26.10.02








Leiam!







Foto de Ivo Gonzales, involuntariamente cedida pelo GLOBO

Em resumo:

São 5h07 de sábado, 26 de outubro, e finalmente tenho um tempinho para me sentar e escrever com calma. O caderno de segunda está fechado, os gatos estão alimentados e desmaiados em volta de mim, o horário eleitoral gratuito acabou (graças a Deus!) e o debate já foi ao ar. Enquanto isso prenderam o atirador em Washington, mataram os seqüestradores em Moscou e censuraram o Correio Braziliense. O que não falta ao mundo é enredo.

Gostei do debate. No começo aquele ringue me pareceu meio estranho, mas logo achei a solução mais bem resolvida do que as cadeirinhas ou púlpitos de praxe. Pelo menos, a movimentação dos candidatos e a platéia à sua volta permitiram a realização de um programa de televisão mais dinâmico e interessante do que os soporíferos debates habituais.

Pessoalmente, acho que Serra se saiu melhor do que Lula, mas a única diferença que isso faz, a essa altura, é dar à campanha de Serra, muito mal conduzida no segundo turno, um ponto final positivo. O que é importante: afinal, Serra é um homem digno, dono de uma bela biografia e de uma folha de bons serviços prestados ao país, coisa de que alguns petistas mais exaltados se esqueceram ao longo das últimas semanas.

Achei emblemático o abraço final dos dois candidatos e me comovi com a cena que, para mim, representou o perfeito resumo desta longa (e bota longa nisso!) jornada cívica. Enquanto a França, tão politizada, teve que escolher entre o pior e o menos pior, e os Estados Unidos, tão convencidos das suas práticas democráticas, viram a eleição levada no bico, nós nos livramos de boa parte do entulho autoritário e chegamos à reta final com dois ótimos candidatos.

Se não fosse a ex-primeira dama aqui e a possibilidade do Roriz lá, eu diria que caminhamos a passos largos em direção à civilização. Como está, caminhamos. O que já está de bom tamanho.

Por falar em Roriz: se eu estivesse tendo tempo para atualizar este blog como gostaria, vocês teriam lido aqui, há três dias, um protesto radical contra a associação Repórteres sem Fronteiras -- para a qual, inclusive, faço um link aí ao lado, link esse que tive muita vontade de tirar do ar ao ler o relatório que classifica o Brasil em 54º lugar em termos de liberdade de imprensa, abaixo do Paraguai (32º) e de Uganda (52º).

Aí, no dia seguinte, o Correio Braziliense sofre censura prévia a mando do canalha que disputa o governo de Brasília. O link continua.

A essa altura, já nem vale mais a pena falar neste caso lamentável, a respeito do qual todo mundo já falou, com o mesmo asco.

Mas eu ainda volto à questão do relatório da RSF que, Brasília à parte, é perfeitamente ridículo. Aliás, mesmo (ou talvez sobretudo) incluindo Brasília: o fato de todo o resto da imprensa brasileira ter protestado com a vêemencia com que protestou mostra que não estamos tão mal assim em termos de liberdade de expressão.

Não posso dizer nada a respeito da grande imprensa livre de Uganda, porque não tenho informações suficientes sobre o país, que é lá longe e que a gente, realmente, desconhece. Pode ser que lá existam de fato belos e robustos jornais, boas estações de TV, centenas de emissoras de rádio e dezenas de ótimos sites de notícias. Mas achar que a imprensa paraguaia vai melhor do que a nossa, sinceramente, me ofende como brasileira e como jornalista.

Por enquanto, deixo a palavra com o Luiz Garcia, que escreveu muito bem sobre isso.

Fui.




25.10.02

Sony Clié PEGNX70V: aqui você vê o slot do Memory Stick, o olhinho da câmera e o slot maior, embaixo, para um cartão wi-fi

Enquanto isso, na Sony...

Num comentário, o Marcelo Norberto pergunta se eu já tenho alguma informação sobre os novos Cliés. Tenho sim, Marcelo; escrevi sobre eles no jornal, há três semanas, mas esqueci de trazer o texto para cá. Aí vai:

Há toda uma nova geração de Cliés! Eles foram oficialmente apresentados ao mundo no fim da semana passada, mas nós estávamos todos tão eletrizados com as eleições que nem percebemos. De qualquer forma, essas maravilhas só chegarão ao mercado (americano) no mês que vem, para aproveitar o começo da temporada de caça a vítimas natalinas. São lindas: veja a foto ali embaixo, ou vá até o site da Sony para apreciá-las em demos 3D.

