30.6.02


QUE DOMINGO!!!!!

Logo depois do jogo, a Bia e eu ficamos na maior dúvida: praia ou calçadão? Apesar do dia perfeito, optamos pelo calçadão. Afinal, a praia está lá todo dia, mas calçadão em ritmo de penta não é pra quem quer, é pra quem pode, né? (em Buenos Aires, por exemplo, não tem...) e lá fomos nós. Ótima escolha! A cidade INTEIRA estava na rua, dois terços, pelo menos, de camisa verde e/ou amarela, no maior astral. Ha!

Já uma escolha não tão boa foi passar pelo Clipper, onde a Bia queria encontrar uns amigos. Pode até ser que eles estivessem por lá, mas se a cidade estava INTEIRA na rua, o Leblon se concentrou TODO no Clipper. Resultado: a gente lá, entalada, sem conseguir ir nem pra frente nem pra trás... Quando conseguimos escapar do sufoco, procuramos um orelhão pra fazer uma transmissão ao vivo pra Mami, no sítio, da festa carioca.

Não conseguimos falar muito bem, com tantos decibéis pela cidade, mas o barulho deu o recado pela gente. Aliás, sinceramente: que coisa insuportável essas cornetas que andam por aí! Não há penta que justifique um som tão chato e, eventualmente, mal educado: até no Bar Lagoa, onde almoçamos, havia dois palhaços que não parávam com aquela praga, pra desespero do resto, que só queria almoçar e se divertir, vá lá, mas feito gente... Agora, quem é macho suficiente pra reclamar de comemoração de penta?! ARGH!!!

Em compensação, não faltaram bons momentos na comemoração no calçadão -- e acho que nunca me arrependi tanto de ter deixado a câmera em casa! De cara, encontramos um bloco de Hare Krishnas empolgadíssimos, carregando uma bandeira do Brasil enorme, fazendo a maior batucada. Hare Krishna, Hare Krishna, Penta Penta, Penta Penta... Eu, hein?! Bizarro! E os "cãopeãos"?! Quase todos os cachorrinhos de Ipanema saíram de camiseta, boné, saiote, bandana... Geralmente não gosto de bichos vestidos, mas desta vez achei fofos demais os quadrupinhos torcedores -- e adorei a criatividade dos bípedes que estavam com eles.

Voltamos para casa no meio da tarde, mortas de cansadas. Desmaiamos junto com os gatos, todos muito estressados com o resultado do jogo; e agora, bem descansadas, vamos pra rua de novo, pra comemorar o penta sem pensar no regime. Vamos caçar um sorvete!

Chaika, Mil Frutas, Alex -- lá vamos nós!




Bia, como a maioria dos jornalistas, detesta tirar foto ao lado de "fonte"; acha um mico completo. A única exceção taí... Consegui licença dela pra postar esta aqui, a duras penas, porque, afinal, pentacampeão é pentacampeão. Ela foi feita no camarote da Brahma, no último carnaval, e é a mais recente das que ela tem com o Ronaldinho.











27.6.02


Tá explicado!




A querida Gata das Pantufas explica, lá de Portugal, um mistério lingüístico que sempre me atormentou:

» » Os telhados das casas não tinham forro e as madeiras que os sustentavam eram o melhor lugar para os animais se aquecerem; cães, gatos e outros animais de pequeno porte como ratos e besouros. Quando chovia começavam as goteiras e os animais pulavam para o chão. Assim, a nossa expressão "está a chover canivetes" tem seu equivalente em inglês em "it's raining cats and dogs". Para não sujar as camas, inventaram uma espécie de cobertura, que se transformou no dossel.

Agora eu só preciso descobrir por que, em português, nós dizemos que está chovendo canivete...







Gatiiiinho...

O Ismael Furtado deixou um comentário lá no Álbum de Visitas:

"Oi Cora, não entendi a presença do do Alf (ETeimoso) no blog. Você sabia que o prato favorito dele é gato?"

Não é que é mesmo?! Eu já tinha esquecido... Mas acho que no Alf eu perdôo até isso, ele é um dos meus personagens favoritos. E, depois, é só de mentirinha: aí pode. Eu mesma vivo dizendo pro Clarence, o hamster da Manoela, que um dia vou trazer ele aqui pra casa pra apresentar ele a certas pessoas que vão gostar muito dele...






Defendendo o que é nosso

Uma grande dica que o Mário Jorge me passou hoje: a Xiph.Org Foundation. Traduzo apenas a definição que eles fazem de si mesmos para vocês verem do que se trata; alegrem-se! Eu acho maravilhoso sempre que descubro tanta gente alerta e bem intencionada na rede...

"Uma instituição sem fins lucrativos, dedicada a evitar que a base multimidia da internet caia sob o controle de interesses privados. Nosso propósito é apoiar e desenvolver protocolos e programas livres e abertos, para servir aos mercados consumidor, desenvolvedor e de negócios."

Visitem a página. É muito legal.





26.6.02


Leis da Física Felina

Este site aqui é mal comportado a mais não poder. Tem música MIDI, um visual que deixa muito a desejar e, ainda por cima, sai largando pop-ups publicitários quando é fechado. Mas, em compensação, tem um texto MARAVILHOSO: Rules of Cat Physics, que nenhum ailurófilo angloparlante deve perder.






UFA !!!!

E agora, que a Pátria está salva, vou dormir. Boa noite!

(Os gatos, coitados, estão odiando o resultado do jogo: fogos, gritaria, buzinas, cornetas. Sobretudo fogos. Impossível explicar futebol para eles.)






Considerações da Nancy sobre o mundo blog: irretocáveis.







Blog!

(Detalhe: não deixem de clicar em Info / Quem sou eu no cantinho, à direita)

Aliás: é muito curioso este círculo virtuoso da rede. Uma pessoa vem aqui, deixa um recado, faz um link; eu vou lá, deixo um recado, faço um link; alguém aparece de passagem, pega um link daqui e outro dali; no fim, não importa quantos sejam os blogs espalhados por aí, alguma coisa sempre teremos em comum.

Por exemplo: não tenho idéia por quê, mas um dia o Jörg Kantel, do Der Schockwellenreiter, veio dar com os costados aqui. Ele é alemão e não fala português. Mas gostou de alguma coisa e fez um link. E eu fui lá. E eu sou brasileira e não falo alemão, mas gosto muito do blog que ele faz e, volta e meia, linko ele aqui. E às vezes ele me linka lá. E alguém me linka a partir de lá, ou alguém linka ele a partir daqui, e vamos todos nos conhecendo nessa imensa Babel.

Assim um dia, quem sabe, a gente acabe se entendendo...






