28.2.06







A moça da capa

Mamãe tem um segredo de beleza: faz anos no dia 29 de fevereiro, o que explica porque o tempo é tão mais generoso com ela.

Há dois anos, fez 20 anos, época em que essas fotos foram feitas; daqui a dois faz 21.

Hoje, dia 28, comemoramos o seu não-aniversário.

Eu deveria dar os parabéns a ela mas, na verdade, quem está de parabéns somos eu e a Laura, que soubemos escolher a nossa Mãe com tanto apuro e sabedoria.

VIVA NÓS!!!!






Keaton enfrenta a água com galhardia










Tudo pela ciência!










A vista do quarto










O carnaval na TV

Vendo o desfile da Mocidade pela televisão: está lindo, mas tem hora que fica difícil agüentar os comentários. Uma senhora insiste em repetir que o carnavalesco "faz tudo no computador", como se isso ainda fosse coisa do outro mundo.

-- Ele projeta os carros no computador, modela tudo de forma tridimensional...

-- O modelo das fantasias das baianas foi plotado...

Oh! Modelagem 3D! Plotters!

Estou pálida de espanto diante de tanta modernidade.

OT 1: Caiu um toró de todo tamanho aqui na Lagoa, mas pelo visto foi só para esses lados, a Sapucaí felizmente está sequinha.

OT 2: A Jussara tá que tá, fazendo uma sensacional cobertura ao vivo por celular. Confiram!






Favorzinho

Povo, por favor, se não for pedir demais, dêem um pulo lá no blog do Ribondi e mandem um recado para ele: digam que eu pedi para avisar que blog é coisa que a gente atualiza, assim, pelo menos de mes em mes, pode ser?

Muito obrigada.






Cesta básica

Sabem qual é o melhor acessório para uma câmera, digital ou não? Uma boa biblioteca de livros de fotografia. Nada ajuda a fotografar melhor do que saber usar bem a câmera, entender os elementos que se têm à mão (ou, mais apropriadamente, ao olho) e desenvolver uma cultura visual na qual se possam encontrar referências e ressonâncias.

Uma excelente "pedra fundamental" para esta biblioteca acaba de ser lançada pela Editora Senac de SP: "O novo manual de fotografia" de John Hedgecoe (304 páginas, R$ 90).

O livro é primoroso como concepção, realização e edição. Hedgecoe explica as diferenças entre os vários tipos de câmeras, lentes e filtros (até um Nokia 3650 está presente) mas, mais importante do que isso, fala sobre luz, foco, composição e os diversos temas ao nosso redor, com tanta propriedade e clareza que é praticamente impossível largar o livro -- há sempre um macete a mais para se aprender, uma foto a mais para admirar, uma técnica a conferir.

Mesmo macacos velhos com anos de estrada têm material de sobra para se encantar com este trabalho extraordinário, que recomendo para todos.

Já para quem gosta de viajar, há um livro feito sob medida por um dos camaradas que mais viaja neste país: José Antônio Ramalho, que percorreu as Américas de teco-teco, foi a Santiago de bicicleta e vive tramando algum roteiro inusitado para registrar. "Fotografando viagens" (Editora Photos, 176 páginas, R$ 59) dá virtualmente todas as dicas de que o viajante precisa para fazer um bonito na chegada -- a começar por onde obter informações sobre os roteiros a serem percorridos. São anos de experiência misturados com lindas fotos: um coquetel e tanto!

É da Editora Photos, também, um livro fundamental para usuários de câmeras digitais -- cujo trabalho apenas começa assim que a foto é feita: "Adobe Photoshop para fotógrafos, designers e operadores digitais", de Altair Hoppe (257 páginas, R$ 79). O trabalho que antigamente se fazia em laboratório hoje acontece na tela do computador -- e, na maioria dos casos, é realizado com o Photoshop. Pois este livro é um item essencial para a felicidade de qualquer usuário de Photoshop: está cheio de macetes e excelentes exemplos para destrinchar o software (que não chega a ser propriamente amigável). Já a linguagem do livro é, e esta é uma das suas muitas vantagens: depois de uma explicação do Altair, tudo fica muito fácil.

Na cesta básica que espalhei em cima da mesa (foto acima), está também o livro do Klaus Mitteldorf, nono título da Coleção Senac de Fotografia, organizada por Simonetta Persichetti e Thales Trigo. Antes a coleção já mostrou o trabalho de Luis Humberto, Hélio Campos Mello, Luiz Carlos Felizardo, Ricardo de Vicq de Cumptich, Thomas Susemihi, Nelson Kon, Paula Sampaio e João Urban.

É uma escolha variada e original, que foge dos nomes óbvios e mostra um leque variado de olhares. Os livros são lindamente impressos e amorosamente editados, têm cerca de 70 páginas e custam R$ 37 cada.

Cliquei-os com o Nokia 6681, mandei a foto por email para mim mesma e, da minha mailbox, para o sistema do jornal: a operação toda não levou dez minutos. De quebra, vocês podem ver a câmera que chegou hoje para teste: a Kodak 570, com duas lentes Schneider, uma delas grande angular. É linda e interessante.

Já vi que vou me divertir um bocado neste carnaval.

(O Globo, Info etc., 27.2.2006)





27.2.06


Bom dia, Tom!










Evoé, cama!

Boa noite, pessoas. Acabo de chegar no sambódromo, de dar comida para sete quadrúpedes contrariados e estou pronta para desabar.

Vi três desfiles: Salgueiro, que não me empolgou nada, Rocinha, que adorei, mas foi infelizmente muito prejudicada por problemas com um carro que quebrou e Imperatriz, que estava perfeita e luxuosa como sempre, mas formal e pesada demais.

Estou torcendo pela Rocinha, embora a escola tenha estourado o tempo e tenha tido desfilado de forma ligeiramente caótica (para dizer pouco): os carros estavam lindos, as fantasias super criativas e o samba era ótimo.

Fui!

Ah, sim: todas as fotos foram feitas com o Sony Ericsson W800 e enviadas direto do Sambódromo.






Fim de fantasias










A escola está muito pesada










Gigogas?!










!










Glub glub










;)










:)










...










Cavalinhos!










Olha a Imperatriz aí, gente!










...










...










As moças agradaram...










Intervalo no camarote









26.2.06


Um show, apesar dos problemas










Adriane Galisteu










Ode ao plástico










Coitados, chove muito










O desfile está lindo










Garra é garra!










Rocinha










Uma comidinha light










Eram várias caveiras que se amavam...










No fundo do mar










:)










Luma, dedicando-se aos filhos










...










:)










Salgueiro










Já estou a postos...










Mosca e Tutu impregnados de espírito carnavalesco










Tou me animando!










Entrando no ritmo









25.2.06


O que será o amanhã










O golpe do acidente

O telefone tocou ainda agora.
-- É a dona da casa?
-- É.
-- Aqui é o tenente Jorge Roberto, do 14 Batalhão da Polícia de Trânsito, e um familiar seu sofreu um acidente...
-- Cara, você acha que eu vou cair neste golpe a essa hora da noite? Vai trabalhar, vagabundo!
Plóft (daqui).
Triiiiiiiiiiiiiiiiiim.
-- Minha senhora, a senhora acha que eu ia brincar com uma coisa séria dessas?
-- Acho sim. Mas se você não está agindo de má fé, diga o nome do familiar meu que se envolveu nesse tal acidente.
-- Minha senhora, isso não sei dizer, porque a pessoa está desacordada e a ambulância do Corpo de Bombeiros só nos passou este telefone...
-- Seu vagabundo fdp, você não tem vergonha de viver de golpe, palhaço? Pilantra!
Plóft (de lá).

