31.10.03




A ponte iluminada pela metade deu um charme todo especial ao apag�o de Florian�polis!

Para ver este mesmo lugar de dia, igualmente engarrafado, clique aqui. E aproveite a estada no blog do Cesar para ler sobre o kit apag�o.






FOTOS!

(O apag�n de Florian�polis ilustrado; tem historinha, tamb�m...)





30.10.03


�ltimos v�os

Gentilezas e eleg�ncias perdidas


Na sexta-feira passada o Concorde fez seu �ltimo c�u. L� se foi uma das poucas aeronaves comerciais verdadeiramente legend�rias, incompat�vel com estes tempos de aeroportos hostis e talheres de pl�stico. � triste ver um sonho indo para os museus de avia��o, para as gavetas da Hist�ria. Para mim, o Concorde ser� sempre mais do que um lindo avi�o: por mais longe que a vida me leve, ele permanecer� sempre como uma das minhas melhores lembran�as.

Eu estava em Paris, fazendo as malas para ir para Nova York no dia seguinte, quando o telefone tocou. Era um funcion�rio da Air France, perguntando se eu queria ir de Concorde.

� O senhor est� usando o verbo errado. Querer eu quero, mas tamb�m quero um Mercedes e um pequeno veleiro na Martinica.

� � convite nosso, estamos oferecendo um upgrade . Gr�tis.

Um upgrade gr�tis... na Air France?! Esquisito, muito esquisito. Perguntei o que estava acontecendo.

� Um cliente nosso, que toda semana voa para Nova York com o Concorde, n�o pode viajar amanh� de manh�. Poderia ir � tarde, no hor�rio em que a senhora vai, mas o v�o est� lotado. Como a senhora � a �nica passageira que est� viajando sozinha na primeira classe, propomos uma troca: a senhora vai �s 11h, no Concorde, e ele vai no seu lugar, �s 14h.

� Ah, tudo bem, fa�o esse favor � Air France. Digo mais: sempre que precisarem de algu�m para resolver problemas dessa natureza, podem contar comigo.

Assim � que, no dia 25 de mar�o de 1998, fiz minha primeira, �nica e inesquec�vel viagem de Concorde, junto com uma c�mera Mavica F5. Que, por ser ent�o uma alta novidade digital, chamou quase tanta aten��o quanto o avi�o em si mesmo. E, entre outras coisas, me permitiu entrar na cabine de comando, j� que o comandante, fot�grafo nas horas vagas, estava interessad�ssimo na engenhoca .

* * *

O Concorde era pequeno, n�o muito espa�oso, de modo que os tr�mites do embarque eram todos feitos em terra. Entrava-se para uma sala de espera, uma comiss�ria conferia a passagem, pegava casacos e um ou outro pertence de m�o mais inc�modo. L� havia jornais e revistas, canap�s, bebidas e umas poltronas confort�veis, mas bem estreitinhas -� talvez para irmo-nos acostumando com os espa�os do avi�o. Igual a qualquer outra sala VIP, exceto que, nela, todos j� estavam teoricamente embarcados. No avi�o (que � como os leigos chamam as aeronaves), as poltronas eram como as de uma classe executiva, mas sem a tecnologia das poltronas mais modernas, que fazem at� massagem nas costas do fregu�s.

Diferente mesmo era o �conjunto de obra�. A cabine, decorada por Andr�e Putman, em tons de branco, contrastava com os uniformes coloridos das comiss�rias � disparado as comiss�rias mais chiques que j� vi. A comida n�o s� era extraordin�ria, como apresentada da forma mais requintada, numa lou�a simples e fina. Os talheres eram de prata, da Christofle. S�.

L� na frente, na telinha em que os outros avi�es mostram o mapa da viagem, o Concorde mostrava um marcador em n�meros Mach. Mach 1 corresponde � velocidade do som, cerca de 1.224 Km/h. N�o me lembro que velocidade o �meu� Concorde atingiu, mas tenho uma foto registrando 1.79 Mach. T�o r�pido que, tr�s horas e meia depois de decolarmos de Paris, aterriss�vamos em Nova York. Prontos, gra�as � diferen�a de hor�rio, para o segundo caf� da manh� no mesmo dia.

* * *

Se tenho tantos detalhes da viagem, isso se deve, em parte, a Mara Caballero -� para quem fiz, especialmente, v�rias das fotos de bordo. Gost�vamos muito de chatear uma � outra com os momentos de sorte inesperada com que as viagens nos brindavam; ador�vamos fazer de conta que este glamour emprestado era real, embora tiv�ssemos plena consci�ncia de que, como jornalistas, est�vamos apenas de passagem por mundos que n�o nos pertenciam de fato. Ou pertenciam, Mara?

Geralmente, ela ganhava o p�reo, f�cil. Afinal, o povo da moda sabe viver melhor do que o da tecnologia, e faz seus encontros em Londres, Roma e T�quio, ao passo que os nerds v�o, ano ap�s ano, para Las Vegas, Atlanta e Orlando. O Concorde me deu uma pequena vantagem. Tempor�ria: poucos meses depois, ela voltou de Paris triunfante, com mil e uma novidades a respeito do George V, onde ficara hospedada. Ah, se eu visse as fechaduras...! E aquelas gavetas dos arm�rios, todas divididinhas?!

Entre as tantas qualidades que eu admirava nela, Mara tinha um olho infal�vel para o detalhe. Sabia temperar as observa��es mais graves com o humor peculiar que era sua marca registrada. E tinha uma eleg�ncia atrevida, sempre inteligente, e tanto mais chique por nunca se levar inteiramente a s�rio.

Vai demorar muito at� que eu me conven�a que, desta vez, minha amiga querida, a minha refer�ncia maior nas delicadezas que tornam esta vida mais gentil, n�o volta mais.


(O Globo, Segundo Caderno, 30.10.2003)






Cheguei!

Pronto, c� estou, de volta � base. Sa� de manh�, via Curitiba, e vim direto pro jornal. Estou louca para ver como ficaram as fotos do apagon (n�o, n�o s�o todas pretas n�o: tem umas com uns carrinhos, umas iluminadas estrat�gicas, etc.)

A melhor cobertura do blackout est�, naturalmente, no Carta Aberta -- que eu, agora, estou acompanhando feito novela pra ver o que acontece com os meus amigos.

Mas olha, Cesar, na verdade o blackout me causou a melhgor das impress�es de Floripa! Ele mostrou que a cidade est� em perfeita sintonia com a modernidade, seguindo os passos de S�o Paulo, Nova York e Londres.






29.10.03


Fui

Mandaram desligar os computadores.

Os geradores n�o est�o mais segurando a barra.

Vou nessa.






Update de Floripa

�ba!!!

A luz vai voltar!!!

Amanh�.

�s 18 horas.






�s escuras, no claro escuro

Pequeno break no Futurecom.

Floripa s� n�o est� �s escuras porque � dia claro, mas se a situa��o n�o se resolver logo, breve estar�. Falta energia desde a hora do almo�o. Se isso, por um lado, me consola de ter esquecido todos os conectores em casa, por outro atrapalha um bocado o trabalho.

Como o resto da humanidade n�o tem o consolo do esquecimento, rola um ligeiro estresse no ambiente.

Nesse momento, uso um dos dois �nicos computadores que est�o funcionando na sala de imprensa. Atr�s de mim h� uma fila de coleguinhas no aguardo e, na minha frente, uma janela de onde se descortina o maior engarrafamento de que essa cidade tem not�cia, a crer no pessoal da terra.

Alguns geradores garantem o funcionamento de uns poucos estandes e das salas de confer�ncia.

Gra�as a esses geradores, os telefones IP da Cisco est�o funcionando bem. Mas como as antenas de algumas operadoras de telefonia ficam na �rea do blackout, muitos celulares morreram. Outros, que est�o funcionando, n�o mandam fotinhas.

Rola tamb�m um ligeiro caos no ambiente.

Mas agora, que come�a a chegar a hora do jantar, o que rola mesmo � um ligeiro p�nico: onde vamos encontrar um restaurante para onde se possa ir a p� (os carros n�o est�o circulando mesmo, acreditem!) que tenha, j� nem digo comida, mas uma cervejinha gelada?!

PS: Ontem consegui mandar duas fotinhas da abertura do Futurecom para o Fotolog.

Update: Ainda agora os geradores pifaram e o Centro de Conven��es ficou inteiramente �s escuras -- como, l� fora, Floripa inteira est�. Deu pra ter uma id�ia do caos.

Ao meu lado, um colega acaba de lembrar um pequeno detalhe: as fechaduras das portas do hotel s�o todas eletr�nicas. Ainda que a gente consiga chegar ao hotel, como vamos entrar nos quartos? E ainda que a gente consiga entrar, como vamos tomar banho?!