Nuvens passageiras

O Hiro acaba de postar um artigo muito interessante que analisa se os blogs são apenas um modismo ou se vieram para ficar, chamado Is Blogging a Fad?. Gostei do artigo -- mas na minha cabeça está tão clara a questão dos blogs que este tipo de discussão já me parece até supérfluo.

Para mim os blogs são, hoje, ao mesmo tempo modismo e tendência -- como acontece, aliás, com todas as tendências. Estamos vivendo atualmente o momento fad dos blogs: só se fala nisso e todo mundo quer ter um, assim como, há alguns anos, todo mundo queria ter um website. Hoje, a maioria dos websites pessoais morreu; ficaram no ar os essenciais, aqueles que são, de uma forma ou de outra, informação que precisa ser compartilhada.

Com o tempo, à medida em que os blogs forem se incorporando ao ambiente (o que já começa a acontecer), eles vão passar a ser vistos com naturalidade. Aí, além dos usos óbvios e, digamos, corporativos dos blogs -- empresas jornalísticas, comunicação empresarial, essas coisas -- só vai ter blog quem tiver mesmo algo para dizer, seja este algo o que for; enfim, só terão blog aquelas pessoas que têm uma necessidade vital de se comunicarem umas com as outras.

Acho que a publicação de um blog pessoal não é inteiramente diferente, como impulso, de se praticar corrida ou natação, coisas que muita gente começa a fazer ou porque se empolgou com uma reportagem interessantíssima numa revista, ou porque quer entrar em forma, ou porque tem amigos que fazem, ou ainda porque o médico mandou.... O fato é que todo mundo começa com muito gás -- mas, passados uns meses, só continuam correndo e nadando as pessoas que não podem viver sem correr e nadar. E pronto.





25.6.02


No clima




Foto descaradamente roubada do Dudi (Maia Rosa), que faz um dos blogs mais bonitos e originais que eu já vi.












Hoje, quando acordei, encontrei 89 msgs no MailWasher (onde limpo os emails antes de baixá-los pro Eudora). 76 eram spam.






Queimando em público

Quem chama a atenção para esta notícia é o Slashdot: serão inaugurados em setembro, na Austrália, quiosques para queimar CDs. O fato foi divulgado com tons sensacionalistas pelo Herald Sun (tipo "Pirataria legalizada!"), mas este é, obviamente, um caso a ser observado.

O funcionamento das máquinas, que poderão ser encontradas em locais públicos, como shoppings e cibercafés, foi autorizado pela Australian Mechanical Copyright Owners Society, a associação local de defesa de direitos autorais, através de um acordo que prevê o pagamento de uma percentagem não divulgada sobre o preço de cada CD queimado. Não se sabe ainda, porém, o que a ARIA (a correspondente australiana da infame RIAA) tem a dizer a respeito do assunto, já que seu presidente está viajando e não foi localizado pelo jornal.

Eu, pessoalmente, acho que os australianos estão cobertos de razão. Para início de conversa, a cópia de CDs é uma atividade perfeitamente legal. Quem diz que todo CD é de música? Quem diz que todo CD de música deve, obrigatoriamente, direitos às RIAs da vida? Finalmente, quem diz que, ainda que o CD seja de música, e que uma das RIAs da vida detenha direitos sobre ele, eu não posso copiá-lo?

Quando eu ainda tinha CD player no carro (bons tempos aqueles, em que nós, cariocas, podíamos ter CD players nos carros!) não sei quantas vezes me levaram discos que nunca mais consegui repor; mas, naquele tempo, eu ainda não tinha queimador de CD em casa. Hoje, se eu ainda tivesse player, não ia um CD original pro carro.

A verdade é que os quiosques australianos são uma ótima idéia, sob todos os aspectos, já que vão pôr ao alcance dos usuários recursos que, hoje, só se encontram nas máquinas mais modernas. Em outras palavras, eles são mais uma forma de popularização da tecnologia. E isso é bom.






Procura-se um gatinho amarelo (no Rio)

Recebi este email da Nájila; se alguém tiver um gatinho que preencha as condições necessárias...

"Sou uma das leitoras do seu blog e por saber que vc gosta de gato como eu, gostaria de saber se vc não sabe de alguém que tenha um gatinho para doar? Procuro um gato amarelo tigrado, venho sonhado direto com esse gato por isso percebi que não dá mais para adiar isso: tenho que ter meu gato amarelo para amar e dar muito carinho.

Venho pensando em ir na Suipa, só que fico com medo de ir lá pq sou muito apegada a gato e animal em geral, e sei que vou ficar mal em ver tanto bichinho largado lá sozinho.

Ha! Já ia me esquecendo: adoroooooooo o Mosca, esse seu gato é lindo lindo, procuro um gatinho como o Mosca. Dê um beijo no gato mais lindo da net por mim... Nájila Ramires."

Bom, está dado o recado (inclusive ao Mosca, que é mesmo um demolidor de corações). Mas não descarte a Suipa não, Nájila. Lá eles têm bichinhos de todos os tipos, cores, idades e temperamento, e precisam demais de gente que possa adotá-los para lhes dar o carinho que merecem. É verdade, é triste ver tantos animais abandonados; mas, em compensação, se você adotar um deles, estará melhorando um pouquinho este quadro, não acha? Beijos, e me avise quando achar o gatinho.








Capturei aqui.





24.6.02


Gente, o que é este blog?!

Para quem ainda acha que o pecado original dos blogs é serem apenas "diários", e vê nisso um fator negativo, uma lição de coisas: a vida é diária. E LINDA.







Não são FOFOS? O Lucas ganhou da Meg... :-)






Blog!







Filósofos em fúria

Este fim-de-semana, como vocês podem facilmente constatar pelas datas dos posts do blog, andei dando um tempinho no computador. Nada sério -- nem com ele nem comigo, felizmente -- mas aconteceram muitas coisas interessantes. Sobretudo, caí nas garras de um livro maravilhoso, Wittgenstein's Poker (Ecco, 340 páginas, US$ 24), de David Edmonds e John Eidinow, que comecei a ler e não consegui largar mais. Ele me chamou a atenção porque, em princípios dos anos 80, tive a sorte de conhecer e de entrevistar um de seus protagonistas, Karl Popper, então um dos Monstros Sagrados da filosofia -- e fiquei curiosa a respeito do que ele andara fazendo quando jovem.

A idéia central do livro é inteiramente maluca, e só podia mesmo ter sido levada a sério na Inglaterra. No dia 25 de outubro de 1946, numa sala em Cambridge onde se reunia um grupo de discussão de filosofia, Karl Popper e Ludwig Wittgenstein se encontraram pela primeira e única vez em suas vidas; Bertrand Russell também estava lá (!), mas não teve nada a ver com a história. O encontro durou dez minutos, o suficiente para, segundo a lenda, Wittgenstein subir pelas paredes, ameaçar Popper com um tiçoeiro e sair enfurecido, batendo a porta: para ele, que acreditava que a filosofia nada apresenta além de charadas e enigmas, a idéia de Popper, de que ela oferece, sim, problemas reais, era de uma estultice simplesmente impossível de engolir.

