30.5.03


Madrugando...

Hoje vou levar o Barlow e a Mai ao concerto da Laura, no Paço Imperial.

Detalhe: é ao meio-dia. YIKES!!!

Detalhe do bem: é de grátis...;-)








Gente, a diferença entre o Pulso Único e o primeiro colocado é de pouco mais de 90 votos; quem ainda não votou hoje, quem tem pai, mãe, tio, irmã e concunhado que ainda não votaram das suas respectivas máquinas -- o Kit.Net reconhece IP -- ajudem, por favor!

Nosso querido Eduardo está quase lá! Só depende da gente... e das pessoas que a gente ainda não chateou!

Não desistam, é uma ótima causa!

(Aos distraídos: há um link pro Kit.Net na figurinha!)





29.5.03


Me incluam fora dessa!

Quando eu disse ao motorista do táxi que vinha para O Globo, ele me olhou pelo retrovisor e perguntou:

-- A senhora conhece São Paulo? Tem parentes ou amigos lá?

Estranhei a pergunta mas respondi. Sim, claro; conheço São Paulo bem, tenho muitos amigos lá.

-- Então a senhora está por dentro do que acontece em São Paulo?

Sim, suponho que sim, como qualquer pessoa bem informada.

-- Pergunto: a senhora sabe quem é o maior bandido de lá?

Vários nomes me passaram pela cabeça, mas algo me disse que não era bem a essa espécie de bandido que o motorista se referia. Bandido com carteirinha de bandido, que desconta como bandido e não vai à Hebe, nem sai na Revista Caras, não, não conheço nenhum.

-- A senhora acha que lá tem menos bandido do que aqui?

Não, claro que não! Não sou especialista no assunto, mas, até por uma questão estatística, São Paulo deve ter mais bandido do que o Rio.

-- Pois é. Agora, os daqui o Brasil inteiro conhece, né? Elias Maluco, Marcinho VP, Uê... O Fernandinho Beira-Mar, então, virou celebridade, viaja mais que a seleção e sai no jornal todo dia. Foi até capa da Veja. Então, sinceramente – veja bem, eu não tenho nada contra a senhora, nem contra o jornal – mas de quem é a culpa pela violência no Rio? A senhora me desculpe, mas a culpa é da imprensa. Se vocês pararem de falar sobre isso e de botar foto de bandido na primeira página a violência acaba no dia seguinte.

* * *

É mole ouvir isso?! Mas essa foi apenas a variante mais criativa – e mais direta -- da temporada. Ultimamente não consigo abrir o jornal ou ligar a televisão sem que alguém não me responsabilize pela violência ou não me cobre providências urgentes. A moda é – mais uma vez! -- atribuir o descontrole da situação à sociedade, em geral, e à classe média, em particular.

Não importa que a gente passe o dia ralando, faça hora extra e costure para fora; somos os vilões da vez, os supostos esteios de um sistema que oprime os pobres coitados que, por isso, retalham os desafetos e queimam ônibus com gente dentro. Tentar dizer qualquer coisa contra essa extraordinária teoria nos torna, além de culpados, burgueses desprovidos de qualquer sensibilidade social.

Acontece que eu não visto esta carapuça. Estou farta de ouvir isso! Cheia!

A minha parte eu faço como posso e, sobretudo, como me tosquiam: só para o imposto de renda, trabalho 132 dias por ano. Além disso, parte incontabilizável do que sobra vai para os 283 impostos estaduais, municipais e federais embutidos no que consumimos. Tudo para que o estado possa desempenhar a contento as suas funções.

Moro bem? Moro. Tenho uma ótima biblioteca, móveis confortáveis e uma adorável família de gatos. Trabalhei muito para conquistar isso, e mais ainda para manter minha vida nesse padrão de razoável conforto. Voto, desde que me permitiram votar; vigio o que fazem os meus representantes, não consumo drogas, não jogo papel na calçada e protesto com toda a veemência quando algo me parece errado.

Mas estou, para os demagogos de plantão (que possivelmente pagam apenas salário mínimo à empregada), na banda podre do milênio, aquela que têm deveres sem ter direitos, acusada de se esconder atrás das grades dos prédios e dos insulfilms dos carros porque, ora vejam, tem medo de ser assaltada pela banda boa -- aquela, das “vítimas da sociedade”, que têm todos os direitos sem que se possa cobrar delas qualquer dever.

Estou me achando o elo mais fraco de uma corrente que não ajudei a construir.

* * *

A verdade é que é mais fácil jogar a responsabilidade pela falência do estado nos milhões de cidadãos honestos que tentam sobreviver como podem, sob essa alcunha coletiva de “sociedade”, do que procurar e combater as reais – e, tantas vezes, politicamente incorretas -- causas do descontrole geral. Assim como, mal comparando, é mais fácil tungar os velhinhos do que correr atrás dos grandes devedores do INSS.

É, também, muito perigoso.

Cada vez que alguém diz ou escreve que “a culpa é da Sociedade” ou que “está na hora da Sociedade se mobilizar”, está dando a um estado francamente omisso e conivente a desculpa para tirar o seu da reta. Botando o nosso.

* * *

E, já que estou nisso: crime organizado, aqui? Desculpem os entendidos, mas, a meu ver, o crime deixou de ser organizado (se é que um dia o foi) há tempos! “Crime organizado” era a máfia dos filmes do Coppola. O que vemos no Brasil de hoje e, mais especificamente, aqui no Rio, é um crime tão desorganizado quanto a polícia que tenta combatê-lo: uma série de atos estúpidos, violentos, sem causa aparente, sem correlação, sem má consciência.

E, de preferência, no horário escolar.

(O Globo, Segundo Caderno, 29.5.2003)

PS -- Por acaso, o Zuenir Ventura também escreveu lá no jornal sobre imprensa e violência.





28.5.03


A little help from my friends

Amigos, estou precisando da ajuda de vocês!

Estou trabalhando num textinho sobre viagens virtuais, e preciso do seguinte: bons links para que brasileiros possam conhecer Portugal pela internet e vice-versa, links para que portugueses possam conhecer o Brasil. Também pela internet, claro.

Vocês têm alguma dica boa? Muito obrigada!






You are Morpheus-

No teste do Matrix, sou Morpheus. Ele (o teste) diz que ponho fé em mim e na minha galera, que nasci para liderar as massas (al dente, com molho de tomate e manjericão) e que sou um ser zen. Então tá, né?


What Matrix Persona Are You?
brought to you by Quizilla






Ilustrando Bach

Depois da travessia daquele desconsolado bonequinho klezmer por este vale de lágrimas, Theodore Ushev ataca novamente. O cara é mesmo genial.






Barlow (quase) in Rio

John Perry Barlow está de volta ao Rio -- ou quase. Chegou ontem do Recife, onde se encontrou com o Sílvio Meira, e foi direto pra Barra, onde foi hospedado pela Estácio de Sá (onde fala logo mais, às dez da manhã) no Meliá Confort Barra -- que eu nem sabia que existia. Nós nos encontramos no começo da noite. Ele veio ao jornal com a Mai, sua linda namorada japonesa e, logo de cara, ganhou um livro e uma caricatura do Chico: ficou maravilhado.

De lá fomos pra Contemporâneo, loja dos meus amigos Robert e Fernando, onde estava sendo lançada a Melissa Scarfun, do Alexandre Herchcovitch. Achei que eles iam gostar de ver uma festinha fashion carioca, mas a idéia saiu melhor do que a encomenda. Quando chegamos à loja, a Mai ficou na maior empolgação: já a conhecia da sua visita anterior ao Rio, em janeiro. Ela adora moda brasileira, sobretudo a do Herchcovitch, e ficou felicíssima em poder encontrá-lo em pessoa. Barlow, que reencontrou diversos conhecidos, se sentiu totalmente enturmado.

Saimos relativamente cedo. Estávamos os três cansados e esfomeados, e pensei em levá-los ao Da Silva; mas, claro, errei o caminho. Em vez de descer a Visconde de Pirajá, subi. Como estávamos a pé, resolvi ir em frente, rumo à Livraria da Travessa. E quem estava jantando lá? Laura e mamãe, que chegou hoje do sítio! Barlow está cada vez mais convencido de que o Rio é uma aldeia.

Ele está louco para chegar logo.






Meu amigo Ribondi

Alexandre Ribondi, que há pouco tempo, para minha grande alegria, começou a escrever comentários aqui no blog, é um dos amigos mais antigos que tenho: nós nos conhecemos há bem uns oito anos (*), quando eu ainda estava em outra encarnação. Ribondi é das pessoas mais inteligentes e divertidas, o companheiro adorável de muitas aventuras, risadas e lembranças.

Pois hoje achei esta pérola dele, aproveitando a resposta do Cat às correntes; puxo pra cá, porque nunca dá para saber se todo mundo anda lendo os comentários: ele mostra "uma maneira eficiente e cabal de responder àquelas vozinhas chatas que ligam para a sua casa para oferecer produtos":
Assim que a pessoa começar a falar, siga as instruções abaixo:

  • Peça um minutinho para pegar papel e caneta. Demore bastante;
  • Pergunte o nome da pessoa. Se for Clarisse, certifique-se se é com dois S ou com C. Se for José, pode perguntar se é com Z ou com S. Vale qualquer coisa;
  • Pergunte o nome completo da empresa para a qual a voz trabalha e peça para s-o-l-e-t-r-ar;
  • Confunda-se. Peça para repetir desde o início;
  • Peça, agora, o CGC da empresa;
  • Diga que a caneta está falhando e que vai buscar outra;
  • Ao voltar diga alô quatro ou cinco vezes. A vozinha terá sumido, eu garanto.
    de nada, contem comigo
    ribondi
  • (*) No outro dia, conversando com o Xexéo a respeito de alguma coisa que fizemos juntos há uns dez, quinze anos, chegamos à conclusão de que fica simplesmente deprimente lembrarmos desse tempo todo como se fosse ontem. De modo que agora é assim: tudo nas nossas vidas aconteceu há no máximo oito anos, e tamos combinados.





    27.5.03












    Update: A minha idéia inicial ao pôr as fotos aí era que vocês me ajudassem a escolher a foto para a coluna de quinta-feira; o diabo é que o Blogger estava enguiçando, e eu tive que sair correndo, não pude esperar ele voltar ao ar. Mas na próxima dúvida vou pedir essa ajudinha aos universitários...







    Como responder a uma corrente

    O Cat recebeu uma daquelas correntes que ameaça com todas as desgraças do mundo o imprudente leitor que não a repassar imediatamente para dez outros infelizes. Eis a sua resposta:
    "Agradeço penhoradamente a remessa de nossa querida colega Cecília no sentido de que não quebremos a corrente e recomendo fortemente que encaminhem esta belíssima carta ao maior número possível de usuários. Sou testemunha dos malefícios que podem ocorrer a quem ousar quebrar a corrente. Quando a recebi, não fui devidamente cuidadoso e não dei atenção à preciosa mensagem da carta, simplesmente desprezando-a e deletando-a. Não desejo a ninguém o sofrimento por que passei em função deste ato impensado.

    Para começar, meu periquito foi atropelado por uma carreta de cimento. A tubulação do meu banheiro estourou e inundou todos os apartamentos abaixo do meu, redundando num prejuízo de 14 mil reais. Minha tia abandonou o marido e declarou-se apaixonada pela empregada. Fugiram juntas e nunca mais delas se ouviu falar. Minha irmã nadadora foi devorada por um tubarão na Praia de Ramos. O marido dela, ao tentar salvá-la, teve cãimbra no duodeno e afogou-se. Foi resgatado com vida mas, ao ser levado para o hospital, a ambulância foi assaltada e, como estavam duros, morreram todos metralhados. Minha ex-sogra, lutadora de jiu-jitsu, sofreu uma chave de pescoço e vomitou as tripas até se engasgar e morrer. Meu irmão mais velho despencou de um morro que escalava e quando caiu no solo cortou-se com uma gilete que estava no chão, infelizmente infectada com HIV. Ficou tetraplégico, aidético e, para piorar, sofreu uma lesão cerebral que lhe provocou distúrbios na fala, de modo que ficou fanho.

    Como desfecho, recebi a visita de um advogado dizendo que fui apontado como herdeiro único de um tio-avô que faleceu no Paraguai. Herdei dele uma dívida de 840 bilhões de guaranis. Tive um pré-colapso cardíaco e até agora não tive coragem de converter esta dívida para reais.

    Portanto, recomendo que não cometam o mesmo erro que eu. Repassem a corrente imediatamente. Não sofram tanto quanto sofri.". - c.a.t.






    Ele já está em segundo lugar!

    Campanha ajude pulso único!

    A eleição ainda não acabou:
    vamos votar no Pulso Único!

    O Eduardo Stuart, craque do Pulso Único e anjo da guarda do internETC., que volta e meia passa as madrugadas resolvendo problemas do template e dos comentários aqui do blog, está concorrendo ao prêmio da Kit.Net, que dá uma graninha legal ao vencedor.

    O Pulso Único está em quinto quarto terceiro segundo! lugar, e precisa de votos. Pois a Suely, que é uma das pessoas mais atentas e gentis da blogosfera, fez este selo que vai dar direto na Kit.Net -- é só digitar a palavra que aparece no campo de segurança, e votar.

    Dito isso, tenho dois favores pra pedir a vocês. O primeiro vocês já adivinharam qual é: votar no Pulso Único. O segundo é especial para quem tem blog: vocês ajudariam na divulgação da campanha? Lá na Suely há um código prontinho, é só recortar e carregar pro blog.

    Muito obrigada!





    26.5.03


    Conversa de telefone

    Há uma historinha curiosa em relação ao mundo Matrix. Os telefones, conforme sabem todos a essa altura, têm papel preponderante na série. Além dos velhos aparelhos analógicos, que funcionam como fio terra e transporte entre a realidade e o sonho, celulares futuristas faziam figuração no primeiro filme.

    Eles eram apenas brinquedinhos cenográficos, mas uma quantidade tão grande de gente escreveu à Warner perguntando onde poderia comprá-los que o estúdio viu, ali, uma bela chance de faturar.

    Resultado: em “Matrix Reloaded” foi feita uma parceria com a Samsung, que desenvolveu um celular de verdade a partir daqueles celulares de mentirinha. Tal como acontece com seus irmãos da ficção, a parte superior do aparelho real desliza, engenhosamente, para proteger ou revelar uma tela nítida e luminosa — mas, pelo menos para mim, seus encantos terminam por aí. Achei que o “conjunto de obra”, por assim dizer, deixa muito a desejar: é grande demais pelos padrões atuais, e tem toda a elegância e delicadeza de um jeep em miniatura. O coitado é, provavelmente, o mais feio dos celulares existentes.

    Até a Samsung sabe que não tem um campeão de popularidade em mãos; o Matrix Phone (também conhecido como SPH-n270) está à venda apenas nos Estados Unidos, ao preço nada convidativo de US$ 500. A associação com o conceito Matrix, porém, é um grande trunfo e, na sua esteira, viajam alguns produtos maravilhosos, de outros celulares altamente cobiçáveis, com câmera e tela giratórias, a DVD players, aparelhos de TV e monitores LCD, um mais bonito que o outro — nenhum, infelizmente, disponível no Brasil, pelo menos por enquanto.

    * * *

    Tive oportunidade de conhecer essa família toda na outra segunda-feira, quando a Samsung, como parceira tecnológica de “Matrix Reloaded”, fez pré-estréias do filme em cinco diferentes cidades espalhadas pelo mundo. A festa latino-americana aconteceu em São Paulo, na Estação Júlio Prestes. Entre os convidados e os estandes onde estavam expostos os novos produtos, circulavam modelos vestidos como personagens do filme. Uma Trinity muito simpática made in Brazil mostrava o Matrix Phone, que chamou a atenção mas não chegou a ser um sucesso.

    Ainda assim, quando ele apareceu na tela, logo depois, fiquei com a estranha sensação de estar vendo um conhecido contracenando com Keanu Reeves.

    * * *

    Na semana passada fiz referência a um artigo sobre spam publicado pelo ISM. Mais detalhes: ele foi escrito por Luis Fernando Rocha, e faz parte de uma ótima série da Modulo Security, que mantém um portal sobre segurança completíssimo em www.modulo.com.br. Merece a visita!

    (O Globo, Info etc., 26.5.2003)





    25.5.03


    Emergência felina no Rio

    Este é o Noel Rosa: ele está precisando de um lar. É mansinho, gentil, já foi castrado e vermifugado; está em Botafogo.






    Mudança

    O Porão do Unabomber mudou de endereço: agora está aqui.










    Tati

    Tati está aqui em cima da mesa, meio dormindo, meio atenta enquanto trabalho. Ela é o Milagre Felino II da Família Gato (o MFI é a Pipoca, de quem chegamos a nos despedir e continua vivinha e saltitante). Como muitos de vocês sabem, ela parou de se alimentar quando o Cotton, que era filhote dela, morreu. Isso foi no carnaval.

    De lá para cá, passamos por uns maus bocados. Durante mais de um mes Tati teve que ser alimentada à força, mas nem assim conseguimos evitar que tivesse lipidose hepática (uma das principais causas de morte de gatos domésticos). Ficou pele e osso: dos cinco quilos que tinha passou para um, se tanto.

    Curiosamente, o que ajudou a curá-la foi o que eu mais temia: uma estada de três dias no vet, quando Bia e eu viajamos para Buenos Aires. Foi internada porque estava tomando soro diariamente em casa, e não teria como prosseguir o tratamento só sob a supervisão da empregada.

    Pois vocês precisam ver como ficou feliz quando a buscamos! Acho que o trauma de passar aqueles dias entre bípedes e quadrúpedes estranhos superou o trauma da perda do Gatinho. A partir do momento em que voltou pra casa, voltou a manifestar um vago interesse por comida. Experimentamos dar de tudo para ela, mas a única coisa que realmente quis foi atum de lata. Isso não é muito indicado para um gato doente, mas pelo menos era o que comia sozinha... desde que a gente desse na mão.

    Ficou mais de uma semana assim, comendo pedacinhos de atum dados pela Bia ou por mim. Há alguns dias, finalmente, voltou a comer ração enlatada e, agora, para alegria geral, está comendo até ração seca.

    Voltou a brigar com os outros gatos, a impedir que a gente leia jornal e a ocupar todos os espaços que pode: é muito carente e adora colo, carinho, atenção. Quando estou pra sair, tenta me segurar pela barra do jeans. Ainda está com a voz fraquinha, mas usa o fiapo de voz que tem pra reclamar.

    Ainda me preocupo, porque está magra demais -- quando a gente faz carinho, percebe todos os ossinhos sob a pele. A única coisa que me tranqüiliza é ver os desfiles de moda. Se aquelas moças sobrevivem tão esqueléticas, a Tati também vai escapar.

    Depois, ela sempre foi mesmo meio perua.





    24.5.03


    Vida digital

    Não reparem no sumiço, mas é que, desde ontem, estou no auge do stress: deixei o meu celular num taxi. Em outras palavras, perdi uns 200 telefones de amigos, conhecidos e fontes, dos quais pelo menos um terço não tenho em nenhum outro lugar. O telefone estava desligado. Não consegui ligar para ele.

    Quando cheguei em casa, há uma meia hora, a Bia disse que um amigo tocou pra cá dizendo que, ao ligar para mim, conseguiu pegar o celular ligado, e falou com o motorista; anotou o nome e telefone dele, e nos passou.

    Agora acabo de falar com este santo homem, que ficou de trazer o telefone amanhã.

    Já estou mais aliviada, mas tranqüila mesmo só vou ficar quando o meu Nokia do coração voltar para casa.

    Update: O celular voltou!!! Que bom, né? :-)))





    23.5.03


    Everest 2003

    A temporada de escalada do Everest, que volta e meia acompanho, está maravilhosa. Acabo de saber que o recorde de velocidade foi quebrado: Pemba Dorjie Sherpa, de 25 anos, fez a escalada em 12h45, um tempo inacreditável, considerando-se que os melhores alpinistas -- óbvio: quem chega lá, a não ser os melhores alpinistas? duh! -- levam uns três ou quatro dias do campo de base ao topo.

    Outro recorde batido durante as comemorações dos 50 anos da escalada pioneira de Sir Edmund Hillary: Yuichiro Miura, de 70 anos, é o homem mais velho a completar a escalada, em companhia do filho e de outros cinco alpinistas. Ele vinha treinando firme há cinco anos para realizar o sonho que o acompanhava desde que esquiou na base da montanha, há 33 anos.

    Numa outra expedição, Garry Guller, que só tem um braço, já deixou o acampamento e está a caminho do topo.

    Quanto a mim, estou a caminho da cama, onde vou sonhar com essas aventuras todas...






    Porque amo a BBC

    Ah, que lindo!!! Aron Heslehurst, setorista da Bolsa de Londres, acaba de mostrar uma garrafa de vinho para Sally Bundock, a âncora de Business World, e cantar um pedacinho de Happy Birthday no ar: é aniversário dela.







    Matrix Reloaded
    Cinema é a maior diversão

    Corre por aí a idéia de que para gostar de “Matrix reloaded” é preciso gostar de computador e/ou videogame. Não é verdade. Para gostar de “Matrix reloaded” basta gostar de se divertir e de ir ao cinema sem esperar a revelação do Terceiro Segredo de Fátima. Afinal, o filme é engraçado, tem cenas de perseguição de arrepiar e lutas tão bonitas que se pudessem ser encenadas no Municipal todo mundo sairia dizendo que adorou o balé.

    Sim, claro: a seqüência não é tão boa quanto o original. Mas como poderia ser? O primeiro “Matrix” aliava uma interessantíssima premissa filosófica a um look que fez escola e influenciou moda, clipes e até outros filmes.

    O visual já não surpreende e é impossível superar o impacto da descoberta inicial. Apesar disso, “Matrix reloaded” é um ótimo filme, em que voltamos a encontrar velhos conhecidos com novos truques e a nos encantar com uma cinematografia à prova de bala (literalmente!).

    A trama ainda é confusa o suficiente para que os fãs tenham o que discutir até o lançamento do próximo episódio, em novembro; mas aqui ela é quase secundária. Se há uma coisa que os irmãos Wachowski (que bolaram todo o conceito “Matrix” e escreveram e dirigiram os filmes) sabem fazer é bom cinema, em que a verdadeira viagem é o supremo prazer de ver.

    (O Globo, Rio Show, 23.5.2003)

    Por que escrevi de novo? Simples: porque o Arnaldo Bloch, que foi fazer a crítica para o Rio Show, detestou o filme, e deu um Bonequinho dormindo. Como eu adorei, fizemos uma coisa que sempre topo, os Bonequinhos em Conflito.

    Por que o título está diferente, no jornal? Muito simples também. Este, que eu dei, ficou grande demais para a página. Ponto pra internet.





    22.5.03


    Até que enfim: TV para gatos!

    Agora sim, a programação deve melhorar muito...

    (Essa foi a Deca quem mandou; valeu, Deca!)






    Devagar, quase parando

    Não sei o que está havendo com o BlogSpot, mas sei que tem sido preciso muita paciência para ler o blog: a página está levando séculos para carregar e, quando vem, vem incompleta, sem as imagens ou parte do texto. Cheguei a pensar que, por alguma razão misteriosa, as imagens estivessem mais pesadas do que de hábito, mas não estão.

    Será que um dia nós vamos ter blogs em que tudo funcione perfeita e harmoniosamente? Em que o servidor esteja rápido, o contador não saia do ar, os comentários sejam confiáveis? Ou estou sonhando alto demais?