Sinais de vida

Desculpem o sumi�o!

Estou teclando de Florian�polis, para onde vim na segunda-feira, para participar do V Futurecom, gigantesco evento de telecomunica��es.

Foi uma viagem meio turbulenta. Ainda muito gripada, perdi a hora de acordar, e tive cerca de 45 minutos para fazer as malas, tomar banho e me vestir. De modo que, dessa vez, em vez de esquecer a roupa chique (que trouxe, mas de que n�o vou precisar) acabei esquecendo os conectores.

Enumero:

  • Cabo para conectar o notebook � corrente, o que, dada a idade do meu bom e velho Thinkpad, significa no m�ximo 40 minutos de autonomia, que estou usando agora;

  • Cabo para recarregar a bateria da Sony P10;

  • Cabo para recarregar a bateria da Kodak DC... oops, esqueci o nome dela e agora n�o tenho coragem de ir l� checar por causa dos 40 20 minutos acima mencionados;

  • Cabo para conectar a Sony P10 ao notebook; e

  • Cabo para conectar a DC-what's-her-name ao notebook.

    Voc�s podem imaginar em que situa��o prec�ria isso me deixa?

    Mam�e!!!!!!

    At� aqui, sobrevivi -- mas s� Deus sabe como. Mandei a coluna de quinta-feira l� da sala de imprensa, onde tamb�m chequei o email (responder �s msgs, nem pensar); estou economizando nas fotos, como nos tempos dos rolos de filme de 12 imagens (o que � um pecado, considerando-se que estou com DUAS m�quinas maravilhosas); e estou indo dormir direto, sem email, blogs ou fotologs (o que � poss�vel, ainda que estranho e muito, muito bizarro).

    Bom. Esta � a parte ruim da hist�ria.

    A parte boa -- ali�s, �tima! -- � que fui jantar com o Cesar e a L�cia, que s�o exatamente como a gente os imagina do Carta Aberta: charmosos, simp�ticos, engra�ados, super boa gente.

    A gente j� se conhecia de longa data, obviamente: desde que o Cesar come�ou a fazer aquele blog delicioso. A �nica coisa que faltava era um encontro ao vivo.

    Fomos para um pequeno restaurante em Sambaqui, a cerca de meia hora do Hotel (Ibis: sou pobre mas sou limpinho). Comemos uma redund�ncia de camar�es (� milanesa como aperitivo; depois risoto) e um peixinho que nem vos conto, jogamos muita conversa fora e s� fomos embora porque os restaurantes daqui t�m o estranho h�bito de fechar depois do jantar.

    Na volta, paramos para fotografar uma antiga igreja lindamente iluminada, onde os dois se casaram (h� algum tempo, mas n�o tanto quanto eles dizem: olhando para eles, a gente v� que � imposs�vel que, em 1977, j� andassem, falassem e dissessem "sim") e onde, apesar da chuva fininha, fizemos umas fotos que parecem bem bonitas vistas assim na m�quina -- e que vou mostrar a voc�s assim que me reunir novamente com os conectores das m�quinas.

    Valeu, meus queridos irm�os manezinhos!

    Muito obrigada por uma noite inesquec�vel.





  • 26.10.03


    Pronto, Paulinho! II -- o resto das fotos

    No outro dia, quando subi as fotos das crian�as para o Fotki, a metade ficou por aqui mesmo. Agora, finalmente, est� tudo l� -- mas a quem j� viu, recomendo come�ar pelo fim, para n�o ter que come�ar tudo do... come�o, u�!






    Fala s�rio...

    Com tanto travesti no Brasil, o Fant�stico tinha que ir buscar um... chin�s?! Eu hein.





    25.10.03




    Mara

    Morreu hoje, aos 53 anos, de um ataque card�aco causado por uma crise de asma, a minha querida amiga Mara Caballero, editora do suplemento de s�bados do Globo, o Ela.

    Era uma pessoa interessant�ssima, dona de um sense of humor todo particular, cheia de charme e de boas hist�rias. N�s nos conhec�amos desde os tempos de Caderno B, quando tantos de voc�s n�o eram nem nascidos. Ainda n�o consegui processar direito essa not�cia.












    Grande P�ssaro Prateado

    Ontem o Concorde fez seu �ltimo v�o: de agora em diante, s� vamos poder ver esses lindos avi�es nos museus de avia��o.

    Eu tive a felicidade de voar num deles, e a sorte de fazer fotos de alguns detalhes do v�o.

    Em julho passado, quando o fim da Era do Concorde foi anunciado, postei no Fotolog uma s�rie com algumas fotos desse v�o. Para v�-la (ou rev�-la) clique AQUI, e depois clique em NEXT at� o fim.

    Boa viagem -- e adeus, Concorde!







    Emerg�ncia felina!

    "Encontrei essa gatinha perdida e passando fome em Buzios. Quando foi encontrada estava � beira da morte. Deve ter
    entre um e dois meses e o seu estado de sa�de j� melhorou muito. Pelo contato que eu tive com ela, deu para perceber que ser� uma �tima gata de apartamento (ou casa). Eu gostaria muito de poder ficar com ela, mas as minhas outras duas gatas ficaram enlouquecidas com a id�ia de mais uma concorrente em casa. N�o sou muito bom de marketing, mas estou mandando esse e-mail para ver se algu�m se comove e decide adotar essa gata (ela tamb�m precisa ser batizada, pois at� hoje est� sem nome). Ela est� na idade perfeita para arrumar uma nova casa e j� est� recebendo os
    devidos cuidados. Quem se interessar pode escrever pra tempor�ria-atual-dona, Leila Maia." (Paulo Gouv�a)






    Muitas felicidades, queridinhos!









    Das fotos das f�rias do meu amigo Ricardo Rangel, em St R�my de Provence: achei muito gozado!





    24.10.03



    Lar desfeito

    Gente, os bichinhos dessas fotos s�o v�timas da crise econ�mica. Eleonora, a b�pede deles, est� muito endividada, n�o pode continuar mantendo o ap� onde mora e vai ter que se mudar para a casa de parentes. N�o poder� lev�-los consigo, e procura desesperadamente por gente carinhosa, que tenha cora��o e espa�o para um ou mais gatinhos. Todos s�o castrados, d�ceis e t�m entre dois e dez anos. Algu�m pode ajudar? Os telefones para contato s�o 25124985 ou 93062523. Valeu!








    Momento Celebridade: A Bia (minha filha) fez uma mat�ria com a Luana Piovani brincando de fotografar a super-fot�grafa Nana Moraes. Acabou fazendo tamb�m uma �tima s�rie de fotos que eu, corujamente, adorei. Est�o no fotolog dela, vejam se n�o ficou legal... :-)





    23.10.03


    Viva Matusca!

    Amanh�, dia 24, � anivers�rio do favorito de onze entre dez blogueiros, o Matusal�m Matusca. Pois a Hel� n�o perdeu tempo, e j� fez uma linda homenagem � NMQ (Nossa M�mia Querida).

    Viva!!!







    Pronto, Paulinho! Enjoy...

    Paulinho me pediu que subisse as fotos deles e das crian�as para que possam fazer c�pias. Mandei o lote todo para o Fotki, que � um �timo servi�o, excelente para armazenagem online de fotos. Para quem quiser dar uma olhada no conjunto da obra -- tias, primas, amigos, al�! -- est� tudo aqui.







    O poder desconectado

    Foi o Waldir Leite quem me chamou a aten��o para uma declara��o do Gabeira que eu n�o tinha visto: nem Lula nem Jos� Alencar chegaram � era da internet. Em rela��o ao Lula, n�o posso dizer que tenha ficado muito surpresa, embora s� agora tenha parado para de fato pensar no enorme significado disso; mas o Jos� Alencar tamb�m?!

    Tudo bem, conhe�o muita gente boa e de valor que n�o acessa a rede -- mas nenhuma dessas pessoas est� no poder ou em postos de mando. Para algu�m que tem que tomar decis�es importantes, n�o ter acesso � internet � t�o ou mais grave do que n�o ler jornal. N�o s� pelo que se pode obter de informa��es, mas pela experi�ncia cultural como um todo -- e pela compreens�o da sua import�ncia.

    Voc�s sabem disso, � claro: afinal, estamos todos aqui.

    Quando falo em experi�ncia cultural, estou me referindo � cultura na acep��o mais ampla da palavra, aquela que singnifica a viv�ncia plena de um tempo, de uma sociedade, de um mundo inteiro. Governar, ou tentar governar, sem ter essa percep��o � sair para a luta, de cara, com um handicap desgra�ado.

