28.2.06







A mo�a da capa

Mam�e tem um segredo de beleza: faz anos no dia 29 de fevereiro, o que explica porque o tempo � t�o mais generoso com ela.

H� dois anos, fez 20 anos, �poca em que essas fotos foram feitas; daqui a dois faz 21.

Hoje, dia 28, comemoramos o seu n�o-anivers�rio.

Eu deveria dar os parab�ns a ela mas, na verdade, quem est� de parab�ns somos eu e a Laura, que soubemos escolher a nossa M�e com tanto apuro e sabedoria.

VIVA N�S!!!!






Keaton enfrenta a �gua com galhardia










Tudo pela ci�ncia!










A vista do quarto










O carnaval na TV

Vendo o desfile da Mocidade pela televis�o: est� lindo, mas tem hora que fica dif�cil ag�entar os coment�rios. Uma senhora insiste em repetir que o carnavalesco "faz tudo no computador", como se isso ainda fosse coisa do outro mundo.

-- Ele projeta os carros no computador, modela tudo de forma tridimensional...

-- O modelo das fantasias das baianas foi plotado...

Oh! Modelagem 3D! Plotters!

Estou p�lida de espanto diante de tanta modernidade.

OT 1: Caiu um tor� de todo tamanho aqui na Lagoa, mas pelo visto foi s� para esses lados, a Sapuca� felizmente est� sequinha.

OT 2: A Jussara t� que t�, fazendo uma sensacional cobertura ao vivo por celular. Confiram!






Favorzinho

Povo, por favor, se n�o for pedir demais, d�em um pulo l� no blog do Ribondi e mandem um recado para ele: digam que eu pedi para avisar que blog � coisa que a gente atualiza, assim, pelo menos de mes em mes, pode ser?

Muito obrigada.






Cesta b�sica

Sabem qual � o melhor acess�rio para uma c�mera, digital ou n�o? Uma boa biblioteca de livros de fotografia. Nada ajuda a fotografar melhor do que saber usar bem a c�mera, entender os elementos que se t�m � m�o (ou, mais apropriadamente, ao olho) e desenvolver uma cultura visual na qual se possam encontrar refer�ncias e resson�ncias.

Uma excelente "pedra fundamental" para esta biblioteca acaba de ser lan�ada pela Editora Senac de SP: "O novo manual de fotografia" de John Hedgecoe (304 p�ginas, R$ 90).

O livro � primoroso como concep��o, realiza��o e edi��o. Hedgecoe explica as diferen�as entre os v�rios tipos de c�meras, lentes e filtros (at� um Nokia 3650 est� presente) mas, mais importante do que isso, fala sobre luz, foco, composi��o e os diversos temas ao nosso redor, com tanta propriedade e clareza que � praticamente imposs�vel largar o livro -- h� sempre um macete a mais para se aprender, uma foto a mais para admirar, uma t�cnica a conferir.

Mesmo macacos velhos com anos de estrada t�m material de sobra para se encantar com este trabalho extraordin�rio, que recomendo para todos.

J� para quem gosta de viajar, h� um livro feito sob medida por um dos camaradas que mais viaja neste pa�s: Jos� Ant�nio Ramalho, que percorreu as Am�ricas de teco-teco, foi a Santiago de bicicleta e vive tramando algum roteiro inusitado para registrar. "Fotografando viagens" (Editora Photos, 176 p�ginas, R$ 59) d� virtualmente todas as dicas de que o viajante precisa para fazer um bonito na chegada -- a come�ar por onde obter informa��es sobre os roteiros a serem percorridos. S�o anos de experi�ncia misturados com lindas fotos: um coquetel e tanto!

� da Editora Photos, tamb�m, um livro fundamental para usu�rios de c�meras digitais -- cujo trabalho apenas come�a assim que a foto � feita: "Adobe Photoshop para fot�grafos, designers e operadores digitais", de Altair Hoppe (257 p�ginas, R$ 79). O trabalho que antigamente se fazia em laborat�rio hoje acontece na tela do computador -- e, na maioria dos casos, � realizado com o Photoshop. Pois este livro � um item essencial para a felicidade de qualquer usu�rio de Photoshop: est� cheio de macetes e excelentes exemplos para destrinchar o software (que n�o chega a ser propriamente amig�vel). J� a linguagem do livro �, e esta � uma das suas muitas vantagens: depois de uma explica��o do Altair, tudo fica muito f�cil.

Na cesta b�sica que espalhei em cima da mesa (foto acima), est� tamb�m o livro do Klaus Mitteldorf, nono t�tulo da Cole��o Senac de Fotografia, organizada por Simonetta Persichetti e Thales Trigo. Antes a cole��o j� mostrou o trabalho de Luis Humberto, H�lio Campos Mello, Luiz Carlos Felizardo, Ricardo de Vicq de Cumptich, Thomas Susemihi, Nelson Kon, Paula Sampaio e Jo�o Urban.

� uma escolha variada e original, que foge dos nomes �bvios e mostra um leque variado de olhares. Os livros s�o lindamente impressos e amorosamente editados, t�m cerca de 70 p�ginas e custam R$ 37 cada.

Cliquei-os com o Nokia 6681, mandei a foto por email para mim mesma e, da minha mailbox, para o sistema do jornal: a opera��o toda n�o levou dez minutos. De quebra, voc�s podem ver a c�mera que chegou hoje para teste: a Kodak 570, com duas lentes Schneider, uma delas grande angular. � linda e interessante.

J� vi que vou me divertir um bocado neste carnaval.

(O Globo, Info etc., 27.2.2006)





27.2.06


Bom dia, Tom!










Evo�, cama!

Boa noite, pessoas. Acabo de chegar no samb�dromo, de dar comida para sete quadr�pedes contrariados e estou pronta para desabar.

Vi tr�s desfiles: Salgueiro, que n�o me empolgou nada, Rocinha, que adorei, mas foi infelizmente muito prejudicada por problemas com um carro que quebrou e Imperatriz, que estava perfeita e luxuosa como sempre, mas formal e pesada demais.

Estou torcendo pela Rocinha, embora a escola tenha estourado o tempo e tenha tido desfilado de forma ligeiramente ca�tica (para dizer pouco): os carros estavam lindos, as fantasias super criativas e o samba era �timo.

Fui!

Ah, sim: todas as fotos foram feitas com o Sony Ericsson W800 e enviadas direto do Samb�dromo.






Fim de fantasias










A escola est� muito pesada










Gigogas?!










!










Glub glub










;)










:)










...










Cavalinhos!










Olha a Imperatriz a�, gente!










...










...










As mo�as agradaram...










Intervalo no camarote









26.2.06


Um show, apesar dos problemas










Adriane Galisteu










Ode ao pl�stico










Coitados, chove muito










O desfile est� lindo










Garra � garra!










Rocinha










Uma comidinha light










Eram v�rias caveiras que se amavam...










No fundo do mar










:)










Luma, dedicando-se aos filhos










...










:)










Salgueiro










J� estou a postos...










Mosca e Tutu impregnados de esp�rito carnavalesco










Tou me animando!










Entrando no ritmo









25.2.06


O que ser� o amanh�










O golpe do acidente

O telefone tocou ainda agora.
-- � a dona da casa?
-- �.
-- Aqui � o tenente Jorge Roberto, do 14 Batalh�o da Pol�cia de Tr�nsito, e um familiar seu sofreu um acidente...
-- Cara, voc� acha que eu vou cair neste golpe a essa hora da noite? Vai trabalhar, vagabundo!
Pl�ft (daqui).
Triiiiiiiiiiiiiiiiiim.
-- Minha senhora, a senhora acha que eu ia brincar com uma coisa s�ria dessas?
-- Acho sim. Mas se voc� n�o est� agindo de m� f�, diga o nome do familiar meu que se envolveu nesse tal acidente.
-- Minha senhora, isso n�o sei dizer, porque a pessoa est� desacordada e a ambul�ncia do Corpo de Bombeiros s� nos passou este telefone...
-- Seu vagabundo fdp, voc� n�o tem vergonha de viver de golpe, palha�o? Pilantra!
Pl�ft (de l�).

