha. Não consigo explicar as implicações filosóficas desta teoria para nenhum dos meus amigos atletas ou fãs de esporte em geral, mas hoje a Alemanha, finalmente, comprovou a minha tese.

    Se o país tivesse levado a taça, a festa que o pessoal fez no estádio, o buzinaço e a alegria nas ruas não seriam maiores: quem assistiu ao jogo hoje aqui em Berlim, ou em qualquer das cidades alemãs que a TV mostrou, viu um time vitorioso, aclamado por torcedores absolutamente eufóricos. Não sei se ficando em segundo lugar eles teriam esta felicidade.

    Os jogadores e os torcedores merecem a festa. Esta Copa foi um evento bem organizado, pacífico, alegre; os alemães não poderiam ter sido anfitriões mais gentis e hospitaleiros.

    Como os jornais daqui comemoravam antes mesmo da partida de hoje, eles foram os campeões do coração das torcidas, der Herz Weltmeister.






    Trocando idéias sobre o jogo










    A cidade parou para ver o jogo










    O lugar mais perigoso de Berlim










    A Biblioteca Municipal










    O urso favorito da Capivara










    Não é emocionante?










    Ó eu aqui!










    Zanzando pelaí










    Um pombo pensativo









    7.7.06


    Nisso é que dá...










    Chuva de verão










    Ilhada...










    Berlin Alexanderplatz










    Quadro Negro

    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio
    Nunca mais vou reclamar do calor do Rio






    No Altes Museum










    Quero andar num barco desses!










    Aonde vamos?









    6.7.06


    Não era nada...










    Alarme de incêndio no hotel










    Quem parte leva saudades

    Já está virando rotina: novamente escrevo de dentro do trem. Depois de dois dias deliciosos em Hamburgo, na companhia de amigos bípedes e quadrúpedes, volto para Berlim -- constatando, pela enésima vez, como é difícil deixar para trás gente e bichos queridos, cuja vida há tanto tempo acompanho.

    De Hamburgo propriamente dita não cheguei a ver muito, além do centro e da baía do rio Alster. Fazia um calor pra amazonense nenhum botar defeito, e minhas amigas concluíram, mui sabiamente, que tudo o que eu precisava era de descanso e de um pouco de calma e tranqüilidade.

    Assim, fomos para a casa da Antje, outra conhecida de Fotolog. Antje mora a 50 quilômetros de Hamburgo, numa área tão pacífica que as estradas ainda são de terra batida; é indescritível a quantidade de pássaros que se podem ver e sobretudo ouvir no seu jardim.

    A casa da Antje é um capítulo à parte. É da primeira metade do Século XVIII, e desde então conserva-se maravilhosamente de pé com suas vigas de madeira, seus tijolos aparentes e seu telhado de palha. Foi comprada por ela e pelo marido há cerca de 15 anos, num leilão meio blind-date -- os dois viram a casa por fora, mas não podiam ver por dentro.

    Sobrava pouquíssima coisa da estrutura original, mas aos poucos eles refizeram tudo a seu gosto. Ainda há uns tijolos modernos postos pelo proprietário anterior que incomodam a Antje, mas o lugar é um perfeito paraíso, pelo menos numa tarde de verão que vai até às dez da noite, com sol, cheiro de flores no ar e aquele passaredo incrível.

    Tanto Bine e Dani quanto Antje têm lindos gatos, que sempre admirei pela internet. Bine é uma das melhores fotógrafas de bichos e insetos que conheço; Antje topa todas as brincadeiras fotográficas, como números em seqüência, alfabetos, cores, tampas de bueiros e por aí vai. Quando nos deixou na estação, por exemplo, trouxe a câmera porque estava precisando muito de um número 4.

    Todas cozinham incrivelmente bem, o que foi outra benção para quem vinha de tantos dias de comida de hotel e restaurante, e fizeram questão de me mimar a mais não poder. Dani fez uma salada com frango simplesmente deliciosa, Antje assou uma torta e trutas com amêndoas, Bine preparou um magnífico espaguete à bolonhesa para o meu bota-fora.