Ora, faz sentido um socorro que descobre um número de telefone e não tem o nome da pessoa desacordada?! Quer dizer que agora as pessoas deixam o documento em casa mas andam com um providencial papelzinho no bolso com o telefone dos familiares?

Já é a segunda vez que tentam isso comigo. Da próxima vou dar corda para ver qual é o esquema. Que canalhas! Imaginem agora uma pessoa ingênua sendo acordada a essa hora com um telefonema desses...






Tá boa a coisa










Escolha sua escola










Na saída do jornal










Help!

Pessoal: quem quiser pode deixar as doações aqui na portaria -- Av. Epitácio Pessoa 2094. É um pouquinho antes da Gastão Bahiana.





24.2.06


Prontinho!










Mala do ano

Sei que ainda faltam muitos meses pro ano acabar, mas já mandei meu voto pro Xexéo: o mala do ano, pra mim, é o Bono.

Como dizem lá na terra dele, com singular propriedade, he overstayed his welcome.






Da mailbox

Uma carta:
"Recebi uma mala direta da Nokia promovendo o 8800 umas semanas atrás. Devia ter mandado pra você ver. Uma caixa de papelão de uns 40 cm X 10 cm x 3 cm, classuda, bonita e minimalista. Dentro, dois pequenos livretos, um falando do telefone, outro do hotel Fasano. É o seguinte. Se você se hospedar no Fasano, eles te dão um flûte de Veuve-Clicquot e uma massagem de 15 minutos e outros carinhos, e te emprestam um Nokia 8800 pra você usar enquanto estiver hospedado (o custo das ligações eles acrescentam à conta do hotel). Agora, se você comprar o telefone, aí você ganha a hospedagem de presente, ingresso pro Baretto com uma garrafa de Veuve, uma massagem de uma hora e outros mimos.

O telefone custa quase R$ 4 mil. Fiquei em dúvida se recebia como cumprimento por eles acharem que eu tenho esse padrão de vida, ou se como insulto por acharem que eu sou idiota o bastante pra pagar 4 paus num telefone."

E outra:
"Como sábado a ZS estava um tanto quanto confusa, resolvi fazer meus programas a pé. Depois de me esbaldar no Simpatia é quase amor, em Ipanema, voltei caminhando pela Lagoa até o Corte Cantagalo, com os minutos contados pra tomar um banho e caminhar, novamente, até o Copacabana Palace para assistir o show do Rolling Stones.

Eis que, a uma certa altura, me deparei com a coisa mais fofa e branquinha caminhando languidamente pela calçada e, para minha surpresa, quando me abaixei e fiz psssssssss, mexendo com as mãos, ela veio como um carneirinho me cheirar. Estava acompanhada do meu namorado, que também se surpreendeu com tanta doçura quando, de repente, no meio do nosso embevecimento, lá de dentro do prédio veio um porteiro correndo em nossa direção. Ele imediatamente falou alguma coisa e a bichinha, obediente, deitou-se olhando-o fixamente nos olhos. O tal homem, ainda nos olhando com ar de desconfiado, pegou a gatinha e começou a levá-la para dentro.

Tentamos estabelecer um mínimo contato, o suficiente para elogiar o animal e demonstrar a nossa admiração... E tudo que ele se limitou a dizer foi "Já levaram ele uma vez, é o gato da Dona Cora".

Sendo assim, gostaria de parabenizá-la não só pela gatinha super gostosa, mas também pelo porteiro super zeloso!!!"







Emergência felina!

Escreve a Michelle Camacho:
"Esses dois gatinhos foram encontrados na semana passada de madrugada no bairro da Penha, aqui no Rio. São mansos e tranquilos, além de muito lindos. Também já visitaram a veterinária. Quem tiver interesse em adotá-los, por favor entre em contato comigo. Meu telefone celular é 9641-0410 e o da residência 2290-9241.

Venho tentando ajudar gatos indefesos na área que moro, mas estou no limite, infelizmente. A situação na Zona Norte é muito triste, pois o preconceito contra gatos é terrível. Caso não consiga uma adoção ou local provisório para eles, só me resta procurar um abrigo. E sei que não é a melhor solução, pois estive na Suipa e situação lá também está difícil.

Caso sejam adotados, pago a castração deles."
Pessoas, vamos tentar dar uma vidinha legal para essas duas gracinhas!






Cheguei! E aqui tá todo mundo cantando










...










...










...










No engarrafamento










Está tudo engarrafado por aqui










Detalhe :-)










Brinquedo novo










Bom dia!









23.2.06


Vejam que interessante!

Vocês se lembram do que escrevi sobre a tela do Nokia 8800, que seria de "vidro mineral"? Eu questionava que outra espécie de vidro poderia existir. Pois o leitor Roberto Cunha acaba de esclarecer parte do mistério:
"Cora, existe vidro não-mineral, também conhecido como vidro comum. A matéria-prima é o próprio quartzo, componente principal da areia, submetido a altas temperaturas, com isso perdendo suas propriedades cristalinas, das quais a dureza é derivada, daí a resistência a riscos. O vidro do Nokia 8800 deve ser feito a partir do corte direto de cristais de quartzo. Taças, copos e peças decorativas de cristal são comuns em lojas de artigos finos (e caros). Em estado natural somente o diamante, o rubi e o topázio são mais duros que o quartzo."
Já é um avanço, né? Continuo encafifada com esta definição, "vidro mineral", pois ao que eu saiba não existe vidro animal ou vegetal, mas aos poucos as diferenças vão se esclarecendo...

Muito obrigada, Roberto!






A minha sombra me acompanha










Auto (no táxi) retrato









22.2.06


Voltando a pé por uma rua vazia










Bom dia!










Geraldinho, Millôr, Marília










E agora...










Agora é Lupicínio...










Nosso Caruso particular










Serenata









21.2.06


Chove...
















Outras

Desculpem a overdose, mas eu não resisto a esta árvore!

Ela tem uma das florações mais espetaculares que eu conheço: num momento você olha, nada; em seguida, o pé está carregado de flores.

Logo bate um vento e pronto, árvore pelada, chão colorido.

Fui limpar o cartão do telefone e ainda encontrei essas fotos sobrando; sei que fotografar flor é covardia, mas tudo bem...

Covarde sei que me podem chamar,
Porque não calo no peito essa dor
Atire a primeira pedra ai ai ai
Aquele que nunca clicou uma flor
... ;-)





20.2.06


Para encher os olhos

Ele é da escola antiga: não gosta de digitais, anda sempre com uma Leica no bolso e, salvo raríssimas exceções, teima em fotografar apenas em P&B, apesar de ter cada vez mais dificuldades em encontrar filme e papel. Faz ? e fez ? maravilhas: afinal, são 60 anos de estrada, registrados em quase quatro mil negativos. Apesar disso, conheço poucos fotógrafos tão dispostos a apreciar a evolução da arte. Uma pequenina ponta do deslumbrante iceberg de imagens de Flávio Damm está em exposição na Galeria Soraia Cals, na Rua Marquês de São Vicente 22, sala 201: uma exposição imperdível.