    Aliás, já que estamos nisso: vocês, que assinaram o blog, têm recebido os updates do Bloglet? Este é outro que me parece funcionar dia sim, dois dias não...

    *sigh*











    João Bosco no Rival: não percam!

    Fomos ontem à estréia do show de lançamento do novo CD do João Bosco, "Malabaristas do Sinal Vermelho" (que saiu em janeiro). Está muito bom, o que não chega a ser surpresa -- o João é sempre ótimo.

    Para quem gosta de novidades, o show está tinindo: tem as parcerias com o filho Chico (26 anos, gatinho, simpático e talentoso) e apresenta um baterista sensacional, Kiko Freitas.

    Para quem prefere nadar em águas conhecidas, lá estão pérolas como "O Bêbado e a Equilibrista", "Memória da Pele", "Papel Machê" ou -- uma das minhas favoritas -- "A Nível De". Mais um lindo Ary Barroso -- "Rio de Janeiro" -- e um Gil daqueles, "Andar com Fé".

    Em cartaz no Teatro Rival, até o dia 31; o Rio Show tem todos os detalhes.






    Matrix Reloaded: um game na montanha-russa

    Para quem está esperando um Novo Testamento, o filme é uma decepção. Ainda bem.

    Lá para o fim da primeira parte de "Matrix reloaded", depois de algumas cenas incompreensíveis e de outras pura e simplesmente tediosas, o espectador chega a Zion, última cidade humana, onde vivem em condições precárias os bípedes que se rebelaram contra as máquinas.

    Vocês se lembram, não? No primeiro "Matrix", descobrimos que o que nos parecia vida é apenas um gigantesco programa rodando nas mentes das pessoas, adormecidas em seus casulos; enquanto as coitadas sonham que existem, fazem e acontecem, suas energias são sugadas para alimentar as máquinas, verdadeiras donas do mundo.

    Mais ou menos como na vida real.

    No filme, porém, algumas dessas pessoas conseguem se safar e, como os cristãos da Capadócia, passam a viver em cavernas subterrâneas, escondidas dos inimigos, esperando o momento em que a antiga profecia se cumprirá e o hacker Neo, seu redentor, as libertará da escuridão.

    Pois a chegada a Zion, que ainda não tínhamos visto, é uma das primeiras novidades em "Matrix reloaded". A outra é que as máquinas estão tramando um ataque sem precedentes à cidade, e a menos que Neo chegue à Fonte (Fonte? Que Fonte? Ssshhh! Não perturba...!), não sobrará ninguém para contar a história.

    Dito assim parece fácil, mas no filme -- não estivéssemos num Matrix! -- há muito papo cabeça até se chegar a essa conclusão. Se é que concluí certo.

    * * *

    Há divergências em relação à possível magnitude do ataque entre os sábios de Zion, e isso leva a diálogos profundos, cheios de múltiplos significados. Um prato cheio para os fãs militantes, que já têm o que discutir até novembro, quando o próximo episódio chega às telas -- mas um teste de paciência para quem acha que cinema é a maior diversão.

    Devo dizer, aliás, que eu estava me saindo até bem no teste, aceitando resignada todos os ruídos na comunicação; mas eis que Morpheus (um dos heróis da trama) se dirigiu aos cidadãos de Zion conclamando-os à resistência, e aquela massa suarenta e compacta, vestida em trajes exíguos, explodiu num gigantesco... baile funk! Ora, tenho certeza que MC Serginho e Lacraia vão vibrar com a cena, mas eu, sinceramente, fiquei muito contrariada.

    Minhas piores suspeitas a respeito de "Matrix reloaded" se confirmavam: pelo visto, estava mesmo assistindo a uma fita fraudulenta, a uma seqüência feita para faturar em cima de um dos melhores filmes da década passada! Na minha boa fé, eu ignorara todos os sinais, todos os vícios característicos das imposturas cinematográficas, do marketing monstruoso à overdose de clips, entrevistas, imagens, websites, capas de revista... Argh!!!

    Depois, pensando bem, que espécie de seqüência poderia ter Matrix, tão redondo, tão bem contado? Seu grande trunfo -- a revelação de que a vida não passa de realidade virtual -- já havia sido mostrado. A parábola fora fechada. O que restava além disso?

    * * *

    Todas essas coisas me passaram pela cabeça durante aquela rave desengonçada, aquele baile funk de gringo, intercalado com uma álgida cena de amor entre Neo e Trinity (dois personagens robóticos sem vestígios de emoção ou química). Mas eu já devia saber: nada em Matrix é o que parece ser. As cenas e diálogos desconexos e aparentemente sem sentido do começo do filme equivalem àquela subidinha insossa que os carrinhos de montanha-russa são obrigados a fazer até chegar ao topo: uma vez que a gente está lá em cima, a um passo do mergulho, as peças se encaixam... e o resto é uma viagem só.

    Quando o carrinho finalmente parou e as luzes se acenderam na Sala Julio Prestes (sim, crianças, peguei a Ponte Aérea da foto para ir ao cinema), eu era uma espectadora feliz. Este Matrix não é um filme extraordinário, como o primeiro; não vai criar novos padrões estéticos, nem deixar multidões de adolescentes em crise existencial, indecisos entre a pílula vermelha ou a azul. Mas é, ainda assim, sensacional, com alguns dos melhores efeitos especiais jamais vistos, cenas de luta lindíssimas, uma perseguição das mais empolgantes e uma fuga em motocicleta de se aplaudir em cena aberta.

    * * *

    Amigos que detestaram "Matrix reloaded" acham que só gostei do filme porque me dou com máquinas. Não é bem assim. Perceber as metáforas digitais talvez ajude a entender um pouco melhor o que está acontecendo, mas não é essencial, até porque lógica não é o forte dos irmãos Larry e Andy Wachowski, roteiristas e diretores da série.

    Este não é um filme para ser visto pela "mensagem" -- que, na mais generosa das avaliações, é bobinha -- mas pela ação, pela cinematografia, pelo desfile de maravilhas. Por sinal, recomendo enfaticamente a quem quiser assistí-lo que o faça na melhor sala possível: há jóias escondidas pelos cantos, e até o som é capaz de delicadezas inesperadas, como o barulho de um pequeno jarro de bambu que é derrubado durante uma cena de retumbante pancadaria.

    Pancadaria, contudo, à la Matrix: tão real quanto a vida dos humanos inconscientes, tão plausível quanto um sonho ou um game.

    (O Globo, Segundo Caderno, 21.5.2003)





    21.5.03




    Achei no outro dia lá na Carminha.





    20.5.03



    Filete

    O mestre fileteador León Untroib, judeu portenho, fez este filete para o meu amigo Dario Zalis.






    Ah...

    ...eu já vi "Matrix Reloaded". :-D






    Amor de perdição: lindo! Foi o Janjão quem descobriu.





    19.5.03




















    Luta inglória

    A caixa postal marca 2002 itens, 325 não lidos. Este é o meu recorde até agora, mas não se impressionem: tenho certeza de que entre os 325 itens não lidos não deve haver mais do que 25 aproveitáveis, se tanto. O resto é spam. Dos 1677 restantes, boa parte deve ser spam também; apenas, um tipo de spam que se disfarça melhor na minha correspondência, habitualmente recheada de releases sobre lançamentos de produtos, ofertas especiais de hardware ou software e outras coisas do gênero.

    É por isso que fico tão feliz quando leio que os spammers estão, finalmente, começando a ser tratados como os criminosos que são. Na semana passada, nos Estados Unidos, Howard Carmack, de Nova York, foi condenado a pagar mais de U$ 16 milhões ao provedor EarthLink — e foi, ainda por cima, preso por falsidade ideológica. Ele não só roubou as identidades de 343 pessoas, que usou para abrir contas, como pôs nomes falsos como identificação de remetente nos — pasmem! — 825 milhões de spams que enviou apenas no ano passado .

    A EarthLink admite que não tem esperança de ver a cor do dinheiro, mas o fato de que este verme esteja sendo tratado como um verme é, por si só, alvissareiro; se há uma coisa que anda descontrolada no mundo é o envio de mensagens não solicitadas que, segundo a britânica MessageLabs, já toma, hoje, quase 50% do espaço das mailboxes.



    É muito difícil calcular o prejuízo causado por esta praga, mas há quem tente. Um artigo publicado pela ISMnet (o provedor que eu uso) aponta para a Cartilha de Segurança para Internet, do Nic BR, que dá cinco exemplos de como o spam prejudica os usuários: não-recebimento de email, gasto desnecessário de tempo, aumento de custos, perda de produtividade e conteúdo impróprio.

    Eu reduziria a lista. Acho que o gasto desnecessário de tempo implica, automaticamente, em aumento de custos e perda de produtividade; quanto ao conteúdo impróprio, bem, tudo é conteúdo impróprio numa mensagem que você não pediu, não quer e não precisa — embora haja, obviamente, uma diferença de “grau de ofensa”, digamos assim, entre a propaganda enganosa de mapas astrais e a propaganda inútil de produtos para aumentar o tamanho do meu pênis (?).

    Para os provedores de acesso e empresas em geral, os prejuízos do spam podem ser medidos em impacto na banda, má utilização dos servidores, perda de clientes e aumento dos custos com pessoal e equipamento.



    Antônio Carlos Pina, do InfoLink, acha os dados da MessageLab conservadores; para ele, 55% do que circula hoje pelos correios eletrônicos são spam.

    — Para um provedor que recebe mais de 700 mil mensagens por dia, como é nosso caso, isso representa 400 mil mensagens.

    Se o Infolink recebesse e armazenasse toda essa porcariada, teria que dobrar o link e o espaço de armazenagem, sem que os usuários percebessem qualquer melhora na rede. Mas os custos sairiam do seu bolso, naturalmente — e não do bolso dos spammers.

    Na America Online — que em dezembro passado ganhou na Justiça U$ 7 milhões de uma empresa de “marketing direto” — os cálculos estão mais próximos da minha realidade: seus executivos estimam que 70% dos emails em circulação sejam spam.

    Mas a gente percebe que a coisa está feia mesmo sem abrir a mailbox. Basta dizer que, há 20 dias, o “New York Times” publicou um editorial pedindo aos leitores que escrevam para os seus congressistas pedindo providências urgentes (“uma carta por pessoa, por favor”). Enquanto isso, o “Wall Street Journal”, que não pode ser considerado imprensa especializada em tecnologia, mantém uma página na web apenas para dar as últimas notícias da batalha contra mensagens não solicitadas.

    No Congresso americano, circulam duas propostas para projetos de lei regulamentando o envio de spam — e circulam também, é lógico, lobistas poderosos combatendo esses projetos. No entanto, ainda que venham a ser aprovados e transformem-se em lei, ninguém acredita que possam erradicar, de vez, a praga das nossas mailboxes. Afinal, enquanto houver quem compre coisas de spammers, haverá spammers vendendo coisas.

    É mais provável que o esforço antispam conjunto da AOL, Microsoft e Yahoo (os principais provedores de contas de email) renda mais e melhores frutos, mais cedo. Em fins de abril, as três anunciaram que estão estudando a forma como os emails trafegam no ciberespaço para ver o que podem fazer para resolver, ou reduzir, o problema. Não gosto de nenhuma delas, e me confesso preocupada quando dizem que estão de olho nas nossas mensagens, mas chegamos a um ponto em que tudo é possível — até que este trio esteja agindo com boa intenção.



    Aqui a luta oficial mal está começando, mas já tem um inacreditável gol contra no histórico: em dezembro de 2001, a juíza Rosangela Lieko Kato, de Campo Grande, MS, perdeu a oportunidade de passar para a posteridade como pessoa esclarecida e bem informada. Na primeira sentença brasileira sobre o assunto, ela chegou à conclusão de que mandar spam é apenas “a utilização de meios modernos e eficazes nos dias atuais” (!), e que é “um contra-senso se admitir que alguém precisa de uma autorização para nos enviar uma correspondência” (!!).

