13.10.01

Tecendo a rede


Achei esta msg da Mila Ramos no blog do F�bio Marchioro:

Eu tamb�m choro quando vejo essa imagem de gente como n�s, de olhos fundos de fome, de ossos expostos e de barriga t�mida! Mas eu preciso perguntar uma coisa: onde est�o as fortunas dos orientais, do petr�leo, das t�maras e dos gr�os mais caros do mundo? Onde est� o dinheiro que eles multiplicam nos mercados ocidentais? O que fazem com os petrod�lares? Ser� que n�o daria pra mudar um pouquinho que fosse, o quadro da indig�ncia de seus irm�os, criar alguma forma de trabalho, mesmo as mais rudimentares, para que os mais pobres tivessem como sustentar seus filhos de olhos fundos e barrigas famintas, que tanto nos comovem? Ser� que a eles, aos donos das maiores fortunas do mundo, n�o comove? Ser� que a heran�a deixada pelo pai de bim Lader, t�o potencializada nas bolsas dos pa�ses ricos, somada �s doa��es dos magnatas escusos do terrorismo, n�o daria para mudar um pouco o cen�rio que nos est� sendo exposto, buscando nossa piedade, provocando nosso �dio, como se os EE.UU e n�s, ocidentais, f�ssemos os �nicos respons�veis por esse quadro..? E eles? O que fazem pelo seu pr�prio povo, segundo eles, em nome de Allah? Deus deve estar muito chateado por causa disso! A riqueza deles serve para derrubar torres. Matar a fome e salvar vidas � assunto nosso. (Mila Ramos)






Quesito emo��o


No New York Times come�a a aparecer, aos poucos, uma tocante colcha de retalhos sobre os mortos do 911. Ela est� num site chamado Remembering the Victims, para o qual as pessoas podem mandar fotos e textos sobre os seus entes queridos. L� est�o os pequenos detalhes das vidas interrompidas, as pequens manias, gracinhas e gestos que fazem, de cada um de n�s, um b�pede especial. Pobres pessoas. Todas: as mortas e, sobretudo, as vivas.





Morituri te salutant


H� poucas coisas mais tristes no universo dos atentados do que ouvir os recados que as pessoas que estavam nos avi�es ou no WTC deixaram nas secret�rias eletr�nicas de maridos, mulheres, pais, amigos. Com a cobertura ass�ptica que a m�dia optou por dar aos ataques, eles s�o os raros vislumbres de humanidade que temos, mais ou menos como os pat�ticos cartazinhos espalhados por Nova Iorque com os retratos dos desaparecidos; mas os cartazinhos s�o vistos apenas en passant, como pano de fundo de mat�rias mais ou menos gen�ricas. Numa �nsia hip�crita de n�o chocar o p�blico ("somos decentes, n�o estamos faturando em cima da mis�ria alheia"), as redes de televis�o e mesmo os jornais furtaram-se de mostrar os resultados mais grotescos e pungentes do massacre, o sangue, os corpos despeda�ados. Se a m�dia popular sempre exagerou na vulgaridade, ao exibir detalhes m�rbidos dos piores crimes e acidentes, desta vez a chamada grande imprensa exagerou na... eleg�ncia.

Foi uma decis�o question�vel, que deixou ao espectador ou leitor a dif�cil tarefa de chegar ao varejo atrav�s do atacado: tivemos que extrair da vis�o espetacular das torres moribundas os milhares de trag�dias individuais que aconteciam naquele exato instante. Ficamos chocados com o horror e perplexos com as dimens�es da grande trag�dia, mas s� nos sentimos genuinamente emocionados e tocados como seres humanos quando vimos ou ouvimos as pequenas trag�dias, quando conseguimos identificar, em meio aos escombros, os nossos semelhantes, os nossos irm�os.

Esta foi, tamb�m, uma decis�o que pode custar muito aos Estados Unidos em termos de apoio emotivo, digamos assim. Neste momento, pela primeira vez desde o dia 11 de setembro, o Taliban convida a imprensa estrangeira a entrar no Afganist�o. O Guardian estima que 19 equipes de TV estejam a caminho de Karam, uma aldeia a 80 quil�metros de Kabul, onde o bombardeio americano teria matado cerca de 200 pessoas; nenhum representante da m�dia impressa foi autorizado a entrar no pa�s. Esta �, claramente, uma guerra de imagens e de rela��es p�blicas.

N�o h� nada sequer remotamente parecido com o WTC em Karam; o que as c�meras v�o encontrar desta vez ser�o as ru�nas de casas paup�rrimas e, com certeza, pelo menos algumas criancinhas mortas ou mutiladas. Sem escolha, as emissoras ser�o obrigadas a nos mostrar cenas que v�o cortar nossos cora��es, que v�o nos ferir a alma de forma mais dolorosa do que um Boeing cinematogr�fico atingindo um dos edif�cios mais altos do mundo.

E o que � que a CNN ou a NBC v�o fazer quando o estrago estiver feito? Tirar do arquivo as imagens verdadeiramente chocantes do ataque? Esque�am. Ou eu muito me engano, ou estamos a ponto de ver mais um gigantesco gol contra dos EUA nessa guerra suja, em que s� h� bandidos e perdedores.





Pronto, