13.11.06


Boa tarde!










Laura









12.11.06


Bia










Ju










Mamãe










Arqueologia urbana: quem se lembra?










Parabéns, gatinho!!!

Hoje é aniversário do Eduardo Stuart, o anjo-da-guarda que resolve os problemas tecnológicos de todos nós e, sobretudo, pepinos de diversas categorias de dificuldade aqui do blog -- sempre com o sucesso, a gentileza e a boa-vontade que são suas marcas registradas.

Como dizem por aí, gatinho, "Obrigada por você existir"!

Parabéns hoje e sempre. Tenho muito orgulho em ser sua amiga.






Mais efeitos especiais










Estou adorando os efeitos do Nokia N80










Quem ele pensa que é?










Lucas capturou a janela da Keaton...










Um fradinho boêmio










Aldo









11.11.06


Nelsinho, Van e Tom










Van, Tom, Lucas










Na cozinha do Tom: Nelsinho e Arminda










Lucas e VanOr










Uma loja quase pronta









10.11.06


A mesa da Elis










É hora do lanche...










Estou viciada nessa trilha sonora!










Em frente à minha casa










Emergência felina!

Lucky e Julia são irmãos e foram abandonados quando eram bebês num dia de chuva. Julia tem pavor de ficar sozinha e fica desesperada quando não encontra Lucky.

Os dois precisam ser adotados juntos.

Alguém sabe de quem esteja precisando de dois jovens gatos muito saudáveis e cheios de personalidade?






Gostei disso!

"De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo."

(Valeu, Jayminho!)





9.11.06


Para onde vai o meu dinheiro :-(










Eu amo a minha cidade!










Da nova coleção Francesca Romana Diana










Um apê simpático... ;-)










Retrato de família









Está tudo acabado entre nós!

Cronista discute a relação
com cartões de crédito



-- Estou falando com a senhora Cora?

A voz do rapaz era bem educada, mas meu sistema imunológico entra em alerta máximo quando alguém me pergunta se está falando com a "senhora Cora". Ainda assim, sendo, efetivamente, a senhora Cora, disse que sim, que ele estava falando comigo mesma. Que ventos o traziam?

-- Bom dia, senhora Cora. Meu nome é Rafael, sou do departamento de prevenção contra fraudes e estou ligando porque notamos algumas despesas que fogem ao padrão habitual de gastos do seu cartão de crédito.

Depois da protocolar troca de identificações, o Rafael listou as despesas: mais de mil reais no Walmart (onde jamais pus os pés), pequenas fortunas em postos de gasolina (não tenho carro), gastos ridículos em lanchonetes (das quais a dieta me obriga a manter distância). Além disso, no horário em que foram realizadas, estou invariavelmente dormindo. Como pode alguém que vai para a cama às 5h, na Lagoa, detonar um cartão de crédito às 9h30, no Walmart?!

Meu cartão foi clonado, e tudo estaria resolvido se eu soubesse onde ele está. Mas não sei. Este cartão, especificamente, vive na gaveta da escrivaninha, de onde sai apenas em viagens ou emergências. Foi comigo para Helsinki, disso estou certa e dou fé; se foi perdido por lá e não reparei, estaria sendo detonado na Stockmann, e não no Walmart.

Tudo estaria resolvido, também, se o indigitado cartão tivesse seguro contra perda e roubo; mas, de todos os meus sei lá quantos cartões, este tinha que ser, naturalmente, o único sem seguro. Ora, eu nunca, jamais, em tempo algum, liguei para uma administradora para pedir pedir seguro. Para mim, o seguro vinha com o cartão, automaticamente. Pelo menos, é assim que acontece com os outros.

No auge do estresse, ainda sem solução à vista para o impasse que pode levar o meu décimo-terceiro embora, tomei uma decisão de Ano Novo adiantada: em 2007, vou dar jeito na minha financeira -- e este jeito vai começar pelos cartões de crédito. Não quero mais cartões de crédito! Chega de cartões de crédito! Já me livrei de vícios piores; agora está na hora de tomar tenência e vergonha na cara, e equilibrar o orçamento. Afinal, sou mulher ou sou perua?!