Ora, faz sentido um socorro que descobre um n�mero de telefone e n�o tem o nome da pessoa desacordada?! Quer dizer que agora as pessoas deixam o documento em casa mas andam com um providencial papelzinho no bolso com o telefone dos familiares?

J� � a segunda vez que tentam isso comigo. Da pr�xima vou dar corda para ver qual � o esquema. Que canalhas! Imaginem agora uma pessoa ing�nua sendo acordada a essa hora com um telefonema desses...






T� boa a coisa










Escolha sua escola










Na sa�da do jornal










Help!

Pessoal: quem quiser pode deixar as doa��es aqui na portaria -- Av. Epit�cio Pessoa 2094. � um pouquinho antes da Gast�o Bahiana.





24.2.06


Prontinho!










Mala do ano

Sei que ainda faltam muitos meses pro ano acabar, mas j� mandei meu voto pro Xex�o: o mala do ano, pra mim, � o Bono.

Como dizem l� na terra dele, com singular propriedade, he overstayed his welcome.






Da mailbox

Uma carta:
"Recebi uma mala direta da Nokia promovendo o 8800 umas semanas atr�s. Devia ter mandado pra voc� ver. Uma caixa de papel�o de uns 40 cm X 10 cm x 3 cm, classuda, bonita e minimalista. Dentro, dois pequenos livretos, um falando do telefone, outro do hotel Fasano. � o seguinte. Se voc� se hospedar no Fasano, eles te d�o um fl�te de Veuve-Clicquot e uma massagem de 15 minutos e outros carinhos, e te emprestam um Nokia 8800 pra voc� usar enquanto estiver hospedado (o custo das liga��es eles acrescentam � conta do hotel). Agora, se voc� comprar o telefone, a� voc� ganha a hospedagem de presente, ingresso pro Baretto com uma garrafa de Veuve, uma massagem de uma hora e outros mimos.

O telefone custa quase R$ 4 mil. Fiquei em d�vida se recebia como cumprimento por eles acharem que eu tenho esse padr�o de vida, ou se como insulto por acharem que eu sou idiota o bastante pra pagar 4 paus num telefone."

E outra:
"Como s�bado a ZS estava um tanto quanto confusa, resolvi fazer meus programas a p�. Depois de me esbaldar no Simpatia � quase amor, em Ipanema, voltei caminhando pela Lagoa at� o Corte Cantagalo, com os minutos contados pra tomar um banho e caminhar, novamente, at� o Copacabana Palace para assistir o show do Rolling Stones.

Eis que, a uma certa altura, me deparei com a coisa mais fofa e branquinha caminhando languidamente pela cal�ada e, para minha surpresa, quando me abaixei e fiz psssssssss, mexendo com as m�os, ela veio como um carneirinho me cheirar. Estava acompanhada do meu namorado, que tamb�m se surpreendeu com tanta do�ura quando, de repente, no meio do nosso embevecimento, l� de dentro do pr�dio veio um porteiro correndo em nossa dire��o. Ele imediatamente falou alguma coisa e a bichinha, obediente, deitou-se olhando-o fixamente nos olhos. O tal homem, ainda nos olhando com ar de desconfiado, pegou a gatinha e come�ou a lev�-la para dentro.

Tentamos estabelecer um m�nimo contato, o suficiente para elogiar o animal e demonstrar a nossa admira��o... E tudo que ele se limitou a dizer foi "J� levaram ele uma vez, � o gato da Dona Cora".

Sendo assim, gostaria de parabeniz�-la n�o s� pela gatinha super gostosa, mas tamb�m pelo porteiro super zeloso!!!"







Emerg�ncia felina!

Escreve a Michelle Camacho:
"Esses dois gatinhos foram encontrados na semana passada de madrugada no bairro da Penha, aqui no Rio. S�o mansos e tranquilos, al�m de muito lindos. Tamb�m j� visitaram a veterin�ria. Quem tiver interesse em adot�-los, por favor entre em contato comigo. Meu telefone celular � 9641-0410 e o da resid�ncia 2290-9241.

Venho tentando ajudar gatos indefesos na �rea que moro, mas estou no limite, infelizmente. A situa��o na Zona Norte � muito triste, pois o preconceito contra gatos � terr�vel. Caso n�o consiga uma ado��o ou local provis�rio para eles, s� me resta procurar um abrigo. E sei que n�o � a melhor solu��o, pois estive na Suipa e situa��o l� tamb�m est� dif�cil.

Caso sejam adotados, pago a castra��o deles."
Pessoas, vamos tentar dar uma vidinha legal para essas duas gracinhas!






Cheguei! E aqui t� todo mundo cantando










...










...










...










No engarrafamento










Est� tudo engarrafado por aqui










Detalhe :-)










Brinquedo novo










Bom dia!









23.2.06


Vejam que interessante!

Voc�s se lembram do que escrevi sobre a tela do Nokia 8800, que seria de "vidro mineral"? Eu questionava que outra esp�cie de vidro poderia existir. Pois o leitor Roberto Cunha acaba de esclarecer parte do mist�rio:
"Cora, existe vidro n�o-mineral, tamb�m conhecido como vidro comum. A mat�ria-prima � o pr�prio quartzo, componente principal da areia, submetido a altas temperaturas, com isso perdendo suas propriedades cristalinas, das quais a dureza � derivada, da� a resist�ncia a riscos. O vidro do Nokia 8800 deve ser feito a partir do corte direto de cristais de quartzo. Ta�as, copos e pe�as decorativas de cristal s�o comuns em lojas de artigos finos (e caros). Em estado natural somente o diamante, o rubi e o top�zio s�o mais duros que o quartzo."
J� � um avan�o, n�? Continuo encafifada com esta defini��o, "vidro mineral", pois ao que eu saiba n�o existe vidro animal ou vegetal, mas aos poucos as diferen�as v�o se esclarecendo...

Muito obrigada, Roberto!






A minha sombra me acompanha










Auto (no t�xi) retrato









22.2.06


Voltando a p� por uma rua vazia










Bom dia!










Geraldinho, Mill�r, Mar�lia










E agora...










Agora � Lupic�nio...










Nosso Caruso particular










Serenata









21.2.06


Chove...
















Outras

Desculpem a overdose, mas eu n�o resisto a esta �rvore!

Ela tem uma das flora��es mais espetaculares que eu conhe�o: num momento voc� olha, nada; em seguida, o p� est� carregado de flores.

Logo bate um vento e pronto, �rvore pelada, ch�o colorido.

Fui limpar o cart�o do telefone e ainda encontrei essas fotos sobrando; sei que fotografar flor � covardia, mas tudo bem...

Covarde sei que me podem chamar,
Porque n�o calo no peito essa dor
Atire a primeira pedra ai ai ai
Aquele que nunca clicou uma flor
... ;-)





20.2.06


Para encher os olhos

Ele � da escola antiga: n�o gosta de digitais, anda sempre com uma Leica no bolso e, salvo rar�ssimas exce��es, teima em fotografar apenas em P&B, apesar de ter cada vez mais dificuldades em encontrar filme e papel. Faz ? e fez ? maravilhas: afinal, s�o 60 anos de estrada, registrados em quase quatro mil negativos. Apesar disso, conhe�o poucos fot�grafos t�o dispostos a apreciar a evolu��o da arte. Uma pequenina ponta do deslumbrante iceberg de imagens de Fl�vio Damm est� em exposi��o na Galeria Soraia Cals, na Rua Marqu�s de S�o Vicente 22, sala 201: uma exposi��o imperd�vel.