    Depois eles ainda se queixam quando o Lula reclama do Judiciário.

    (O GLOBO, Info etc., 19.5.2003)






    Blogs na IstoÉ







    Domingo, como sempre

    Eu estava com o domingo todo agendadinho, bem bonitinho: primeiro andar na Lagoa, depois Cobal e, de lá, Canecão, para um show de tangos com a galera.

    Aí acordei, comecei a ler o jornal, brinquei com os gatos, dei a comida da Tati -- que já se alimenta sozinha, mas só quer atum de lata, e mesmo assim se a gente estiver ao lado dela -- fui para a janela, olhei aquela gente toda andando, correndo e brincando com os cachorros no Baixo Cão... e desanimei.

    Catei o resto do jornal e fui pra rede.

    Logo depois ligou a amiga que estava encarregada das entradas pro show de tangos: ela e o marido estavam mortos acabados, tinham ido de manhã ao Municipal, não tinham qualquer condição de ir ao Canecão. Pensando bem, eu também não tinha: sábado passamos o dia quase todo na Bienal, muito boa mas extremamente cansativa. Demos uns telefonemas, cancelamos tudo e desmaiamos, cada qual para o seu lado.

    Tarde da noite conseguimos nos arrastar para fora dos nossos tugúrios e fomos todos jantar no Margutta, que está ótimo.



    No começo da tarde, conversei pelo telefone com um amigo cínico que só. Ele disse: "Estou começando a assumir que não faço mais nada aos domingos. Não marco compromissos, não faço exercício, não saio com filho, nada, nada, nada. Ontem, aliás, enganei o meu filho e levei ele para a Bienal do Livro. Ficaram num engarrafamento monstruoso ele e a mãe e se sentiram muito amados. O ser humano é mesmo otário."





    18.5.03






    Novíssimas fotos!

    Momento Vó Coruja: eles não estão lindinhos?! :-)))






    Celulite

    Há alguns dias, durante o jantar, uma amiga comentou uma pesquisa que diz que as mulheres falam mais do cabelo do que de sexo. Os homens que estavam à mesa ficaram revoltados, mas, depois de muita discussão, chegamos todas à conclusão de que isso era a mais pura verdade, pelo menos na nossa observação -- embora eles ainda não estejam convencidos.

    Outro tema igualmente palpitante: celulite. Só perde para cabelo. Mulher fala muuuuito de celulite, sobretudo em cidade de praia. Tem sempre alguém descobrindo um creme milagroso ou um tratamento exótico para acabar de vez com o problema. A gente sabe que nada disso funciona, mas, ainda assim...

    Agora a Bia Badaud, que é cirurgiã plástica e sabe escrever com clareza exemplar, acaba de dar uma contribuição inestimável para melhorar o nível do debate: explicou tudo sobre celulite, nos menores detalhes.

    Leiam, meninas, vale a pena!






    Funny = Happy







    The man is the star

    Não existe assunto chato nas mãos de um bom contador de histórias -- ou um bom repórter. Detesto carros, mas estou me deliciando com "The car is the star", da BBC, hoje sobre o MGB. Que, aprendo, foi um delicioso e excêntrico carrinho esportivo inglês, assassinado pela sanha corporativa.

    Quem escreve e apresenta o programa é Quentin Wilson, um cara que ama automóveis, adora a Inglaterra e despreza, com fervor, a cultura americana.

    Não tenho a menor idéia se o que ele diz tem qualquer coisa a ver com a realidade, mas os nossos gostos se parecem e, volta e meia, me pego num sábado à noite maravilhada com as suas descrições apaixonadas e hiperbólicas. Cheia de saudades de Londres e de carros em que nunca prestei atenção.





    17.5.03


    O eclipse, por Andre Arruda: uau!!!







    .














    Relembrando Shangai

    O que me espanta nas notícias sobre a gripe asiática é que ela seja uma só. Quando estive na China, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a sujeira geral: saí para bater perna sozinha, fora dos lugares mais óbvios, e a cada passo me deparava com uma nova cena de imundície explícita.

    A comida é preparada em lojinhas minúsculas voltadas para a rua por cozinheiros que não usam luvas nem lavam as mãos; as pessoas jogam qualquer espécie de lixo onde bem entendem; e cuspir na rua é um hábito generalizado, já que os chineses não acreditam em deixar os maus fluidos dentro do corpo.

    Uma visita que fiz com amigos ao mercado popular foi uma experiência traumática pela crueldade com os animais, mas não menos impressionante do ponto de vista da higiene, inexistente. Eu, que sou bastante denodada em termos de comida, e que já apreciei sinceramente sarapatel e sacolés diversos e não identificados na Feira de Caruaru, limitei minha experiência gastronômica nas ruas chinesas a uma espécie de pão árabe que eles preparam no wok, sem gordura ou tempêro. Imaginei que farinha e água, passadas pelo calor, não poderiam me fazer mal -- e não fizeram mesmo. Porém, nem isso companheiros meus quiseram comer, e não os culpo: não era preciso nenhum grande exercício de imaginação para perceber os riscos da culinária local.

    Para quem chegou há pouco tempo e não acompanhou a viagem: em Shangai.tk fica um bloguezinho que montei com os posts, artigos e fotos de lá. Shangai foi um dos lugares mais interessantes que visitei, um dos grandes choques culturais da minha vida





    16.5.03




    Minhas amigas sereias estão fazendo um ótimo blog...







    Grande Evento Blogueiro

    No próximo domingo, dia 18, às 19 hs, na Cobal do Humaitá, leitura da peça da Paula Foschia (A mecânica da ocupação não natural dos espaços), e lançamento dos livros da Ana Maria Gonçalves (Ao lado e à margem do que sentes por mim) e da Daniela Abade (Depois que acabou).

    Imperdível!






    ACHEI!!!!

    Pronto, taqui o desenho desaparecido...! Estava no chão, ao lado da escrivaninha, e foi a primeira coisa que vi quando entrei no escritório.

    Por que sumiu ontem? Porque no exato lugar onde estava o desenho hoje estava deitada a Netcat ontem. E eu revirei tudo, mas é lógico que nem pensei em tirar os quadrupes dos seus respectivos lugares.

    *sigh*







    O caso Blair

    Para os angloparlantes, trechinho de um email que recebi de um amigo que trabalha no Wall Street Journal, comentando o escândalo do repórter do New York Times; desculpem não traduzir, mas ainda estou passada com a história do desenho e continuo revirando a casa.
    "The Jayson Blair scandal is just unbelievable. But I have to tell you one reason this has blown up so much is that the knives are really out for the editor, Howell Raines, who much of the staff doesn't like because he favored the "hungry" rookies over the older journalists and treated a lot of the respected veterens with contempt. Many also felt he had an agenda that reflected his personal liberal politics, and this played out in which stories were covered, how they were covered, and how they were played in the paper. So his critics, both inside and outside the paper, think this is just delicious. There are rumors that at least one other famous reporter there may have a fabrication problem, but I suspect it is more about embelishment than outright fabrication."






    Ah, sim...

    Vocês viram o eclipse, que maravilha? A festa inteira parou no jardim, de cabeça pra cima, vendo a lua sumir. O que eu achei mais interessante foi ver como ela aparece direitinho por baixo da sombra.

    (Não, ainda não achei o desenho! Como pode uma coisa dessas?!)






    ARGHHHHHHHHH!!!

    Não reparem não, mas estou ficando maluca! Ontem à noite, antes de irmos à festa na casa do Gasparian, Millôr me deu o desenho de gato que fez, ainda em 1962, para o poeminha abaixo. Guardei o desenho na bolsa.

    Quando cheguei em casa, tirei o desenho da bolsa, fiquei muito contente em ver que não tinha se amassado e vim pro escritório. Me lembro de, ainda no corredor, ter pensado que o scanner estava ocupado -- deixei a caixa de um CD lá. E depois não lembro de mais nada!

    O desenho simplesmente sumiu. Estava nas minhas mãos há duas horas; agora desapareceu sem deixar vestígios. Refiz meus passos, revirei a casa inteira, olhei até dentro da geladeira... mas nem desconfio do que possa ter acontecido e de onde ele possa estar.

    Agora desisto, vou dormir: estou enervada demais com a minha incompetência para poder fazer qualquer outra coisa.





    15.5.03


    Retrato

    Millôr Fernandes


    Comendo em cantos
    Desconfiado
    Quente e lustroso
    Curvo e sedoso
    Esgar de boca
    Rasgado grito
    Quando assustado
    Bigode hirto
    Andar felino
    E feminino
    Olhar que acende
    À luz que apaga
    A ronroneira
    Quando ressona
    O encolhimento
    Antes do salto
    Filosofia
    Do dia-a-dia
    Falso abandono
    Ante seu dono
    E ódio eterno
    A seu inimigo
    Expressão mística
    De um Egito antigo
    Olhos de outrora
    Se entramos tarde
    Da madrugada
    Se é dia claro
    Ou é luz morna
    Quando entardece
    Tem infantil
    Uma pata esquerda
    Que rola a bola,
    Que rola o rolo
    Que furta o bolo.
    Esse o retrato
    De um bicho esquivo
    Chamado gato.

    (27.7.62)








    Este gatinho está rindo à toa...






    Leitura obrigatória

    Gente, estou pra dizer isso há alguns dias -- vocês precisam ler o que o Dines escreveu no JB!

    É o artigo mais lúcido e contundente da temporada. Amostra:
    "As reconciliações entre dona Rosinha e dona Benedita, as festinhas entre o coronel Bolinha e seus desafetos, além de ridículas, são um ultraje à memória dos caídos e dos humilhados pela Confederação da Violência. Os sorrisinhos cínicos e os tapinhas nas costas na véspera dos funerais de uma sociedade livre flagram a falta de compostura e escancaram a impostura."
    A íntegra está aqui.






    Emergência canina no Rio!

    "Estamos desesperadas, pois a Laranjinha já está há uns oito meses aguardando um lar e está muito triste. Ela é linda, meiguíssima e dócil. Para ajudar, estou enviando um cartazinho que fiz. Tem uma história e foto dela."





    14.5.03


    O que os anos 90 fizeram com você

    A Bia recebeu isso e, claro, mandou pra mim. Já conhecia algumas variantes, mas ainda assim gostei muito.

    01. Você tenta teclar sua senha no display do microondas;
    02. Você não joga paciência com cartas de verdade há anos;
    03. Você pergunta, via e-mail, se seu colega ao lado vai almoçar com você e ele responde, por e-mail: "me dá cinco minutos";
    04. Você tem 15 números de telefone diferentes para contatar sua família de três pessoas;
    05. Você navega e contata via Chats, varias vezes ao dia, desconhecidos do mundo todo (Europa, Ásia, etc.), mas não falou nenhuma vez com seu vizinho este ano;
    06. Você compra um PC de última geração e seis meses depois ele já está ultrapassado;
    07. O motivo pelo qual você perdeu o contato com seus amigos e colegas é porque eles têm um novo endereço de e-mail;
    08. Você não sabe o preço de um envelope comum;
    09. Para você, ser organizado significa ter vários bloquinhos de Post-It de cores diferentes;
    10. A maioria das piadas que você conhece, você recebeu por e-mail;
    11. Você fala o nome da firma onde trabalha quando atende ao telefone em sua própria casa;
    12. Você digita o 0 para telefonar de sua casa;
    13. Você senta há 4 anos no mesmo escritório e já trabalhou para firmas diferentes no mesmo período;
    14. Você vai ao trabalho quando ainda está escuro, volta para casa quando já escureceu de novo;
    15. Seus pais te apresentam aos amigos assim: "ele trabalha com computadores..." (essa é de matar... e pior que é verdade)
    16. Você reconhece seus filhos graças às fotos que estão em cima da escrivaninha;
    17. Quando seu computador pára de funcionar, parece que foi seu coração que parou. Você fica sem saber o que fazer, sente-se perdido;
    18. Não se lembra quando foi a última vez que viu uma folha de papel carbono;
    19. Você leu esta página e balançou positivamente a cabeça em alguns pontos;
    20. Você já está pensando para quem você vai enviar esta mensagem;
    21. Provavelmente agora você vai clicar no botão "Encaminhar" pro Blogger.com.