    � estar a l�guas de dist�ncia da modernidade, como um mergulhador antigo no seu escafandro, isolado do ambiente que observava.

    N�o adianta a gente achar que os assessores em volta est�o conectados, que o presidente e seu vice n�o precisam saber ou fazer nada que tudo lhes chega mastigadinho. H� um conhecimento s� se tem em primeira m�o.

    Complicado, isso.





    22.10.03


    Yes, n�s temos capybaras!















    Algumas fotos de Detroit. S� est�o entrando agora, porque postei o texto do jornal, e as fotos estavam aqui em casa.

    Impress�es de viagem


    Esplendor e decad�ncia de um sonho americano


    Um dia, o franc�s Antoine de la Mothe Cadillac deu com um recanto �s margens de um rio que lhe pareceu ideal para a cria��o de um entreposto de comercializa��o de peles. Ficava entre os Estados Unidos e o Canad�, e era servido de amplas possibilidades de transporte fluvial. Corria (devagar) o ano de 1701, a ecologia ainda n�o tinha sido inventada, todo mundo achava perfeitamente natural o uso de peles. De modo que o vilarejo, chamado por Cadillac de Ville D�Etroit (a cidade do estreito), foi crescendo. Quando, em 1763, o cacique Pontiac declarou guerra aos caras-p�lidas, o lugar j� se chamava, pura e simplesmente, Detroit. Logo algu�m percebeu que juntar Cadillac e Pontiac era um destino.

    Com a cria��o da Ford Motor Company em princ�pios do s�culo XX, Detroit ganhou proje��o internacional como capital mundial do autom�vel. Foi a primeira cidade a ter uma estrada asfaltada, um sinal de tr�nsito e um shopping center. Em menos de 40 anos, com mais de dois milh�es de habitantes, desemprego inexistente e mans�es e edif�cios luxuosos brotando por toda parte, tornou-se uma das cidades mais ricas dos Estados Unidos, e uma das mais famosas no mundo. Entre outras coisas, por ser ber�o da Motown, a surpreendente gravadora que revelou talentos como Martha e as Vandellas, Marvin Gaye, Stevie Wonder, The Four Tops, Diana Ross e as Supremes, o Jackson Five.

    Mas Detroit tornou-se, tamb�m, uma das cidades mais explosivas do pa�s, com conflitos raciais cada vez mais freq�entes e violentos. Em 1967, a maior dessas conflagra��es deixou 43 mortos e um rastro de destrui��o do qual Detroit nunca mais se recuperou. Empresas, neg�cios e a classe m�dia branca fugiram espavoridos para os sub�rbios. Logo em seguida, os carros japoneses conquistaram o mercado e a ind�stria automobil�stica nacional entrou em recess�o.

    Hoje Detroit � praticamente uma cidade fantasma, in�spita, assustadora. Muitos edif�cios da �poca de ouro est�o abandonados. Outros foram ocupados por mendigos. A sujeira � universal. Montes de lixo por toda parte. Rua ap�s rua, o que se v� s�o lojas fechadas, ru�nas, escassos sinais de vida. Na antiga esta��o ferrovi�ria, que deve ter sido uma beleza, n�o sobrou uma vidra�a inteira para
    contar a hist�ria.

    Para n�s, brasileiros, que convivemos diariamente com esta mis�ria de Terceiro Mundo, � desconcertante essa outra mis�ria, nascida do fausto, vicejando, s�rdida e brutal, em restos de edif�cios de antigo luxo.

    H� um grande esfor�o para reerguer Detroit por parte das autoridades e de setores da comunidade. A sinf�nica � famosa no mundo inteiro, um dos grandiosos cinemas do passado foi restaurado, os Tigers t�m um est�dio de beisebol estalando de novo. A cidade oferece incentivos de toda esp�cie para empresas que queiram se estabelecer l� � algumas t�m aceitado o desafio.

    Por isso, aqui e ali, no meio das ru�nas e dos pr�dios vazios ou subaproveitados, ergue-se uma constru��o moderna, limpa, destoando incrivelmente do resto. A seu lado, eventualmente, uma lanchonete, ou um com�rcio mi�do num quarteir�o policiado. As pessoas que trabalham nessas empresas � meu filho � uma delas � mal e mal saem dos escrit�rios, e fazem de tudo para ir para casa antes que anoite�a.

    A despeito do que dizem os guias de turismo e o website oficial da cidade, o
    pessimismo e a falta de perspectiva angustiam a tudo e a todos. Detroit luta n�o apenas contra o seu passado, mas tamb�m contra o clima ingrato � invernos pavorosos, ver�es senegaleses. E luta, sobretudo, contra cidades menos marcadas pela Hist�ria, como Portland (Oregon) ou Milwaukee (Wisconsin) que, com not�veis resultados, est�o fazendo de tudo para atrair jovens empreendedores.

    Se algum dia os Estados Unidos conseguirem reconstruir Bagd�, deviam topar Detroit como desafio seguinte.

    * * *

    Mudando de assunto e de hemisf�rio: vi a capivara de novo! E fotografei! E � tambores rufando, s�il vous plaitn�o � a mesma capivara!!!

    Sou p�ssima fisionomista, mas boa fucinhonista. Quer dizer: n�o tenho mem�ria alguma para pessoas, mas de bichos me lembro sempre bem. E garanto que a
    capivara do outro dia era diferente: maior e (ainda que a diferen�a possa ser atribu�da � luz, ao hor�rio e ao fato dela estar molhada) mais escura.

    A trama se adensa.

    Recebi mais mensagens sobre a capivara, todas excelentes. Vou voltar ao assunto, com certeza. No entrementes (!) procuro algu�m que me explique o mist�rio da capivara da Lagoa.

    Perd�o: capiv�rias.


    (O Globo, Segundo Caderno, 23.10.2003 -- sim, voc� l� no blog de hoje o que vai ler no jornal de amanh�!)







    Cold turkey

    C�us! o Fotolog est� fora do ar!!!

    Quando voltar, se voc�s quiserem ver umas fotinhas que fiz ontem na Ponte A�rea...






    20.10.03


    Informa��o in�til

    Hoje nevou na Su�cia. Eu soube pelo Fotolog, claro, assim como eles est�o sabendo que apareceram as capivaras na Lagoa...






    Fotolog da semana: Oliby

    A cantora Ol�via Byington n�o brilha apenas nos palcos, nas maratonas e nas participa��es especiais em novelas: ela � uma das estrelas do Fotolog, uma das raras divas do �mundo real� com quem os f�s podem se encontrar no ciberespa�o. Simp�tica e sempre cheia de boas id�ias, Oliby (como � conhecida on-line) registra o seu dia-a-dia com um olho atento e senso de humor. Seus filhos, amigos, ensaios, corridas e festas est�o em <www.fotolog.net/oliby>. Para acompanhar este fotolog com uma trilha sonora � altura, v� at� o site da Biscoito Fino � uma gravadora realmente fora de s�rie � e encomende �Can��o do amor demais�, o CD mais recente da bela fotologueira.

    C�mera (quase) popular

    Novo lance na disputa pelo cora��o (e pelos reais) do consumidor: est� para chegar ao mercado, a R$ 699, a c�merazinha da foto ao lado. Ela � a Easy Share CX6200, uma Kodak digital de 2 megapixels, perfeita para quem quer uma m�quina simples e n�o precisa de grandes amplia��es (a 2 megapixels, pode-se chegar, eventualmente, a 20 cm x 25 cm, mas nunca ir al�m disso). Trabalha com mem�ria interna de 8Mb, mas aceita cart�es MMC (Multimedia Card) ou SD (Secure Digital); faz filminhos, �fala� portugu�s e permite a armazenagem de at� 32 endere�os de email, para facilitar o envio dos clics a quem de direito. � uma candidata muito s�ria ao t�tulo de melhor rela��o custo x benef�cio no entry level da fotografia digital.

    Comdex em liquida��o

    A Comdex, que j� foi a alegria e a parada anual obrigat�ria de todos n�s da �rea de tecnologia, vai mal das pernas. Muito mal! A prova maior disso � que, a menos de um m�s da feira, conseguem-se quartos no Hilton a U$ 49,90, segundo informa a Cnet.

    Detalhe: o Hilton fica colado ao Centro de Conven��es e, apesar de n�o oferecer as atra��es modernas e mirabolantes dos hot�is mais novos, ainda � a melhor alternativa para quem quer fugir das inevit�veis filas de �nibus e taxi.

    No fim do s�culo passado, era imposs�vel conseguir quarto no Hilton em tempos de Comdex a menos que se fizesse reserva com seis meses de anteced�ncia � e a pelo menos U$ 250 por noite. Eu cheguei a desembolsar isso por um quarto furreca, no auge da bolha, e me dei por muito satisfeita. Havia gente pagando mais, e ficando mais longe. Que tempos!