O entrevero causou comoção entre os presentes e, obviamente, uma semana depois, em todos os departamentos de filosofia de todas as universidades do mundo, o conto tinha ganho muitos e muitos pontos. Wittgenstein teria acertado Popper com o tiçoeiro; Popper teria se armado com outro tiçoeiro, e os dois se teriam atacado com os ferros em brasa; Bertrand Russell teria distribuído bengaladas a torto e a direito. Vocês conseguem imaginar uma cena melhor?!

Pois Edmonds e Eidinow, dois jornalistas da BBC, resolveram tirar a limpo o que de fato aconteceu naquela tarde. Leram os relatos publicados na época e a sua descrição nas várias autobiografias publicadas ao longo dos anos por filósofos presentes ao encontro, e foram atrás dos que ainda estavam vivos para saber o que houve. O resultado? Cerca de 300 páginas absolutamente deliciosas, em que se misturam jornalismo investigativo, filosofia, biografia, história e ótima literatura. Em suma: tudo o que a gente pode querer para atravessar um fim-de-semana chuvoso no Rio.

Não sei se este livro já está traduzido, ou se sequer foi comprado por alguma editora brasileira. É possível que sim, pois transformou-se num daqueles improváveis sucessos editoriais que, volta e meia, fazem com que a gente volte a acreditar na inteligência coletiva da humanidade. De qualquer forma, fica aqui a minha mais calorosa recomendação -- para as editoras, caso nenhuma tenha ainda se interessado pelo livro, e para os leitores angloparlantes.






LINKS DA COLUNA DO INFO ETC.

Para a turma que está chegando lá do GLOBO, aqui estão os links da semana:

Salon, uma das melhores revistas on-line
Pac-Man, o meu jogo favorito, em dica do Fábio
Paul Neave, que desenvolveu uma versão em Flash igualzinha à antiga, que a gente jogava primeiro nos arcades, e depois nos PCs movidos a DOS, em disquetes de 5"1/4; recomendo um passeio pelo site todo, que é ótimo!
A grande aventura do Ramalho
Mosca, o canalha amarelo
Meg Guimarães, a favorita de onze entre dez blogueiros

E os blogueiros que me ajudaram a fazer a coluna:

Aline Coelha
Rafael Cotta
Repórter Mosca
Ruth Mezeck
Claudio
Mary
Raulzito
Suely





21.6.02


Salta um no capricho!

A linha de sanduíches temáticos do McDonalds, homenageando países da Copa, acaba de ganhar um acréscimo: o McEliminado. É feito com pão francês, carne argentina, molho italiano e azeite português. Acompanha batata inglesa.






Adeus, video-cassetes...

Segundo o Washington Post, a Circuit City, segunda maior rede de eletrônicos dos Estados Unidos, está, aos poucos, retirando as fitas de video-cassete das prateleiras. Embora 95% dos lares americanos tenham aparelhos de video-cassete, as vendas de fitas estão caindo sem parar. Por ouyro lado, as de DVD, tecnologia que já conquistou 30% do mercado (de lá), estão subindo consistentemente, a tal ponto que algumas lojas da cadeia, como as de Richmond, Virginia, já nem vendem mais fitas.






LEG-al!




Eu como Lego!
Achei lá no Boechat...
Muito divertido, você pode
se construir e se produzir
como bem entender.
Depois ainda tem gente
que reclama que
não há nada de útil
na internet, pode?!







Novidades

Há um novo sistema de comentários na praça: o enetation. Parece bem legal. E, por falar em legal, chequem só o novo visual do Mario AV: mudança totalmente radical!






Torcedor felino

Lá no Álbum de Visitas, o Rocir e o Hiro, separadamente, me recomendaram este delicioso filminho. Muito obrigada, meninos! Eu passo a recomendação adiante: é uma propaganda da Bacardi estrelada por um gatinho de espírito esportivo. Fofo! Pena que o pobre felino seja britânico: a essa altura, deve estar escondido no fundo do armário da cozinha, amargando a derrota dos seus compatriotas.






Emoções conflitantes

Bia e Mark foram assistir ao jogo com amigos. Eu, que sou um ser que rala, fiquei aqui mesmo, trabalhando; mas Copa é Copa e, apesar de não gostar de futebol, liguei a TV do escritório e acabei assistindo, melhor dizendo, ouvindo, o jogo em companhia dos gatos. Tudo o que tenho a dizer sobre a partida é que acho o Ronaldinho Gaúcho muito simpático, e não acredito que ele seja capaz de ter feito nada de tão mau assim para ser expulso de campo -- mas é claro que esta opinião não vale nada, já que eu mal sei quem é a bola.

Estou feliz com a vitória brasileira (ainda por cima por ter sido sobre a Inglaterra, aquele país de hooligans), mas tristíssima com a notícia que ouvi no intervalo: morreu, em Belo Horizonte, o Roberto Drummond, que eu não via há tempos mas de quem sempre gostei muito, como escritor e como pessoa. Autor de Hilda Furacão, que todo mundo conhece, Roberto era louco por futebol e cronista esportivo do Estado de Minas. Que esta vitória seja, em alguma esfera metafísica que desconhecemos, uma espécie de homenagem a ele.





20.6.02


Como viajar e falar ao telefone...
sem ir à falência

Quem viaja com razoável freqüência sabe que usar telefone de quarto de hotel é dos maiores riscos que se pode correr. Além de tomar por base as tarifas telefônicas mais caras existentes, a indústria hoteleira vem se especializando na criação de taxas e sobretaxas simplesmente surrealistas. Antigamente, ligações locais não ofereciam perigo, assim como as feitas para os 1-800; com isso, quem quisesse ligar para casa usando o seu cartão ATT, Embratel ou Global Call ficava tranqüilo, sabendo direitinho o quanto lhe custaria a brincadeira.

Bons tempos aqueles. Hoje já não existe hotel nos Estados Unidos que não cobre acintosamente por ligações de qualquer espécie. O simples ato de levantar o fone do gancho é um perigo, sobretudo em tempos de dólar instável. Durante minha última viagem, por exemplo, encontrei dois belos exemplos de como depenar um pato comunicativo. O primeiro foi no Sheraton de San Diego, que cobra US$ 2 pela primeira hora de qualquer espécie de ligação (local, 1-800 ou cartão telefônico); a partir dos primeiros 60 minutos, cada minuto subseqüente passa a custar US$ 0.10.