Com vocês, o GSM do ano

O 3GSM, que foi ao ar em Barcelona semana passada, conforme vocês já puderam constatar ao longo desta edição, é a grande festa do mundo GSM. Tem até o seu equivalente a um desfile de misses, quando é anunciado o melhor aparelho GSM do ano.

No ano passado, esta honra foi, merecidamente, do D500 da Samsung, um dos telefoninhos mais gostosos do mundo celular; este ano, brilhou a estrela do Nokia 8800, misto de elegância e tecnologia que conquistou, em menos de seis meses, mais de um milhão de usuários europeus -- e isso a despeito do preço estratosférico de 800 euros (cerca de R$ 2 mil).

O 8800 -- que ainda não tive o prazer de ver em pessoa -- tem corpo de aço inoxidável, tela em "vidro mineral" (isso me intriga: existe vidro não-mineral?) que não arranha e, supremo toque de classe, trilha sonora exclusiva composta por Ryuichi Sakamoto.

Não é, logicamente, um modelito para mortais comuns, mas nem é essa a sua intenção: o objetivo da Nokia, ao lançá-lo, foi oferecer um produto exclusivo, aparentado com jóias e relógios de griffe; a quantidade de usuários satisfeitos que encontrou mostra que atingiu seu objetivo -- e que há mais gente com grana neste mundo do que se imagina.

Com tudo isso, o 8800 não chega a ser um campeão como câmera ou player. A definição de sua câmera (muito inteligentemente protegida, por sinal) é de apenas 800 x 600; e não há nele espaço para um cartão que permita ao usuário arquivar mais de 50Mb em músicas, o que é bem pouco em padrões atuais.

(O Globo, Info etc., 20.2.2006)






:-)










Tem coisa mais linda?










Chão estrelado










Ninguém resiste...










Abricó de macaco










Os jardineiros










No meu quintal










Genial!

Liguem o som do computador e vejam isso: mais uma descoberta da Helenice.

Não sei onde ela acha tanta coisa tão interessante...






Keaton e os enigmas do horário de verão









19.2.06


A carta do Arnaldo

Ontem o meu colega e amigo Arnaldo Bloch escreveu uma carta para mim naquele espaço em que saem as nossas crônicas no Segundo Caderno. Fiquei toda boba...
"Fala, Cora. Vou te dizer: não sei exatamente por que comecei a escrever esta carta, mas agora que comecei vou ter que arriscar alguns palpites, senão a carta deixa de existir. Podia usar uma daquelas técnicas freudianas de associação livre de idéias, tipo uma vez que esqueci o nome do Mick Jagger, sabia que era aquele cara dos Rolling Stones, mas não havia meio de me lembrar do nome, então comecei a fazer associação livre, fui à máquina de escrever (naquele tempo ainda usava!) e escrevi um monte de palavras que vinham à cabeça e depois frases soltas sobre o que eu achava do cara dos Stones, e aí de repente me veio à cabeça Michael Jackson, mas não era nele que estava pensando, e então percebi que Mick Jagger e Michael Jackson começavam com as mesmas sílabas, e finalmente me lembrei. É Freud!

Mas o que é mesmo que Freud tem a ver com a carta que te escrevo? Ah! Era isso, eu estava querendo saber as razões de te escrever. Os palpites. Vamos ver... será que é porque ando tirando muita foto de celular por aí (inclusive a do gato aí do lado, na verdade uma gata de Santa Teresa, esqueci, pra variar, o nome)? Será que é porque ando gostando de gatos?, que animais extraordinários, que almas inexploradas, que crianças tantas vezes, desprotegidas, e eu que sempre os achava traiçoeiros e intratáveis...

Fotos de celular... vamos ver... bom, lembro quando Cora começou a tirar fotos de celular e publicá-las e dizer que era uma nova forma de arte, era época daquela febre inicial dos fotologs, até um fotógrafo chapa das antigas, Frederico Mendes, me disse: "Bloch, faz fotolog!", mas eu já tinha blog e Panelinha, um pra administrar, outro ? um grupo de e-mails pra sobreviver em meio aos amigos de faculdade mais loucos do planeta (!), na época teve gente implicando na internet: "A Cora acha que é só tirar uma foto torta de céu que já virou arte!", então te digo, eu agora, Cora: não sei se é arte (e no mais, arte às vezes é um conceito tão volúvel...) mas certamente é uma forma nova de olhar para o mundo visível e também ao invisível de nossas rotinas. Mas... o que estou dizendo? Que o celular é capaz de nos tirar da rotina? Bom, não é o celular em si, mas aquela função de se poder apreender imagens com algo que não é uma câmara mas é um pouco extensão da mão, como se as mãos fossem olhos e pudessem trazer a qualquer momento a imagem e guardar dentro de si...

Já sei! Escrevi essa carta pra te dizer que os celulares deviam ser câmaras e só. Câmaras no formato de celular, mas sem as funções de telefonar e receber telefonemas, que essas acabam enchendo o saco, muitas vezes elas substituem a rotina, quando não se usam com sabedoria, mas sabedoria é um troço difícil, Cora, hoje sei, não que esteja me consagrando sábio, mas enfim, a gente nunca perde a esperança. Então pronto! Esta é minha humilde contribuição à tecnologia de ponta: façam o telefone celular que não liga, só tira foto.

Gostou, Cora? Tomara que você esteja rindo desse sorriso de criança de olhos inteligentes louca por brinquedos novos. Eu também era assim, mas meu negócio era mais Laboratório Químico da Estrela, um dia até bebi uns líquidos coloridos daqueles, meu amigo Dario diz que é por isso que eu sou assim desse jeito, não sei a que jeito ele se refere mas tudo bem, ele é meu amigo, deve ser alguma coisa legal.

Depois veio a época de fissura por aparelhagens de som, amplificadores, Receiver Polivox, alto-falantes Bravox, woofer, tweeter, quacker, caixas de madeira (comprei umas outro dia, da Patrícia irmã do Urubu), cheguei, lá nos tempos da discoteca, a montar com uns amigos, o Daniel e o Gruber, um grupo de dar festas, o Rio Som, tinha até cartãozinho. Demos três festas: uma de graça pra minha irmã, uma com desconto pro meu primo Alexandre (saudades, cara) e uma pra uma amiga da minha irmã. A festa começou meio chocha, eu até desci do playground para a portaria, mas aí começou a tocar "Born to be alive", e eu subi, e estava todo mundo dançando, ueba!, mas aí o ventilador que soltava bolhas de espuma caiu em cima do frasco de bolhas, e a espuma concentrada escorreu pelas ventosas do amplificador, e o refrão da música, festa no auge, se transformou num ruido de disco voador, fiiiiiiiiiuiuiuiuiuuiuuuui, era o som pifando, um pifar estrondoso, e a festa acabou, e o Rio Som faliu, ih, até rimou com a onomatopéia.

Deve ser por isso que hoje em dia eu sou meio avesso à tecnologia, por ser muito fácil, muito performática. Acho, por exemplo, que os gatos são melhores do que a tecnologia, por isso às vezes tento me desligar dela, imagino que você, lá no fundo do mar (cacilda, você mergulha, né?), faça a mesma coisa.

Bom, era isso, Corita, a carta terminou, mas continuo sem saber direito porque escrevi. Pensando bem, ou não pensando em nada, acho que nem precisa. Afinal, foi você que batizou meu blog.