Com os novos modelos - sobretudo os topos de linha NX70V e NX60 - o meu NR70V, que por enquanto ainda é o ó do borogodó, ficará irremediavelmente defasado. Acontece que a nova geração chega com alguns detalhes poderosos. O primeiro, e mais importante: esses PEGs são WI-FI! Está certo que esta é uma característica opcional, que custará US$ 150 a mais ao usuário, mas é triste constatar que a irmã mais esperta da máquina da gente pode passear pela internet, baixar emails, consultar o Google...

Outro detalhe: eles são os primeiros PDAs a chegar ao mercado usando o Palm OS 5, que tem maior capacidade multimídia e traz recursos de conectividade. Eles rodam em processadores ARM de - segurem-se! - 200MHz! Pode, isso?! Em maquininhas desse tamanho?!

Ah, e sabem aquela pequena e esperta câmera fotográfica embutida no "velho" Clié? Pois bem, virou uma filmadora. Quer dizer, agora, além de fotos, o Clié faz também filmes em MPEG. Num Memory Stick de 128Mb, cabem cerca de 60 minutos contínuos de vídeo, a 160 x 112 pixels - pouco, sim, mas estamos falando de um PDA, e não de uma super-VHS. Quanto às fotos, a resolução dobrou, e elas podem sair em até 640 x 480 - sem falar que a câmera ganhou um zoom digital 2x. E o som: agora, ao invés de apenas tocar os MP3 que carregamos nele, o Clié passa a ser também gravador, o que o transforma na máquina dos sonhos de qualquer jornalista.

Esses handhelds vêm em duas cores, o cinza prata que já conhecemos e um preto fosco que, a julgar pelas fotos, é tudo de bom; e um acessório para matar qualquer um do coração, uma base com alto-falante, para que possamos ouvir música sem precisar usar os fones.

Tá, não quero saber de mais nada! Alguém quer comprar um Clié NR70V em bom estado de conservação?

(Publicado no GLOBO em 07.10.2002)








Este é o meu nome, escrito em japonês, segundo esta máquina de transcrição. É muito fácil de usar: você digita o seu nome, clica e pronto, lá está você em ideograma (são ideogramas, pois não?). Quem me mandou esta ótima dica foi a Andrea. Merci!



Já este aí em cima é o meu nome em hieroglifos. O sistema de conversão é igual ao da maquineta japa, e a dica é, claro, do Matusca...




24.10.02


Descole Hiroshima

Quer ganhar um exemplar de "Hiroshima", de John Hersey? Então escreva um textinho (entre 200 e 500 caracteres) e mande para o iG Ler, site de literatura do iG, até o dia 5 de novembro. Dez exemplares serão distribuídos entre os autores dos textos mais criativos. Vale o esforço: lançado pela Companhia das Letras há cerca de um mês, "Hiroshima" é a íntegra da antológica reportagem de Hersey, publicada em 31 de agosto de 1946 na New Yorker.

Na época, a reportagem caiu como uma bomba (sem trocadilhos, please!) no mundo editorial americano. Não apenas pelo impacto do texto de Hersey, mas também porque a New Yorker, consciente do peso do material que tinha em mãos, decidiu dar apenas esta reportagem na edicão -- que sumiu das bancas em tempo recorde. Mais tarde publicada pela Knopf em forma de livro, "Hiroshima" não saiu de catálogo nos EUA desde então.

O pessoal do iG Ler informa: para se cadastrar, o internauta precisa acessar esta página. Cada participante poderá concorrer com somente um texto. Os ganhadores serão conhecidos no dia 7 de novembro no site iG Ler.






Corra, Lula, corra!!!

Demorou: Bill Gates já está querendo se enturmar com Lula. Vale lembrar que nunca, jamais, em tempo algum, se soube de interesse de Bill Gates em conversar com alguém que não fosse em intere$$e próprio...





Arghhhhh!!!

Estou viciada naquela paciência spider que vem no XP.