Com voc�s, o GSM do ano

O 3GSM, que foi ao ar em Barcelona semana passada, conforme voc�s j� puderam constatar ao longo desta edi��o, � a grande festa do mundo GSM. Tem at� o seu equivalente a um desfile de misses, quando � anunciado o melhor aparelho GSM do ano.

No ano passado, esta honra foi, merecidamente, do D500 da Samsung, um dos telefoninhos mais gostosos do mundo celular; este ano, brilhou a estrela do Nokia 8800, misto de eleg�ncia e tecnologia que conquistou, em menos de seis meses, mais de um milh�o de usu�rios europeus -- e isso a despeito do pre�o estratosf�rico de 800 euros (cerca de R$ 2 mil).

O 8800 -- que ainda n�o tive o prazer de ver em pessoa -- tem corpo de a�o inoxid�vel, tela em "vidro mineral" (isso me intriga: existe vidro n�o-mineral?) que n�o arranha e, supremo toque de classe, trilha sonora exclusiva composta por Ryuichi Sakamoto.

N�o �, logicamente, um modelito para mortais comuns, mas nem � essa a sua inten��o: o objetivo da Nokia, ao lan��-lo, foi oferecer um produto exclusivo, aparentado com j�ias e rel�gios de griffe; a quantidade de usu�rios satisfeitos que encontrou mostra que atingiu seu objetivo -- e que h� mais gente com grana neste mundo do que se imagina.

Com tudo isso, o 8800 n�o chega a ser um campe�o como c�mera ou player. A defini��o de sua c�mera (muito inteligentemente protegida, por sinal) � de apenas 800 x 600; e n�o h� nele espa�o para um cart�o que permita ao usu�rio arquivar mais de 50Mb em m�sicas, o que � bem pouco em padr�es atuais.

(O Globo, Info etc., 20.2.2006)






:-)










Tem coisa mais linda?










Ch�o estrelado










Ningu�m resiste...










Abric� de macaco










Os jardineiros










No meu quintal










Genial!

Liguem o som do computador e vejam isso: mais uma descoberta da Helenice.

N�o sei onde ela acha tanta coisa t�o interessante...






Keaton e os enigmas do hor�rio de ver�o









19.2.06


A carta do Arnaldo

Ontem o meu colega e amigo Arnaldo Bloch escreveu uma carta para mim naquele espa�o em que saem as nossas cr�nicas no Segundo Caderno. Fiquei toda boba...
"Fala, Cora. Vou te dizer: n�o sei exatamente por que comecei a escrever esta carta, mas agora que comecei vou ter que arriscar alguns palpites, sen�o a carta deixa de existir. Podia usar uma daquelas t�cnicas freudianas de associa��o livre de id�ias, tipo uma vez que esqueci o nome do Mick Jagger, sabia que era aquele cara dos Rolling Stones, mas n�o havia meio de me lembrar do nome, ent�o comecei a fazer associa��o livre, fui � m�quina de escrever (naquele tempo ainda usava!) e escrevi um monte de palavras que vinham � cabe�a e depois frases soltas sobre o que eu achava do cara dos Stones, e a� de repente me veio � cabe�a Michael Jackson, mas n�o era nele que estava pensando, e ent�o percebi que Mick Jagger e Michael Jackson come�avam com as mesmas s�labas, e finalmente me lembrei. � Freud!

Mas o que � mesmo que Freud tem a ver com a carta que te escrevo? Ah! Era isso, eu estava querendo saber as raz�es de te escrever. Os palpites. Vamos ver... ser� que � porque ando tirando muita foto de celular por a� (inclusive a do gato a� do lado, na verdade uma gata de Santa Teresa, esqueci, pra variar, o nome)? Ser� que � porque ando gostando de gatos?, que animais extraordin�rios, que almas inexploradas, que crian�as tantas vezes, desprotegidas, e eu que sempre os achava trai�oeiros e intrat�veis...

Fotos de celular... vamos ver... bom, lembro quando Cora come�ou a tirar fotos de celular e public�-las e dizer que era uma nova forma de arte, era �poca daquela febre inicial dos fotologs, at� um fot�grafo chapa das antigas, Frederico Mendes, me disse: "Bloch, faz fotolog!", mas eu j� tinha blog e Panelinha, um pra administrar, outro ? um grupo de e-mails pra sobreviver em meio aos amigos de faculdade mais loucos do planeta (!), na �poca teve gente implicando na internet: "A Cora acha que � s� tirar uma foto torta de c�u que j� virou arte!", ent�o te digo, eu agora, Cora: n�o sei se � arte (e no mais, arte �s vezes � um conceito t�o vol�vel...) mas certamente � uma forma nova de olhar para o mundo vis�vel e tamb�m ao invis�vel de nossas rotinas. Mas... o que estou dizendo? Que o celular � capaz de nos tirar da rotina? Bom, n�o � o celular em si, mas aquela fun��o de se poder apreender imagens com algo que n�o � uma c�mara mas � um pouco extens�o da m�o, como se as m�os fossem olhos e pudessem trazer a qualquer momento a imagem e guardar dentro de si...

J� sei! Escrevi essa carta pra te dizer que os celulares deviam ser c�maras e s�. C�maras no formato de celular, mas sem as fun��es de telefonar e receber telefonemas, que essas acabam enchendo o saco, muitas vezes elas substituem a rotina, quando n�o se usam com sabedoria, mas sabedoria � um tro�o dif�cil, Cora, hoje sei, n�o que esteja me consagrando s�bio, mas enfim, a gente nunca perde a esperan�a. Ent�o pronto! Esta � minha humilde contribui��o � tecnologia de ponta: fa�am o telefone celular que n�o liga, s� tira foto.

Gostou, Cora? Tomara que voc� esteja rindo desse sorriso de crian�a de olhos inteligentes louca por brinquedos novos. Eu tamb�m era assim, mas meu neg�cio era mais Laborat�rio Qu�mico da Estrela, um dia at� bebi uns l�quidos coloridos daqueles, meu amigo Dario diz que � por isso que eu sou assim desse jeito, n�o sei a que jeito ele se refere mas tudo bem, ele � meu amigo, deve ser alguma coisa legal.

Depois veio a �poca de fissura por aparelhagens de som, amplificadores, Receiver Polivox, alto-falantes Bravox, woofer, tweeter, quacker, caixas de madeira (comprei umas outro dia, da Patr�cia irm� do Urubu), cheguei, l� nos tempos da discoteca, a montar com uns amigos, o Daniel e o Gruber, um grupo de dar festas, o Rio Som, tinha at� cart�ozinho. Demos tr�s festas: uma de gra�a pra minha irm�, uma com desconto pro meu primo Alexandre (saudades, cara) e uma pra uma amiga da minha irm�. A festa come�ou meio chocha, eu at� desci do playground para a portaria, mas a� come�ou a tocar "Born to be alive", e eu subi, e estava todo mundo dan�ando, ueba!, mas a� o ventilador que soltava bolhas de espuma caiu em cima do frasco de bolhas, e a espuma concentrada escorreu pelas ventosas do amplificador, e o refr�o da m�sica, festa no auge, se transformou num ruido de disco voador, fiiiiiiiiiuiuiuiuiuuiuuuui, era o som pifando, um pifar estrondoso, e a festa acabou, e o Rio Som faliu, ih, at� rimou com a onomatop�ia.

Deve ser por isso que hoje em dia eu sou meio avesso � tecnologia, por ser muito f�cil, muito perform�tica. Acho, por exemplo, que os gatos s�o melhores do que a tecnologia, por isso �s vezes tento me desligar dela, imagino que voc�, l� no fundo do mar (cacilda, voc� mergulha, n�?), fa�a a mesma coisa.

Bom, era isso, Corita, a carta terminou, mas continuo sem saber direito porque escrevi. Pensando bem, ou n�o pensando em nada, acho que nem precisa. Afinal, foi voc� que batizou meu blog.