* * *

Minha relação com os cartões de crédito começou em 1983, quando vocês ainda não eram nascidos. Foi quando ganhei do falecido Banespa meu primeiro cartão, um American Express. Ter cartão no Brasil, naquela época, não era nem muito comum nem muito fácil, e fiquei encantada com as facilidades que me proporcionava aquele lindo retângulo de plástico.

Cheguei a desenvolver uma relação afetiva com o meu American Express, que informava a quem o visse que eu era "associada desde 83". Vejam vocês como é fácil iludir uma alma simples: "associada"! Eu acreditava sinceramente naquilo, e na correspondência cheia de salamaleques que a American Express enviava -- e, como o cartão não tinha limite de gasto, acreditava também que aquele dinheiro era todo meu. Fiz compras extravagantes e maravilhosas e fui muito feliz, ainda que ficasse tenebrosamente endividada.

Essa linda relação terminou de maneira brusca aí pelos idos do ano 2000, se não me engano, quando fiquei doente, tive que ser operada, entrei em depressão e me esqueci de pagar a conta, paradoxalmente baixíssima, por dois meses. Pois não é que, justo nesse momento de desamparo, o American Express que eu tanto amava cancelou meu cartão e me mandou o nome, sem qualquer cerimônia, para o serviço de proteção ao crédito?!

Fiquei tão magoada, mas tão magoada, que nem dá para descrever. Pois não éramos associados desde 1983?! E, ao longo daqueles anos, eu não tinha torrado uma quantia considerável naquele cartão?! Sei que guardar mágoa de cartão de crédito é tão patético e ridículo quanto ter raiva de geladeira -- mas não consegui superar o desgosto e, até hoje, fico sentida quando, por acaso, dou de cara com alguma correspondência antiga perdida pelas gavetas. Sou muito sentimental.

* * *

Não cheguei a desenvolver nenhuma relação tão intensa com qualquer outro cartão. Com a minha atual coleção, os motivos de fidelidade são pragmáticos, e estão relacionados, todos, à milhagem oferecida. Quando preciso de um pouco mais de milhas na Varig uso um, quando preciso de mais milhas na American uso outro; o Diners me oferece salas vip em diversos aeroportos, o que é uma mão na roda quando a Ponte Aérea atrasa.

Mas eu posso viver sem isso, caramba! Eu posso viver sem financiar tudo em muitas vezes sem juros, eu (acho que) posso viver sem milhagens e, sobretudo, posso viver sem sustos como a clonagem de que fui vítima. No ano passado, estabeleci como meta de Ano Novo voltar à forma; de lá para cá, perdi 12 quilos e já estou no meu peso certo. Se consegui fazer isso, vou conseguir, também, cortar os cartões da minha vida. Me aguardem! Relato completo na crônica do dia 27 de dezembro de 2007!

* * *

Reparem, na foto, na quantidade de algas na Lagoa. Já já os peixes começam a morrer, e aí as autoridades (ainda as há?) reagirão com o espanto de quem não sabia de nada...


(O Globo, Segundo Caderno, 7.11.2006)






Subiu na geladeira e não sabe descer...









8.11.06


Eu amo a minha cidade










Dizem que é pra ser o Otto










Adorei esse efeito!










Voltando a pé










Reunião de editores










Já vai?










A caminho de casa









7.11.06


Aposentados










Tênis novo... :-)










Tirem os cardíacos da sala!

Vejam a quantas anda a nossa vida tributária...

(Obrigada, Pablo!)






Boa pergunta!

O Alexandre Carvalho quer saber uma coisa que, aliás, muito me intriga também:
"Esse post (o do tombo da bicicleta) me fez lembrar de algo que sempre me intrigou: Por que raios um machucado de vários centímetros de diâmetro não costuma doer tanto, mas um mísero machucadinho, do tamanho de uma formiga, parece reunir ali todas as terminações nervosas de seu corpo, de modo que você passa a sentir uma dor insuportável?"