Disque Piropo

Fala o Cat:

Que tal ouvir todo dia uma dica de informática do meu famoso amigo B. Piropo, d'O Globo, falando em viva voz? Sim, pelo telefone, todo dia, um comentário novinho. No primeiro mês é de graça. Se gostar, e eu sei que você vai gostar, passa então a pagar a merreca de R$ 7 mensais, quase o preço dum sanduba. Você não come o sanduba, fica mais elegante, e ainda fica um pouco mais expert na arte dos bits e bytes. Tenho aprendido muito com o mestre e estou certo que você também vai aproveitar bastante. Além de emagrecer, é claro. Saiba mais acessando o site do serviço. Saravá!
(Carlos Alberto Teixeira)






A Fé e as Montanhas

Augusto Monterroso


No princípio a Fé removia montanhas só quando era absolutamente necessário, e por isso a paisagem permaneceu igual a si mesma durante milênios.

Porém, quando a Fé começou a propagar-se e as pessoas começaram a achar divertida a idéia de mover montanhas, estas não faziam outra coisa senão mudar de lugar, e cada vez era mais difícil encontrá-las no lugar em que a gente as tinha deixado na noite passada: coisa que se percebe, criava mais dificuldades do que as que resolvia.

A boa gente preferiu então abandonar a Fé, e agora as montanhas geralmente permanecem em seu lugar.

Quando numa estrada acontece um desmoronamento debaixo do qual morrem vários viajantes é porque alguém, muito longe ou por ali mesmo, teve uma ligeiríssima recaída de Fé.

(A quem quiser saber mais sobre este fantástico autor guatemalteco -- aqui em tradução do Millôr -- ou ler outros textos dele, recomendo um pulinho ao Sub Rosa, da Meg.)





23.10.02


Bonitinhos...

Gatinhos vikings! Roubei do Boechat.







Folgado ele, né? É o Hitch, do Xexéo...





Rosinha Não! II, a Missão

O leitor Marco Bessa, um inconformado de Campos, RJ (sabe bem, pois, do que está falando) mandou um link para seu site Xô Rosinha!. Lá, mantém um interessante e seleto clipping do noticiário sobre a governadora eleita do Estado do Rio.





Taí, não é que faz sentido?

Acabo de receber um email de um amigo que é jornalista em Los Angeles -- onde, naturalmente, cobre a indústria cinematográfica. Vou tentar traduzir:

"Tenho uma teoria. Com que essa história do atirador se parece? Ora, com um filme da Paramount! Você saca -- um daqueles thrillers que seguem a velha fórmula da Paramount, com Morgan Freeman, Tommy Lee Jones e Ashley Judd -- talvez James Woods no papel do vilão.

Para resolver essa parada, você tem que pensar como roteirista. É porisso que os tiras ainda não o pegaram -- porque estão pensando feito tiras. Mas o atirador está desenvolvendo o seu roteiro como um filme: os ataques cada vez mais freqüentes e audaciosos, desafiando os policiais, brincando de gato e rato com eles, chegando ao supremo clichê da carta de tarô.

Tá -- agora, como é que um roteirista faria o atirador desaparecer tão facilmente depois de cada ataque, escapulindo onze vezes pelos buracos da rede? Ninguém o vê! Ele se mistura com o background e some... Bom, ele se mistura com o background e some porque o atirador é um tira. Ou alguém de dentro da engrenagem. É por isso que ninguém o vê.

É assim que um roteirista escreveria essa história, não é? O atirador é um ex-tira ou um agente do governo recalcado -- o que também explica essa vontade que ele tem de conversar com a polícia e com as autoridades, em vez de ter procurado a mídia diretamente com a sua "mensagem". Só um tira, ou um insider, trabalha assim.

Como é que acaba? Na televisão. Os policiais -- que idiotas! -- estão fazendo todas as coletivas ao ar livre. O atirador vai atacar durante uma dessas coletivas, transmitidas ao vivo pela TV. Este é o climax cinematográfico para o qual a coisa está se encaminhando. Ou, quem sabe, ele faz uma besteira porque fica auto-confiante demais e aí é apanhado. Não tenho certeza de qual desses dois finais vai ao ar, mas tenho certeza de que, para entender o atirador e prendê-lo, os caras vão ter que pensar como roteiristas..."





22.10.02


Perguntar não ofende

Eu só queria saber uma coisa: como é que um governo que não consegue pegar um atirador à solta no seu próprio quintal espera encontrar um Bin Laden lá do outro lado do mundo, onde não sabe sequer que língua é falada?!





Carros fora

Existem poucas pragas tão universais quanto o automóvel: a humanidade conseguiu, em menos de um século, poluir todas as suas paisagens e se tornar escrava de um dos objetos mais incongruentes, malsãos e daninhos ao visual das suas cidades. Quem já esteve em qualquer cidade onde a entrada de carros é barrada e/ou impossível sabe como é mais bonita e tranqüila a vida nos centros urbanos sem carros. Quem não esteve, pode dar um pulo neste site e começar a sonhar com um mundo melhor. Especialmente recomendado para quem acaba de passar horas preso num engarrafamento...