    (O Globo, Info etc., 20.10.2003)







    Xerox: a vingan�a dos nerds

    Imaginem bolinhas min�sculas como gr�os de poeira, brancas de um lado e pretas do outro. Presas entre duas folhas de pl�stico fininhas, elas flutuam numa suspens�o oleosa, e reagem a impulsos el�tricos, enviados por um computador, que as fazem girar, expondo ora o lado branco, ora o lado preto. Com isso, formam desenhos na superf�cie do pl�stico: tipicamente, letras.

    A� est� uma das f�rmulas do papel eletr�nico, esp�cie que desafia a criatividade de cientistas nos principais laborat�rios de pesquisa tecnol�gica do mundo, estimula a imagina��o de jornalistas e, provavelmente, causa pesadelos aos fabricantes de papel. No famoso Palo Alto Research Center (PARC) � de onde saiu, a rigor, a computa��o pessoal como a conhecemos hoje � ele atende pelo nome de SmartPaper.

    A inven��o por tr�s de seu funcionamento, chamada Gyricon, � um dos grandes trunfos da Xerox como geradora de inova��es. Como tal, era uma das atra��es de um evento que reuniu num hotel em S�o Francisco, na semana passada, jornalistas do mundo inteiro e cientistas dos principais laborat�rios da empresa � disposta a demonstrar que, apesar das acusa��es de irregularidades financeiras de tr�s anos atr�s, das turbul�ncias administrativas de diversos tipos e dos tempos bicudos na bolsa de valores, continua tinindo quando o assunto � inova��o tecnol�gica.

    Para quem gosta de tecnologia e de cientistas inventivos, mas desconfia de contadores e administradores em geral, a inquestion�vel demonstra��o de for�a do �R&D� (research and development, ou pesquisa e desenvolvimento) da Xerox tem um sabor todo especial. � bom ver que n�o h� m�gica financeira capaz de superar, em credibilidade e resultados, um s�lido time de c�rebros.

    Do papel eletr�nico �s imagens mutantes

    O SmartPaper j� � uma realidade, mas ainda n�o para quem espera ler o jornal di�rio enroladinho num canudo eletr�nico. Sua aplica��o imediata � em quadros de avisos para corpora��es, lojas e escolas. Parece uma tela de cristal l�quido, mas n�o � brilhante, pode ser lido de qualquer �ngulo e... n�o � atraente!

    � Bom, ningu�m vai querer roubar uma tela dessas, vai? � explica Bob Street, um dos respons�veis pelo seu desenvolvimento. Ele tem raz�o: por inteligente que seja, o SmartPaper n�o � um objeto de cobi�a. � Al�m disso, esse sistema � mais econ�mico: ao contr�rio de uma tela convencional, usa energia apenas quando � redesenhado.

    A Xerox ou, melhor dizendo, a Gyricon, empresa criada para comercializar a tecnologia, j� negocia a sua venda com cadeias de lojas. Quais? Ah, isso ainda � segredo.

    Mas o SmartPaper foi apenas uma das estrelas do show, que tinha novidades t�o novas que, a rigor, ningu�m sabe ainda muito bem para que servem. Por exemplo, algo chamado illuminant multiplexed imaging ou, mais simplesmente, switch-a-view , que permite a impress�o de imagens diferentes, uma em cima da outra, vis�veis, cada qual, de acordo com a cor da luz ambiente.

    Sucesso garantido em camisetas mutantes para festinhas, imagino; ou, como prop�e Robert Loce, principal cientista do Wilson Center for Research and Technology (laborat�rio da Xerox em Webster, Nova York) livros infantis, embalagens, promo��es. � uma linda e divertida inven��o, e nem por isso menos interessante: afinal, quem diz que todo cientista tem que salvar (ou detonar) o mundo?

    O caso desta inven��o, ali�s, � particularmente curioso. A principal preocupa��o de quem trabalha com cores � descobrir formas de fazer com que tenham a mesma apar�ncia, independentemente da luz sob a qual s�o vistas. Pois o switch-a-view nasceu desta preocupa��o virada pelo avesso: qu�o diferentes as cores podem ficar sob diferentes luzes?

    Um laborat�rio onde se fez hist�ria � e folclore

    O PARC, verdadeiro cora��o do Vale do Sil�cio, ficou famoso na hist�ria da tecnologia n�o s� pelas inven��es que sa�ram de l� como pelas que n�o sa�ram: a interface gr�fica, o mouse, a Ethernet... a lista � enorme, e o folclore tamb�m. A Xerox estava t�o entretida no neg�cio das copiadoras que deixou escapar essas tecnologias preciosas, que fizeram a fortuna de outras empresas.

    Mais tarde, escaldada, passou a patentear tudo e, eventualmente, a criar pequenas empresas separadas para comercializa��o das tecnologias que n�o estavam diretamente vinculadas �s suas atividades principais.

    De qualquer forma, o fato � que essa hist�ria, contada e recontada milh�es de vezes, deu ao PARC � e, por tabela, � Xerox � uma imagem que vale mais do que se pode imaginar. O laborat�rio continua sendo uma institui��o quase sagrada, um centro de excel�ncia, um ninho de cientistas extraordin�rios que chegaram ao Olimpo da sua profiss�o.

    Por causa de uma s�rie de problemas que, h� tr�s anos, quase levam a Xerox � fal�ncia, ele deixou de ser propriedade exclusiva da empresa. Hoje chama-se Palo Alto Research Center Incorporated, e desenvolve pesquisa tamb�m para outros clientes. Tem 250 empregados, dos quais 180 pesquisadores, divididos em seis laborat�rios que tocam, simultaneamente, uns 50 projetos.

    Um JPEG com todo o jeito do gato de Alice

    Desses projetos, um dos mais compreens�veis � primeira vista � o que envolve uma nova forma de JPEG, o cl�ssico padr�o de formato de compress�o de imagens que todos conhecemos t�o bem.

    O JPEG 2000, que corrige falhas do JPEG e trabalha com um n�vel de compress�o consideravelmente maior, � desenvolvido pelo Joint Photographic Experts Group (da� seu nome), e � a base para o projeto da Xerox, que o associa � sua tecnologia MRC ( Mixed Raster Content ). Essa mistura permite que diversos elementos de uma mesma imagem web sejam tratados de forma diferente, o que agiliza enormemente a vida do ser conectado. Dependendo de onde clique, o usu�rio poder� ver �reas mais ou menos definidas, de acordo com seu interesse.

    Por exemplo: ele quer encontrar, num mapa do Brasil, informa��es sobre o Rio. Hoje, sua �nica op��o � ver o mapa num thumbnail e, depois, esperar que carregue todo � para, ent�o, ir ao ponto que procura. Com a nova tecnologia, em vez de lutar com a visualiza��o de miniaturas e o tempo de download, bastar� a ele clicar, numa imagem em tamanho grande, sobre a �rea onde se encontra o Rio. Somente ela ser� carregada em alta resolu��o.

    Robert Buckley, especialista em arquivos digitais de imagens, resume a quest�o de forma simpl�ssima:

    � � como o gato da Alice, ficando em foco na �rvore.

    (O Globo, Inform�tica etc., 20.10.2003)






    Mais capivara!!!






    19.10.03


    Adeus, email

    N�o abro a minha mailbox aqui de casa desde que voltei de viagem. Venho pro computador, olho os �cones do MailWasher e do Eudora, fico com uma dor horr�vel na consci�ncia mas vou adiando o momento de ver o que est� l�.

    No jornal, nesses �ltimos dias (mas se eu escrevesse anos em vez de dias n�o estaria exagerando) j� gastei mais tempo limpando porcaria do que trabalhando. Uma das grandes alegrias que eu tinha, que era checar o email, acabou.

    N�o h� mensagem bonitinha, foto de gato ou carta de amor que compense a frustra��o e a irrita��o causadas pelas toneladas de spam, pelo tempo perdido, pelo nojo que sinto por essas pessoas que se acham t�o inteligentes inventando nomes falsos e t�tulos "espertos" para tentar nos empurrar suas vigarices.

    H� alguns anos, quando comecei a escrever contra o spam, recebi muitas e muitas mensagens agressivas de leitores que achavam que eu estava sendo uma fresca, e que n�o custava nada dar um delete em duas ou tr�s mensagenzinhas in�cuas. Aqui mesmo no blog houve um flame brabo por conta disso, do qual participaram at� uns spammers tentando defender o seu trabalho sujo.

    Pronto, ta� o resultado.

    Acontece antes comigo por causa do mundo de lixo que � mandado para endere�os publicados em jornais, mas fatalmente acontecer�, mais cedo ou mais tarde, com todo mundo. O spam est� matando o email.