Enquanto isso, na Argentina...

(Obrigada, Aldo!)





6.11.06


Argh!!!!!!!

Estou meio afogada de trabalho, e preciso me concentrar. Mas está muito difícil, porque estou subindo parede de costas com o tenebroso projeto de controle da internet que o nosso digníssimo congresso vota essa semana.

Dessa vez, por incrível que pareça, o PT não tem culpa: a cabeça privilegiada da qual saiu a brilhante idéia é do senador Eduardo Azeredo, do PSDB.
(A autoria do projeto é do senador Delcídio Amaral, do PT; o senador Eduardo Azeredo, do PSDB, é o relator. Que ardam juntos no inferno das péssimas intenções.)
A única coisa que me consola é que, se conheço os hábitos da tribo, a essa hora não há hacker digno do nome que não esteja empenhado em tentar detonar os computadores dos imb..., digo, nobres parlamentares.

Não se controla a internet!!!

Mas quando é que essa gente vai aprender isso?!

Vivem no século XXI com a cabeça na Idade Média!!!

E nós ainda lhes pagamos salários para inventarem mer..., perdão, projetos de lei dessa natureza.

* suspiro, grande suspiro *






Olha como está essa água... :-(










Isso é que é vida!










Nasce um lindo dia










A lua por trás das nuvens










Ju










No Da Silva









5.11.06


Keaton









4.11.06


Pombos levando um lero










Godri e Kiko










Keaton









Um dia sem a Zelite

Uma vez assisti a um filme chamado "Um dia sem mexicanos". A idéia era ótima: um belo dia, os americanos, que vivem reclamando dos "ilegais" que vêm do México, acordam sem nenhum mexicano à vista. Não há mais ninguém para cuidar das crianças, fazer faxina, servir nos restaurantes, tocar as obras e assim por diante.

Infelizmente a execução da idéia, como cinema, não era lá aquelas maravilhas; mas o recado contra o preconceito e a estupidez foi dado com graça e veneno.

Depois de ver a asquerosa postura petista "contra as elites" e a calma do presidente que descansa de barriga pra cima na Bahia, porque afinal prometeu um governo para os pobres e problemas de aeroporto são, como se sabe, coisa de rico (e de quem não tem Aerolula) fiquei imaginando se não estava na hora de alguém fazer um filme parecido: "Um dia sem a Zelite".

Um belo dia, o Brasil acordaria exatamente de acordo com os sonhos do pai do Ronaldinho das Telecomunicações: a elite, que tanto o sabota, teria sumido toda.

Não haveria mais professores nas escolas, médicos nos hospitais, pilotos nos aviões, engenheiros, arquitetos, químicos, físicos. As lojas não abririam. Não haveria previsão do tempo, nem geração de energia, nem internet. Os telefones ficariam mudos. Rádio, televisão e jornais desapareceriam -- tá vendo que beleza, ninguém mais criticando o governo!

Nem preciso dizer que toda e qualquer operação bancária estaria suspensa; e que, em desaparecendo a Zelite, desapareceriam também os impostos.

Aí, finalmente, o Brasil estaria "arrumadinho para crescer", sem ninguém para atrapalhar...

E agora tchau, que a Zelite aqui tem trabalho esperando.

Bom fim-de-semana para todos!






Bom dia!






3.11.06


A escada precisa um trato...









2.11.06

Há mais coisas no ar além dos aviões de carreira

Uma das maravilhas da internet é que, reunindo uma quantidade infinita de pessoas, soma uma quantidade igualmente infinita de conhecimento num só lugar. É por isso que eu gosto tanto de projetos como o imdb, que tem tudo sobre todos os filmes e começou como um modesto banco de dados da universidade de Cardiff, o Foldoc, ou a Wikipedia.

Mesmo aqui no blog, minúscula gota d´água no oceano da rede, temos especialistas em tudo: ainda está para aparecer pergunta que fique sem resposta. Agora mesmo, o nosso Wilson Cavalcanti, piloto de larga experiência, acaba de escrever um comentário excelente, sobre a greve dos controladores de vôo.