Do amigo Arnaldo"






Muito legal!

O Paulo Afonso fez uma colagem com as fotos e um post completo com o meu texto sobre as pedras rolantes: vejam aqui.

Obrigada, amigo!






Olivier, para as meninas











Um zippinho nos Stones!!!

Pesquei esta foto lá no Fotolog dos meus queridos Fábio e Jaqueline, o casal Zipper: certamente clicada pela Jac, que é fotógrafa.

Bah, guris, assim que vocês estão no Rio e não avisam? Ainda mais com um piá desses na bagagem?!

Gente, não é a coisa mais LINDA este bebê?!

Eu amo esta família.






Copacabana on the rocks

Estou super cansada para escrever qualquer coisa que faça sentido, mas só para complementar as fotos: o show foi sensacional, especialmente quando os Stones cantaram as músicas mais conhecidas. Satisfaction levou a galera ao êxtase, teve gente chorando, gritando e eu mesma fiquei toda arrepiada (e acho que amanhã vou acordar rouca).

Os dinossauros estão em grande forma. Não sei o que eles tomam, mas a energia dos véinhos é simplesmente espantosa, sobretudo a de Mick Jagger. 64 anos com um corpinho de 30 e uma energia de 15; é de deixar qualquer garoto humilhado.

Claro que ele não é Mick Jagger só por causa da energia, ou qualquer maratonista poderia fazer um show igual. O carisma, o domínio de palco, a provocação, o rebolado, a voz, a expressão: ele é mesmo o cara.

Também adoro Keith Richards, que cantou uma música nova linda, linda: um baladão meio folk, chamado, se bem me lembro, This is empty without you.

Este está, indiscutivelmente, entre os melhores shows internacionais que assisti, junto com Paul McCartney no Maracanã, Neil Young no Rock'in Rio, Roger Waters no Morumbi. Teve também um show do Grateful Dead em São Francisco, numa outra encarnação, mas desse a minha lembrança é totalmente impressionista.

* * *

Fiquei na área vip que, apesar de lotada, estava muito civilizada; e a impressão que tive depois, passeando pela praia, foi a de que tudo correu bem. Muita gente pra lá de Bagdá, claro, mas um clima geral de tranqüila euforia, apesar do cheiro: cerveja demais para banheiro de menos dá nisso.

* * *

Apesar de ter adorado o show e de ainda estar na adrenalina de ter ouvido ao vivo músicas que me acompanham a vida inteira, acho um absurdo que a cidade páre por causa disso. A praia de Copacabana definitivamente não tem infra para receber tanta gente, e os moradores do bairro não merecem ser penalizados porque a prefeitura decidiu fazer um show dessas dimensões.

Para quem curtiu o show, tudo estava lindo: a praia, a lua, o tempo firme; para quem mora em Copacabana e não gosta de rock, a muvuca foi insuportável. Às duas e tanto, enquanto eu vinha caminhando atrás de um taxi, ainda havia gente fazendo festa. Todos os barzinhos estavam abertos, o trânsito não transitava, gente mais nervosa buzinava, enfim: absoluto caos.

Como parte da galera que curtiu demais o show, peço minha parcela de desculpas ao pessoal de Copa que não estava a fim de ver Rolling Stones, e cuja vida virou um inferno nas últimas horas.

Se serve de consolo, saibam que muita, mas muita gente gente mesmo viveu uma noite inesquecível.

E com isso encerro as transmissões por hoje.

Bom domingo para todos!






Fim de festa










As duas Debies









18.2.06


Debie e Olivinha (para o João Nuno)










Satisfaction!










Eu amo a minha cidade










Start me up










Thanks for the ride










O palco volta










Trabalho braçal










Muito legal!










O palco vem aí!










Keith dá o recado










IUHUUU!










Blogging Stones










O nós aí :)










Até que eu consegui um bom lugar, né?










Todos juntos!










Eu amo a minha cidade!










Coleguinhas










IUHU!










Começou!










O palco










Procurando a Bia










Ju e Mariana










Ufa! Chegamos.










Daqui pra frente, só táxis e moradores










Keaton inspeciona a porta da vizinha










E tem gente se dando bem










Tem gente que se deu mal










Mas reparem só no segurança lá em cima










No Copa, reina a paz










Os coleguinhas










Tem gente do Brasil inteiro










Estes acham que as pedras acordam cedo










Um lugar à sombra










Olha como já está isso!










Esta é a planta, Heliana









17.2.06


Antes da chuva










Eletricista. Casa dá um trabalho...









16.2.06


Fui!










Tô cansada...









Da mailbox

Você sabe o que é um Tapoé?
Você já viu um Tapoé?
Ou será que a sua mãe sempre escondeu o Tapoé de você?

Role a tela e descubra: o único, verdadeiro Tapoé!









































(A Bia me mandou; adorei!)







'Una furtiva lacrima'

Cesta básica de cinema: Woody Allen, os caubóis,
George Clooney e mais umas coisinhas



Um detalhe pequeno (mas importante) que adoro nos filmes de Woody Allen: a abertura, sempre igual, com a mesma tipologia compondo as letras brancas vazadas sobre o fundo preto, enquanto uma música dá o tom do que virá.

Em "Ponto final -- match point" esta música é, pela primeira vez, uma ária de ópera: "Una furtiva lacrima", de "O Elixir do Amor", de Donizetti. Mas como Woody Allen é Woody Allen, a gravação é mono, antiga e aparentemente sem remasterização, e a voz é de Enrico Caruso. É ele também quem canta "Mi par d´udir ancora", do "Pescador de Pérolas", de Bizet, e outros trechinhos diversos -- inclusive um, informa o Internet Movie Database (imdb para os íntimos), de Carlos Gomes.

* * *

Com todo este variado cardápio musical, porém, o que ficou rodando mesmo na vitrola que ainda se esconde num desvão da minha cabeça foi a antiqüíssima gravação da abertura, vinda aparentemente do princípio dos tempos. Sinceramente: "Una furtiva lacrima", ouvida assim, dá vontade de cortar os pulsos. Não é à toa que esta é uma das árias mais populares da história.

Atribuo boa parte do clima de "Ponto final -- match point" à sua inesperada e espetacular trilha sonora. A ópera tem uma densidade dramática imbatível, que sublinha e acentua o destino inelutável das personagens. Não há jazz, samba ou rock´n roll que façam isso.

* * *

O filme (muito pouco "woody-alleniano") é extraordinário, uma espécie de "Crime e castigo" remixado com Shakespeare e um quê de tragédia grega, tenso do começo ao fim. Uma bola de tênis filmada em câmera lenta, que ao bater na rede tanto pode cair para um lado quanto para o outro, é a metáfora perfeita para uma parábola sobre a sorte, em que, naturalmente, nem sempre as aparências correspondem à realidade. A moral da história -- cuidado com o que você pede aos deuses: eles podem atender ao seu pedido -- não chega a ser nova; mas o final é.

Há tempos Woody Allen não faz um filme tão bom.

* * *

Empolgada com esta obra-prima, resolvi botar minha vida cinematográfica em dia, e fui assistir também a "O segredo de Brokeback Mountain". Não posso dizer que não gostei de todo mas, honestamente, não cheguei a me entusiasmar como esperava. Não sei se tinha expectativas demais, ou se, por acaso, um velho preconceito meu não veio à tona: salvo raríssimas exceções, odeio filmes de caubói. Não consigo me identificar com aqueles personagens, com aquele mundo áspero, com aquele sotaque que dói no ouvido.