Do amigo Arnaldo"






Muito legal!

O Paulo Afonso fez uma colagem com as fotos e um post completo com o meu texto sobre as pedras rolantes: vejam aqui.

Obrigada, amigo!






Olivier, para as meninas











Um zippinho nos Stones!!!

Pesquei esta foto l� no Fotolog dos meus queridos F�bio e Jaqueline, o casal Zipper: certamente clicada pela Jac, que � fot�grafa.

Bah, guris, assim que voc�s est�o no Rio e n�o avisam? Ainda mais com um pi� desses na bagagem?!

Gente, n�o � a coisa mais LINDA este beb�?!

Eu amo esta fam�lia.






Copacabana on the rocks

Estou super cansada para escrever qualquer coisa que fa�a sentido, mas s� para complementar as fotos: o show foi sensacional, especialmente quando os Stones cantaram as m�sicas mais conhecidas. Satisfaction levou a galera ao �xtase, teve gente chorando, gritando e eu mesma fiquei toda arrepiada (e acho que amanh� vou acordar rouca).

Os dinossauros est�o em grande forma. N�o sei o que eles tomam, mas a energia dos v�inhos � simplesmente espantosa, sobretudo a de Mick Jagger. 64 anos com um corpinho de 30 e uma energia de 15; � de deixar qualquer garoto humilhado.

Claro que ele n�o � Mick Jagger s� por causa da energia, ou qualquer maratonista poderia fazer um show igual. O carisma, o dom�nio de palco, a provoca��o, o rebolado, a voz, a express�o: ele � mesmo o cara.

Tamb�m adoro Keith Richards, que cantou uma m�sica nova linda, linda: um balad�o meio folk, chamado, se bem me lembro, This is empty without you.

Este est�, indiscutivelmente, entre os melhores shows internacionais que assisti, junto com Paul McCartney no Maracan�, Neil Young no Rock'in Rio, Roger Waters no Morumbi. Teve tamb�m um show do Grateful Dead em S�o Francisco, numa outra encarna��o, mas desse a minha lembran�a � totalmente impressionista.

* * *

Fiquei na �rea vip que, apesar de lotada, estava muito civilizada; e a impress�o que tive depois, passeando pela praia, foi a de que tudo correu bem. Muita gente pra l� de Bagd�, claro, mas um clima geral de tranq�ila euforia, apesar do cheiro: cerveja demais para banheiro de menos d� nisso.

* * *

Apesar de ter adorado o show e de ainda estar na adrenalina de ter ouvido ao vivo m�sicas que me acompanham a vida inteira, acho um absurdo que a cidade p�re por causa disso. A praia de Copacabana definitivamente n�o tem infra para receber tanta gente, e os moradores do bairro n�o merecem ser penalizados porque a prefeitura decidiu fazer um show dessas dimens�es.

Para quem curtiu o show, tudo estava lindo: a praia, a lua, o tempo firme; para quem mora em Copacabana e n�o gosta de rock, a muvuca foi insuport�vel. �s duas e tanto, enquanto eu vinha caminhando atr�s de um taxi, ainda havia gente fazendo festa. Todos os barzinhos estavam abertos, o tr�nsito n�o transitava, gente mais nervosa buzinava, enfim: absoluto caos.

Como parte da galera que curtiu demais o show, pe�o minha parcela de desculpas ao pessoal de Copa que n�o estava a fim de ver Rolling Stones, e cuja vida virou um inferno nas �ltimas horas.

Se serve de consolo, saibam que muita, mas muita gente gente mesmo viveu uma noite inesquec�vel.

E com isso encerro as transmiss�es por hoje.

Bom domingo para todos!






Fim de festa










As duas Debies









18.2.06


Debie e Olivinha (para o Jo�o Nuno)










Satisfaction!










Eu amo a minha cidade










Start me up










Thanks for the ride










O palco volta










Trabalho bra�al










Muito legal!










O palco vem a�!










Keith d� o recado










IUHUUU!










Blogging Stones










O n�s a� :)










At� que eu consegui um bom lugar, n�?










Todos juntos!










Eu amo a minha cidade!










Coleguinhas










IUHU!










Come�ou!










O palco










Procurando a Bia










Ju e Mariana










Ufa! Chegamos.










Daqui pra frente, s� t�xis e moradores










Keaton inspeciona a porta da vizinha










E tem gente se dando bem










Tem gente que se deu mal










Mas reparem s� no seguran�a l� em cima










No Copa, reina a paz










Os coleguinhas










Tem gente do Brasil inteiro










Estes acham que as pedras acordam cedo










Um lugar � sombra










Olha como j� est� isso!










Esta � a planta, Heliana









17.2.06


Antes da chuva










Eletricista. Casa d� um trabalho...









16.2.06


Fui!










T� cansada...









Da mailbox

Voc� sabe o que � um Tapo�?
Voc� j� viu um Tapo�?
Ou ser� que a sua m�e sempre escondeu o Tapo� de voc�?

Role a tela e descubra: o �nico, verdadeiro Tapo�!









































(A Bia me mandou; adorei!)







'Una furtiva lacrima'

Cesta b�sica de cinema: Woody Allen, os caub�is,
George Clooney e mais umas coisinhas



Um detalhe pequeno (mas importante) que adoro nos filmes de Woody Allen: a abertura, sempre igual, com a mesma tipologia compondo as letras brancas vazadas sobre o fundo preto, enquanto uma m�sica d� o tom do que vir�.

Em "Ponto final -- match point" esta m�sica �, pela primeira vez, uma �ria de �pera: "Una furtiva lacrima", de "O Elixir do Amor", de Donizetti. Mas como Woody Allen � Woody Allen, a grava��o � mono, antiga e aparentemente sem remasteriza��o, e a voz � de Enrico Caruso. � ele tamb�m quem canta "Mi par d�udir ancora", do "Pescador de P�rolas", de Bizet, e outros trechinhos diversos -- inclusive um, informa o Internet Movie Database (imdb para os �ntimos), de Carlos Gomes.

* * *

Com todo este variado card�pio musical, por�m, o que ficou rodando mesmo na vitrola que ainda se esconde num desv�o da minha cabe�a foi a antiq��ssima grava��o da abertura, vinda aparentemente do princ�pio dos tempos. Sinceramente: "Una furtiva lacrima", ouvida assim, d� vontade de cortar os pulsos. N�o � � toa que esta � uma das �rias mais populares da hist�ria.

Atribuo boa parte do clima de "Ponto final -- match point" � sua inesperada e espetacular trilha sonora. A �pera tem uma densidade dram�tica imbat�vel, que sublinha e acentua o destino inelut�vel das personagens. N�o h� jazz, samba ou rock�n roll que fa�am isso.

* * *

O filme (muito pouco "woody-alleniano") � extraordin�rio, uma esp�cie de "Crime e castigo" remixado com Shakespeare e um qu� de trag�dia grega, tenso do come�o ao fim. Uma bola de t�nis filmada em c�mera lenta, que ao bater na rede tanto pode cair para um lado quanto para o outro, � a met�fora perfeita para uma par�bola sobre a sorte, em que, naturalmente, nem sempre as apar�ncias correspondem � realidade. A moral da hist�ria -- cuidado com o que voc� pede aos deuses: eles podem atender ao seu pedido -- n�o chega a ser nova; mas o final �.

H� tempos Woody Allen n�o faz um filme t�o bom.

* * *

Empolgada com esta obra-prima, resolvi botar minha vida cinematogr�fica em dia, e fui assistir tamb�m a "O segredo de Brokeback Mountain". N�o posso dizer que n�o gostei de todo mas, honestamente, n�o cheguei a me entusiasmar como esperava. N�o sei se tinha expectativas demais, ou se, por acaso, um velho preconceito meu n�o veio � tona: salvo rar�ssimas exce��es, odeio filmes de caub�i. N�o consigo me identificar com aqueles personagens, com aquele mundo �spero, com aquele sotaque que d�i no ouvido.