Espero que a Laura, que está presa no aeroporto de Brasília há quatro horas, esperando o vôo que não sai, só leia isso quando voltar para casa... ;-)
"Controlador de tráfego aéreo é profissão submetida a estresse contínuo, pois o sujeito controla ao mesmo tempo vários aviões, várias vidas. Uma orientação errada, um vacilo e ele pode causar uma tragédia prejudicando a muita gente que confia (até sem saber) em seu trabalho.

Mas eles são assistidos por muita tecnologia, de forma que não acho que seja algo mais estressante do que, digamos, um plantão médico em um pronto-socorro como o Souza Aguiar aí no Rio.

O problema que somente agora veio à tona -- e que, concordo, aumenta as suspeitas de alguma influência do nosso controle de tráfego aéreo no acidente da Gol -? se deve muito mais a cortes de investimentos (os tais "contingenciamentos") que foram tornados evidentes ao se reverem as atas do Conselho Nacional de Aviação Civil quando ainda era ministro da Defesa o José Viegas.

Vários alertas foram feitos.

Só existem duas escolas de qualificação de controladores no Brasil, uma em Guaratinguetá, SP (militar) e outra aqui onde moro, São José dos Campos, SP, este sendo um instituto que admite civis e militares e promove reciclagens de pessoal, além de servir de base tecnológica para o chamado "serviço de proteção ao vôo", que engloba tudo o que se chama em geral de "controle". Portanto, a formação de controladores é limitada e tem de ser bem equacionada, para assegurar a existência de uma quantidade mínima em atividade. Não se repõem controladores de uma hora para outra.

Mas vejam bem: os controladores são a "ponta da linha" do sistema, imaginem tudo o mais que está por trás: radares, sistemas de comunicação, computadores, formação contínua de todo o pessoal, etc. São a ponta que somente agora está visível ao grande público. Nos anos (19)70, por diversas razões, entre as quais a economia de escala e a defesa aérea nacional, o nosso país optou por um modelo híbrido de controle de tráfego aéreo, que serve tanto às Forças Armadas como à aviação comercial. Esta nunca foi "onerada" pelo fato de os militares estarem a controlar o espaço aéreo. Mais recentemente, algumas funções menores do sistema foram passadas à Infraero (uma empresa estatal), mas o núcleo principal, onde está de fato o coração do sistema, é ainda da Aeronáutica.

Tudo funcionou sempre muito bem (eu sou piloto militar da reserva e fui examinador de pilotos do antigo DAC, portanto, fui um usuário do sistema) e a deterioração, ao que sei, vem acontecendo desde o governo Collor, coincidentemente a partir de quando se passou a considerar "desprezível" tudo o que se relaciona ao Serviço Público (civil e militar).

Há algum tempo troquei idéias com alguém aqui neste blog sobre este tema, o serviço público, defendíamos seriamente a sua revalorização. Pois bem, assim como os hospitais públicos sofrem hoje com falta de pessoal, equipamentos desatualizados e mal mantidos, podem todos fazer uma analogia e transplantar tudo o que todos conhecem sobre esse desmantelamento do serviço público para essa área que poucos ainda conhecem, o sistema de controle do espaço aéreo brasileiro.

Saibam que nessa área o Brasil, como todos os demais países do mundo, é constantemente auditado por diversos organismos internacionais (em especial a Federal Aviation Agency dos EUA) e quando as coisas não vão bem em algum país, este é "rebaixado" nos rankings, sofrendo restrições sérias. Sempre tivemos grau máximo e se as coisas agora não vão bem (o que poderá levar a algum rebaixamento nessas auditorias), acho que o problema não é dos técnicos nem do fato de ser a Aeronáutica a controlar esse sistema.

Essas queixas dos controladores civis contra os militares me parecem muito mais "ajustes de contas" pessoais, e em qualquer país sério não seriam levadas em conta. Se a decisão for por tornar civil todo o sistema, a conta será alta. E essa decisão tem de ser embasada em critérios amplos, não essas queixinhas de (alguns) controladores.