    A dieta, que eu vinha seguindo com certo cuidado, foi pro espaço; mas vocês hão de convir que eu não podia fazer a desfeita com as minhas amigas de não comer os petiscos que elas prepararam com tanto carinho, né?

    Agora são onze da noite em Berlim e chove fininho lá fora; amanhã, se o tempo melhorar um pouco, passo o dia de bicicleta para expiar o pecado...






    Berlin Alexanderplatz










    Um novo quarto










    Um novo quarto










    Adeus a Bine e Dani










    Mais um gato desmaiado










    Um gato morto de calor










    Novas diretrizes em tempo de derrota



    Futebol é, como dizem por aí, "uma caixinha de surpresas". Pois garanto que cobrir uma Copa do Mundo, para quem nunca viveu antes esta experiência, não fica atrás. Os jogos, os bastidores, a torcida exaltada que vai de extremos de entusiasmo a extremos de fúria no piscar de um chute, a facilidade com que esta torcida inventa refrãos e desanda a berrá-los a uma só voz -- tudo foi novo e surpreendente para mim.

    De todas as experiências que vivi, porém, a mais estranha foi o abrupto dispersar do nosso grupo. No dia da derrota, todos estávamos perplexos e ocupados demais para pensar no dia seguinte. No dia seguinte, contudo, as fichas foram caindo. Meio devagar, porque ninguém vem para uma Copa imaginando o pior -- especialmente o pior de última com que a seleção se despachou. O que faríamos? Para onde iríamos? Quem continuaria escrevendo? Quem voltaria para casa? Embora a Copa continue, ela passou a ser uma Copa sem graça, uma festa dos outros. Quais seriam as novas diretrizes em tempos de derrota?

    Como vocês já sabem, mas nós ainda estávamos pensando, o caderno diminuiu. Com o fim das colunas não esportivas e a redução da cobertura ao vivo, a equipe ficou dividida -- mesmo porque, até para os que escrevem sobre futebol, passou a ser quase impossível conseguir ingressos para os jogos, distribuídos, preferencialmente, a jornalistas dos países que estão em campo.

    Aos que ficaram soltos no ar, foi dada a opção de continuar na Alemanha até o fim da Copa. Uns, que têm férias e já tinham acerto com familiares para encontros depois do dia 10, toparam; outros, loucos para voltar para casa, entraram na batalha das passagens; é que, com a debandada da torcida, os vôos para o Brasil ficaram todos lotados.

    Xexéo, por exemplo, que nunca se deixou enganar por Frankfurt, foi direto para Berlim; eu ainda fiquei um dia na cidade, fazendo as malas e tomando coragem para abandonar o cotidiano com os colegas.

    Até isso foi novidade para mim, viajante habitualmente solitária. Nunca tirei férias em excursão e, mesmo a trabalho, quando faço parte de algum grupo de jornalistas, é sempre gente da área de tecnologia, e para eventos relâmpago. Esses pequenos times costumam ser uma mistureba de nacionalidades, e viagens que duram mais de três dias são consideradas quase exílio. Mal temos tempo para respirar, comer ou conversar uns com os outros.

    Pois aqui convivi durante um mês com a turma mais legal, simpática e solidária de amigos. Todos mantendo o bom humor apesar dos horários bizarros e das condições de trabalho nem sempre ideais, fazendo o possível e o impossível para superar dificuldades, na maior afinação com o time de heróis do Toninho, o editor de esportes, que fechava no Rio, diariamente, o material que mandávamos daqui.

    Se a seleção foi uma decepção geral, a nossa seleção particular de jornalistas foi, para mim, motivo de constante admiração e orgulho. Eu amo esta profissão, amo esses colegas que me fazem sentir parte de um time de craques. Sem falsa modéstia: se a seleção, aquela, jogasse com metade do brio e do entrosamento que todos demonstraram, dos garotos mais novos aos veteranos como o Antonio Maria, que já cobriu nove Copas, ou o Verissimo, constantemente assediado pelos fãs, a taça teria sido nossa.