    Elecciones

    Plantão: Carlos Menem acaba de jogar a toalha. Ufa. Menos um.






    Muito bom!












    13.5.03


    Algumas frases do Les Luthiers


  • No te metas en el mundo de las drogas... Ya somos muchos y hay poca.
  • Todo tiempo pasado fue anterior.
  • Tener la conciencia limpia es sintoma de mala memoria.
  • El que nace pobre y feo tiene grandes posibilidades de que al crecer, desarrolle ambas condiciones.
  • Los honestos son inadaptados sociales.
  • Pez que lucha contra la corriente, muere electrocutado.
  • Si la montaña viene hacia ti, Corre!!! Es un derrumbe!!!
  • Es bueno dejar el trago, lo malo es no acordarse donde.
  • Una mujer me arrastro a la bebida... y nunca tuve la cortesia de darle las gracias.
  • La inteligencia me persigue... pero yo soy mas rapido.
  • Huye de las tentaciones... despacio, para que puedan alcanzarte.
  • Hay un mundo mejor pero es carisimo!!
  • Lo triste no es ir al cementerio, sino quedarse.
  • Hay dos palabras que te abriran muchas puertas: "Tire" y "Empuje".

    Escrito depois: A Laura "descobriu" o Les Luthiers ainda na época do seu primeiro LP -- uma espécie de CD grande, em vinyl preto; arranhava muito, mas o tamanho dava capas excelentes -- "Sonamos pese a todo". Isso foi, salvo engano, no fim dos anos 60, e tudo apontava para um fracasso retumbante: os caras eram inteligentes, criativos, engraçadíssimos, tinham boa voz e conheciam música pra caramba.

    Pois, por incrível que pareça, deram certo.

    Desde então, ficamos todos viciados em "Les Luthiers" aqui em casa. Houve uma época (pré-internet) em que era muito difícil conseguir música deles; era uma festa quando alguém voltava da Argentina. Uma vez estivemos em Buenos Aires e eles estavam se apresentando; conseguimos uns lugarezinhos miseráveis na torrinha, quase não vimos nada mas nos divertimos muito.

    Gosto de tudo o que já ouvi deles, e é difícil dizer quais são as minhas canções favoritas no seu repertório. Assim de cara, aponto a "Candonga de los Colectiveros", o "Teorema de Thales", a "Epopeya de Edipo de Tebas" e a "Chacarera del Acido Lisérgico" (também chamada de "Conozca el Interior").








  • Minhas flores

    Paulinho, que passou o fim de semana no Arizona com a turma toda, visitando a mãe e a avó da Kelyndra, fez uma baita extravagância e me mandou essas flores maravilhosas, com o cartão mais bonitinho do mundo. Elas estão no meu quarto, junto com os incensos que ficam em cima da sapateira: único lugar da casa à prova de gato (por falta de superfície para aterrissagem).

    Quando eu era criança, não podíamos dormir com flores no quarto. Não lembro exatamente qual a razão, mas se há uma coisa que a gente aprende a deixar de lado com a Família Gato é a razão; além disso, estou muito feliz com essas lindas flores em frente à cama.

    Volta e meia saio aqui do escritório, vou até lá, olho, olho, aí volto pra continuar o trabalho.

    Tão bonitas, Paulinho! Muito obrigada, meu bem -- adorei, viu?

    PS -- A foto saiu horrível! Como fotografei à noite, tive que usar flash -- e, para que ele fizesse algum efeito, tive que chegar perto demais, o que explica essas linhas abauladas. Sem falar que resolução, nessa luz, não existe... mas é só pra dar uma idéia, mesmo.











    12.5.03


    Deu no New York Times...

    Mas era mentira.

    (Essa história é impressionante. Posso estar redondamente enganada, mas não acredito que fosse possível, numa redação brasileira, um repórter mentir e errar constantemente, como fazia Jayson Blair, e ter uma carreira tão bem sucedida: afinal, foram quatro anos de NYT, com sucessivas promoções, a despeito de alguns alertas de editores mais antenados. Quanto mais não fosse, não consigo ver ninguém, aqui, viajando para São Paulo e apresentando notas de restaurantes do Rio sem levantar suspeitas... A matéria sobre o caso é muito desconfortável, para dizer o mínimo; e é, também, a prova de que os americanos não conseguem mais se comunicar nem na mais importante redação do pais. Estranho, muito estranho.)














    Enquanto isso, na China, os emoticons põem as barbas de molho... (Achei aqui.)







    A Ro me mandou o Googlism para o meu nome.

    Googlism, vocês sabem, é o resumo de uma pesquisa que o Google faz com nomes, lugares ou qualquer coisa que se queira; os resultados são curiosos já que, fatalmente, têm sempre uma pontinha que vale ou uma coisinha com a qual a gente se identifica.

    O Googlism para o meu nome (quase) completo*, por exemplo, é "cora rónai is also posting about open source on the world social forum posted by". Não entendi este "posted by" do fim; mas taí uma coisa a respeito da qual eu poderia postar. (

    Até em Millôr, obviamente confundido pelo Google com um resort na Catalunha (Millor é melhor, em catalão) havia uma absoluta verdade no meio da algaravia: "millor is only a short taxi ride away".

    cora is discretely located and nestled within the 18
    cora is taken to an ambulance after
    cora is gone tab by pedersen herb
    cora is gone
    cora is
    cora is gone winds through the night blowing so lonesome
    cora is taken to an ambulance after being injured in a collision at second base with arizona diamondbacks shortstop tony womack on a
    cora is *phenomenally* slow
    cora is indeed a unique experience
    cora is a principal investigator
    cora is clueless against any breaking pitch and takes some of the ugliest swings this side of the ninth spot in the order
    cora is absolutely stunning
    cora is the political organization of anti
    cora is the national board of directors elected by their respective state/regional divisions or national organizations
    cora is kept informed by governmental and non
    cora is a saint
    cora is transported to merlin's lab
    cora is a cincinnati
    cora is a bi
    cora is the committee of radical attorneys
    cora is my friend and soul mate
    cora is built on top of an existing proprietary chinese information processing technology researched and developed by the chinese university
    cora is the 13
    cora is not for sale
    cora is so happy that she has a buddy
    cora is indeed not humble in the face of death
    cora is devastated when mrs
    cora is such an important film that it should be immediately made available for as many people as possible to see it
    cora is licensed to provide drug and alcohol counseling services on an outpatient basis to clients of all ages
    cora is building a new service center to house counseling
    cora is determined to develop the company's people and her commitment to play a role in the country's social development has been highly appreciated
    cora is a sweet and petite buff and tan spayed female
    cora is astoundingly lovely in this film
    cora is such a babe" thread
    cora is consoling the mistreated jessie
    cora is a quadraplegic amputee
    cora is gone tab ### downloaded
    cora is now a member club of usa roller sports
    cora is the daughter of saffron and zak
    cora is in charge of
    cora is unashamed? why?
    cora is as follows
    cora is also a diamond broker
    cora is making to rid our city of this blight on our enviornment
    cora is spoken by about 16
    cora is forced to keep from her
    cora is having fun in the woods
    cora is hot
    cora is eons away in atmosphere?you feel more like a guest on a
    cora is a resource for california skaters
    cora is probably my favorite character throughout the movie
    cora is a mansion
    cora is a business
    cora is dedicated to building on
    cora is left to wander alone to the bridge
    cora is doing with her assignment now
    cora is opened from the year 1992
    cora is een merrie die vooral in de fokkerij haar mannetje staat
    cora is an interactive line fitting tool designed for emission line spectra with low count numbers
    cora is an interactive line fitting tool designed for emission line spectra with low count
    cora is skilled at brainstorming
    cora is vernon’s source of strength and faith
    cora is eighteen months old and lives with us in ohio
    cora is a rescued horse saved from a kill buyer
    cora is a dead fastball hitter
    cora is director of dramatic arts at crossroads christian church in corona
    cora is out of her element until she meets lord francis
    cora is typically used in conjunction with ist consulting services
    cora is led to believe that she killed angelica
    cora is spoken in the state of nayarit
    cora is an exceptional person
    cora is true to herself
    cora is a bs
    cora is a suite of programs developed by ca orengo
    cora is optimistic he can return to the lineup this weekend in houston
    cora is brought in to help
    cora is the central oklahoma radio amateurs
    cora is emerging as one of the premier mexican artists working in the united states
    cora is presently in rostov
    cora is "beauty" compared to nick's "the beast"
    cora is the california outdoor roller skating association
    cora is a beautiful and passionate person
    cora is a runaway slave herself
    cora is a slightly deranged american who believes quigley to be her husband roy
    cora is very efficient and has high energy
    cora is a feature length documentary about a young couple and their two children living in a squatter settlement in the philippines' capital
    cora is held back from entering the playing field by pitcher giovanni carrara
    cora is a young female bernese mountain dog who lives with lisa hasler
    cora is the one on the top/left
    cora is married and has two beautiful teenage daughters

    * O meu nome completo é Cora Tausz Rónai.





    11.5.03



    Dia das Mães

    A minha idéia inicial era escolher uma foto de flores e/ou gatinhos para o Dia das Mães -- mas aí encontrei essa, que o Paulinho fez em março do ano passado. Nela estamos a Bia, eu, a Mamãe e a Emília: quatro gerações juntas.

    Fica aqui como homenagem à Mamãe, e com saudades do Paulinho e do povinho dele, lá longe.

    Beijos especiais para todas as mães que freqüentam este blog; aliás, o que é que vocês estão fazendo no computador hoje, meninas? A rede que o dia pede é outra...






    Mas que galinhagem...








    Emergência canina

    Atenção, gente: há um cãozinho que precisa de ajuda em Niterói. Ele tem um blog, aqui.





    10.5.03


    "Para mim, gatos são obras de arte que ronronam."
    (Viviana Agostinho)






    Pescado nos comentários

    "Ainda hoje quase todas as carrocerias de caminhões fabricadas de madeira no Brasil ostentam uma ornamentação que também é chamada de filetagem. Não se trata de frases de para-choques. Há cinco anos venho pesquisando esta arte.

    Generiamente é chamada de filetagem, pois foi inicialmente e é ainda hoje, na maioria das vezes, executada em traços finos, como filetes, usando se uma ferramenta especial, o filetador, ou pincéis finos. Há muita variações, como um tipo parecido com a pintura camponesa alemã, a "bauermalerei", que se assemelha à filetagem da Argentina.

    A origem, segundo a minha pesquisa, é ibérica, tendo sido usada inicialmente em barcos e carroças. É descendente da vinheta, que vem a ser um nome derivado dos ornamentos colocados em livros medievais, com figuras de cachos de uvas e suas gavinhas. Hoje o termo vinheta é usado de maneira mais ampla, como por exemplo, na televisão, em aberturas de programas.

    Está visto que nossa filetagem tem origem semelhante à da Argentina, porém, tem apresentação ornamental um pouco diferente e se restringe a carrocerias.

    Se nada acontecer, este tipo de arte vai acabar, visto que carrocerias de madeira estão sendo substituidas pelas metálicas e além disto, o Conselho Nacional de Trânsito baixou uma norma obrigando a colocação de faixas refletivas nas carrocerias e o local é justamente em cima da filetagem. Estou tentando convencer os fabricantes de carrocerias metálicas a usar a ornamentação com filetagem. Até agora sem sucesso.