O problema está certamente na área financeira do nosso governo federal, que ultimamente tem tido a obsessão de pagar as contas externas em detrimento dos problemas internos.

O meu candidato derrotado, Geraldo Alckmin, falou muito sobre isto na campanha, o povão fez vista grossa. Lamentavelmente, o povão somente agora começava a viajar de avião, com o aparecimento das empresas "low cost" (BRA / Gol)... E, mais lamentavelmente, os controladores somente fizeram a sua greve tartaruga após as eleições..." (Wilson Cavalcanti)






Não é espaçosa nem nada...









"Que queda foi aquela, companheiros!"

(Shakespeare, Julio Cesar, discurso de Marco Antônio)

Na maioria das vezes, o pior do
tombo de bicicleta é o tamanho do mico



Existem dois tipos de ciclistas: os que caem e os mentirosos. Levar tombo da bicicleta faz parte da vida sobre duas rodas, mais ou menos como ser assaltado faz parte da vida brasileira: você pode ter tido sorte e estar incólume até agora, mas não se fie -- mais cedo ou mais tarde, você também será uma estatística. Não é questão de se, é apenas questão de quando.

Tudo isso me foi dito por um amigo centauro, meio homem, meio bicicleta, daqueles que compram cada parte da magrela separadamente, inventam seus próprios quadros e guidões e, claro, já se estabacaram de todas as formas possíveis e imagináveis. E, nem preciso dizer, pertencem ao primeiro grupo.

Ele estava me consolando do tombo monumental que tomei semana passada, e do qual saí com o braço e o joelho esquerdos esfolados e uma marca de oito dentes em semicírculo na batata da perna direita, resultado de uma mordida cavernosa da catraca da corrente.

Não sou boa ciclista, só sei andar sem as mãos em retas e fico roída de espanto e inveja quando vejo alguns prodígios de equilíbrio: surfistas carregando pranchas, pais com uma criança na frente e outra atrás, carregadores diversos levando as mais estranhas mercadorias.

A simples visão de alguém pedalando e usando guarda-chuva ao mesmo tempo, incomum aqui mas freqüente na Europa, já basta para me encher de admiração.

Sempre que caio, acho que não fui talhada para a coisa, que mais seguro seria mesmo comprar uma daquelas bicicletas ergométricas que não saem do lugar e todas as besteiras em que pensam os maus ciclistas quando se ferram. Ouvir daquele bamba das duas rodas que cair é a coisa mais normal do mundo foi, portanto, um bálsamo para a minha alma ainda contundida: afinal, no tombo de bicicleta, muito pior do que os arranhões é o tamanho do mico que se paga.

Sob este aspecto, meu penúltimo tombo foi uma tranqüilidade. Eu estava num parque na Alemanha, ainda durante a Copa do Mundo, e freei abruptamente para fotografar um esquilo que almoçava. O chão, de areia, era o que há de menos propício para freadas abruptas -- e de mais propício a arranhões perversos.

A bicicleta dançou, deu um pinote, e lá fomos nós: ela para um lado, eu para o outro e o esquilo árvore acima, espantado com o estrépito. Tirando ele, porém, não havia ninguém nas redondezas, de modo que pude recolher os caquinhos do meu orgulho sem testemunhas. Até voltar ao hotel, no entanto, o machucado do joelho grudara no jeans: além da dor, uma aflição só.

Mas passa.

Passou.

Semana passada não tive tanta sorte. Os pneus estavam baixos e rumei para o posto; o sinal fechou na Vinicius, resolvi aproveitá-lo, acelerei e, ainda por cima, fiz uma curvinha estratégica para pegar a rampa do meio-fio. Pronto: diante dos carros todos parados, a bicicleta ganhou vida própria e voou para a direita, enquanto eu despencava para a esquerda.

Não vou dizer que a vida passou num flash diante dos meus olhos, mas o tombo aconteceu em câmera tão lenta na minha cabeça que foi quase como se me visse de fora: os pneus ao alto, o guidão ao chão, a catraca assassina na perna. Ai!