    A Fal viu a novela:

    "Vejo a D�bora Evelyn de destaque absoluto na novela das oito, com milhares de falas, geralmente em close, lentes de contato clar�ssimas, papel relevante na trama e n�o entendo cum� que tem gente que fala mal de casamento. Pelo amor de Deus, gente, casamento � uma institui��o maravilhosa. Principalmente quando se � casada com o diretor da novela." (Drops da Fal)








    �s vezes a gente faz umas fotos de que gosta particularmente. N�o tem nada a ver com tema, com acerto t�cnico, nada: a gente gosta porque gosta.

    Hoje (na verdade, ontem, s�bado; mas como ainda n�o fui dormir, considero hoje) aconteceu isso. Eu ia saindo correndo pro restaurante para encontrar com a turma quando vi a persiana entreaberta e o reflexo. Era uma foto uivando para ser tirada.

    Fiquei muito feliz com o resultado. Uma daquelas poucas vezes em que a foto fica exatamente como a gente imaginou que ia ficar... :-)

    Bom domingo para todos!





    17.10.03




    Bomba! Bomba!

    Vi a capivara de novo!

    E fotografei!

    E -- tambores rufando, s'il vous plait -- n�o � a mesma capivara!!!

    Tenho p�ssima mem�ria visual para pessoas, mas bem boa para bichos. E garanto que a capivara do outro dia era diferente: maior e, ainda que a diferen�a possa ser atribu�da � luz, ao hor�rio e ao fato dela estar molhada, mais escura.

    A trama se adensa.

    Tenho que encontrar urgentemente algu�m que me explique o mist�rio da(s) capivara(s) da Lagoa.






    Ufa...

    Desculpem a falta de not�cias, mas ainda estou �s voltas com as mat�rias da viagem e com as mailboxes que ficaram abandonadas, tanto em casa quanto no jornal.

    Agora acabo de dar uma atualizada b�sica nos meus fotologs de pequeno porte (Palm Zire e Nokia 7650) e no da Fam�lia Gato. E, claro, no fotolog pra valer.

    Fotinha � mais f�cil, n�? � s� subir. D�em uma olhada...





    16.10.03


    Tem mais foto dos meninos aqui...











    Not�cias de um pa�s em guerra


    (Sobrevoando os Estados Unidos)


    Quando o telefone tocou no meu ouvido, �s seis da manh� em ponto, e uma voz artificialmente euf�rica exclamou, na outra ponta, �Good morning, Ms. R�nai, this is your wake-up call!� achei que era trote. S� podia ser. Eu tinha acabado de adormecer. Estava escuro do lado de fora. E chovia. E fazia um frio do c�o.

    Mas n�o era trote. Eu tinha exatamente 45 minutos para me vestir, terminar de empacotar as coisas, tomar caf�, fazer check-out e sair para o aeroporto. Consegui dar conta de quase tudo, menos de tomar caf�, porque o restaurante do Marriott Hotel, em Portland, Oregon, s� abre �s sete � coisa que eu, mais do que ningu�m, compreenderia, n�o fosse pelo detalhe de que n�o h� praticamente v�o que saia daquela cidade depois das oito.

    Este hor�rio, ali�s, � um problema t�pico da Costa Oeste americana: por causa da diferen�a de fuso hor�rio para o resto do pa�s, os v�os saem sempre ced�ssimo. E os h�spedes do Marriott saem sempre sem caf� da manh�.

    * * *

    Agora, sobrevoando milhas e milhas e milhas de terras cultivadas como colchas de retalhos em Dakota do Sul, casinhas salpicadas aqui e ali pela paisagem, tento imaginar como � e como pensa a gente que vive nessa solid�o geom�trica e mon�tona. Apesar do ar cristalino e do dia ensolarado, sinto um arrepio. Essa � a gente que ap�ia Bush incondicionalmente, que est� convencida de que vive num pa�s democr�tico e que, mais dia menos dia, ainda vai votar em Schwarzenegger para presidente: em seus 114 anos de Hist�ria, a Dakota do Sul s� deixou de votar no Partido Republicano quatro vezes � e ningu�m lembra quando.

    De acordo com as �ltimas pesquisas de opini�o, no entanto, parte da popula��o come�a a achar que, talvez, quem sabe, a guerra contra o Iraque n�o tenha sido uma id�ia t�o boa quanto parecia. Mas n�o porque h� milhares de mortos e um pa�s destru�do do outro lado do mundo, mas sim porque aqueles ingratos, que n�o sabem apreciar o favor que lhes foi feito, continuam matando americanos, onde j� se viu?!

    * * *


    Estou nos Estados Unidos h� quase uma semana. Na vinda me encontrei, no avi�o, com um amigo que vive no circuito das confer�ncias internacionais. Perguntei se anda viajando muito. Sim, disse ele, muito. Para a Europa, basicamente, e para os pa�ses da Am�rica Latina. Para c�, por�m, essa � a primeira vez no ano, e provavelmente a �ltima.

    N�o � um problema de mercado, j� que, com Lula na Presid�ncia, h� interesse pelo Brasil. O problema � ele, que n�o tem mais qualquer vontade de vir para esses lados.

    Entendo perfeitamente. Eu tamb�m n�o venho desde o come�o do ano. Deixou de ser bom. N�o h� mais prazer nessa viagem, que hoje fazemos apenas por trabalho, por um resto de curiosidade mals� ou, eventualmente, por la�os afetivos: temos, ambos, filhos morando aqui. � imposs�vel deixar de ver como uma piada de mau gosto o cartaz que, na imigra��o, diz: �Bem-vindo aos EUA�.

    Mentira. Ningu�m � mais bem-vindo a este pa�s. Somos todos inimigos em potencial, do momento em que embarcamos e nos sujeitam a toda a sorte de constrangimentos, ao momento em que voltamos, sobretudo se viajamos com uma companhia americana. Os comiss�rios de bordo, que antes nos destratavam por simples voca��o ou esporte, agora nos destratam por obriga��o. Contratual e, vai ver, �patri�tica�.

    * * *


    Desde que os republicanos tomaram o poder e transformaram o pa�s num estado totalit�rio, as rela��es humanas andam complicadas. As pessoas se fecharam em grupos, sobretudo as que ousam discordar da pol�tica vigente. Sim, � verdade, h� passeatas acontecendo aqui e ali nas grandes cidades; mas no interior, no dia-a-dia, nos encontros entre amigos ou no papo ocasional com o desconhecido no trem ou com a senhora na fila, pesa a sombra das palavras medidas, a sensa��o de pisar em ovos sem�nticos e ideol�gicos.

    * * *


    Para os democratas que, at� hoje, sofrem com o resultado das elei��es e com o calamitoso governo Bush, uma das poucas alegrias dos �ltimos tempos foi a queda de Rush Limbaugh. Para dar uma id�ia do personagem: seu �ltimo contrato, assinado com a PRN por nove anos, � de US$ 285 milh�es, e o �Rush Limbaugh Show�, transmitido por cerca de 600 emissoras, alcan�a mais de 20 milh�es de ouvintes em todo o pa�s.

    Esp�cie de crossover de Ratinho e Gugu Liberato em termos de charme, cultura e credibilidade, mas dedicado � pol�tica e extremamente influente (quando visitou a Casa Branca, Bush pai carregou suas malas at� o quarto), Limbaugh tornou-se o radialista mais bem pago e de maior audi�ncia da Hist�ria como porta-voz da direita linha-dura. Aquela que, entre outras coisas, acha � e diz � que viciado bom � viciado morto.

    Pois na sexta passada, depois das den�ncias de uma ex-empregada que fazia hora extra como avi�ozinho, ele admitiu, publicamente, que fazia uso ilegal de opi�ceos, disfar�ados em rem�dios contra a dor. Os jornais e revistas mais liberais est�o deitando e rolando.

    Afinal, as boas not�cias andam escassas.

    (O Globo, Segundo Caderno, 16.10.2003)







    B�pede cansado demais para escrever...

    ...posta, no entanto, tr�s fotinhas das crian�as no Fotolog.

    N�o deixem de ver. Mod�stia � parte, est�o lindas. Crian�as e, acho, fotos tamb�m.





    15.10.03


    SOS Bicho em Sampa!

    "A In�s, protetora daqui de SP, faleceu ontem. Ela deixou 52 gatos e 15 cachorros �rf�os. Ela sempre cuidou com muito carinhos desses bichinhos. A fam�lia j� disse que n�o quer os animais, mas deu tempo para serem doados. As protetoras se uniram e j� adotaram 22 gatinhos. Os �rf�os est�o no site www.geocities.com/sos_sampa"
    Eu vi as fotos; � uma fam�lia linda, gente!