H� momentos de indiscut�vel pung�ncia, como quando Ennis (Heath Ledger) se esconde debaixo de uma ponte para poder gritar a dor da separa��o de Jack (Jake Gyllenhaal) -- que �, no fundo, a eterna dor das separa��es que n�o ousam dizer seu nome, sejam elas entre casais homossexuais ou heterossexuais. Mas, entre um ponto alto aqui e outro ponto alto ali, o que vi foram, essencialmente, muitos momentos longos demais, beirando o t�dio.

* * *

Sa� do cinema com a n�tida impress�o de ter visto algo muito parecido h� muito, muito tempo; algo que, na �poca, mexeu bem mais comigo do que, agora, a saga dos desconsolados caub�is de Ang Lee. O filme, de 1978, com Ellen Burstyn e Alan Alda, se chamava "Tudo bem no ano que vem" (Same time next year, no original); seu car�ter tr�gico n�o era t�o acentuado, mas ali tamb�m estava um casal que, por for�a das circunst�ncias, era obrigado a se contentar com encontros casuais, e a quem o destino, caprichosamente, negava um Final Feliz.

* * *

Independentemente do au� que est� sendo feito em torno de "O segredo de Brokeback Mountain", para mim, o grande filme sobre a descoberta do amor homossexual continua sendo "Maurice", de James Ivory, baseado no romance de E. M. Foster. Feito h� quase 20 anos, em 1987, quando Hugh Grant ainda era um nome desconhecido no elenco, ele � envolvente, triste e sensual, uma verdadeira j�ia hoje perdida nas locadoras.

* * *

Tamb�m vi "Boa noite, boa sorte", de George Clooney. � �timo! Voc�s sabem, claro: este � aquele filme em P&B que mostra o duelo verbal entre o apresentador Edward R. Murrow (David Strathairn, perfeito) e o senador Joseph McCarthy (ele mesmo, em fitas antigas). Qualquer semelhan�a entre a ca�a �s bruxas da �poca (que passou � Hist�ria com o apropriado nome de "macartismo") e a atual paran�ia anti-terrorista americana n�o � mera coincid�ncia -- mas diga-se a favor do diretor e do roteirista que eles confiaram na intelig�ncia da plat�ia e n�o for�aram a m�o em momento algum.

Grande arte.

* * *

Apesar de estarmos apenas em fevereiro, acho que vai ser dif�cil vermos filme t�o lindo e dolorido este ano quanto "2046 -- os segredos do amor".


(O Globo, Segundo Caderno, 16.2.2005)





15.2.06


Amici










T� nem a�...










Soninho bom










Do lado de c�










Chez Bianco










A caminho










Keaton e a aula de alem�o









Parab�ns, Paulinho!

Ontem, dia 14 de fevereiro, Saint Valentine's Day, foi o anivers�rio do Paulinho. Foi uma data confusa no cora��o da fam�lia, uma data dif�cil de comemorar, voltando do cemit�rio onde nos despedimos do tio Am�rico.

Como � que a gente faz para se sentir feliz com o cora��o pesado?

Mas eu amo muito o meu filhote, o meu b�pede queridinho que mora l� longe e de quem sinto tantas saudades; n�o quero que esta data passe em branco, sem os parab�ns e o carinho que ele merece.

Afinal, n�o � todo dia que a gente faz 35 anos.

Nem � todo dia que a gente d� um susto desses na m�e da gente: como, 35 anos?!

35?!

Aquele beb�zinho?!

J� avisei a ele: de agora em diante, pode come�ar a mentir a idade...

Parab�ns, Paulinho meu bem.

Que voc� seja feliz e venturoso durante muitos e muitos anos ao lado da Kelyndra e dos meus bipinhos pequeninos.





14.2.06


Ele est� se guardando pra quando o carnaval passar...

Pessoas, acabo de conversar -- longamente, as usual ;-) -- com o Ribondi. Eu j� estava contando com ele aqui neste fim-de-semana, mas o trabalho em Bras�lia est� puxado mesmo, e ele n�o vai poder vir antes do carnaval.

Eu disse que tudo bem, que a gente espera.

Ele nos achou muito compreensivos e mandou um beijo grande para todos.






A long day's journey into night










Miss�o cumprida












Sempre detesto as fotos que fazem de mim; esta foi a �nica foto digital que tirei com tio Am�rico de que gostei.
� de 2000, e foi feita pela Laura.



No �ltimo almo�o de fam�lia em casa do tio, em dezembro passado, tirei esta foto com um dos celulares: Laura, Bia, tio Am�rico e Mam�e.

Tio Am�rico


Meu tio Am�rico Gard�s (Gard�s Imre, em h�ngaro) tra�ou planos de vida na juventude. Matriculou-se na faculdade de medicina, casou-se com tia Clara, irm� do meu Pai, e certamente teria sido um grande m�dico em Budapeste, pai de meia d�zia de filhos, se os nazistas n�o pusessem fim aos seus sonhos.

Quando o casal conseguiu chegar ao Brasil, no fim da guerra, o tempo e as vissicitudes haviam deixado suas marcas; j� era tarde para pensar em filhos, e aprender uma l�ngua e um pa�s novos para obter o diploma v�lido aqui eram obst�culos grandes demais para quem vinha do inferno.

Meu tio optou por construir um tear, como os que vira na sua inf�ncia: aquele mesmo, que Rachel de Queiroz descreveu na cr�nica que reproduzi h� duas semanas. Era jeitoso, o meu tio, e logo tinha uma pequena f�brica, o Linif�cio Gard�s, de sociedade com o cunhado Estev�o, casado com tia Eva, a outra irm� do meu Pai.

Quando os grandes produtores de tecido decidiram que aqueles h�ngaros atrevidos tinham ido longe demais, massacraram a fabriqueta. Tio Am�rico perdeu tudo o que tinha, e mais alguma coisa; durante um tempo, vieram, ele e tia Clara, morar conosco no Bairro Peixoto.

Apesar disso, nunca ouvi dele uma queixa, nunca notei nele nenhuma amargura, nenhum rancor contra o destino. Pelo contr�rio: era um homem sempre af�vel e generoso, sempre gentil, sempre de sorriso pronto.

Adorava jogar xadrez, e n�o havia, pelo menos l� em casa, quem pudesse com ele -- nem mesmo Papai, que era muito, muito bom de tabuleiro.

Nos �ltimos anos, vi�vo, distra�a-se passeando por Copacabana, indo at� a Avenida Atl�ntica, sentando num banco e olhando o mar e o movimento dos transeuntes. Sua maior alegria era reunir os sobrinhos (Laura e eu, e Suzana e Estev�o, filhos do seu irm�o Ladislau) com a respectiva filharada em almo�os de s�bado.

Tio Am�rico faleceu ontem, no finzinho da tarde, no Hospital Silvestre, aos 94 anos.

Eu gostava imensamente dele.





13.2.06


Ipanema










As vitrines me vendo passar







Netcat alongando










Rod�zio de colo










Lucas descobriu mesmo um novo point...










Tutu









12.2.06


Lucas e as vantagens da bagun�a










Keaton e a quadratura do c�rculo










Una furtiva lacrima

Uma coisa pequena (mas importante) que eu adoro nos filmes de Woody Allen � a abertura: sempre igual, com as letras com a mesma tipologia vazadas em branco sobre fundo preto, enquanto uma m�sica d� o tom do que vir�.

Em Match Point esta m�sica �, pela primeira vez, uma �ria de �pera: "Una furtiva lacrima", de "O Elixir do Amor", de Donizetti. Mas como Woody Allen � Woody Allen, a grava��o � mono, antiga, aparentemente sem remasteriza��o: Enrico Caruso. � ele tamb�m quem canta "Mi par d'udir ancora", do "Pescador de P�rolas", de Bizet -- uma das minhas �rias favoritas -- e outros trechinhos variados, inclusive um, informa o imdb, de Carlos Gomes.