    Estou tentando fazer, como aconteceu na Argentina, uma passagem desta ornamentação das carrocerias para outros suportes, como meio de preservação da arte.

    Já fiz uma exposição fotográfica em Juiz de Fora, em outubro de 2002, no Espaço Cultural Bernardo Mascarenhas, com os resultados iniciais de minha pesquisa. Ainda falta muito Brasil para percorrer e para tal preciso conseguir patrocínio.

    E assim, trafegando por este Brasil ainda se encontram desenhos aplicados com harmonia em suportes que são massa bruta e cujos "salões e galerias de arte" de exposição são as ruas e rodovias.

    Estou à disposição para mais detalhes e informações. Sou escultor e pesquisador com atelier em Santa Teresa, Rio, RJ e meu e-mail é marciustristao@uol.com.br. (Marcius Tristão)
    Vocês não acham maravilhoso saber que há gente como o Marcius, pesquisando e preservando a verdadeira arte popular? Eu fiquei muito contente com este comentário -- não, naturalmente, em saber que a nossa filetagem corre o risco de acabar, mas em encontrar este brasileiro atento, gentil e prestativo.

    Tão bom, isso!

    Obrigada, Marcius, valeu mesmo. Se não for abusar muito -- você mandaria umas fotos aqui pro blog?






    Febeapá

    Procês verem o que faz uma gripe com o ser humano! Estou de molho e sem assunto, acabei ligando a televisão e, agora, estou assistindo a um programa sobre... mulheres que amam demais!!! Já vi muita besteira na TV, mas esse programa, sinceramente, é hors concours.

    Se bem estou entendendo a coisa, o que se discute é o que, na minha época, chamava-se de "gente ciumenta" -- e vinha, então, em versão macho e fêmea.

    Hoje, porém, um psiquiatra explica, lá da telinha, que "todos os homens apaixonados cabem num Kharman Ghia", e que não há "estímulo cultural" na sociedade para que os homens se apaixonem. A entrevistadora está conversando com ele como se ele fosse uma pessoa séria, e como se "mulheres que amam demais" fosse algum tipo de doença classificável pela Organização Mundial da Saúde.

    Tá, eu sei -- não há evidência alguma de que esse programa tenha sido gerado no mesmo planeta em que vivo.





    9.5.03








    Todas as idades

    Há muitos e muitos anos, nos tempos da internet a vapor, havia uma página na rede em que a gente anotava o nome, o email e o dia em que nasceu. Chamava-se The World Birthday Web, e não tinha nenhuma finalidade a não ser comunicar ao mundo o dia do aniversário de seus usuários.

    Na época ainda não havia spam, e sempre que a gente escrevia internet no jornal, fora do caderno de informática, tinha que acrescentar (rede mundial de computadores). O mundo parecia menor.

    Volta e meia eu entrava lá, selecionava randomicamente alguns aniversariantes e mandava parabéns. As outras pessoas faziam o mesmo, de modo que no dia do meu aniversário a minha mailbox era uma festa. Detalhe: havia bem menos mulheres online do que homens, e nós éramos particularmente paparicadas. Acabei trocando emails com algumas das pessoas que me escreveram, ou para quem escrevi. Era legal.

    Com o crescimento da rede, a página deixou de ter razão de ser. Foi fechada no ano 2000. Em maio do ano passado voltou ao ar, mas como parte de um site de provedor de serviços, e sem os nomes antigos. Perdeu completamente a graça.

    Me lembrei disso tudo quando descobri o Ageless Project lá na Angela. A idéia é muito interessante: mostrar que a internet é feita por gente de todas as idades, mostrando o que essa gente faz.

    Já inscrevi o internETC. -- afinal, não tenho nada contra revelar a minha idade (49). É o peso que eu não revelo, nem sob tortura.

    Recado: Cesar, olha os nossos colegas lá!






    Classe

    A Cosac & Naify é chique até na hora de fazer propaganda: anuncia nos blogs. Acho lindo, isso.






    Cut&Paste

    1. O que é um cigarro de maconha feito com papel de jornal?
    Baseado em fatos reais.
    2. Qual é o fim da picada?
    Quando o mosquito vai embora.
    3. O que um tijolo falou pro outro?
    Há um ciumento entre nós.
    4. Qual é a comida que liga e desliga?
    O Strog-ON-OFF.
    5. Como se faz para ganhar um Chokito?
    É só colocar o dedito na tomadita.
    6. Qual o vinho que não tem alcool?
    Ovinho de Codorna.
    7. O que é que a banana suicida falou?
    Macacos me mordam.
    8. Qual é o doce preferido do átomo?
    Pé-de-moléculas.
    9. O que é uma molecula?
    É uma menina muito sapecula.
    10. Como o eletron atende o telefone?
    Proton!
    11. O que um cromossomo disse para o outro?
    Oh! Cromossomos felizes!
    12. Como as enzimas se reproduzem?
    Fica uma enzima da outra.
    13. Qual é a parte do corpo que cheira bacalhau?
    O nariz.
    14. Por que as estrelas não fazem miau?
    Porque Astro-no-mia.
    15. Por que a vaca foi para o espaço?
    Para se encontrar com o vácuo.
    16. O que o espermatozoide falou para o óvulo?
    Deixa eu morar com você porque a minha casa é um saco.
    17. O que o polvo disse para a lula?
    Ah, eu tô molusco!
    18. O que são dois pontos pretos no microscopio?
    Uma blackteria e um pretozoário.

    (Achei aqui.)






    Trevas

    Mais BBC: loooongos (e verdadeiros) minutos sobre a violência no Rio, tratada como guerrilha urbana. Ônibus em chamas, tanques nas ruas, tiroteios. Cenas de guerra iguaizinhas às que a gente vê pelo mundo afora, com a diferença que esta é aqui em casa -- e tem Garotinho como protagonista.

    Sinceramente, não sei o que me aflige mais, se a violência em si ou esse Família Adams no comando. Mais cedo, no Jornal Nacional, já tinha me horrorizado com a indigência mental da "governadora". Não, ela não disse ou fez nada de especial; é só que eu quase nunca tenho tempo de ver televisão e, quando vejo, não consigo deixar de me alarmar.

    Acho que não vou me acostumar nunca a essas nulidades no poder.

    Que tempos, meu Deus, que tempos.






    Caramba...

    "Posso aprender a viver assim. Com medo da hora, na ponta dos pés, com sangue nos olhos, com ódio no coração, com círculos de fogo em volta. Não me provoque."
    Essa escreve.





    8.5.03


    YIKES!!!

    Também deu na BBC que há "fazendas" de cães e gatos que criam os bichinhos... pelas peles! É uma reportagem horrível. Aparentemente, dois milhões de cães e gatos são mortos anualmente para suprir este mercado macabro. O maior exportador é -- claro! -- a China.

    Detalhes:

  • São necessários de 12 a 15 cães adultos para fazer um casaco;
  • São necessários até 24 gatos para o mesmo fim;
  • A pele dos cães e gatos é usada também em luvas, chapéus, cobertores e, atenção, enfeites e brinquedos: aqueles gatinhos bonitinhos e peludos que a gente encontra em tudo o que é loja de lembrancinha chinesa são feitos com o pêlo de gatos ou cachorros assassinados;
  • Freqüentemente, essas peles são comercializadas com etiquetas falsas, que as definem como peles de outros animais, alguns inexistentes. Os cães passam por lobo de Gae, sobaki, chacal asiático, goupee, loup d'Asie, Corsac fox ou dogues du Chine; os gatos, por coelhos, gatos selvagens ou das montanhas.

    Struan Stevenson, o parlamentar escocês que está pedindo providências à União Européia para banir essas peles, dispõe de algumas evidências chocantes, entre elas um casaco feito com a pele de 42 filhotes de cães pastores alsacianos.

    É, não tem jeito. Nós somos mesmo uns animais de quinta...






  • YESSS!!!

    Deu na BBC: um spammer americano foi condenado a pagar U$ 16 milhões (cerca de R$ 50,5 milhões) à EarthLink! O verme nojento foi acusado de ter enviado nada menos que 850 milhões de spams e, aleluia! aleluia! está proibido de continuar com o "serviço". Já é alguma coisa... :-D






    Blog!









    The Buenos Aires affair

    A crise econômica argentina vista de um dos melhores hotéis do mundo


    Quando o avião aterrissou em Buenos Aires, o senhor à nossa frente virou-se e perguntou se falávamos espanhol. Fizemos que sim, e ele disse que a nossa conversa soara como música aos seus ouvidos. Não é bem o que a gente espera ouvir de um argentino, mas esta foi apenas a primeira das surpresas da viagem. Agradecemos, encabuladas. Expliquei que só podia ser porque tínhamos muita prática. Rimos os três hermanos , e seguimos em frente, cada qual para o seu destino.

    O nosso era o Hotel Alvear, na Recoleta, antigo sonho de consumo que, graças a um dólar fraco, uma crise forte e um feriadão bem posicionado, pudemos curtir durante quatro dias. No ano passado, o Alvear foi considerado, pela revista “Travel & Leisure”, o segundo melhor hotel da América Latina, e um dos 20 melhores do mundo. Mesmo sem conhecer 17, já acho o título bem merecido.

    Construído em 1932 (no século passado!), quando Buenos Aires era a cidade mais chique e importante do continente, o hotel é um escândalo de bonito, com seus mármores polidos, sua escadaria de cartão-postal, seus pés-direitos altíssimos. Nosso quarto era relativamente pequeno e, por ser no segundo andar, muito barulhento; a cadeira da escrivaninha rangia e era péssima para trabalhar, mas a qualidade da cama, do chuveiro e do serviço, ah, nem vos digo! Além disso, frutas frescas e bem escolhidas todas as noites, flores, frescurinhas Hermés, conexão Internet e um PC só para nós. Sem falar que, no banheiro, o espelho não embaça.



    O que mais gostei, porém, foi o que eles chamam, em bom espanhol, de butler service . O butler — ou mordomo, em bom português — resolve todo e qualquer problema que o distinto hóspede tenha. Até, imaginem, empacotar e desempacotar as malas!

    Funciona assim: quando a gente chega, aperta um dos botões do telefone, pede ao butler que cuide das malas e vai passear. Ao chegar da rua, encontra as roupas miraculosamente arrumadas.

    Se na chegada é bom, na despedida é ainda melhor. Aperta-se novamente o número mágico, convoca-se o butler e deixa-se tudo em suas mãos. Só em casa é que a gente descobre o fino da butleria : sapatos e roupas embrulhados em papel de seda, um a um.

    Já decidi. Quando voltar à Argentina, vou pedir minha butler em casamento.



    A quantidade de cães que circulam por Buenos Aires é impressionante. Sob esse aspecto, a cidade é tão civilizada quanto Paris. Os cães podem acompanhar os donos por toda a parte e alguns até dão expediente nas lojas, onde são superpaparicados pela clientela. De modo geral, são fofos e simpáticos — e, antes que vocês sintam vontade de acrescentar “ao contrário dos donos”, devo dizer que, a partir daquele do avião, quase todos os argentinos que encontramos foram gentis e simpáticos também.



    A vôo de pássaro, Buenos Aires parece de bem com a vida. Cafés, restaurantes e livrarias estão cheios e a náiti , como de hábito, vai até o alvorecer. Em nenhum lugar se sente a insegurança que, hoje, no Rio e em São Paulo, nos soa o toque de recolher psicológico a qualquer desoras. A cidade está limpa, iluminada e bem cuidada.

    No entanto, as marcas da crise econômica lá estão, nítidas. Os serviços desesperadamente baratos e, por toda a parte, pessoas pedindo dinheiro. O mais desconcertante para nós, habituados a mendigos maltrapilhos e em geral de cor, é que os pedintes portenhos são quase todos louros, e vestem-se melhor do que a maioria dos trabalhadores brasileiros.