Grande notícia: o André Arruda, fotógrafo da pesada e freqüentador assíduo do internETC. (modéstia à parte...) acaba de criar o seu próprio blog, o On Camera. A foto é só para dar uma idéia do trabalho do rapaz.

Bem-vindo ao time, querido André!





B a R L o W F R i e N D Z

John Perry Barlow foi, durante muito tempo, meu único amigo republicano. Não deixou de ser meu amigo, mas quando George W. Bush deu o golpe na Florida, deixou de ser republicano. Essas coisas são sérias nos Estados Unidos, onde "fidelidade partidária" não é uma figura de retórica, mas um modo de vida. O avô e o pai dele foram deputados e senadores republicanos por Wyoming, um estado rural e conservador a mais não poder. Hoje Barlow se classifica como independente, porque também não quer ter nada a ver com os democratas.

Em termos existenciais, ele se considera um "dissidente cognitivo", seja lá isso o que for. É um ciberguru das antigas, e desde sempre combate o bom combate. No dia 11 de setembro de 2001, às duas da tarde, quando o mundo ainda estava em estado de choque com o que acabara de acontecer, Barlow já estava mandando uma das suas célebres circulares para o grupo que chama de B a R L o W F R i e N D Z, sugestivamente intitulada Remember the Reichstag.

Quase foi crucificado -- mas estava, como os fatos comprovam, coberto de razão.

Há uns dias ele mandou uma outra carta. O título não é menos sugestivo:

The American Republic is dead. Hail the American Empire. Or else.

Postei esta carta aqui, e recomendo enfaticamente a sua leitura aos angloparlantes.





21.10.02


Legal!

O Roger, do Ultraje a Rigor, tem um blog. Aliás, muito bom, como direito a comentários e tudo.





Zeitgeist

O Houaiss diz que Zeitgeist é o espírito de uma época determinada; a característica genérica de um período específico, mas eu prefiro a definição do yourdicttionary.com, um dos meus sites favoritos: general intellectual, moral, and cultural climate of an era, ou seja: o clima geral intelectual, moral e cultural de uma época. Uma espécie de "pulso das massas", por assim dizer.

Para quem quiser saber a quantas anda o Zeitgeist da internet anglo-parlante, existe uma ferramenta que, aposto, ainda vai ser a base de muita tese de mestrado. É o Google Zeitgeist.






Eu, hein...

Que bobagem! Mas é bem divertidinho...







Dudi, é claro.





Teatro

Fui ver de novo a peça do Bosco Brasil, Novas Diretrizes em Tempos de Paz. Dessa vez levei o Millôr, que ficou tão impressionado quanto eu já havia ficado. Com tudo: texto, atores, direção, luz...

Hoje (isto é, ontem) o público simplesmente não queria parar de aplaudir.

Maravilhoso.

Quero ver de novo.




Tenho essa mania: quando gosto muito de alguma peça ou filme assisto várias vezes. Meu recorde em teatro foi Piaf, de Pam Gems, que como dramaturgia nem era lá essas coisas. Acontece que quem fazia o papel principal era Bibi Ferreira. Eletrizante: a Piaf literalmente baixava na Bibi, nunca vi nada igual. Nem lembro mais quantas vezes vi a peça; na época eu estava meio em crise, e quando acabava o trabalho voava para o teatro.

A peça me fazia bem, e mais bem ainda fazia a Bibi, melhor conselheira sentimental do mundo. Depois do espetáculo ficávamos conversando, às vezes íamos jantar e era engraçado, porque ela invariavelmente saía do Ginástico com o vison que usava em cena e que não ia deixar dando sopa no camarim, e sapatos confortáveis, em contrapartida aos que usava no palco, quer dizer -- tênis, havaianas, essas coisas.

Eu amo a Bibi.

PS: Roubei esta florzinha lá do Blowg... Você não fica chateada comigo não, fica, Marinex?




20.10.02


Murphy

Tá. Foi só eu quebrar a cabeça durante a manhã inteira, pagar um upgrade pro blogspot*plus em dólares! e escrever e salvar o texto abaixo como JPEG que esta porcaria voltou a funcionar.

ARGHHHHHHHHHHHH!

Fui!