Mas o que est� rodando na minha cabe�a desde sexta-feira, sem parar, � "Una furtiva lacrima": d� vontade de cortar os pulsos.

N�o � � toa que esta � uma das �rias mais populares de todos os tempos.

O filme � fant�stico, uma esp�cie de "Crime e castigo" remixado com Shakespeare, tenso do come�o ao fim: uma par�bola sobre a sorte, em que nem sempre as apar�ncias correspondem � realidade. Atribuo boa parte deste clima � trilha sonora, composta basicamente de �rias. A �pera tem um densidade dram�tica imbat�vel, que sublinha e acentua o destino das personagens.

A moral da hist�ria -- cuidado com o que voc� pede aos deuses: eles podem atender ao seu pedido -- n�o chega a ser surpreendente; mas o final �.

H� tempos Woody Allen n�o faz um filme t�o bom.





11.2.06


Hoje vamos de pizza










O para�so perdido

Uma colabora��o super especial para este blog feita pelo Alexandre Ribondi: n�o � para quem quer, � para quem pode... ;-)
Montanhas, vales, rios, carneiros (cordeiros de Deus?). Nesta paisagem habitam apenas dois homens, Jack Twist e Ennis del Mar. Ambos t�m 19 anos, a idade do ritual de passagem da inoc�ncia para os entendimentos da vida; encontram-se e caem nos bra�os um do outro. S�o dias de felicidade, amor carnal, entendimento espiritual. At� que, de um ponto mais alto da montanha, o patr�o v� que os dois caub�is n�o s�o mais ing�nuos e que, � sua maneira, provaram do conhecimento humano. S�o demitidos e voltam � cidade. A partir da�, cada um toma o seu rumo.

Este arqu�tipo � a espinha dorsal de Brokeback Mountain, o filme do formosense Ang Lee, que concorre a 8 �scares. Jack e Ennis, por pecarem, s�o expulsos do para�so e v�o de encontro � dana��o eterna. � muito prov�vel que esteja a�, nessa excelente, delicada e po�tica revis�o de um mito ocidental -- o para�so perdido, o "paradise lost" -- a raz�o por que o filme causa impacto t�o profundo e silencioso na plat�ia. E tamb�m ser� esse o motivo por que discutir a homossexualidade � perda de tempo. O que se tem para falar, ao sair do cinema, � mais sobre a trag�dia dos cora��es.

Ennis ama Jack e Jack ama Ennis. S�o rapazes bonitos, mas n�o estonteantemente belos. Poderiam ser nossos vizinhos. O que � estonteante � a paix�o que levam no peito para o resto de suas vidas. E (pela incapacidade de amar) a tormenta de destruir tudo � sua volta. Uma das personagens, ali�s, revela esse vazio desesperador. Em certa ocasi�o, diz "Eu n�o sou nada, n�o tenho lar, por causa de voc�". Mais tarde, quando se d� conta que perdeu tudo e que, inclusive, sua casa carece de cadeiras e mesas, volta a afirmar: "Quem n�o tem nada n�o precisa de nada".

Os nomes das personagens tamb�m parecem contar hist�rias. Um deles � Jack Twist -- twist � retorcer, entortar, deixar de ser reto. O outro � Ennis del Mar -- � do mar, como uma ilha onde n�o h� navio que aporte. Ele se casa com Alma, o que, para n�s, falantes de portugu�s (e espanhol tamb�m) tem um significado que n�o passa em branco.

Brokeback Mountain n�o � um filme gay. N�o � um filme sobre a moral nos cafund�s do Judas nos anos 60. N�o se iludam, n�o. O tempo, o local e os corpos dos amantes s�o circunstanciais. As pragas da solid�o, da incapacidade de viver o amor, da percep��o de que tudo poderia ter sido melhor do que �, nos acompanham hoje tamb�m. E quem achar que, pelo fato de haver beijos de l�bios masculinos e encontros carnais sem genit�lia feminina, o tema est� circunscrito ao universo homossexual, vai deixar de mergulhar (com roupa e tudo) numa aventura que diz respeito a todo mundo. Afinal, vivemos numa cultura que nos ensina que um dia, num tempo m�tico e distante, perdemos o para�so -- para sempre.

(Alexandre Ribondi)





10.2.06


Ufa!










Hello, carbon monoxide...





(The air, the air, is everywhere.)






Quando chegarei em casa?










No elevado










Engarrafada










Como chove!










Fim de feira










Ipanema










Um click da entrevista




O meu amigo Mario Vianna fotografou, que simpatia!

Obrigada mesmo, querido.





9.2.06


Fazendo hora










Entrevista

Para voc�s n�o reclamarem que eu n�o aviso (viu, Lucas?): hoje � noite, �s 21h30, vai ao ar a entrevista que o Edney Silvestre fez comigo ontem para o Espa�o Aberto, na GloboNews.






B�pedes, quadr�pedes e
algumas hist�rias

Enquanto o criadouro do secret�rio cresce com
recursos p�blicos, os animais cariocas sofrem


No final do ano passado, o rep�rter Luiz Ernesto Magalh�es descobriu uma esp�cie de maiaduto animal entre as secretarias municipais do Meio Ambiente e de Promo��o e Defesa dos Animais. Por ter fornecido duas jacutingas para o Rio Zoo, o secret�rio Victor Fasano credenciou-se a receber, a t�tulo de "colabora��o cient�fica", R$ 260 mil dos contribuintes, muitos dos quais, suponho, n�o teriam a menor dificuldade em listar dezenas de dota��es mais urgentes para essa dinheirama. At� eu, que amo animais e considero que vidas n�o t�m pre�o, acho meio caro R$ 260 mil por duas jacutingas.

Reconhe�o, contudo, que, n�o estando acostumada ao com�rcio de aves ex�ticas como est� o secret�rio, n�o tenho a sua capacidade para avaliar representantes desta esp�cie de Cracidae. Vai ver, R$ 130 mil por uma jacutinga � uma baita pechincha -- e a gente aqui chiando diante do grande neg�cio feito pelo Rio Z�o. Vai ver, tamb�m, o secret�rio investiu mesmo todo o dinheiro que recebeu no seu criadouro de aves, e n�o na mans�o que l� vem sendo constru�da. Imaginem se um secret�rio do quilate do senhor Fasano, escolhido a dedo pelo alcaide, vai usar dinheiro p�blico em proveito pr�prio! Impens�vel. Voc�s v�o ver: com os R$ 780 mil que receber� at� abril, vamos ter no zool�gico jacutinga saindo pelo ladr�o (oops, escapou-se-me).

Acontece que nem todo mundo acredita na boa f� do secret�rio. Em dezembro passado, quando O GLOBO publicou a s�rie sobre o maiaduto, andaram at� falando numa CPI para investigar a origem e o uso do R$ 1,04 milh�o dados ao senhor Fasano para a melhor presta��o de seus relevantes servi�os av�colas Felizmente, o secret�rio n�o precisa temer tal indignidade. Numa cidade que ainda nem sabe se vai ter C�mara de Vereadores funcionando, imaginem se algu�m vai se lembrar de levar uma bobagem dessas adiante.

Al�m disso, o prefeito C�sar Maia est� content�ssimo com o desempenho do seu favorito. Tendo feito h� tempos sua escolha preferencial pelos ratos, e ansioso para apresentar aos visitantes do Pan um Rio livre de b�pedes e quadr�pedes indesej�veis, ele encontrou no senhor Fasano o aliado ideal. Por isso, noutro dia, aumentou a sua �rea de atua��o: agora, a Secretaria de Promo��o e Defesa dos Animais � respons�vel tamb�m pelo CCZ, o Centro de Controle de Zoonoses, mais conhecido como carrocinha. O prefeito, como todo mundo sabe, � um homem pr�tico. Com uma canetada s� matam-se milhares de c�es e gatos abandonados.