    14.10.03


    De volta...

    Depois eu conto tudo. Ou, pelo menos, algumas coisas. Agora tenho que correr para o jornal para terminar a coluna.

    Enquanto isso, a� vai minha foto com Al�cia, a mais novinha da turma. Se voc�s clicarem na foto, v�o ver uma outra, espetacular, da Em�lia. E, imediatamente antes, uma super linda do Joseph.

    V� � sempre assim... ;-)





    11.10.03




    Tem umas fotinhas l�...






    Alicia & Companhia

    Amanh� vou para Michigan conhecer a Alicia, a ruivinha esquentada da fam�lia, e conferir como andam os meus queridinhos desse lado do mundo.

    � bom ou o qu�?! :-)






    Impressionante

    A agenda oficial chega ao fim. Foram quatro dias de pouco sono e muita correria, mas tamb�m de muitas novidades: a Xerox apresentou em S�o Francisco o que tem de mais interessante no forno, e que n�o � pouco. Depois, como eu contei, nosso grupo de jornalistas foi ao PARC e, de l�, viemos para Portland, no Oregon, onde fica a sede da Tektronics, hoje uma empresa Xerox.

    Adorei conhecer o ninho das impressoras Phaser, m�quinas que usam pigmentos s�lidos e que, h� muitos anos, povoam o imagin�rio de todo mundo que curte tecnologia. Digo "povoam o imagin�rio" porque n�o s�o nem pequenas nem baratas; n�o s�o dirigidas a usu�rios finais, mas s�o tudo o que certos usu�rios queriam ter. Como a que vos tecla dessas lonjuras.

    Lembro perfeitamente de quando vi uma delas pela primeira vez, numa Comdex. A Tektronics estava timidamente pondo a cabe�a de fora. N�o tinha um estande, mas alugou um espa�o entre dois pavilh�es, ao lado de uma escadaria. Havia filas cont�nuas ali para ver de perto a maravilha que imprimia em cores numa �poca em que todo mundo usava matricial monocrom�tica e, sobretudo, para pegar algumas daquelas p�ginas impressionantes.

    Entrei nas filas diversas vezes, para ter amostras de impress�o para dar no jornal. Fiquei lembrando disso na hora do jantar, trocando nostalgias com um dos engenheiros que estava l� naquele ano remoto, fazendo demonstra��o; por tabela, falamos dos velhos tempos em que a Comdex era o epicentro da ind�stria, e em que tudo era t�o saudavelmente an�rquico no nosso mundinho nerd.

    Quase choramos de saudade e tristeza.

    Cada p�gina levava tr�s minutos para ficar pronta, e a tecnologia, ent�o rec�m-nascida, precisava de uns ajustes: como a base do pigmento usado pela Phaser � cera, as imagens saiam brilhantes demais. Era esquisito, mais ou menos como uma mulher que passasse base demais, mas era inacredit�vel.

    Hoje as p�ginas continuam brilhantes, mas na medida certa. E saem voando das m�quinas. Que continuam grandes e caras -- e destinadas a outros bicos.

    O sonho n�o morreu...








    Essa foto � pro Tom Taborda, que sabe quem � a mo�a... ;-)

    Batemos um �timo papo em S�o Francisco; � noite, ela jantou com o nosso grupo de jornalistas. Por acaso, esta � uma das primeiras fotos da P10; mas a maquininha de que a Sophie Vandebroek mais gostou foi mesmo o Palm Zire.

    Tem �timas id�ias a Chief Engineer da Xerox, e uma no��o a meu ver muito correta do papel da tecnologia nas nossas vidas: nada daquelas vis�es apocal�pticas e desencontradas da realidade que estou t�o acostumada a encontrar por a�, e, no entanto, muito pouco convencional.

    Gostei mesmo.





    10.10.03


    Telhado de vidro

    Eu aqui gozando os meus amigos californianos porque elegeram o Schwarzenegger e eles, coitados, aceitando a goza��o, muito humilhados.

    � que nunca ouviram falar na Rosinha.












    Tr�s fotinhas, s� para n�o ficar sem dar not�cias: hoje sa�mos de S�o Francisco ced�ssimo, fomos para Palo Alto, passamos a manh� toda no c�lebre PARC vendo o que andam aprontando por l� e seguimos direto para San Jos�, onde pegamos um avi�o para Portland, no Oregon.

    Chegamos, largamos as coisas no hotel e sa�mos para o jantar programado na agenda. O grupo -- que tem jornalistas de Israel, �ndia, Turquia, Argentina, Chile e Brasil -- est� batendo pino. Alguns, como os turcos e o israelense, est�o com 10 horas de diferen�a de fuso hor�rio, e agora � que a barra est� come�ando a pesar de verdade.

    Mas nem vai dar para acostumar.

    Amanh� temos que sair do hotel �s 7h30 (agora s�o quase duas, socorro!!!) para ir para o laborat�rio da Xerox em Wilsonville. Pela agenda, voltamos para c� s� � noite.

    Est� legal, estamos vendo coisas muito interessantes e o grupo � bom, simp�tico e bem-humorado.

    Se eu sobreviver, escrevo.





    9.10.03


    Do Fotolog

    Acabei de escrever isso l�; trago pra c� porque estou pregada demais... Hoje o jetlag me pegou de jeito!

    Bom -- com todas as pistas fornecidas ao longo do dia de ontem pelo Roscoe, a maioria j� deve ter sacado: estou em S�o Francisco. Isto �: estava. Amanh� (quinta) saio de madrugada daqui com outro destino. Viagem de trabalho tem isso, a gente �s vezes n�o consegue nem ligar para os amigos, quanto mais fotografar. O que voc�s est�o vendo � a vista da minha janela, no 12 andar do Hilton.

    Com esta foto chegou ao fim uma conviv�ncia de tr�s anos e milhares de imagens: a boa e velha Kodak 4800 subiu no telhado. Simplesmente se recusa a tomar conhecimento das baterias, e n�o houve nada que eu, ou as tr�s baterias, pud�ssemos fazer para mudar sua determina��o. Estou muito triste; fomos felizes juntas.

    Chegando ao Brasil, vou mand�-la para a assist�ncia t�cnica, que provavelmente vai dar gargalhada na minha cara. Mas ainda estou em denial, n�o aceito o seu falecimento como fato concreto.

    � tarde, dei uma escapulida para a loja da Sony e comprei uma Cyber-shot P10 que, at� segunda ordem, ser� minha companheira de estrada. Com tantas m�quinas boas no mercado, escolher uma s� � uma dificuldade, mas no fim a equa��o se resolveu assim: eu queria uma c�mera �tima, lev�ssima, que coubesse no bolso, custasse menos de U$ 500 e para a qual eu j� tivesse m�dia suficiente.

    Com isso, Olympus e Pentax estavam fora da jogada, porque s� tenho bastante Compact Flash (da velha Kodak) e Memory Stick (do Cli� e da Sony P1). Ela ganhou das Canon pelo conjunto de obra. Agora est� carregadinha e j� fizemos at� algumas cenas noturnas. Resta apenas um problema: como transferir as imagens para o notebook, um velho IBM Thinkpad 560Z de 1998, amarrado com barbante, que at� aqui n�o deu mostras de querer conversar com o novo membro da fam�lia...






    8.10.03


    Amanh�!

    Vida Digital

    Sabe tudo aquilo que voc� sempre quis saber sobre Palms e PDAs em geral, mas nunca teve a quem perguntar?

    Pois a sua chance de remediar isso � amanh�, no Vida Digital, nosso costumeiro papo das quintas-feiras, que vai ao ar com o Marcelo Rodrigues -- que sabe tudo a respeito dessas maquininhas maravilhosas.

    L� no lounge do Rio Design Barra, �s 20hs -- como sempre.





    7.10.03



    No ar

    Ent�o. Tou de novo na estrada, depois de um temp�o solidamente ancorada no Rio. J� estava perdendo a pr�tica de discutir com gente de companhia a�rea...

    Viajei bem, cheguei direitinho e agora estou indo comprar uma roupa para o jantar. Claro, eu trouxe mil camisetas e todos os casacos, mas esqueci a roupa chique. Por que � que NUNCA acontece o contr�rio?!





    6.10.03








    Fotolog da semana

    Karin Faulkner � loura, solteira, americana: tudo, em suma, que os chineses estranham. Est� h� quatro anos na China, dando aulas de ingl�s em Xiamem, cuidando de Carney (um gato que por pouco n�o virou comida) e registrando suas impress�es sobre o pa�s. Est� escrevendo um livro, e faz um dos fotologs mais interessantes que conhe�o, sobretudo para quem fala ingl�s e pode ler as suas �timas legendas.