Ora, ninguém vai, em tese, passar mais de uma hora conversando com alguém em San Diego. Mas duas ou três horas de conexão internet passam voando, sobretudo para quem está a trabalho... A home-page do hotel menciona conexão internet banda-larga em todos os quartos, mas o máximo que eu consegui foi um IP discado vagabundo, que mal ultrapassava os 33.6Kbps... e caía a toda hora. Cada reconexão custava, é lógico, mais US$ 2. O pior é que sequer havia saída para banda-larga à vista em qualquer lugar do quarto. Quando perguntei à gerência onde estava a famosa rede, a resposta foi um cínico: "Ah, este é um serviço que teremos em breve..."

No Marriott de São Francisco, onde fiquei durante a MacWorld, e que fazia a mesma promessa em seu website, a resposta era, pelo menos, mais original: "A companhia que nos prestava este serviço faliu". Mas lá também não havia saída para banda larga no quarto. Ainda que isso fosse verdade, num e noutro caso, custava atualizar a home-page?!

Mas foi no Radisson Miyako de São Francisco, onde passei uma noite ao me desencontrar do Lynn, que encontrei a matemática mais esdrúxula. A primeira meia hora de ligação local, 1-800 ou cartão, era gratuita. A partir daí, aplicava-se uma taxa imediata de US$ 1,50, mais US$ 0,26 (!) para cada minuto subseqüente. Os cartõezinhos que informavam isso também esclareciam aos hóspedes que havia, no lobby, telefones públicos à sua disposição. Pode?!

Pior: a última moda dos business centers dos hotéis (e aeroportos) são umas máquinas automáticas de conexão que cobram preços ainda mais exorbitantes. Neste mesmo Miyako, para simplesmente ler os meus emails, gastei quase US$ 6; no Red Carpet Club, a sala Vip da United, gastei US$ 7 para nada, já que a máquina era tão lenta, mas tão lenta, que sequer consegui chegar ao meu webmail.

Nos velhos hotéis de antigamente, que tinham, cada qual, a sua gerência e as suas regras, ainda se podia discutir. Mas o que fazer diante desses assaltos corporativos em que os gerentes repetem, mecanicamente, que esta é a política da empresa?



Para quem viaja aos Estados Unidos com freqüência, e faz muitas ligações, uma saída razoável é comprar um celular pré-pago da ATT. Lá mesmo, em qualquer Radio Shack ou supermercado da vida. Há duas modalidades, o local e o nacional. O local é bom para quem fica numa única cidade, e pretende fazer ligações locais; o nacional é recomendável para quem viaja pelo país e nunca sabe para onde vai precisar ligar.

Esses kits prepaid, que se chamam Free2Go, vêm com um Nokia 5165, bateria, carregador e fone de ouvido para se poder usar o aparelho no carro, mais um cartão de US$ 25. O preço das ligações é caro, sobretudo o do sistema local (Local Calling Plan), que sai a US$ 0.35 o minuto; no plano nacional (National Calling Plan), cada minuto custa US$ 0.65, mas neste preço estão incluídos custos de roaming e ele é o mesmo para qualquer lugar dos Estados Unidos que se queira chamar. Sai mais caro do que o hotel? Sim, se você resolver pôr a vida em dia com o amigo que mora ali ao lado. Não, se você estiver fazendo um interurbano ou se ligar para a pessoa com quem precisa falar e pedir a ela para ligar para o seu quarto (mas não para o celular, em que você paga também pelas ligações recebidas).

O pré-pago comprado lá sai, sobretudo, muitíssimo mais em conta do que habilitar os serviços de roaming internacional das nossas operadoras. Você continua com a vantagem de ter um telefone sempre ao seu dispor, em que pode ser localizado a qualquer hora e em qualquer cidade (coisa que não acontece com o nosso roaming internacional), e escapa de um sistema em que uma ligação local sai, no mínimo, a US$ 0.80 por minuto -- e em que se paga, de cara, US$ 0.50, quer essa ligação se complete, quer não. Se o seu caso é fazer interurbanos, então, nem se fala, já que cada ligação feita pelo famigerado roaming internacional made in Brazil não sai por menos de US$ 2.50 por minuto. E olhem que nem estou falando de ligações internacionais!

Alguns segredos básicos de sobrevivência: é possível que, ao comprar o seu kit pré-pago nos Estados Unidos, o vendedor lhe peça o endereço de casa, portanto tenha à mão um endereço local. Social Security? Deixe estar, eles dão um jeitinho, sobretudo se o kit for comprado em lojas de brasileiros. Aproveite e compre também cartões adicionais para o seu pré-pago, pois, pelo telefone, a ATT só aceitará recarregá-los com cartões de crédito emitidos nos Estados Unidos.

Outros macetes: sempre que for se hospedar num hotel de grande cadeia como um Sheraton, um Hilton ou um Marriott, pergunte se eles têm planos especiais que incluam ligações locais e 1-800 gratuitas. Quase todos têm, geralmente sob nomes bobos como "Club Level" ou "Executive Plan", em que por uns US$ 20 ou US$ 30 a mais na diária você ainda tem direito a café da manhã e uso do fitness center. É a combinação típica. Parece mais caro, mas se você é um heavy-user de internet ou pretende telefonar do seu quarto, sai mais em conta no acerto final.

Finalmente, uma dica de cartão telefônico: o Global Call, imbatível. Este é um assunto que já pesquisei exaustivamente, mas até agora não encontrei tarifa mais baixa do que os US$ 0,20 que eles cobram por minuto entre Estados Unidos e São Paulo. Nós, cariocas, somos penalizados, talvez por morarmos numa cidade mais bonita, e acabamos morrendo em US$ 0,35 por minuto. Mas, mesmo assim, é quase de graça...

Você tem algum outro macete legal? Então conte pra gente aqui nos comentários: a comunidade agradece!





19.6.02


Os filmes nas alturas

Depois que confessei aqui uma vez o meu gosto por comida de avião, e não fui apedrejada nem nada -- pelo contrário, para minha surpresa, descobri que há muitos gourmets-aéreos enrustidos por aí -- me sinto mais à vontade para confessar uma outra coisa de que gosto em aviões: filmes. A tela é nojenta, a imagem péssima, o ponto de vista o pior possível... se você estiver na classe econômica. Mas na executiva, que é onde vocês normalmente me encontram quando não estou em casa, as opções são interessantes, e variam de companhia para companhia.

A Varig, por exemplo, tem uns aparelhinhos de video-cassete individuais, e uma quantidade de fitas à escolha do frguês, mais ou menos como um video-clube. A United (e alguns aviões da Varig) tem aparelhos individuais embutidos nas poltronas. Há diferenças entre esses aparelhos. Alguns funcionam à base de fitas. Os mais modernos oferecem uma programação variada, como uma TV, mas eu prefiro os antigos: neles, o filme começa quando eu quero.