* * *

Por�m, enquanto o senhor Victor Fasano consola-se das cr�ticas � sua p�fia atua��o na novela ouvindo o canto das jacutingas e o tilintar das moedas, a vida dos animais abandonados do Rio vai de mal em pior. Os poucos servi�os que existiam em seu benef�cio foram extintos ou est�o � beira da extin��o, como o conv�nio para castra��o feito com a Est�cio de S�; veterin�rios, ra��o para bichos de �reas carentes, campanhas educativas, nada disso existe mais. A Sepda, criada para defender os animais abandonados, aliou-se aos piores inimigos dessas pobres criaturinhas. No Jockey Clube, zona n�mero um de exterm�nio de gatos do Rio, onde impera a coniv�ncia com a Sepda, os funcion�rios e protetores acabam de ser terminantemente proibidos de alimentar os gatos, e a �gua que algumas almas piedosas lhes trazem �s escondidas � jogada fora. A exce��o � o famigerado gatil (considerado um "modelo" pelo senhor Fasano), onde os gatos recebem comida mas morrem de doen�as e de descaso. Ou seja: gato no Jockey est� condenado a morrer de inani��o ou por neglig�ncia, como tantos e tantos j� morreram.

Em breve n�o haver� um �nico gato no elegante clube, para g�udio do diretor Elazar David Levy. E os ratos ter�o plena liberdade de a��o.

Para sorte dos bichos abandonados, nem todo mundo � Victor, C�sar ou Elazar: h� na cidade muitas pessoas de bom cora��o. Neste momento, um pequeno grupo tenta, desesperadamente, encontrar bons lares para cerca de uma d�zia de gatos, todos lindos e bem tratados, que pertenciam a um rapaz que faleceu. A fam�lia, que nunca o visitou no hospital e sequer pagou o enterro, providenciado gra�as a uma vaquinha entre os amigos, expulsou os quadr�pedes assim que tomou posse do im�vel em que viviam.

Os gatos est�o em abrigos tempor�rios, tristes e angustiados com a reviravolta em suas vidinhas. S�o carinhosos e meigos, e ser�o �timos companheiros para quem os adotar. Sua hist�ria, suas fotos e os telefones para contato com as pessoas extraordin�rias que est�o cuidando deles podem ser encontrados em www.adoteumgatinho.blogspot.com.

(O Globo, Segundo Caderno, 9.2.2006)





8.2.06


Eu amo a minha cidade










Chamego










:-)










Eu amo a minha cidade










Bia, no trabalho















Treo 650: del�cia!

Ele n�o � propriamente um telefone estiloso, n�o chega a ser uma c�mera de boa resolu��o ou um player fashion; mas se voc� estiver com um deles, n�o precisar� levar computador para lugar nenhum, e nunca ficar� desconectado ou sem divers�o (a menos que deixe de recarreg�-lo -- apesar da bateria valente).

O Treo 650, sucessor do Treo 600, crossover de Palm e celular, � uma m�quina inteligente e poderosa. A c�mera (640 x 480) deixa a desejar nesses tempos de megapixels, mas a verdade � que est� longe de ser o principal feature de um produto que tem 1001 utilidades ? para n�o falar numa das maiores bibliotecas de aplicativos dispon�veis no mercado.

Tudo o que roda em qualquer Palm roda no Treo 650, com a diferen�a que ele n�o precisa de cart�es ou sincronia com PC para se conectar � internet. Visualmente, ele � quase igual ao seu irm�o mais velho -- mas este "quase" faz muita diferen�a, a come�ar pela tela, ruim no 600, excelente no 650, e nas teclas, que oferecem melhor apoio aos dedos.

Como bom smartphone que �, ele pode ser usado at� a bordo: basta desconectar a fun��o fone. Bom demais!

(O Globo, Info etc., 8.2.2006)





7.2.06


Vai na paz, Phil

Not�cia muito, muito triste nos coment�rios. Escreve Andre Arruda:
"Cor�ssima e Amigos,

� com muita tristeza que sou obrigado a comunicar que o nosso Felipe Bonan, o Phil, n�o resistiu e morreu esta noite, de infec��o generalizada, no hospital Quinta D'Or.

O meu muito muito obrigado, em meu nome e dos meu amigos pela corrente de solidadariedade que foi formada a partir deste blog.

Um beijo a todos,

Andre Arruda"
Eu n�o conheci o Phil; mas acompanhei a luta incessante dos seus amigos atrav�s de emails, blogs, fotologs e Orkut para buscar doadores de sangue, e acompanhando esta luta, descobri um cara bacana, divertido, capaz de despertar muita amizade e bons sentimentos nas pessoas.

Estava torcendo por ele desde a primeira not�cia do acidente, dada pelo Andre, e, talvez por causa da incr�vel corrente de solidariedadae que se formou, n�o s� aqui no blog, mas na web inteira, estava convencida de que ele ia escapar dessa, firme e forte.

Que tristeza.






Emerg�ncia felina

Voc�s se lembram daqueles gatinhos lindos cujo dono faleceu, e cuja fam�lia os expulsou de casa assim que tomou posse do im�vel? Pois a situa��o dos coitadinhos continua cr�tica. Leiam o que escreveu a Valeria Cordeiro:
"Houve uma reviravolta na situa��o dos gatinhos do falecido Ricardo. A �nica pessoa do grupo que era amiga pessoal dele, e que prontamente se ofereceu para acolh�-los em sua casa at� que todos fossem adotados, supreendeu-nos com um ultimato no �ltimo fim de semana: que n�s retir�ssemos todos os gatos de sua casa de imediato, pois ela estava de "saco cheio" (suas pr�prias palavras) e precisava de tempo para suas atividades de lazer (ainda que n�s estiv�ssemos pagando uma pessoa para ir na casa dela todo dia, exclusivamente para alimentar os gatos e limpar o que eles sujassem, e ainda que eu fosse l� todos os dias ap�s meu hor�rio de trabalho para fazer a mesma coisa, e ainda que n�s, do grupo, f�ssemos respons�veis por todas as despesas relativas aos felinos).

Concordamos que o direito ao lazer � sagrado, mas n�o precisava jogar na rua os gatos que ela dizia amar tanto...

Bom, gente, foi um sufoco! Ela nos pegou de surpresa, sem nenhuma infraestrutura. Levei os filhotes para minha casa, mas os adultos, provisoriamente, foram para um abrigo razoavelmente limpo, sem contamina��o, mas muito desconfort�vel e calorento, e est�o muito estressados.

As ado��es continuam, e agora o apoio de todos � mais valioso ainda!

Sempre que algu�m se interessar por algum dos gatos, uma pessoa do grupo estar� a postos para traz�-lo at� minha casa, para que o candidato a adotante possa conhec�-lo. E, na medida que for surgindo vaga em meu apartamento, come�arei a tirar alguns do abrigo.

Gente, eles est�o castrados, saud�veis, s�o carinhosos, educados, maravilhosos. E mais uma vez s�o descartados como objetos in�teis, por quem menos se esperava, e n�o est�o entendendo nada...

N�s e eles contamos com o apoio de todos. Gra�as a ajuda de voc�s muitos membros dessa ador�vel fam�lia felina j� est�o felizes em seus novos lares.

Vou continuar atualizando a p�gina e mandando not�c�as.

Divulguem! Tor�am! Vamos continuar perseverando no bem!"






Estreando meu new look ao lado da Ju









6.2.06


Eine Kleine Nachtmusic










O le�o da savana tenta um novo lugar









5.2.06


O �gil le�o da savana abatido pelo calor









4.2.06


Benvindo, Lucas!









3.2.06


Resolvemos repetir a dose; outra receita










Aparece de tudo na reda��o...