Levantei-me o mais rápido que pude, mas não o suficiente para evitar que um cavalheiro prontamente saltasse de um dos carros para me ajudar:

-- A senhora está bem? Não se machucou?

-- Não me machuquei, não, obrigada.

-- Precisa de ajuda?

-- Não, obrigada, está tudo OK.

Morrendo de vergonha, dei duas mexidinhas na bicicleta para dar à platéia a impressão de que estava mais preocupada com os prejuízos do que com os arranhões, e sumi o mais rápido que pude da cena. No posto, enquanto um atendente enchia os pneus, conferi os estragos e liguei para um amigo médico. Perguntei o que recomendava para os machucados. Anotem aí, porque nunca se sabe:

-- Lavar bem com água e sabão, passar água oxigenada e, se for o caso, cobrir com uma gaze para não ficar roçando na roupa. Se a gaze grudar na ferida, água oxigenada.

Funcionou. Escrevo na terça-feira, uma semana depois do King-Kong, e tudo está sarando como deve. Curiosamente, os ralados bobinhos doem mais do que a dentada da catraca, mas é assim mesmo. Mais difícil foi recompor o amor-próprio ferido -- mas saber que acontece com todo mundo muito me ajudou.

Por isso, inclusive, esta crônica, dedicada a todos que já me disseram que não andam de bicicleta por medo de tombos. Fala uma sobrevivente: do chão não se passa.

* * *

Agora que as eleições acabaram e que a vida volta a entrar nos eixos, faço três pequenos registros que perderam a vez para a política. Começo com a "Agenda Carioca", da Antonia Leite Barbosa, uma publicação da editora Senac Rio que todo carioca deveria ter em casa. É uma mina de endereços úteis e dicas inesperadas, que não canso de consultar.

Outro: "O menino que amava Anne Frank", de Ellen Feldman, da Editora Record, romance criativo e bem conduzido que, apesar do tema deprimente, é excelente leitura.

Finalmente, um viva à Alfaguara, editora com E maiúsculo, que vem lançando um livro maravilhoso depois do outro.


(O Globo, Segundo Caderno, 2.11.2006)





1.11.06


Respeito aos jornalistas profissionais

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro reprova a histeria de inspiração fascista dos militantes que, no Palácio da Alvorada e na base aérea de Brasília, agrediram os repórteres que cobriam o dia seguinte da vitória de Lula. Foi uma mancha na bela festa da democracia e merece, ao nosso ver, uma manifestação contundente do PT e do presidente Lula para dissipar quaisquer dúvidas sobre sua vocação democrática, diversas vezes provada ao povo brasileiro.

Cobramos também agilidade e eficiência nas investigações sobre a denúncia de abuso de autoridade feita pelos repórteres da revista Veja contra o delegado da PF paulista Eduardo Ferreira. Ele teria constrangido os jornalistas no depoimento que prestaram sobre a história da compra do dossiê. No interrogatório, segundo os jornalistas, o delegado demonstrou desapreço pelas liberdades individuais, questionando os profissionais sobre sua filiação partidária e tecendo ironias e insinuações incompatíveis com a isenção exigida em sua função de policial.

Qualquer cidadão pode questionar a linha editorial dos veículos de comunicação e o leitor tem todo o direito de cancelar sua assinatura quando considera que seu jornal ou sua revista não pratica um Jornalismo de qualidade. Pode também mudar de canal e lutar pela democratização dos meios de comunicação. Infelizmente, nem todos têm educação ou informação suficientes para saber diferenciar os interesses dos donos da mídia do trabalho profissional dos jornalistas. Os partidos políticos e os agentes do poder público não têm direito a essa ignorância. Eles têm a obrigação de zelar pelo respeito aos jornalistas profissionais.


Sindicato dos Jornalistas Profissionais
do Município do Rio de Janeiro






Quase lá










Tati










Mosca










Amanhece










Bar Lagoa










Bar Lagoa










Bar Lagoa