Há momentos de indiscutível pungência, como quando Ennis (Heath Ledger) se esconde debaixo de uma ponte para poder gritar a dor da separação de Jack (Jake Gyllenhaal) -- que é, no fundo, a eterna dor das separações que não ousam dizer seu nome, sejam elas entre casais homossexuais ou heterossexuais. Mas, entre um ponto alto aqui e outro ponto alto ali, o que vi foram, essencialmente, muitos momentos longos demais, beirando o tédio.

* * *

Saí do cinema com a nítida impressão de ter visto algo muito parecido há muito, muito tempo; algo que, na época, mexeu bem mais comigo do que, agora, a saga dos desconsolados caubóis de Ang Lee. O filme, de 1978, com Ellen Burstyn e Alan Alda, se chamava "Tudo bem no ano que vem" (Same time next year, no original); seu caráter trágico não era tão acentuado, mas ali também estava um casal que, por força das circunstâncias, era obrigado a se contentar com encontros casuais, e a quem o destino, caprichosamente, negava um Final Feliz.

* * *

Independentemente do auê que está sendo feito em torno de "O segredo de Brokeback Mountain", para mim, o grande filme sobre a descoberta do amor homossexual continua sendo "Maurice", de James Ivory, baseado no romance de E. M. Foster. Feito há quase 20 anos, em 1987, quando Hugh Grant ainda era um nome desconhecido no elenco, ele é envolvente, triste e sensual, uma verdadeira jóia hoje perdida nas locadoras.

* * *

Também vi "Boa noite, boa sorte", de George Clooney. É ótimo! Vocês sabem, claro: este é aquele filme em P&B que mostra o duelo verbal entre o apresentador Edward R. Murrow (David Strathairn, perfeito) e o senador Joseph McCarthy (ele mesmo, em fitas antigas). Qualquer semelhança entre a caça às bruxas da época (que passou à História com o apropriado nome de "macartismo") e a atual paranóia anti-terrorista americana não é mera coincidência -- mas diga-se a favor do diretor e do roteirista que eles confiaram na inteligência da platéia e não forçaram a mão em momento algum.

Grande arte.

* * *

Apesar de estarmos apenas em fevereiro, acho que vai ser difícil vermos filme tão lindo e dolorido este ano quanto "2046 -- os segredos do amor".


(O Globo, Segundo Caderno, 16.2.2005)





15.2.06


Amici










Tô nem aí...










Soninho bom










Do lado de cá










Chez Bianco










A caminho










Keaton e a aula de alemão









Parabéns, Paulinho!

Ontem, dia 14 de fevereiro, Saint Valentine's Day, foi o aniversário do Paulinho. Foi uma data confusa no coração da família, uma data difícil de comemorar, voltando do cemitério onde nos despedimos do tio Américo.

Como é que a gente faz para se sentir feliz com o coração pesado?

Mas eu amo muito o meu filhote, o meu bípede queridinho que mora lá longe e de quem sinto tantas saudades; não quero que esta data passe em branco, sem os parabéns e o carinho que ele merece.

Afinal, não é todo dia que a gente faz 35 anos.

Nem é todo dia que a gente dá um susto desses na mãe da gente: como, 35 anos?!

35?!

Aquele bebêzinho?!

Já avisei a ele: de agora em diante, pode começar a mentir a idade...

Parabéns, Paulinho meu bem.

Que você seja feliz e venturoso durante muitos e muitos anos ao lado da Kelyndra e dos meus bipinhos pequeninos.





14.2.06


Ele está se guardando pra quando o carnaval passar...

Pessoas, acabo de conversar -- longamente, as usual ;-) -- com o Ribondi. Eu já estava contando com ele aqui neste fim-de-semana, mas o trabalho em Brasília está puxado mesmo, e ele não vai poder vir antes do carnaval.

Eu disse que tudo bem, que a gente espera.

Ele nos achou muito compreensivos e mandou um beijo grande para todos.






A long day's journey into night










Missão cumprida












Sempre detesto as fotos que fazem de mim; esta foi a única foto digital que tirei com tio Américo de que gostei.
É de 2000, e foi feita pela Laura.



No último almoço de família em casa do tio, em dezembro passado, tirei esta foto com um dos celulares: Laura, Bia, tio Américo e Mamãe.

Tio Américo


Meu tio Américo Gardós (Gardós Imre, em húngaro) traçou planos de vida na juventude. Matriculou-se na faculdade de medicina, casou-se com tia Clara, irmã do meu Pai, e certamente teria sido um grande médico em Budapeste, pai de meia dúzia de filhos, se os nazistas não pusessem fim aos seus sonhos.

Quando o casal conseguiu chegar ao Brasil, no fim da guerra, o tempo e as vissicitudes haviam deixado suas marcas; já era tarde para pensar em filhos, e aprender uma língua e um país novos para obter o diploma válido aqui eram obstáculos grandes demais para quem vinha do inferno.

Meu tio optou por construir um tear, como os que vira na sua infância: aquele mesmo, que Rachel de Queiroz descreveu na crônica que reproduzi há duas semanas. Era jeitoso, o meu tio, e logo tinha uma pequena fábrica, o Linifício Gardós, de sociedade com o cunhado Estevão, casado com tia Eva, a outra irmã do meu Pai.

Quando os grandes produtores de tecido decidiram que aqueles húngaros atrevidos tinham ido longe demais, massacraram a fabriqueta. Tio Américo perdeu tudo o que tinha, e mais alguma coisa; durante um tempo, vieram, ele e tia Clara, morar conosco no Bairro Peixoto.

Apesar disso, nunca ouvi dele uma queixa, nunca notei nele nenhuma amargura, nenhum rancor contra o destino. Pelo contrário: era um homem sempre afável e generoso, sempre gentil, sempre de sorriso pronto.

Adorava jogar xadrez, e não havia, pelo menos lá em casa, quem pudesse com ele -- nem mesmo Papai, que era muito, muito bom de tabuleiro.

Nos últimos anos, viúvo, distraía-se passeando por Copacabana, indo até a Avenida Atlântica, sentando num banco e olhando o mar e o movimento dos transeuntes. Sua maior alegria era reunir os sobrinhos (Laura e eu, e Suzana e Estevão, filhos do seu irmão Ladislau) com a respectiva filharada em almoços de sábado.

Tio Américo faleceu ontem, no finzinho da tarde, no Hospital Silvestre, aos 94 anos.

Eu gostava imensamente dele.





13.2.06


Ipanema










As vitrines me vendo passar







Netcat alongando










Rodízio de colo










Lucas descobriu mesmo um novo point...










Tutu









12.2.06


Lucas e as vantagens da bagunça










Keaton e a quadratura do círculo










Una furtiva lacrima

Uma coisa pequena (mas importante) que eu adoro nos filmes de Woody Allen é a abertura: sempre igual, com as letras com a mesma tipologia vazadas em branco sobre fundo preto, enquanto uma música dá o tom do que virá.