    Ainda assim, para o bem de todos e felicidade geral da nação, é preferível que eles continuem jogando bola, e nós escrevendo e fotografando.

    * * *

    Neste momento trabalho, mais uma vez, em movimento. É terça-feira, e estou num trem rumo a Hamburgo, onde vou me encontrar com Bine e Antje, duas excelentes fotógrafas e empregadas de gatos que conheci há alguns anos no Fotolog, e com quem continuo convivendo virtualmente através do Flickr. Conheço suas casas e seus gatos, assim como elas conhecem minha casa e minha Família Gato; trocamos informações sobre os quadrúpedes e sabemos das vidas umas das outras. Sempre nos amamos, mas nunca nos vimos.

    Hoje à noite (terça-feira), assistirei ao jogo Itália x Alemanha na casa da Bine. Como os brasileiros, os alemães também fazem festinhas e reuniões para acompanhar os jogos. Será mais uma experiência para acrescentar ao meu diário de bordo: assistir a um jogo inteiro pela televisão e, ainda por cima, narrado em alemão.

    Ainda bem que cinco lindos gatos estarão a postos para me distrair.

    (O Globo, Segundo Caderno, 6.7.2006)





    5.7.06


    Dani










    Wendy










    Billie










    Fazendo nada










    Tarde no campo












    Na casa da Antje










    No porto










    Passeando de barco










    A cidade tem mais canais do que Veneza










    Antje










    Hamburgo









    4.7.06


    Tem umas fotinhas minhas e da Capivara aqui...






    Dani tece uma pulseira para mim










    Bine und die Katzen










    Cansei de traduzir...










    Home away from home










    Bine, para Lucas










    Hamburgo, lá vamos nós!










    Nossos classificados

    Escreve o meu amigo Mario Vianna:
    Estou contratando pessoal recém formado em Comunicação e Desenho Industrial:

    - um(a) web designer com ótimos conhecimentos em Flash MX, Dreamweaver MX e Photoshop.

    - um(a) estagiário(a) para a área de web design com interesse nos 3 softwares acima e muita vontade de aprender.

    Salários: de mercado, variando de acordo com a experiência e conhecimentos do(a) candidato(a).

    Se você conhecer pessoas atrás deste tipo de trabalho, é só pedir para entrar em contato comigo.

    :: mario ::

    UK Design - UK Assessoria e Projetos de Marketing
    Tel / Fax: (21) 2429-7163 / 2429-7157
    Skype: mario.c.sampaio.vianna







    A vista do hotel









    3.7.06


    Querido Diário

    Ontem foi um longo dia. Havia muita coisa para assimilar, fazer, decidir; a principal de todas era saber o destino que o jornal daria ao caderno da Copa. Era certo que ele continuaria até o fim dos jogos -- afinal, não é o caderno da seleção -- mas quais seriam as novas diretrizes em tempos de derrota?

    Pois ficou assim: obviamente, o caderno será reduzido. Com isso, dançaram as colunas "não-futebol", ou seja, a minha e a do Xexéo; e a cobertura ao vivo, daqui, cai pela metade.

    Aos que ficaram soltos, foi dada a opção de continuar na Alemanha até o fim da Copa. Faltam poucos dias para a final, e os hotéis estão todos pagos até lá. Uns, que já tinham acerto com familiares para encontros depois do dia 10, toparam; outros, loucos para voltar para casa, estão agora na batalha das passagens. Os vôos estão lotados.

    Xexéo foi ontem mesmo para Berlim; eu continuei em Frankfurt com o grupo, inclusive porque uma das coisas mais tristes desta final é abandonar o cotidiano com os colegas.

    Até isso foi novidade para mim, viajante habitualmente solitária. Nunca viajei em excursão e, mesmo a trabalho, quando faço parte de algum grupo de jornalistas, é sempre gente da área de tecnologia, para eventos-relâmpago. Os grupos são uma mistureba de nacionalidades, e viagens que duram mais de três dias são consideradas quase exílio. Mal temos tempo para respirar, comer ou conversar uns com os outros.