A American era a minha campeã na modalidade (talvez ainda seja; é que não vôo com eles há algum tempo): o passageiro recebe um player de DVD da Panasonic e um estojo com dez diferentes filmes e programas de TV para se divertir. É o máximo, porque como eu quase nunca tenho tempo de ir ao cinema e os lançamentos são sempre bastante recentes, acabo tirando o atraso.

Agora, na coluna de Scott McCartney, que escreve sobre aeroportos e aviões no Wall Street Journal, fico sabendo que este é um aspecto que tanto as companhias aéreas quanto os estúdios levam tremendamente a sério. Há edições especiais de filmes para serem exibidos a bordo. Já nem falo de coisas como "Aeroporto", ou "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu", que jamais serão exibidos num Boing 777, mas de filmes bobos como "Speed", em que, nos cinemas, Sandra Bullock entra num terminal e bate um caminhão tanque contra um avião, ao passo que, nos aviões, bate... em outro caminhão!

Entendo o espírito da coisa. Embora uma cena dessas não me abalasse em nada, reconheço que nem todo mundo se sente tão bem dentro de um avião quanto eu me sinto. A prova cabal disso é que o filme mais assistido de todos os tempos nas telinhas voadoras é a comédia romântica "You've Got Mail", com Meg Ryan e Tom Hanks. Uma bobagem. E isso antes do fatídico dia 11 de setembro de 2001.

Eu, hein...







Para a Meg, uma das pessoas mais especiais e queridas do mundo blog.






Correndo atrás

Gente, perdão, as postagens andam meio falhas, mas é que eu estava terminando uns frilas totalmente nece$$ários à sobrevivência da Família Gato. Eu já disse, na próxima encarnação eu venho gato e eles vão escrever sobre tecnologia...






PAC-MAN

Dica do Fábio, que eu pesquei de um dos comentários aí embaixo. É PERFEITO! A gente joga com as setinhas, como antigamente, na velha versão para PC que vinha em disquete de 5"1/4.






Absolutamente verdadeiro: as pessoas não perdoam as sacanagens que te fazem.







17.6.02


A chicken crossing the road is poultry in motion.










Há um texto maravilhoso na edição de hoje da Salon sobre o Pac-man, um jogo que marcou época e foi responsável por trazer os arcades, até então restritos a ambientes mais ou menos duvidosos, para o mainstream da cultura popular. A verdade é que, apesar do desenvolvimento da tecnologia e a subseqüente sofisticação dos jogos, nunca houve um game como ele.






Resistência

Um grupo de intelectuais e artistas americanos manifesta-se contra o governo Bush e sua insana "guerra ao terrorismo". É um belo documento, que merece ser lido. O Guardian, inglês, publicou-o na íntegra, aqui.






LINKS DA COLUNA DO INFO ETC.

Quem lê O Globo às segundas encontrou, hoje, a minha coluna completamente modificada. Depois de onze anos de página 3, ela pulou para a última página, e é, agora, uma versão escrita deste blog. Tem trechos que publiquei aqui, fotos, comentários. A minha idéia é fazer uma ponte entre o jornal e a rede, o real, de pegar e embrulhar peixe, e o virtual, solto por aí, no ciberespaço. O que vocês comentarem aqui pode acabar lá; o que sair lá, e as cartas que me mandarem para o jornal, podem vir parar aqui. A comunicação é direta, de duas mãos, sem fonteiras. Conto com vocês: vamos ver no que dá!

Aqui estão os links referentes aos tópicos de hoje:

Clié
Hasselblad
Lawrence Wilkinson
GBN
Kodak
Kodak DC 4800
Polaroid
Lucas
Chico Caruso
Zoo de San Diego






16.6.02


Open BBB

Recebi um spam com uma informação curiosa: se você quiser assistir ao Big Brother online, sem pop-ups ou banners, clique aqui. Com isso abre-se apenas uma janela do Media Player, em transmissão direta. E grátis...












O zoom dos zooms

Meu amigo Fernando Lincoln acaba de descobrir algo sensacional na rede, a respeito do qual escreve, com justa empolgação:

"Olhem só que incrível! Imaginem vocês o zoom mais fantástico possível. Vejam a Terra (na Via Láctea) a uma distância de um milhão de anos-luz. Depois o zoom vai reduzindo a distância a cada potência de 10 até captar os prótons de uma folha de árvore no nosso planeta. Reparem que há duas escolhas de zoom. Automático ou manual.

Tenham paciência que custa um pouco para começar a funcionar. Fica aqui". (Fernando Lincoln Mattos)









Assim caminha a humanidade

Françoise Bloch avisa: Neste domingo, dia 16 de junho, às 10 horas, haverá caminhada na Avenida Delfim Moreira, partindo do final do Leblon, em protesto contra a morte de Tim Lopes. Camiseta preta é solicitada. Diz ela: "Sua participação é a forma de homenagear e protestar."

Eu concordo com a homenagem e farei todo o possível para ir. Mas tenho minhas dúvidas em relação ao protesto ou, melhor dizendo, à eficácia do protesto. De que adianta sairmos todos por aí, ora de camiseta branca, ora preta, pedindo paz? O problema não é querer, ou pedir. O problema é obter. E aí o buraco é bem mais embaixo. Ou, geograficamente, em cima. Enquanto o poder público não retomar o espaço que perdeu (espero que não definitivamente) para os traficantes, nós vamos poder desfilar com qualquer cor de camiseta, com toda a espécie de cartaz, com a maior cobertura da mídia e todos os discursos falastrões dos secretários de (in)segurança, que nada vai mudar.

Lá do alto, apoiados na sua artilharia pesada e na certeza absoluta da impunidade, os bandidos que hoje governam essa cidade vão ver o noticiário na TV e rir da cara da gente, pobres patos inocentes e desarmados, que só estamos vivos porque eles ainda não nos mataram. Simples falta de oportunidade; não perdemos por esperar.





15.6.02


Arrumando a casa

Cada vez que volto de viagem, a sensação que tenho é que preciso de pelo menos uma semana para pôr a minha vida digital básica em ordem. Primeiro, são as pilhas de emails acumulados -- aliás, desculpem, amigos que me escreveram nas duas últimas semanas e a quem ainda não respondi: não é falta de atenção com vocês não, apenas total falta de tempo; depois são as máquinas, que aparentemente se revoltam e dão problemas (dessa vez, até o ThinkPad, em geral tão bem comportado, andou fazendo das suas). Finalmente, o blog e seus petrechos -- ou é o Blogger Pro 2 que não funciona -- tudo bem, a gente quer dar uma força pro Ewan, mas êta sisteminha furado! -- ou o YACCS ou, nova novidade, o Bloglet, que até outro dia funcionava que era uma beleza, e agora está sem gás.