Em Match Point esta música é, pela primeira vez, uma ária de ópera: "Una furtiva lacrima", de "O Elixir do Amor", de Donizetti. Mas como Woody Allen é Woody Allen, a gravação é mono, antiga, aparentemente sem remasterização: Enrico Caruso. É ele também quem canta "Mi par d'udir ancora", do "Pescador de Pérolas", de Bizet -- uma das minhas árias favoritas -- e outros trechinhos variados, inclusive um, informa o imdb, de Carlos Gomes.

Mas o que está rodando na minha cabeça desde sexta-feira, sem parar, é "Una furtiva lacrima": dá vontade de cortar os pulsos.

Não é à toa que esta é uma das árias mais populares de todos os tempos.

O filme é fantástico, uma espécie de "Crime e castigo" remixado com Shakespeare, tenso do começo ao fim: uma parábola sobre a sorte, em que nem sempre as aparências correspondem à realidade. Atribuo boa parte deste clima à trilha sonora, composta basicamente de árias. A ópera tem um densidade dramática imbatível, que sublinha e acentua o destino das personagens.

A moral da história -- cuidado com o que você pede aos deuses: eles podem atender ao seu pedido -- não chega a ser surpreendente; mas o final é.

Há tempos Woody Allen não faz um filme tão bom.





11.2.06


Hoje vamos de pizza










O paraíso perdido

Uma colaboração super especial para este blog feita pelo Alexandre Ribondi: não é para quem quer, é para quem pode... ;-)
Montanhas, vales, rios, carneiros (cordeiros de Deus?). Nesta paisagem habitam apenas dois homens, Jack Twist e Ennis del Mar. Ambos têm 19 anos, a idade do ritual de passagem da inocência para os entendimentos da vida; encontram-se e caem nos braços um do outro. São dias de felicidade, amor carnal, entendimento espiritual. Até que, de um ponto mais alto da montanha, o patrão vê que os dois caubóis não são mais ingênuos e que, à sua maneira, provaram do conhecimento humano. São demitidos e voltam à cidade. A partir daí, cada um toma o seu rumo.

Este arquétipo é a espinha dorsal de Brokeback Mountain, o filme do formosense Ang Lee, que concorre a 8 óscares. Jack e Ennis, por pecarem, são expulsos do paraíso e vão de encontro à danação eterna. É muito provável que esteja aí, nessa excelente, delicada e poética revisão de um mito ocidental -- o paraíso perdido, o "paradise lost" -- a razão por que o filme causa impacto tão profundo e silencioso na platéia. E também será esse o motivo por que discutir a homossexualidade é perda de tempo. O que se tem para falar, ao sair do cinema, é mais sobre a tragédia dos corações.

Ennis ama Jack e Jack ama Ennis. São rapazes bonitos, mas não estonteantemente belos. Poderiam ser nossos vizinhos. O que é estonteante é a paixão que levam no peito para o resto de suas vidas. E (pela incapacidade de amar) a tormenta de destruir tudo à sua volta. Uma das personagens, aliás, revela esse vazio desesperador. Em certa ocasião, diz "Eu não sou nada, não tenho lar, por causa de você". Mais tarde, quando se dá conta que perdeu tudo e que, inclusive, sua casa carece de cadeiras e mesas, volta a afirmar: "Quem não tem nada não precisa de nada".

Os nomes das personagens também parecem contar histórias. Um deles é Jack Twist -- twist é retorcer, entortar, deixar de ser reto. O outro é Ennis del Mar -- é do mar, como uma ilha onde não há navio que aporte. Ele se casa com Alma, o que, para nós, falantes de português (e espanhol também) tem um significado que não passa em branco.

Brokeback Mountain não é um filme gay. Não é um filme sobre a moral nos cafundós do Judas nos anos 60. Não se iludam, não. O tempo, o local e os corpos dos amantes são circunstanciais. As pragas da solidão, da incapacidade de viver o amor, da percepção de que tudo poderia ter sido melhor do que é, nos acompanham hoje também. E quem achar que, pelo fato de haver beijos de lábios masculinos e encontros carnais sem genitália feminina, o tema está circunscrito ao universo homossexual, vai deixar de mergulhar (com roupa e tudo) numa aventura que diz respeito a todo mundo. Afinal, vivemos numa cultura que nos ensina que um dia, num tempo mítico e distante, perdemos o paraíso -- para sempre.

(Alexandre Ribondi)





10.2.06


Ufa!










Hello, carbon monoxide...





(The air, the air, is everywhere.)






Quando chegarei em casa?










No elevado










Engarrafada










Como chove!










Fim de feira










Ipanema










Um click da entrevista




O meu amigo Mario Vianna fotografou, que simpatia!

Obrigada mesmo, querido.





9.2.06


Fazendo hora










Entrevista

Para vocês não reclamarem que eu não aviso (viu, Lucas?): hoje à noite, às 21h30, vai ao ar a entrevista que o Edney Silvestre fez comigo ontem para o Espaço Aberto, na GloboNews.






Bípedes, quadrúpedes e
algumas histórias

Enquanto o criadouro do secretário cresce com
recursos públicos, os animais cariocas sofrem


No final do ano passado, o repórter Luiz Ernesto Magalhães descobriu uma espécie de maiaduto animal entre as secretarias municipais do Meio Ambiente e de Promoção e Defesa dos Animais. Por ter fornecido duas jacutingas para o Rio Zoo, o secretário Victor Fasano credenciou-se a receber, a título de "colaboração científica", R$ 260 mil dos contribuintes, muitos dos quais, suponho, não teriam a menor dificuldade em listar dezenas de dotações mais urgentes para essa dinheirama. Até eu, que amo animais e considero que vidas não têm preço, acho meio caro R$ 260 mil por duas jacutingas.

Reconheço, contudo, que, não estando acostumada ao comércio de aves exóticas como está o secretário, não tenho a sua capacidade para avaliar representantes desta espécie de Cracidae. Vai ver, R$ 130 mil por uma jacutinga é uma baita pechincha -- e a gente aqui chiando diante do grande negócio feito pelo Rio Zôo. Vai ver, também, o secretário investiu mesmo todo o dinheiro que recebeu no seu criadouro de aves, e não na mansão que lá vem sendo construída. Imaginem se um secretário do quilate do senhor Fasano, escolhido a dedo pelo alcaide, vai usar dinheiro público em proveito próprio! Impensável. Vocês vão ver: com os R$ 780 mil que receberá até abril, vamos ter no zoológico jacutinga saindo pelo ladrão (oops, escapou-se-me).

Acontece que nem todo mundo acredita na boa fé do secretário. Em dezembro passado, quando O GLOBO publicou a série sobre o maiaduto, andaram até falando numa CPI para investigar a origem e o uso do R$ 1,04 milhão dados ao senhor Fasano para a melhor prestação de seus relevantes serviços avícolas Felizmente, o secretário não precisa temer tal indignidade. Numa cidade que ainda nem sabe se vai ter Câmara de Vereadores funcionando, imaginem se alguém vai se lembrar de levar uma bobagem dessas adiante.

Além disso, o prefeito César Maia está contentíssimo com o desempenho do seu favorito. Tendo feito há tempos sua escolha preferencial pelos ratos, e ansioso para apresentar aos visitantes do Pan um Rio livre de bípedes e quadrúpedes indesejáveis, ele encontrou no senhor Fasano o aliado ideal. Por isso, noutro dia, aumentou a sua área de atuação: agora, a Secretaria de Promoção e Defesa dos Animais é responsável também pelo CCZ, o Centro de Controle de Zoonoses, mais conhecido como carrocinha. O prefeito, como todo mundo sabe, é um homem prático. Com uma canetada só matam-se milhares de cães e gatos abandonados.