    Karin n�o tem c�mera digital, suas fotos poderiam ter sido feitas por qualquer um de n�s, mas l� est� a China que a gente n�o v� no notici�rio nem encontra na National Geographic: um pa�s diferente mas nem tanto, onde at� a geladeira da vendinha � familiar. Em www.fotolog.net/roomwithaview .

    P�xeis no papel

    Preparem-se: uma nova esp�cie de produto promete tomar conta do mercado. S�o as pequenas impressoras termais feitas exclusivamente para imprimir fotos, que podem trabalhar diretamente conectadas a c�meras digitais, dispensam intermedia��o do computador e produzem c�pias 10 x 15 perfeitas � iguais, se n�o melhores, como qualidade e durabilidade, �s c�pias em papel fotogr�fico.

    Do tamanho de um livro grosso, essas impressorinhas s�o simpl�ssimas de usar, e trabalham com papel e tinta vendidos em kits, conjuntos de p�ginas e cartucho com tinta suficiente para aquelas p�ginas. Nos EUA, o pre�o de um kit de 40 p�ginas da Canon, por exemplo, est� em cerca de U$ 25. � caro, mas permite calcular exatamente quanto custa cada foto, coisa imposs�vel com as jatos de tinta a que estamos acostumados.

    Estive usando uma Canon CP 300, que tem inclusive bateria para poder ser utilizada longe de fontes de eletricidade. Embora tenha gostado do efeito Polaroid criado pela c�mera diretamente acoplada a ela, confesso que o que me conquistou mesmo foi a sua versatilidade quando conectada ao PC. Mais simples de instalar e usar, imposs�vel; se eu fosse californiana, diria que essa foi a melhor �experi�ncia� de impress�o que tive em muito tempo.

    Para isso contribui o software da Canon, que tem uma infinidade de molduras, recortes e bossas que podem ser aplicadas �s fotos (que v�o levar adolescentes � loucura e pais � ru�na). Uma vez impressas, elas recebem a camada de filme protetor caracter�stica das termais, que as torna � prova d��gua, ou seja: � prova de crian�as, c�es, gatos e adultos desastrados. E o verso do papel ainda tem uma gracinha a mais: marcas de cart�o postal, para que a gente possa levar as c�pias direto ao correio mais pr�ximo.

    Como a maioria das novas impressoras do g�nero, a CP 300 e sua irm� menor CP 200 (sem bateria) usam o padr�o de ind�stria PictBridge, que permite a c�meras de diversos fabricantes utilizarem impressoras de outros. Os seus pre�os (entre U$ 150 e U$ 300 nos EUA) s�o, como costuma acontecer nesse ramo, relativamente baratos: como sabemos, � nos kits de papel e tinta que est� a nossa perdi��o � e o lucro dos fabricantes.

    Fotos �alternativas�

    Criei dois pequenos fotologs para quem quiser ver como funcionam fotos �alternativas�. Em www.fotolog.net/palm
    est�o exemplos das que venho fazendo com o Palm Zire 71; em www.fotolog.net/nokia7650
    as que saem de um Nokia 7650 da Tim. Em ambos, links para v�rios outros fotologs �m�veis�.

    (O Globo, Infoetc., 6.10.2003)






    Algu�m sabe dessas tartarugas?

    "Ol� Cora,

    Gostaria de perguntar se voc� sabe alguma coisa sobre o que aconteceu com aqueles ovos de tartaruga que foram postos na praia da Barra perto dos Bombeiros. Eles estavam l� enterrados num local protegido, com placa dando expl�ica��es sobre a esp�cie. Pois n�o � que dia desses eu passando por l� n�o vi mas nenhum sinal dos ovos, tamb�m n�o havia nenhum bombeiro por perto para perguntar, ser� que viraram omelete? Desculpe ocupar seu tempo, mas se por acaso souber de algo ficaria muito grato.

    Um grande abra�o e bons ventos

    Cl�udio Teixeira da Silva"





    5.10.03




    Ontem, na estr�ia de O Acidente, nova pe�a do Bosco Brasil, tentei pegar ele e o Dan de surpresa, mas n�o consegui. Se eu tivesse que ganhar a vida como paparazzo j� estava morta de fome...

    Novos tempos

    Gostei muito da pe�a, que vai ter o ingrato destino de ser inevitavelmente comparada a "Novas Diretrizes em Tempos de Paz", o grande sucesso do Bosco. Ora, "Novas Diretrizes" � imbat�vel sob v�rios aspectos -- a come�ar, justamente, pelo seu extraordin�rio sucesso, que ganha o p�blico antes mesmo que ele entre no teatro.

    "O Acidente" parte da festa de anivers�rio fracassada de Mario (Marcelo Escorel), a que ningu�m vai, com exce��o de sua colega de firma Mirian (Louise Cardoso), para fazer uma bela par�bola sobre as rela��es humanas e os nossos enganos e desenganos. Se eu tivesse que resumir a hist�ria numa �nica frase, usaria (para variar) uma do Mill�r: "Como s�o maravilhosas as pessoas que n�o conhecemos muito bem!"

    N�o vou contar o que acontece porque n�o sou estraga-prazeres. D�em um pulo at� o teatro, para conferir por voc�s mesmos; � uma linda hist�ria!

    Taqui o servi�o completo:

    Casa de Cultura Laura Alvim: Av. Vieira Souto 176, Ipanema � 2267-1647. Quinta a s�bado, �s 21h. Domingo, �s 20h30m. R$ 25 (qui, sex e dom) e R$ 30 (s�b). 90 minutos.






    Grrrrr...!

    "LAS VEGAS - Um tigre branco atacou o m�gico Roy Horn durante um show da famosa dupla "Siegfried e Roy" em Las Vegas na noite de sexta-feira, deixando o ilusionista seriamente ferido." (Mais aqui)
    Oqu�i. A gente n�o deve dizer "bem-feito!" diante de um drama desses, portanto n�o digo. Mas penso. Acho revoltante qualquer show de animais. N�o foi para se exibir em cassinos que os tigres vieram ao mundo, definitivamente.

    Vi alguns desses pobres felinos h� alguns anos, l� mesmo em Las Vegas, no Mirage, se n�o me engano. Eles ficavam expostos, durante o dia, numa "ambienta��o" pra l� de fake, bem condizente com a cidade. Fiquei deprimida com aquilo.

    Quantos treinadores tigres, on�as e le�es v�o ter que detonar para que as pessoas entendam que � uma crueldade sem tamanho for�ar bichos a fazerem gracinhas para o p�blico?!





    4.10.03



    Sabem quem faz anos hoje?


    A Em�lia!!!


    Parab�ns, gatinha querida!








    Escreve o leitor

    Carlos Eduardo Martins, leitor do Globo, me mandou uma excelente e indignada mensagem:
    "A Telemerd - oops, Telemar est� ligando para as resid�ncias com uma mensagem gravada, "Aqui � Andr�a Beltr�o. Fa�a DDD e DDI pelo trrrrinta -" s� ouvi at� a� antes de desligar. Al�m de ser uma forma de "spam" e de atentar contra a livre concorr�ncia - ou ser� que a Telemar vai fornecer seu cadastro de gra�a para Embratel, Intelig etc.? -, significa que a pr�pria concession�ria est� sobrecarregando as linhas para fazer auto-propaganda, de resto totalmente dispens�vel haja visto que a campanha j� � fartamente veiculada pelas outras, argh, "m�dias".

    Al�, Conar? Al�, Anatel? Algu�m em casa?"
    � isso a�...





    3.10.03






    Ainda agora, aqui na reda��o: Xex�o no telefone e a mesa sempre arrumada do Nelson Vasconcelos, colunista de Economia. Fotinhas de celular...






    Quadr�pedes necessitados, aqui!











    A capivara em pessoa!

    Ganhei essas fotos maravilhosas do Felipe S�ssekind, fot�grafo que, junto com um amigo, est� produzindo um v�deo sobre a capivara da Lagoa, pacientemente filmada por eles. Os dois j� entrevistaram pescadores e vendedores de coco, o bombeiro que tentou captur�-la e bi�logos do Riozoo.

    Dentro de algumas semanas o trabalho fica pronto.

    N�o vai ser o m�ximo? Um v�deo estrelado pela capivara?! Esse eu tou louca pra ver!!!





    2.10.03


    A caminho...

    A caminho do Rio Design Barra, fa�o um dos meus �ltimos posts com o Partner: essa semana, a maquininha e eu nos separamos. Vou sentir saudades...
















    Fotos de telefone

    Fiz essas fotinhas na sa�da de casa com o Nokia. Mandei pra mim mesma, aqui no jornal; e daqui a pouco vou ver como ficam no tel�o do Rio Design Barra, na outra ponta da cidade.