Em emails e nos comentários postados ao longo da semana passada, muita gente se queixou de não estar recebendo os avisos dele. Tenho feito verdadeiras peregrinações até lá, mudando isso, ajeitando aquilo (na maioria, problemas causados pelo Blogger Pro). Na sexta, o Monsour, autor do programa, postou um comentário no site em relação às falhas nos emails; ele está com medo de que o Bloglet tenha crescido mais do que seria desejável, um filme que os usuários de sistemas de comentários já estão cansados de ver. Agora, acabo de passar mais meia hora por lá arrumando os parâmetros do internETC. e parece que, finalmente, está tudo funcionando. Este post é, aliás, um teste para o Bloglet: vamos ver se ele se toca. {SIGH}





13.6.02


Por falar em jornalismo...

Com a palavra, o Carlos Alberto Teixeira, vulgo Cat:

Gostaria de lhes apresentar uma versão livre que fiz para o português de um artigo publicado em 2002-05-26 no New York Times com o título "Fighting to Live as the Towers Died", escrito por Jim Dwyer, Eric Lipton, Kevin Flynn, James Glanz e Ford Fessenden. O original em inglês está aqui. A tradução foi publicada em oito partes na Parabólica do Globonews.com e pode ser encontrada numa única página. Para quem preferir uma versão pronta para imprimir, aqui há um arquivo RTF.

É um texto longo e forte. Mas vale a pena. - c.a.t.

Eu li o original quando foi publicado, e louvo a iniciativa do Cat de traduzi-lo: o texto é um primor de reportagem, um trabalho de garimpo competente, minucioso e comovente como poucas vezes vi.





12.6.02


O X do problema

Nos comentários abaixo da minha chamada para o Dapieve, o Tom Taborda, que entre outras coisas é médico, chama a atenção para um artigo que escreveu há tempos para Observatório da Imprensa sobre a total impossibilidade de se reprimir o narcotráfico. Leiam, é da maior importância. Eu assino embaixo: enquanto todas as drogas não forem liberadas, nós não conseguiremos sair deste inferno protagonizado por traficantes, policiais, advogados e juízes corruptos. E, principalmente, vítimas inocentes.






Respondendo a um comentário

"Um jornalista foi assassinado. Isso é mau, mas não é motivo para tanta repercussão.

Muitas mais pessoas são assassinadas diariamente, seja durante o seu trabalho ou não.

Diferentemente deste jornalista, a maior parte dessas pessoas tenta levar uma vida pacata, não vai atrás do perigo.

Mas como o jornalista era da Globo e amigo de muitos outros jornalistas, o seu assassinato tem um impacto muito maior na imprensa.

Isso não tem nada a ver com "liberdade de informação". Não é o mesmo caso de uma ditadura impondo a censura. Basta um único marginal se sentir incomodado com o trabalho do jornalista e decidir se livrar dele.

A verdade é que há pessoas assassinadas por muito menos.

Não estou menosprezando o assassinato. Apenas acho este mais um caso entre tantos que fazem com que a situação seja terrível. Ronaldo"



Desculpa, Ronaldo, mas há, sim, um motivo especial para a repercussão da morte do Tim, como houve para a repercussão da morte do Daniel Pearl, no Paquistão -- e não é que um trabalhasse para a Globo e o outro para o WSJ, e que tivessem, ambos, muitos amigos jornalistas.

Nenhum deles estava onde estava ao ser capturado indo "atrás do perigo". Eles iam atrás de acontecimentos e de informações preciosas para que uma sociedade possa saber de si mesma, possa ter idéia do que está acontecendo em suas diversas camadas. Como é que você poderia saber do que está acontecendo nos morros cariocas sem o trabalho de repórteres como o Tim? Como é que nós poderíamos saber o que está acontecendo nas muitas zonas de guerra do mundo sem o trabalho de repórteres como o Pearl?

Se eu tivesse sido assassinada no lugar do Tim, aí sim, seria "um caso entre tantos", já que, apesar de jornalista, eu tento, como diz você, "levar uma vida pacata": o maior risco profissional que corro é pegar uma tendinite. Eu não estaria lá tentando obter informações, tentando descobrir uma verdade que a polícia evita, por omissão ou pura covardia; eu não estaria lá me arriscando para tentar sacudir a sociedade e o estado e dizer: OLHEM ISSO, VEJAM O HORROR QUE ESTÁ À NOSSA VOLTA!

Como você, eu só sei desse horror através das palavras de colegas como o Tim, que têm consciência social e coragem suficientes para ir até lá, e nos contar, quando voltam, a que ponto chegamos.

Para a população que "tenta levar uma vida pacata" mas é vítima constante da brutalidade do tráfico, de um lado, e da polícia, do outro, um repórter como o Tim é a única esperança de que algo aconteça, algo mude para melhor.

A morte de um repórter numa zona conflagrada é -- como a morte de um médico ou de um enfermeiro, outros profissionais que têm essa mania de "ir atrás do perigo" -- a morte do último resquício de esperança para quem já não tem mais nada.






Dapieve, sobre Tim






11.6.02


Não percam!

Acabam de me avisar aqui no jornal para não perder o Observatório da Imprensa que vai ao ar logo mais, às 22h30, na TVE. Em pauta, o caso Tim Lopes. Se você não puder assistir, pelo menos leia o que o Dines escreveu. Ao que ele diz, eu acrescento: enquanto existirem jornalistas como Alberto Dines, o jornalismo continua vivo.






Volta ao lar

RIO -- Cheguei no começo da tarde, resisti a todas as tentações do Duty Free e peguei luz verde na alfândega, verdadeiro milagre que muito agradeci aos meus Penates. Não que estivesse trazendo qualquer coisa de especial; mas a minha mala, de casca dura e feita às carreiras, sem o capricho da ida em que tudo vai dobradinho em saco plástico, estava naquele ponto em que, se abrisse, não fechava mais.

Os gatos me receberam com a curiosidade habitual: cheiraram cada centímetro da minha roupa, e ficaram encarando duramente as malas que, imagino, consideram culpadas pelas minhas ausências. Ou não? Pensem só: sempre que esses retângulos pretos entram em cena, eu desapareço da vida deles...

Na mailbox, intocada desde sexta-feira, quando o modem do ThinkPad subiu no telhado e fiquei sem computador, havia quase 600 msgs. Pelo menos 500 eram spam. E isso no meu endereço pessoal! Aqui no jornal, felizmente, a Luizinha anda dando limpas gerais -- quando eu chego, todos os anúncios de Viagra, propostas de trabalho caseiro e receitas milagrosas para emagrecer já foram pro espaço.