* * *

Porém, enquanto o senhor Victor Fasano consola-se das críticas à sua pífia atuação na novela ouvindo o canto das jacutingas e o tilintar das moedas, a vida dos animais abandonados do Rio vai de mal em pior. Os poucos serviços que existiam em seu benefício foram extintos ou estão à beira da extinção, como o convênio para castração feito com a Estácio de Sá; veterinários, ração para bichos de áreas carentes, campanhas educativas, nada disso existe mais. A Sepda, criada para defender os animais abandonados, aliou-se aos piores inimigos dessas pobres criaturinhas. No Jockey Clube, zona número um de extermínio de gatos do Rio, onde impera a conivência com a Sepda, os funcionários e protetores acabam de ser terminantemente proibidos de alimentar os gatos, e a água que algumas almas piedosas lhes trazem às escondidas é jogada fora. A exceção é o famigerado gatil (considerado um "modelo" pelo senhor Fasano), onde os gatos recebem comida mas morrem de doenças e de descaso. Ou seja: gato no Jockey está condenado a morrer de inanição ou por negligência, como tantos e tantos já morreram.

Em breve não haverá um único gato no elegante clube, para gáudio do diretor Elazar David Levy. E os ratos terão plena liberdade de ação.

Para sorte dos bichos abandonados, nem todo mundo é Victor, César ou Elazar: há na cidade muitas pessoas de bom coração. Neste momento, um pequeno grupo tenta, desesperadamente, encontrar bons lares para cerca de uma dúzia de gatos, todos lindos e bem tratados, que pertenciam a um rapaz que faleceu. A família, que nunca o visitou no hospital e sequer pagou o enterro, providenciado graças a uma vaquinha entre os amigos, expulsou os quadrúpedes assim que tomou posse do imóvel em que viviam.

Os gatos estão em abrigos temporários, tristes e angustiados com a reviravolta em suas vidinhas. São carinhosos e meigos, e serão ótimos companheiros para quem os adotar. Sua história, suas fotos e os telefones para contato com as pessoas extraordinárias que estão cuidando deles podem ser encontrados em www.adoteumgatinho.blogspot.com.

(O Globo, Segundo Caderno, 9.2.2006)





8.2.06


Eu amo a minha cidade










Chamego










:-)










Eu amo a minha cidade










Bia, no trabalho















Treo 650: delícia!

Ele não é propriamente um telefone estiloso, não chega a ser uma câmera de boa resolução ou um player fashion; mas se você estiver com um deles, não precisará levar computador para lugar nenhum, e nunca ficará desconectado ou sem diversão (a menos que deixe de recarregá-lo -- apesar da bateria valente).

O Treo 650, sucessor do Treo 600, crossover de Palm e celular, é uma máquina inteligente e poderosa. A câmera (640 x 480) deixa a desejar nesses tempos de megapixels, mas a verdade é que está longe de ser o principal feature de um produto que tem 1001 utilidades ? para não falar numa das maiores bibliotecas de aplicativos disponíveis no mercado.

Tudo o que roda em qualquer Palm roda no Treo 650, com a diferença que ele não precisa de cartões ou sincronia com PC para se conectar à internet. Visualmente, ele é quase igual ao seu irmão mais velho -- mas este "quase" faz muita diferença, a começar pela tela, ruim no 600, excelente no 650, e nas teclas, que oferecem melhor apoio aos dedos.

Como bom smartphone que é, ele pode ser usado até a bordo: basta desconectar a função fone. Bom demais!

(O Globo, Info etc., 8.2.2006)





7.2.06


Vai na paz, Phil

Notícia muito, muito triste nos comentários. Escreve Andre Arruda:
"Coríssima e Amigos,

É com muita tristeza que sou obrigado a comunicar que o nosso Felipe Bonan, o Phil, não resistiu e morreu esta noite, de infecção generalizada, no hospital Quinta D'Or.

O meu muito muito obrigado, em meu nome e dos meu amigos pela corrente de solidadariedade que foi formada a partir deste blog.

Um beijo a todos,

Andre Arruda"
Eu não conheci o Phil; mas acompanhei a luta incessante dos seus amigos através de emails, blogs, fotologs e Orkut para buscar doadores de sangue, e acompanhando esta luta, descobri um cara bacana, divertido, capaz de despertar muita amizade e bons sentimentos nas pessoas.

Estava torcendo por ele desde a primeira notícia do acidente, dada pelo Andre, e, talvez por causa da incrível corrente de solidariedadae que se formou, não só aqui no blog, mas na web inteira, estava convencida de que ele ia escapar dessa, firme e forte.

Que tristeza.






Emergência felina

Vocês se lembram daqueles gatinhos lindos cujo dono faleceu, e cuja família os expulsou de casa assim que tomou posse do imóvel? Pois a situação dos coitadinhos continua crítica. Leiam o que escreveu a Valeria Cordeiro:
"Houve uma reviravolta na situação dos gatinhos do falecido Ricardo. A única pessoa do grupo que era amiga pessoal dele, e que prontamente se ofereceu para acolhê-los em sua casa até que todos fossem adotados, supreendeu-nos com um ultimato no último fim de semana: que nós retirássemos todos os gatos de sua casa de imediato, pois ela estava de "saco cheio" (suas próprias palavras) e precisava de tempo para suas atividades de lazer (ainda que nós estivéssemos pagando uma pessoa para ir na casa dela todo dia, exclusivamente para alimentar os gatos e limpar o que eles sujassem, e ainda que eu fosse lá todos os dias após meu horário de trabalho para fazer a mesma coisa, e ainda que nós, do grupo, fôssemos responsáveis por todas as despesas relativas aos felinos).

Concordamos que o direito ao lazer é sagrado, mas não precisava jogar na rua os gatos que ela dizia amar tanto...

Bom, gente, foi um sufoco! Ela nos pegou de surpresa, sem nenhuma infraestrutura. Levei os filhotes para minha casa, mas os adultos, provisoriamente, foram para um abrigo razoavelmente limpo, sem contaminação, mas muito desconfortável e calorento, e estão muito estressados.

As adoções continuam, e agora o apoio de todos é mais valioso ainda!

Sempre que alguém se interessar por algum dos gatos, uma pessoa do grupo estará a postos para trazê-lo até minha casa, para que o candidato a adotante possa conhecê-lo. E, na medida que for surgindo vaga em meu apartamento, começarei a tirar alguns do abrigo.

Gente, eles estão castrados, saudáveis, são carinhosos, educados, maravilhosos. E mais uma vez são descartados como objetos inúteis, por quem menos se esperava, e não estão entendendo nada...

Nós e eles contamos com o apoio de todos. Graças a ajuda de vocês muitos membros dessa adorável família felina já estão felizes em seus novos lares.

Vou continuar atualizando a página e mandando notícías.

Divulguem! Torçam! Vamos continuar perseverando no bem!"






Estreando meu new look ao lado da Ju









6.2.06


Eine Kleine Nachtmusic










O leão da savana tenta um novo lugar









5.2.06


O ágil leão da savana abatido pelo calor









4.2.06


Benvindo, Lucas!









3.2.06


Resolvemos repetir a dose; outra receita










Aparece de tudo na redação...










Grande idéia!!!