    Agora s� falta a gente conseguir se transportar com a mesma velocidade... :-(((






    Hoje!

    Vida Digital

    Hoje o Vida Digital, nosso costumeiro papo das quintas-feiras, vai ao ar com a cronista que vos tecla.

    Depois de duas semanas de conviv�ncia com imagenzinhas pequenas, proponho conversarmos sobre celulares e PDAs que fotografam, e onde eles podem se encaixar no dia-a-dia da gente. Voc�s topam?

    Vai ser l� no lounge do Rio Design Barra, �s 20hs, como sempre.






    Tem uma festinha no fotolog







    A cabra, a capivara e algumas antas

    Um dia, vinha eu calmamente andando pela Visconde de Piraj� quando, na esquina da An�bal de Mendon�a, vi uma cabra em cima de um muro. Isso foi h� muito tempo. Tanto, tanto, que a gente podia andar calmamente pela Visconde de Piraj�. Ali, onde hoje h� um hotel, uma casa com jardim e quintal vivia seus �ltimos dias. Voc�s a� nem eram nascidos. N�s ach�vamos Brizola o pior governador de todos os tempos, sem saber o que o destino nos reservava. Ainda assim, posso garantir que uma cabra em cima do muro n�o era um acontecimento rotineiro em Ipanema.

    Ela era branquinha e amistosa, e tentava alcan�ar as folhas de uma �rvore, equilibrando-se no muro com a facilidade e a eleg�ncia da esp�cie. Fiquei maravilhada com o espet�culo, e feliz em estar t�o bem posicionada para assistir. N�o tinha d�vida de que, em breve, haveria um aglomerado no local.

    Pois sim! Durante todo o tempo da refei��o, que durou uns 20 minutos, fui a �nica a achar que cabra em cima de muro, numa das esquinas mais movimentadas de Ipanema, merecia aten��o. A multid�o ia e vinha como sempre, carregando sacolas e acenando para �nibus e t�xis. Ningu�m parou, ningu�m manifestou espanto, ningu�m sequer notou a cabra. Senti uma vontade louca de parar as pessoas, de sacudi-las:

    � Vejam, h� uma cabra em cima do muro! Em plena Visconde de Piraj�! Uma cabra! De verdade!

    Como sou t�mida, fiquei s� na vontade. Quando a bichinha acabou de comer e sumiu por tr�s do muro, fui embora, encantada com o animal e perplexa com os meus semelhantes, que n�o tinham percebido o ins�lito da cena. At� hoje guardo a lembran�a dessa cabra carioca como uma das coisas bonitas que me foi dado ver.

    * * *


    Pois domingo passado, caminhando pela Lagoa, encontrei finalmente a capivara. Quando come�aram a falar nela, achei que era personagem de mais uma lenda urbana, prima distante do monstro do Lago Ness. Logo, por�m, fotos e testemunhos me fizeram mudar de id�ia. Passei a levar a m�quina fotogr�fica nas caminhadas, de olho no manguezal.

    Os dias se passaram e acabei deixando a capivara pra l�. E no domingo, como j� era tarde, deixei pra l� tamb�m a c�mera. N�o deu outra! � altura do Hospital da Lagoa, noite caindo, l� estava ela, gorda, lustrosa, refocilando na lama em toda a sua gl�ria. Um rapaz que vinha de bicicleta parou ao meu lado, igualmente encantado. Conversamos um pouco.

    � Deviam levar para o zool�gico. Aqui n�o vai durar nada, daqui a pouco algu�m mata para comer.

    Concordei, em princ�pio, embora tenha d�vidas em rela��o � id�ia do zool�gico: animal solto � outra coisa. Enquanto isso, v�rias pessoas passavam batidas pela capivara, exatamente como, tantos anos antes, passavam pela cabra. Di�logo de duas mo�as:

    � N�o � cachorro, n�o, deve ser aquele bicho que falaram, como � o nome?

    � Paca, n� n�o?

    � �, uma coisa assim...

    Quer dizer: nem sabendo que ali havia um bicho diferente pararam! O rapaz da bicicleta e eu nos entreolhamos, diante de tal falta de interesse. Depois nos despedimos, e desci devagarinho para a beira d'�gua, para ver a capivara mais de perto. Ela n�o se incomodou com a minha presen�a. Olhou para mim brevemente, e voltou � sua magn�fica imund�cie.

    Rolava no ch�o contente, esfregando as costas. Parou um pouco, bebeu �gua, comeu mato e voltou � lamban�a. � um bicho grande. Deve ter quase um metro, uma cara muito engra�ada. Como todos n�s, gosta de se divertir: dava botes nos martins-pescadores, que fugiam alarmados, aos gritos, a cada movimento dela. Mas n�o tinham por que se preocupar, os bobos. As capivaras, maiores roedores do mundo, s�o herb�voras.

    Quando minha nova amiga � j� a considero assim � mergulhou para nadar at� o outro lado da sa�da de esgoto, voltei para a cal�ada, onde um segundo rapaz, tamb�m de bicicleta, estava parado observando.

    � � a capivara, �?

    Ele ouvia falar nela h� tempos, e nunca a havia encontrado.

    � Maravilhoso ver a natureza assim!

    Esse era dos meus! Animados, conversamos sobre a vida na Lagoa, sobre os bigu�s e as gar�as e tudo o mais em volta.

    � Coitada dessa capivara. Deve estar muito solit�ria. Deviam botar outras a�. J� pensou, um monte de capivaras, como as cotias do Campo de Santana?

    Gostei da id�ia: uma col�nia de capivaras na Lagoa! H� provavelmente mil contra-indica��es ecol�gicas, e at� morais e religiosas, mas que seria formid�vel encontrar capivaras todos os dias, l� isso seria.

    � Poderia virar uma grande atra��o tur�stica, imagine quantas pessoas viriam para c� para ver as capivaras.

    Ser� que viriam? Ser� que veriam?

    Nisso, a capivara mergulhou e sumiu por um tempo. Quando a vi novamente, ia l� na frente, pronta para chatear mais um grupo de p�ssaros. O rapaz subiu na bicicleta e ficou olhando. Eu continuei a caminhada, e completei a volta da Lagoa em 2h45m. De noite, ouvi no �Fant�stico� que um corredor do Qu�nia chamado Paul Tergat fez a maratona em 2h04m55s. Esse cara n�o olha capivara.


    (O Globo, Segundo Caderno, 2.10.2003)






    Gente grande

    Meu amigo Greg�rio escreveu essa maravilha no Greg Flog:
    "Essas s�o Nina, Bettina e Daphne, grandes pequenas amigas. Hil�rias, elas v�m nos visitar todo dia, religiosamente, no p�tio da escola. Com uma eloq��ncia e um humor que muitos adultos n�o t�m, contam hist�rias, piadas e fazem perguntas com seus olhos enormes e curiosos, desejosas de saber o que v�m pela frente de suas vidinhas t�o frescas. Outro dia, eu disse que estava no �ltimo ano e que sairia da escola em novembro. "Pra sempre?", perguntaram elas, perplexas. "Pra sempre", eu respondi. S� a� me dei conta de que eu sairia de fato da escola, pra nunca mais. S� a� me dei conta de que pra sempre � pra sempre e pronto." (Greg�rio Duvivier)





    1.10.03


    Surpresa

    A gente �s vezes guarda coisa de que nem se lembra mais. A� vai remexer nas gavetas e se emociona.










    Pixeis ao telefone


    Ontem � noite jantamos com Oscar Niemeyer. Ele � habitu� de um dos nossos restaurantes favoritos, e volta e meia acabamos na mesma mesa. Dessa vez, eu estava com o Nokia 7650, um celular com c�mera, e n�o resisti.

    As fotos n�o ficaram grande coisa para uma m�quina fotogr�fica. Para um telefone, por�m, se sa�ram otimamente -- sobretudo se a gente levar em considera��o a ilumina��o local. Eu gostei particularmente de uma foto do Oscar tragando a cigarrilha: a pontinha de luz ficou bem destacada.

    E a� aconteceu uma dessas coisas t�o internet: Pixelman, um fotologger que desenha algumas das imagens do dia, transformou aquela fotinha de telefone num belo retrato. Legal, n�?

    Para quem quiser ver mais fotos de telefone: estou fazendo um fotolog s� com imagens capturadas nesse Nokia em fotolog.net/nokia7650. L� estou juntando tamb�m links para outros flogs feitos a partir de imagens de phonecams.






    tonight soky ovw efcfhgx

    S� por curiosidade: ser� que ainda h� algu�m no mundo que abra uma mensagem com um t�tulo desses?!