Grande id�ia!!!

A Rosana Monteiro, do Viva Mais Feliz, me fez uma linda e comovente homenagem: chamou de Biblioteca Cora R�nai a biblioteca que est� cultivando na sua ONG.

� por enquanto uma biblioteca pequena, de uma uma s� estante; mas com a nossa ajuda pode vir a se tornar uma revolu��o na vida das pessoas a quem ela ajuda.

Vejam a sugest�o do Wilson Cavalcanti:
Proposta: se cada um freq�entador deste Blog enviar um livro, a estante da Biblioteca Cora R�nai logo ficar� cheia... Talvez se pudesse fazer como em "listas de casamento", publicando uma aqui e/ou l�. E assim se come�aria um processo em que seriam enviados os livros que se pede e se precisa, na justa medida do bolso (e do tempo) de cada um... Seria uma boa forma de todos n�s nos solidarizarmos a essa homenagem.
Achei a id�ia maravilhosa!

Vou pedir � Rosana que fa�a listas nas lojas que t�m sistemas online (Submarino, Americanas, Fnac). Quando elas ficarem prontas, aviso a todos, e vou manter um link aqui no blog.






Um bueiro nost�lgico








2.2.06


Urca










Urca










Eu amo a minha cidade










Eu amo a minha cidade










Eu amo a minha cidade










Copacabana










Carmen Miranda, al�m do mito

Uma "reportagem" venenosa e um livro delicioso revelam � cronista, enfim, o lado humano da estrela

At� outro dia, nunca consegui pensar em Carmen Miranda como uma pessoa de verdade. Sei de muitas hist�rias, conheci Aloysio de Oliveira, Mill�r me contou coisas do tempo que passou em Hollywood na sua casa, ao lado de Cesar Lattes e Vinicius, algumas vezes folheei os livros de uma antologia de humor que ela lhe deu e que at� hoje est� no seu est�dio. Cheguei a ter em m�os a plataforma que usou em sua �ltima apresenta��o, no show de Jimmy Durante, amorosa e reverentemente guardada por Ricardo Cravo Albin -- mas, apesar disso, em nenhum momento minha imagina��o conseguiu levar-me al�m de um �cone pr�-fabricado, um produto de exporta��o bem-sucedido, sem liga��o com a realidade.

Vi seus filmes, ouvi sua voz em dezenas de grava��es, vi uma quantidade de shows em sua homenagem -- o mais recente, a maravilha imperd�vel criada por Mar�lia P�ra, em cartaz no Jo�o Caetano.

E nada.

H� 15 dias, encontrei umas revistas velhas na casa da Laura, minha irm�. Na �ltima p�gina de "O Cruzeiro" de 12 de abril de 1952 havia a cr�nica de Rachel de Queiroz sobre meus tios, que reproduzi semana passada; e, no miolo do mesmo exemplar, uma "reportagem" de David Nasser (autor de "A vida trepidante de Carmen Miranda", conforme informa a revista) sobre "a estrela ingrata": "Carmen -- volte para os bugres".

"Carmem � ainda Carmen" -- come�a o texto. -- "Seu sucesso, nos EUA, n�o decresceu e a temporada que realiza no Copacabana prova isto, bem como a recep��o que lhe fazem os texanos, disparando os seus rev�lveres e dando hurras em louvor da fabulosa int�rprete. Num ponto, apenas, Carmen n�o � mais Carmen. � na saudade que n�o tem do Brasil, na indiferen�a que h� alguns anos parece dedicar � sua terra adotiva e � plat�ia que a consagrou, antes de todas as plat�ias do mundo. As reportagens para um pa�s chamado Brasil, localizado no hemisf�rio latino, e onde se fala a l�ngua portuguesa, n�o interessam a Carmen Miranda."

Segundo "O Cruzeiro", para obter as fotos que ilustravam o texto, teve que recorrer a uma ag�ncia francesa: apenas convencida de que as fotos circulariam em Paris, e n�o no Brasil, Carmen teria concordado em faz�-las.

"O Brasil saiu de suas cogita��es art�sticas e n�o figura, sequer, no seu carnet de turista. Nem ao menos para as suas f�rias Copacabana serve. E n�o vem ao Rio, sua cidade de ado��o, nem mesmo em visita aos seus irm�os, aos seus amigos, aos seus f�s. Mesmo assim, teimosamente, o Brasil n�o se esquece de sua favorita. Que aconteceu a Carmen Miranda? Que mal o Brasil lhe fez? Este grande e generoso Brasil, que abriu os bra�os aos nossos pais, imigrantes cheios de esperan�as, que acolheu h� quase meio s�culo a fam�lia do barbeiro Jos� Maria Pinto da Cunha, pai de Carmen Miranda, que abriu os bra�os � pr�pria Carmen Miranda, ainda menina, nascida portuguesa (....)"

"De uma hora para outra, sem nenhuma raz�o presum�vel, (essa mo�a portuguesa) riscou do mapa a grande terra que a hospedou durante tantos anos, esqueceu a l�ngua portuguesa, desaprendeu o ritmo do samba que ela notabilizou, e trocou as rendas da baiana pela fantasia de cow-girl do Texas."

O pior, naturalmente, estava guardado para o fim, para o par�grafo com que David Nasser, o biltre, encerrava a "reportagem":

"N�o tem import�ncia, Carmen. Voc� pode riscar o Brasil de seu calend�rio art�stico. Pode n�o sentir saudade, sequer, da terra que generosamente a acolheu, e dos amigos que deixou aqui. Pode dar-se ao luxo de recusar as p�ginas de uma revista brasileira e dar bananas, como nova Chiquita, � plat�ia que descobriu o seu talento enorme. Quando, por�m, o inverno chegar, quando o frio dos Estados Unidos, no clima e na plat�ia, envolv�-la, quando o imposto de renda americano depen�-la, volte, querida Carmen, para a maloca dos seus bugres. O Brasil a receber� de bra�os abertos, como quando voc� veio de Portugal."

Pois o veneno desta cascavel asquerosa (perd�o, cascav�is!) conseguiu realizar o que nenhuma hist�ria, homenagem ou lembran�a carinhosa conseguira at� ent�o: dar � mo�a por baixo das fantasias e dos turbantes a dimens�o humana que me escapava. A pretensa "reportagem" me causou tal indigna��o, e me deu tanta raiva e tanta pena da sua v�tima, que tudo o que eu queria era voltar no tempo, pegar Carmen Miranda no colo e nin�-la, assegurando-lhe que, exceto nos romances de Harry Potter, n�o se deve dar ouvidos �s serpentes (perd�o, serpentes!).

Resultado: as p�ginas repulsivas da revista me atiraram direto �s p�ginas acolhedoras de "Carmen", de Ruy Castro. Subitamente, senti vontade de saber mais sobre a diva que, afinal, eu era capaz de ver como uma pessoa vulner�vel, de carne e osso.

"Carmen", o livro, � uma felicidade. Escorado numa pesquisa monumental, Ruy Castro criou um retrato vivo, divertido e minucioso, n�o s� de Carmen Miranda, mas de toda a sua �poca; ele nos leva de um balc�o de chapelaria na Rua do Ouvidor � Hollywood dos anos dourados, passando pelo Cassino da Urca e pelos bastidores da Broadway -- e nem nos damos conta de que, em dois tempos, devoramos quase 600 p�ginas.

O que fica claro, terminada a leitura, � que nunca houve mulher como Carmen; e que nunca mais conseguiremos v�-la apenas como um ex�tico produto enlatado.


(O Globo, Segundo Caderno, 2.2.2006)






Cogumelos!









1.2.06


Para que serve um b�pede










Droga, como descobriram meu esconderijo?










Netcat, debaixo do sof�










Tati










Tutu, atr�s da TV










Keaton










Pipoca










Lucas em combate com o tapete










Mosca










Lucas