Mas a reentrada na vida real é dura. Fiquei sabendo do brutal assassinato do Tim Lopes, li que milhares de soldados do Exército (!) estão construindo um caminho alternativo (!!) para a Vila Militar (!!!) porque o atual fica na rota do tráfico (!!!!) e é perigoso (!!!!!), recebi um email da Laura me chamando a atenção para a coluna do Roberto Moura que, por acaso, também fala a respeito disso e, de quebra, observa que a situação da Cinemateca do MAM continua preta -- e, juro, fiquei com vontade de voltar correndo pro aeroporto pra ver se o avião ainda estava lá pra me levar de volta a São Francisco.

Lá sou amiga do Lynn.





8.6.02


A vida sem computador

SAN FRANCISCO -- E, de repente, o bom e velho ThinkPad me deixou na mao: estou conseguindo sobreviver apesar de tudo, gracas a uns objetos retangulares de papel chamados livros... No momento estou escrevendo da maquina do Lynn, sem acentos, so pra dizer que estou viva, aparentemente bem e em San Francisco, voltando para o Rio no comeco da semana.





5.6.02


Parem as máquinas! (e liguem os wireless...)

SAN DIEGO -- No keynote de hoje na Brew 2002, realizado para uma platéia composta basicamente por desenvolvedores de aplicativos para plataformas wireless, John Stratton, vice-presidente da Verizon, maior operadora de telefonia móvel dos EUA, e responsável pela estratégia de marketing da companhia, anunciou que os testes iniciais com o Brew em San Diego superaram de tal forma as expectativas que, dentro de 12 dias, a empresa abre o leque e passa a disponibilizá-lo para seus 30 milhões de usuários.

Esta foi a melhor notícia que ele podia ter dado tanto para a Qualcomm, "mãe" do Brew, quanto para a galera que assistia à sua palestra. A gigantesca base de usuários da Verizon traduz-se, para essa turma, numa frase pequena, simples e mágica: o Brew "pegou".

Alguns detalhes: o teste piloto realizado aqui em San Diego superou em 70% as expectativas iniciais da Verizon que, segundo Stratton, já eram "muito agressivas"; os usuários baixaram quatro vezes mais software do que se esperava; e os itens mais procurados foram toques de telefone (imaginem a cacofonia daqui para a frente!) e itens de entretenimento. Também é interessante observar que a sede dos usuários por aplicativos não diminuiu ao longo do teste -- pelo contrário.

Isso significa ainda uma outra coisa: até o fim do ano, 75% dos telefones vendidos pela Verizon terão telas coloridas.

-- Na verdade, esta tecnologia já estava disponível para a Verizon há um ano, -- explicou Stratton numa coletiva realizada logo depois do keynote. -- Mas para quê alguém ia querer um celular com tela colorida antes? E para que eu ia botar essas máquinas nas lojas? Nós simplesmente não tínhamos uso para isso. Com o Brew, a coisa muda de figura completamente.

Eu não disse? Os dias do Snake monocromático estão contados...






Acentuação

Este blog andou meio troncho nas últimas horas, com pontos de interrogação no lugar dos acentos: desculpem qualquer coisa...

O problema não é de configuração do meu teclado ou do video de vocês, mas sim um bug qualquer da versão 2.0 do Blogger Pro, que entra como default sempre que eu chamo o programa. Preciso me lembrar de mudar de versão se quiser que o texto saia direito mas, como estou correndo feito uma louca nessa conferência, às vezes me esqueço disso, já que na área de edição que aparece pra mim fica tudo bonitinho...






No mínimo: o máximo!


Quer ficar feliz? Clique já AQUI!!!!
Ainda por cima começa, de cara, com o Pedro Doria falando sobre blogs.

YES!!!

Parabéns, meninos!!! Que bom que vocês voltaram :-)))

(Obrigada pela dica, Stanley, ganhei o dia com essa notícia! Agora vê se deixa o link pro teu blog aí nos comentários, né?)






O mundo na palma da mão






Paul Jacobs,
presidente da Qualcomm
para wireless e internet,
com um dos novos
telefoninhos coreanos
durante o keynote
da Brew 2002.

(Essa é uma foto
oficial do evento)




SAN DIEGO, Califórnia -- Para o dicionário, e para a maioria das pessoas que falam inglês, brew é sinônimo para bebida fermentada, de preferência cerveja -- embora, usado como verbo, to brew seja uma ação também relativa a chá, café ou qualquer poção estranha. Para a Qualcomm (principal responsável pelo desenvolvimento do padrão CDMA de telefonia móvel), e os 1200 participantes da Brew 2002, a palavra tem, ainda, um outro significado. É um acrônimo para Binary Runtime Environment for Wireless, unindo, assim, três das grandes paixões do mundo hi-tech: nomes ligados a bebidas estimulantes, abreviaturas engraçadinhas e sistemas abertos.

Este caldo tecnológico é, trocando em miúdos, um padrão para qualquer objeto wireless que, aos poucos, está modificando de forma sensível a maneira como se usam celulares e PDAS. Desenvolvido e apresentado ao mercado pela própria Qualcomm há cerca de um ano, ele já ferve na Coréia, está no fogo aqui em San Diego e, em breve, entra em banho-maria em São Paulo, onde a Telesp começa três meses de testes antes de introduzi-lo definitivamente no mercado brasileiro.

O que há de tão especial no Brew? Bom, você -- e eu, e todos nós -- já ouviu dizer que o mundo wireless só não decola totalmente por falta de conteúdo, não? Agora imagine o desenvolvedor de um aplicativo qualquer tendo que reescrever o seu programa para cada uma das mil marcas e modelos de celulares e PDAs existentes, e tendo, ainda por cima, que levar em consideração as idiossincrasias das diversas operadoras de serviços -- aí dá para entender, perfeitamente, esta misteriosa falta de conteúdo num mundo tão cheio de gente criativa.

É aqui que entra em cena o Brew que, mais ou menos como o Java, pode -- pelo menos em tese -- rodar em qualquer aparelho wireless existente -- e que, além disso, é um pacote de soluções completo, que cuida do serviço de uma ponta a outra, da operadora aos usuários, passando pelos fabricantes, pelos desenvolvedores e até pelos bancos, já que, como agregadora de serviços, a Qualcomm recolhe os pagamentos pelas aplicações, tira lá os seus centavos e os redistribui a quem de direito. Para as operadoras, é uma solução caída do céu, que resolve uma série de problemas, do pagamento pelos aplicativos baixados pelos usuários à compatibilidade entre seus sistemas e os serviços que oferecem, para não falar na variedade de produtos de que passam a dispor.