    No segundo dia da viagem um senhor entrou na loja onde olhávamos jaquetas de couro. Tinha uns 70 anos, cabelos brancos bem aparados, terno, colete e gravata, tudo muito limpo e arrumado. Não se dirigiu a nós, mas ao lojista, a quem, depois de pedir mil desculpas, pediu também algum dinheiro, pouquinho que fosse, ao menos para inteirar a condução. O homem não lhe deu nada e, antes que pudéssemos fazer qualquer coisa, mandou-o embora.

    Ficamos chocadas com a cena que, em alguns segundos, nos revelou tanto da Argentina de hoje. As aparências estão de pé, mas sabemos que é só. Aquele senhor estava obviamente arrasado com a sua situação, constrangidíssimo em mendigar. Tinha educação, boas roupas e poderia passar por freguês da loja — mais até do que nosotras , que, como boas cariocas no frio, estávamos ligeiramente deslocadas.



    P.S. — Oscar Musladino, de quem comprei um filete muito bonito, me contou uma historinha exemplar e muito atual — pra não dizer que não falei, Cacá! — a respeito do mal que os burocratas podem causar à cultura. Durante a ditadura, um burocrata decidiu que o filete (aquela espécie de tango tipográfico que enfeitava tantos caminhões e ônibus na Argentina) podia desviar as atenções dos motoristas, e baixou uma portaria proibindo o seu uso. O trânsito continuou igual, claro. Mas, sem trabalho, os fileteadores mudaram de profissão. Muitos, possivelmente, foram para o desemprego — e a linda arte do fileteador nunca mais foi a mesma.

    (O Globo, Segundo Caderno, 8.5.2003)

    Update: O título dessa crônica foi uma homenagem a meu amigo Manuel Puig, o autor de "O Beijo da Mulher Aranha". Nascido na Argentina, Puig morou no Rio entre 1981 e 1989, na Rua Aperana, e morreu no México em 1990. "The Buenos Aires Affair" é o título de um dos seus livros -- o meu favorito, junto com "Boquitas Pintadas".

    Usar este título me deu saudades dele e, ontem à noite, carreguei os livros pro quarto, para ler um pouco. Por acaso, o primeiro da pilha era "Sangue de Amor Correspondido", em que ele escreveu: "Para Cora, que hoy me dijo que estaba muy feliz, abrazos de Manuel". Não me lembro mais por que eu estava muito feliz, embora imagine; mas o que me espantou foi a data, 7 de maio de 1982. Abri o Palm para conferir: 7 de maio de 2003.

    Assim se passaram 21 anos; ele nunca teria acreditado.






    Taperouge

    Taí: acho que está na hora da gente começar a campanha Volta, Nancy!








    Maneirinho, né? A Bia achou aqui.





    7.5.03


    Em tempo

    Já deveria ser óbvio a essa altura do campeonato mas, infelizmente, ainda não é: a área de comentários deste blog é livre até certo ponto. Aos anônimos covardes que andam confundindo as coisas, informo que spams e xingamentos a mim e/ou aos meus amigos não serão tolerados. Para isso, caras, vocês têm os seus próprios blogs, e neles podem escrever o que bem entenderem. Isso é liberdade de expressão. Já entrar aqui e fazer grosserias na área de comentários é falta de educação mesmo.
















    Tango riscado

    Uma das mais lindas manifestações de arte popular em Buenos Aires é o filete, espécie de tango tipográfico de alto impacto visual, cheio de idas e vindas que, antigamente, costumava enfeitar os veículos portenhos. O filete nasceu em princípios do século passado, trazido por artesãos italianos e, aos poucos, começou a adquirir a sua feição argentina, incorporando aos floreios das letras imagens gaúchas e elementos do tango.

    Nos anos 70 quase desapareceu, vítima de um burocrata que decidiu que ônibus e caminhões fileteados eram muito perigosos, pois poderiam distrair a atenção dos demais motoristas. Privados de seu principal mercado, muitos fileteadores deixaram o ofício, antes passado de pai para filho. Outros passaram a viver de trabalhos esporádicos, pintando placas e cartazes para bares e restaurantes.



    Tomei conhecimento dessa arte quando conheci o Millôr, em 1980. Ao lado da porta do estúdio dele há uma placa que diz "Martiniano Arce, fileteador. Plaza Dorrego, San Telmo"; ela está lá desde sempre, trazida do Uruguai.

    Martiniano Arce é talvez o mais famoso dos fileteadores portenhos. Sua arte ultrapassou as fronteiras da Argentina, ganhou mundo e reconhecimento -- embora mantenha o cunho prático e popular que sempre caracterizou o filete. Ele faz capas de discos e anúncios e, durante as Olimpíadas de Atlanta, foi convidado a filetear uma garrafa de Coca-Cola de dois metros de altura. Fiel ao seu ofício, já enfeitou dois ataúdes, um para ele e outro para a sua mulher, "para que a arte continue mesmo além da vida".

    Eu acho isso trevas, mas os portenhos têm uma fixação de longa data com a morte -- vide as atribulações do cadáver de Evita (outra fixação!). Também não vamos esquecer que o point mais agitado de Buenos Aires fica em frente ao cemitério...



    Há tempos o filete deixou de ser a deliciosa "arte sobre rodas" dos velhos tempos. Hoje freqüenta feiras de artesanato, museus e eventos especiais, e só resiste graças a uns poucos fileteadores teimosos, como Alfredo Genovese ou Alberto Pereira, que insistem em manter viva a tradição.






    YESSSS!!!

    Joaquim Ferreira dos Santos é o mais novo cronista do Globo -- vai escrever às segundas, no lugar do Mauro Rasi.

    Para mim, pelo menos, não poderia haver nome melhor.





    5.5.03


    Resumo:






















    ¿Que passa con las fotos?

    É claro que tenho muito mais fotos... mas, nesse momento, elas estão presas no meu notebook, um ThinkPad 560Z, de 1998, inteiramente caduco, que parou de se comunicar com o desktop, está com problema no TrackPoint e só acessa a rede através de linha discada.

    Arrumar essas aí foi uma áfrica.

    Não subi nada de Buenos Aires porque, no hotel, trabalhava um PC que instalaram no nosso quarto, e só usava o notebook -- que há tempos está rateando -- para descarregar as fotos da câmera.

    Sim, eu sei, estou urgentemente necessitada de uma maquininha nova; mas o que eu não tinha já gastei na aventura portenha... *sigh*






    Cadernos de viagem

    Domingo, 4 de maio, 16hs -- a bordo do vôo 1256 das Aerolíneas Argentinas. Como tudo o que é bom sempre acaba, cá estamos nós, no avião, voltando para casa. Onde, aliás, não é bom, é ótimo; mas isso são outros 500. Enquanto a Bia descasca a tangerina que providencialmente nos lembramos de trazer, penso na vida e nas feriazinhas gostosas que acabamos de viver.

    Uma das coisas que mais nos impressionou em Buenos Aires, desta vez, foi a quantidade de cães e a relação das pessoas com eles. A cidade é muito civilizada sob este aspecto, exatamente como Paris, com a diferença que, em Buenos Aires há uma predominância notável de pastores alemães. Eles acompanham os donos por toda a parte; alguns até dão expediente nas lojas, onde são super paparicados pela clientela (nós inclusive, que não resistimos a animais). De modo geral, esses cães são muito gentis e simpáticos -- e, antes que vocês sintam vontade de acrescentar "ao contrário dos donos", devo dizer que os argentinos que encontramos foram, quase todos, gentis e simpáticos também.

    * * *

    Fizemos amizade com vários cachorros. Bia até pensou em fazer uma série fotográfica chamada "Amores Perros", mas veio sem máquina e eu, freqüentemente, estava clicando outras coisas. Ainda assim, fizemos uma pequena coleção de cachorros portenhos: quadrúpedes felizes, amados e de bem com a vida. Logo mais subo essas (e outras) fotos.

    * * *

    Buenos Aires parece igualmente de bem com a vida. Os cafés, restaurantes e livrarias estão cheios e a náite vai, como de hábito, até o alvorecer; em nenhum lugar se sente a insegurança que, hoje, faz todo mundo voltar para casa cedo no Rio ou em Sampa. Há movimento nas lojas, mesmo aquelas que não atendem exclusivamente turistas, e a cidade está limpa, iluminada e cuidada.

    Ainda há traços, porém, daquela crise econômica terrível que, ontem mesmo, a gente viu nos jornais. Há gente pedindo dinheiro em toda parte e -- desconcertante para nós, que nos habituamos a mendigos maltrapilhos e em geral de cor -- gente loura e relativamente bem vestida.

    Uma tarde, enquanto olhávamos umas jaquetas de couro, um senhor entrou na loja. Devia ter seus setenta anos, cabelos brancos bem aparados, terno, colete e gravata, todo arrumadinho. Não se dirigiu a nós, mas ao dono da loja, a quem, depois de pedir mil desculpas, pediu também algum dinheiro, pouquinho que fosse, pelo menos para inteirrar a condução. O dono da loja não lhe deu nada e, antes que pudessemos fazer qualquer coisa, mandou-o embora.

    Ficamos impressionadas com a cena que, em alguns segundos, nos revelou tanto da Argentina de hoje. As aparências estão de pé, mas o que há por trás delas? Aquele senhor estava obviamente arrasado com a sua situação, constrangidíssimo em mendigar. Tinha educação, boas roupas e poderia, facilmente, passar por cliente -- mais até do que nós duas que, como cariocas no frio, estávamos meio deslocadas.

    Ele me lembrou muito os velhinhos que vi em Moscou, há uns três anos, vendendo o pouco que (ainda) tinham em casa na Rua Arbat.

    * * *

    Nessa mesma loja aconteceu outra coisa estranha. Estávamos descendo a Florida olhando vitrines quando o dono, um velhinho afável e gorducho, nos chamou para ver a mercadoria. Não entramos na hora, mas depois, quando já tinha praticamente se decidido por uma jaqueta numa outra loja ali perto, Bia resolveu voltar para dar uma última conferida.

    O tal senhor, que toca a loja com a esposa, foi muito atencioso. Nos mostrou várias jaquetas diferentes, teceu considerações sobre as cores e discorreu a respeito da qualidade do couro; mas, para mim, havia algo errado além dos inúmeros casacos de pele enfileirados numa arara. Quando saímos, a Bia disse:

    -- Nossa, como eu estava me sentindo mal! Esses dois devem ter sido nazistas! Hoje ele me abraça, mas no passado deve ter exterminado muitos parentes meus.

    Pois foi exatamente o que senti! Podemos ter tido uma alucinação simultânea, podemos ter nos influenciado mentalmente uma à outra e cometido um erro fenomenal de leitura... mas, sinceramente, as vibrações estavam negras. Brrrrrrrr.
    * * *
    Tenho muito a falar sobre essa viagem; ainda chego lá. Agora, passada a correria, é que as idéias e impressões estão se encaixando, como uma fotografia que vai aparecendo no revelador.

    Por enquanto, apesar da delícia que era a cama do Alvear, anseio pela minha própria caminha, onde pretendo dormir o sono dos justos cercada pelos meus quadrupes queridos.





    4.5.03


    Mi boulin

    Lar Doce Lar! Chegamos às seis em ponto. Resistimos às tentações do Free Shop e viemos direto para casa, mortas de saudade da Família Gato. Os quadrupinhos passaram a tarde de ontem e o dia de hoje a sós. Tirando um vidrinho pintado bonitinho que estava espatifado na sala, portaram-se muito bem.

    Assim que chegamos, todos tentaram nos ignorar, mas a curiosidade pelos cheiros esquisitos que trouxemos de viagem falou mais alto: cada pedacinho da bagagem foi cuidadosamente vistoriado.