    Pois aqui convivi durante um mês com o grupo mais legal, simpático e solidário de amigos. Todo mundo mantendo o bom humor apesar dos horários bizarros e das condições de trabalho nem sempre ideais, fazendo o possível e o impossível para superar dificuldades, na maior afinação com o time de heróis do Toninho que, diariamente, fechava, no Rio, o material que a gente mandava daqui.

    Se a seleção foi uma decepção geral, a nossa seleção particular de jornalistas foi, para mim, motivo de constante admiração e orgulho. Eu amo esta profissão, amo esses colegas que me fazem sentir parte de um time de craques.

    Sem falsa modéstia: se a seleção, aquela, jogasse com metade do brio e do entrosamento que todos demonstraram, dos garotos mais novos aos veteranos como o Antonio Maria, que já cobriu nove Copas, ou o Verissimo, constantemente assediado pelos fãs, a taça teria sido nossa.

    Ainda assim, para o bem de todos e felicidade geral da Nação, é preferível que eles continuem jogando bola e a gente escrevendo e fotografando...






    E uma cozinha no armário!










    O banheiro










    Um novo quarto










    Metropolis










    É uma longa viagem...










    Vou danado pra Catende...












    Túnel-espelho










    Vejam que paisagem!










    Sozinhas, rumo a Berlim










    Adeus Frankfurt









    2.7.06


    Maria, Calazans e Renato










    Amanhã vai cada um prum canto










    Comemorando o aniversário do Maria










    Nosso grupo se dispersa










    Já estão em liquidação














    A vida continua. Dizem.









    1.7.06


    Amanhã será outro dia...










    Última visão do estádio










    O verdadeiro futebol brasileiro










    E agora, José?

    Respondendo ao Ribondi, à Mônica L e a quem mais perguntou no post abaixo: apesar de tudo, e por incrível que pareça, a Copa não acabou. Como falta só uma semana pro Gran Finale, é mais do que provável que o jornal continue a publicar o caderno até o fim, conforme estava planejado na hipótese -- que então nos parecia tão provável -- de chegarmos às finais.

    Este é um dilema que atinge a todos os jornalistas que estão aqui. Agora mesmo ouvi um colega do Lance perguntando pra outro quando será decidido o destino deles.

    Eu certamente continuo na Europa; a Bia vem me encontrar no dia 9 para passarmos dez dias em Paris, de modo que vou esticar. Xexéo, que tem planos de ir a Londres depois da Copa, também vai; e o Luis Fernando e a Lucinha, que tem apartamento em Paris, idem.

    Não sei quais são os planos do João Ubaldo, que veio pelo Estadão, e que não encontrei hoje aqui no estádio.

    Se o jornal continuar com o caderno, continuaremos escrevendo, numa boa.






    Não estou preparada para essas coisas...

    Estou na sala de imprensa, de novo pegando uma carona, desta vez no computador do Xexéo.

    O clima aqui é de enterro.

    Os franceses jogaram melhor, foram à luta e continuam na Copa; nós começamos bem, depois sei lá o que aconteceu e entregamos o jogo.

    Eu não estava preparada para isso; apesar dos jogos fracos, era muito bom assistir ao fim de cada partida vencida pelo Brasil -- e havia um tal clima de "já ganhou" em casa, ainda antes de sairmos, que nem me passou pela cabeça que o resultado pudesse ser esta partida pífia e esta derrota mais do que merecida.

    Enfim.

    Agora é sacudir a poeira, dar a volta por cima e tocar a vida.

    * suspiro *






    Escrevendo o que ninguém queria ler










    ...










    A Capivara não quer nem ver










    A Capivara e Sebastian, um fã alemão










    Ai que nervoso!










    Estamos longe do gramado










    Supervisionando as instalações










    O povo chega ao estádio










    Fala sério!

    Acho ridículo jogo de Copa que é decidido no penalti.

    Se é pra ser assim, por que nao no palitinho?






    Se fosse no Brasil...










    Vejam como está isso...










    Le Gros Garçon du Benin










    O centro de imprensa é uma zorra!










    Rumo ao estádio










    Um efeito do K800i










    Nossa equipe, concentrada