Para os desenvolvedores, é, sem dúvida, um grande estímulo, já que, uma vez escrita, a aplicação está pronta para ser distribuída pelo mundo -- e com uma forma de retorno financeiro simples e descomplicada. Para o usuário, que na verdade não está nem aí para o que acontece nos bastidores do seu aparelho, desde que ele funcione e seja fácil de usar, é uma tentação de lascar. Afinal, de um momento para outro, aquela engenhoca básica, que mal dava conta do recado, pode vir a se tornar um dos objetos mais divertidos do seu cotidiano. Basta ligar para a operadora e baixar programas, músicas, jogos, vídeos... as possibilidades (ao contrário do bolso!) são infinitas.

Eu pude ver aqui uma dúzia de diferentes telefones e PDAs coreanos e japoneses movidos a Brew e, confesso, fiquei morta de inveja dos nossos antípodas. Esses telefoninhos turbinados têm telinhas coloridas de altíssima resolução, câmeras fotográficas embutidas, joguinhos emocionantes, som multimídia, serviços da maior utilidade, bobagens completas e coisas que a gente sequer sonharia ver em máquinas tão pequenas. Tudo em peso pluma e modelos fashion, uns mais lindos do que os outros.

O clima geral entre os desenvolvedores com quem conversei é de justificado entusiasmo. Afinal, para eles, uma plataforma como o Brew significa passar de alguns milhares de usuários para dezenas, ou centenas de milhares: haja horta para tanta chuva! Para muitos deles, que desenvolvem produtos de sucesso para as plataformas Palm e Pocket PC, o Brew é, positivamente, um belo atalho para o caixa.

Já para mim, que sou péssima usuária de celular -- nunca me dei sequer ao trabalho de usar SMS, os "torpedos" -- esses dias de convivência com o Brew estão abrindo toda uma nova perspectiva. Vendo os aparelhinhos orientais e os aplicativos apresentados na conferência, estou descobrindo que, na verdade, há certas funções que nenhuma máquina pode desempenhar tão bem quanto um wireless que de fato as desempenhe: indicar o caminho certo para um endereço, dar dicas de espetáculos, restaurantes ou serviços nas vizinhanças, conferir cotações de moedas... Enfim, coisas que fazemos hoje nos computadores e, em alguns casos, até nos nossos handhelds, mas tendo ainda que optar entre conectividade e mobilidade ou, nos casos em que ambas andam juntas (como nos Blackberries daqui), dispondo de uma gama reduzida de opções.

Com o Brew o caldo está de fato engrossando, e mais uma das convergências digitais vai tomando corpo. Como todas as outras, ela também é movida a conteúdo: salvo a meia dúzia de malucos que não resistem a um bom gadget (entre os quais me incluo), o público em geral só começa a prestar atenção a uma tecnologia quando ela deixa de ser um fim em si mesma, e passa a lhe oferecer algo essencial ou muito divertido. O computador pessoal só transformou o mundo quando a IBM criou, em 1981, uma máquina aberta, que podia ser copiada por qualquer um e para a qual, conseqüentemente, todo mundo podia desenvolver coisas interessantes. A internet só transformou o computador desconectado numa máquina aleijada quando cresceu em volume e passou a ser, de fato, a grande teia que cobre o mundo.

Acho que a mesma coisa vai acontecer com os nossos atuais celulares e palmtops: quando tudo o que a gente quiser estiver de fato ao alcance das nossas mãos, eles vão transformar radicalmente a nossa relação com o mundo digital.

Essa transformação já começou. Daqui a alguns anos, vamos olhar para trás, e pensar como foi que conseguimos sobreviver tanto tempo com celulares em que o máximo da diversão era jogar Snake, solitariamente, em telinhas monocromáticas.





4.6.02


Ah, sim...

SAN DIEGO -- Antes que eu me esqueça: este país é uma maravilha!!! É, possivelmente, o único lugar do mundo que ignora solenemente que, lá do outro lado, está se realizando uma Copa do Mundo. Vocês nem imaginam o alívio que isso me dá...

Dois dias INTEIROS sem ouvir falar de futebol.

UFA.






ZOO!

SAN DIEGO -- O que faz um bípede que sabe das coisas quando tem um domingo livre em San Diego? Esquece o jet-lag e a vontade de dormir e vai ao zoológico, naturalmente, que é considerado um dos melhores -- se não o melhor -- do mundo! Quando a gente chega lá, descobre por quê. O parque é deslumbrante, com plantas tão variadas, bem cuidadas e explicadas quanto os animais; os espaços são amplos, bem pensados, generosos sob todos os aspectos. E os bichos... bem, lá estão todos os nossos personagens favoritos do Discovery. Dá vontade de sair pedindo autógrafo pra todo mundo!

Uma observação: na televisão, os suricatos parecem muito maiores do que são. Na vida real são pequeninos, do tamanho de gatos, mais ou menos. Mas, grandes ou pequenos, continuam imbatíveis em termos de charme. São os animais mais engraçadinhos que já vi, e poderia ter passado muitos e muitos dias só olhando o que eles fazem.

O problema é que estou aqui a trabalho; tanto, aliás, que só agora, madrugada de terça-feira, caindo pelas tabelas, é que estou tendo tempo de cuidar do blog. Honra seja feita, o trabalho está sendo tão divertido, para mim, quanto o passeio no zoo; a diferença é que estou vendo bichinhos hi-tech.

Depois eu conto.

PS importantíssimo: essas fotos são todas pra minha Julia queridinha, que fez 15 anos exatamente no dia em que eu passeava no Zoo.

Ju, pensei MUITO em você! Seja muito, muito feliz, gatinha.























1.6.02


Para a Ruth




Eu tinha prometido pra Ruth Mezeck fazer um retrato do Mosca só para ela; aí faltou tempo, aí faltaram oportunidades (gato a gente não fotografa quando quer, mas sim quando eles estão dispostos a fazer gracinhas), até que ontem, finalmente, eu estava aqui no computador, checando umas coisinhas de última hora (viajo hoje à noite pra San Diego, para a Brew2002), e ele estava bem na estante de trás, cuidando da toalete. Pensei: Quem sabe? Peguei a câmera, cliquei e o resultado foi esse...

Aliás, gALLera, desculpem se este blog não tem tido a assiduidade necessária, mas é que as coisas, conforme se pode ver, estão meio corridas pro meu lado. Prometo, porém, posts de San Diego, que é uma linda cidade. O quanto de San Diego vou conseguir ver e fotografar dessa vez, porém, são outros 500: agora as férias acabaram, e a conferência vai ao ar dentro do próprio hotel, de modo que até mesmo aquelas saidinhas básicas do hotel pro Centro de Convenções e vice-versa dançaram; mas não há de ser por isso que vocês ficarão sem notícias, né?