    Tivemos também boas novas da Tati, que está internada desde que viajamos. Jaime, o vet, acha que ela está reagindo bem -- comer sozinha ainda não come, mas já manifestou vontade de morder todo mundo... :-D

    P.S. Agora, além do papelucho da aduana, a gente tem também que preencher um formulário da Focruz, por causa da gripe asiática. Um dos funcionários do aeroporto estava de máscara. Que mundo o nosso, hein?





    3.5.03


    Mi Buenos Aires querido III

    Estou viva e bem, mas simplesmente exausta!

    Passamos o dia batendo perna, fazendo compras e tirando fotos (para desespero da Bia). Os preços estão bastante bons -- nada espetaculares, mas acessíveis, o que não é dizer pouco. Algumas coisas estão baratíssimas, como táxi e comida.

    Nosso jantar no Parolaccia -- tão bom, ou talvez melhor que o Gibo -- custou 50 pesos (mais ou menos R$ 50), gorjeta inclusa: dois pratos de camarão (spaghetti e risoto) com muito camarão, água mineral, cerveja, um drink de champagne com suco de pêssego (eu disse, estou viciada nisso!), pãezinhos excelentes, serviço de primeira.

    Na agenda de hoje, um passeio ao Tigre que começa às 9h30 da manhã [YIKES!!!]; depois, almoço no Orangerie; depois, se eu ainda estiver viva, voltamos a Santa Fé para comprar uma bolsa da qual me lembrei com saudades a tarde toda.

    Texto com substância, pelo visto, só quando voltarmos para casa. Fazer turismo dá um trabalho que nem te conto. Ou conto, é claro -- assim que tiver meia horinha que seja para escrever direito.

    Saludos y besos para todos!






    -- Quero falar com meu advogado!
    A secretária responde:
    -- Seu advogado morreu!
    No dia seguinte o sujeito volta e diz novamente:
    -- Quero falar com meu advogado!
    -- Já falei que seu advogado morreu! - responde a secretária.
    No dia seguinte, a cena se repete e a secretária perde a paciência:
    -- Quantas vezes vou ter que dizer pro senhor que seu advogado morreu?
    -- Desculpe, mas é que eu adoro ouvir isso!
    Ela pode: é advogada... :-D





    2.5.03


    Mi Buenos Aires querido II

    O relógio marca duas e meia da manhã, mas Buenos Aires não está nem aí para isso: o pessoal daqui leva a náite a sério. Chegamos há pouco ao hotel, depois de jantar numa churrascaria da Recoleta, a poucos minutos daqui e bem em frente ao cemitério -- o point mais estranho do mundo. Carne ótima, sempre; preços razoáveis, semelhantes aos do Rio.

    Tivemos um ótimo dia. O tempo está maravilhoso, frio na medida certa para se andar com agasalho. Batemos perna, fizemos um city-tour, compramos livros -- entre eles, uma seleção das cem melhores letras de tangos e o novo livro de Gabriel Garcia Márquez, "Vivir para contarla".

    No final da tarde, nosso amigo Sábat, chargista do El Clarín -- que manda beijos para Millôr e Chico Caruso, diz que está com saudades e que em breve está no Rio -- veio nos buscar para tomarmos um café juntos. Foi jogo mais ou menos rápido (amanhã cedo ele viaja para Montevideo) mas valeu por um cursinho de Argentina intensivo.

    Ainda assim, continuo sem entender o que leva este pessoal a votar novamente no Menem. Ou nos outros.

    Depois escrevo mais e faço um post bacana, com fotos e tudo; sei que já prometi isso ontem, mas vocês não imaginam como estou cansada, e como a cama do Alvear é boa...!

    ZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ

    P.S. Aos amigos a quem estou devendo emails: não percam as esperanças, queridos! Juro que logo logo boto essa mailbox em dia.





    1.5.03


    Nada de novo sob o sol

    Há uma caixa de correio eletrônico no centro dos meus pesadelos. Meu endereço de e-mail, publicado há mais de 12 anos aqui no jornal, hoje faz parte de tudo quanto é lista de lixo digital, de modo que a qualquer hora do dia ou da noite lá há centenas de porcarias uivando por atenção.

    Neste momento, o contador marca 715 itens, dos quais 128 não lidos. Aqui e ali, entre ofertas de dinheiro fácil e receitas milagrosas para perder peso, brilham mensagens de verdade, cartas autênticas que peneiro na bateia, em minha insaciável curiosidade. Adoro saber o que estão pensando os meus incontáveis (porque não conto) leitores. O Xexéo conta — diz que tem 17 — mas está no ramo há mais tempo.

    * * *

    Na banda boa da caixa postal teve muita coisa saudável esta semana. O Celso Barreto Neto, que funciona no meu fuso horário e manda e-mail às 4h52 da manhã, confirmou minha boa impressão da Ordem e Progresso:

    “Como de hábito, li sua coluna de hoje e gostaria de fornecer algumas informações sobre a barraca Ordem e Progresso.

    Sou freqüentador do mesmo trecho da praia que você e a Bia passaram a admirar. Jogo vôlei na rede que fica bem acima da citada barraca. A Ordem e Progresso é administrada pelo casal Jorge e Cris, sendo, sem dúvida, a barraca mais competitiva daquele trecho da praia.

    Ao contrário das demais barracas, ela é a única que tem cardápio com preço e cobra os mesmos valores de turistas e cariocas. Ao contrário dos outros donos de barracas, Jorge tem extrema consciência do seu papel como fomentador do turismo. Uma última informação: os aventais usados pelos funcionários foram feitos pelo próprio Gilson Martins, freqüentador e admirador da barraca.”

    * * *

    No domingo passado, Jorge e Cris vieram conversar comigo. Estavam contentes, a coluna teve repercussão entre a clientela, as cadeiras saíram todas. São jovens, simpáticos e empreendedores: agora mesmo estão patrocinando uma happy hour musical, com um pessoal que canta muito bem e tem ótimo repertório. Recomendo. Pôr-do-sol sonorizado a clássicos da MPB põe-se melhor.

    Os dois me contaram que os barraqueiros de praia enfrentam toda a sorte de dificuldades, dos previsíveis contratempos burocráticos à concorrência predatória, que acaba prejudicando o, digamos, “coletivo”: o turista que é esfolado num dia no dia seguinte se senta na canga, recusa sistematicamente tudo o que lhe oferecem na areia e vai se abastecer nos quiosques.

    Jorge estava particularmente revoltado com dois casos recentes: uma conta de R$ 80 por uma cadeira, uma barraca, duas caipirinhas e uma cerveja, e uma piña colada servida no abacaxi que custou R$ 120 a um gringo incauto. Eu não disse nada mas, lá com os meus botões, me indaguei se quem pede um mico desses não merece. Piña colada servida no abacaxi?!

    * * *

    Várias pessoas se interessaram por meu dedo: está bem melhor, obrigada. Ainda um pouco inchado, com duas manchinhas roxas onde foi fisgado, mas os cortes cicatrizaram. Nem precisa o Band-Aid.

    Porém, a julgar pelos e-mails recebidos, ir à praia, que sempre me pareceu a mais inocente e saudável das atividades, virou esporte radical. Só perde pro skate. Tirando assaltos e furtos já rotineiros no estado a que chegamos, agressões por parte de cadeiras são a causa mais comum de domingo estragado.

    Wanda Maria e Estela relataram acidentes iguaizinhos ao meu, mas somos minoria, porque fomos mordidas. As cadeiras preferem beliscar as pessoas nas partes mais beliscáveis. Ou, pelo menos, as cadeiras mais velhas, daquelas de dobrar, maioria absoluta no litoral carioca, fazem isso o tempo todo. Safadas.

    * * *

    Finalmente, não faltaram médicos para criticar o “atendimento”. Minha amiga Vania S. Souza, cirurgiã plástica, observou que gelo só em contusões, como, digamos, uma canelada no futebol, ou como analgésico, numa emergência. Gelo nos cortes dificulta a cicatrização. Vania dicet :

    — O melhor, em extremidades (pé também), é colocar o local afetado para cima, acima do nível do coração: pára de sangrar na hora, e reduz o latejamento.

    A regra de ouro é limpeza. Minha amiga doutora explicou que jamais se deve jogar dentro de uma ferida aberta algo que não se possa jogar também nos olhos:

    — Nada de água oxigenada, álcool, Povidine, mertiolate “agora com clorhexidina”, etc.! Essas coisas queimam as pobres células que estão tentando trabalhar na reparação. Dentro da ferida só água ou soro fisiológico. E sabão na pele em volta. Ferida suja não cicatriza.

    Já que a gente estava nisso, resolvi prestar um serviço à comunidade e perguntei a ela o que fazer em casos de queimaduras. Anotem:

    — Nada de aplicar manteiga, nem pasta d’água, nem pó de café, nem nada, que só vai é doer, quando chegar no hospital e a gente tiver que remover tudo para poder avaliar a ferida.

    Pronto: agora vocês estão sabendo.

    Não há de quê.

    (O Globo, Segundo Caderno, 1.5.2003)






    Ah, sim...

    Não sei o que está acontecendo com as imagens fixas do blog! Suponho que é problema do servidor. Elas são irmãs das imagens do Mario AV, que também estão quebradas.

    *sigh*








    Mi Buenos Aires querido

    Quando o avião aterrissou, o senhor que estava à nossa frente virou-se e perguntou se falavámos espanhol. Fizemos que sim, e ele disse, então, que a nossa conversa tinha soado como música aos seus ouvidos, tão bem falávamos. Agradecemos, meio encabuladas, e eu expliquei que devia ser porque tinhamos muita prática.

    Para mim, foi um ótimo começo; para a Bia, foi o fim de uma etapa estressante. Ela não está muito acostumada a viajar comigo, coitada, e é do tipo de pessoa que chega ao aeroporto duas horas antes do vôo, pontualmente. Eu nunca consegui fazer isso, a não ser, claro, que esteja em trânsito -- e mesmo assim já me distrai em banca de jornal e quase perdi o vôo.

    Sempre penso que tudo vai dar certo e, geralmente, dá. Até hoje só perdi uns três ou quatro vôos; considerando o tanto que viajo (e o tanto que me atraso) é pouco, muito pouco.

    * * *

    Chegamos ao hotel à noitinha, e só saimos porque estávamos azuis de fome. Adoro hotéis, e este em que estamos, o Alvear, é o que há de bom. Tem todos os luxos e confortos da vida civilizada, e mais alguns, incluindo mordomo para desfazer as malas e fazê-las quando formos embora. Amo isso! Não há nada como ligar um número, dizer "Por favor, cuidem das roupas", sair para jantar e, na volta, encontrar tudo miraculosamente arrumado.

    * * *

    Comemos muito e bem no Cabaña Las Lilas, em Porto Madero: carne maravilhosa, excelentes batatas souflées, legumes horrendos (acho todos os legumes horrendos) e petit-fours mais bonitos do que realmente gostosos.

    Minha experiência com carne aqui na Argentina é sempre a melhor possível, mas acho que não há nada no mundo que se compare às nossas churrascarias. Para um brasileiro, um restaurante como o Cabaña é uma bobagem. Orgia é o que a gente tem em casa, no Porcão, na Mariu's e em tantas outras.

    * * *

    Enfim, crianças, é isso. Por hoje é só. Eu não quis deixar vocês sem notícias, mas estou caindo pelas tabelas. A Bia dorme há tempos em lençóis Frette, debaixo do melhor edredon que se pode ter; o meu lança olhares cada vez mais convidativos na minha direção.

    Durmam bem.

    PS: Esqueci de dizer: voltando ao hotel, fomos à banca de jornais. Grande surpresa: os jornais não circulam nos feriados! Fiquei besta. Pedi um Clarin de ontem para não morrer de crise de abstinência e o jornaleiro não aceitou pagamento pelo jornal. As notícias estavam velhas.