A Rosana Monteiro, do Viva Mais Feliz, me fez uma linda e comovente homenagem: chamou de Biblioteca Cora Rónai a biblioteca que está cultivando na sua ONG.

É por enquanto uma biblioteca pequena, de uma uma só estante; mas com a nossa ajuda pode vir a se tornar uma revolução na vida das pessoas a quem ela ajuda.

Vejam a sugestão do Wilson Cavalcanti:
Proposta: se cada um freqüentador deste Blog enviar um livro, a estante da Biblioteca Cora Rónai logo ficará cheia... Talvez se pudesse fazer como em "listas de casamento", publicando uma aqui e/ou lá. E assim se começaria um processo em que seriam enviados os livros que se pede e se precisa, na justa medida do bolso (e do tempo) de cada um... Seria uma boa forma de todos nós nos solidarizarmos a essa homenagem.
Achei a idéia maravilhosa!

Vou pedir à Rosana que faça listas nas lojas que têm sistemas online (Submarino, Americanas, Fnac). Quando elas ficarem prontas, aviso a todos, e vou manter um link aqui no blog.






Um bueiro nostálgico








2.2.06


Urca










Urca










Eu amo a minha cidade










Eu amo a minha cidade










Eu amo a minha cidade










Copacabana










Carmen Miranda, além do mito

Uma "reportagem" venenosa e um livro delicioso revelam à cronista, enfim, o lado humano da estrela

Até outro dia, nunca consegui pensar em Carmen Miranda como uma pessoa de verdade. Sei de muitas histórias, conheci Aloysio de Oliveira, Millôr me contou coisas do tempo que passou em Hollywood na sua casa, ao lado de Cesar Lattes e Vinicius, algumas vezes folheei os livros de uma antologia de humor que ela lhe deu e que até hoje está no seu estúdio. Cheguei a ter em mãos a plataforma que usou em sua última apresentação, no show de Jimmy Durante, amorosa e reverentemente guardada por Ricardo Cravo Albin -- mas, apesar disso, em nenhum momento minha imaginação conseguiu levar-me além de um ícone pré-fabricado, um produto de exportação bem-sucedido, sem ligação com a realidade.

Vi seus filmes, ouvi sua voz em dezenas de gravações, vi uma quantidade de shows em sua homenagem -- o mais recente, a maravilha imperdível criada por Marília Pêra, em cartaz no João Caetano.

E nada.

Há 15 dias, encontrei umas revistas velhas na casa da Laura, minha irmã. Na última página de "O Cruzeiro" de 12 de abril de 1952 havia a crônica de Rachel de Queiroz sobre meus tios, que reproduzi semana passada; e, no miolo do mesmo exemplar, uma "reportagem" de David Nasser (autor de "A vida trepidante de Carmen Miranda", conforme informa a revista) sobre "a estrela ingrata": "Carmen -- volte para os bugres".

"Carmem é ainda Carmen" -- começa o texto. -- "Seu sucesso, nos EUA, não decresceu e a temporada que realiza no Copacabana prova isto, bem como a recepção que lhe fazem os texanos, disparando os seus revólveres e dando hurras em louvor da fabulosa intérprete. Num ponto, apenas, Carmen não é mais Carmen. É na saudade que não tem do Brasil, na indiferença que há alguns anos parece dedicar à sua terra adotiva e à platéia que a consagrou, antes de todas as platéias do mundo. As reportagens para um país chamado Brasil, localizado no hemisfério latino, e onde se fala a língua portuguesa, não interessam a Carmen Miranda."

Segundo "O Cruzeiro", para obter as fotos que ilustravam o texto, teve que recorrer a uma agência francesa: apenas convencida de que as fotos circulariam em Paris, e não no Brasil, Carmen teria concordado em fazê-las.

"O Brasil saiu de suas cogitações artísticas e não figura, sequer, no seu carnet de turista. Nem ao menos para as suas férias Copacabana serve. E não vem ao Rio, sua cidade de adoção, nem mesmo em visita aos seus irmãos, aos seus amigos, aos seus fãs. Mesmo assim, teimosamente, o Brasil não se esquece de sua favorita. Que aconteceu a Carmen Miranda? Que mal o Brasil lhe fez? Este grande e generoso Brasil, que abriu os braços aos nossos pais, imigrantes cheios de esperanças, que acolheu há quase meio século a família do barbeiro José Maria Pinto da Cunha, pai de Carmen Miranda, que abriu os braços à própria Carmen Miranda, ainda menina, nascida portuguesa (....)"

"De uma hora para outra, sem nenhuma razão presumível, (essa moça portuguesa) riscou do mapa a grande terra que a hospedou durante tantos anos, esqueceu a língua portuguesa, desaprendeu o ritmo do samba que ela notabilizou, e trocou as rendas da baiana pela fantasia de cow-girl do Texas."

O pior, naturalmente, estava guardado para o fim, para o parágrafo com que David Nasser, o biltre, encerrava a "reportagem":

"Não tem importância, Carmen. Você pode riscar o Brasil de seu calendário artístico. Pode não sentir saudade, sequer, da terra que generosamente a acolheu, e dos amigos que deixou aqui. Pode dar-se ao luxo de recusar as páginas de uma revista brasileira e dar bananas, como nova Chiquita, à platéia que descobriu o seu talento enorme. Quando, porém, o inverno chegar, quando o frio dos Estados Unidos, no clima e na platéia, envolvê-la, quando o imposto de renda americano depená-la, volte, querida Carmen, para a maloca dos seus bugres. O Brasil a receberá de braços abertos, como quando você veio de Portugal."

Pois o veneno desta cascavel asquerosa (perdão, cascavéis!) conseguiu realizar o que nenhuma história, homenagem ou lembrança carinhosa conseguira até então: dar à moça por baixo das fantasias e dos turbantes a dimensão humana que me escapava. A pretensa "reportagem" me causou tal indignação, e me deu tanta raiva e tanta pena da sua vítima, que tudo o que eu queria era voltar no tempo, pegar Carmen Miranda no colo e niná-la, assegurando-lhe que, exceto nos romances de Harry Potter, não se deve dar ouvidos às serpentes (perdão, serpentes!).

Resultado: as páginas repulsivas da revista me atiraram direto às páginas acolhedoras de "Carmen", de Ruy Castro. Subitamente, senti vontade de saber mais sobre a diva que, afinal, eu era capaz de ver como uma pessoa vulnerável, de carne e osso.

"Carmen", o livro, é uma felicidade. Escorado numa pesquisa monumental, Ruy Castro criou um retrato vivo, divertido e minucioso, não só de Carmen Miranda, mas de toda a sua época; ele nos leva de um balcão de chapelaria na Rua do Ouvidor à Hollywood dos anos dourados, passando pelo Cassino da Urca e pelos bastidores da Broadway -- e nem nos damos conta de que, em dois tempos, devoramos quase 600 páginas.

O que fica claro, terminada a leitura, é que nunca houve mulher como Carmen; e que nunca mais conseguiremos vê-la apenas como um exótico produto enlatado.


(O Globo, Segundo Caderno, 2.2.2006)






Cogumelos!









1.2.06


Para que serve um bípede










Droga, como descobriram meu esconderijo?










Netcat, debaixo do sofá










Tati










Tutu, atrás da TV










Keaton










Pipoca










Lucas em combate com o tapete










Mosca










Lucas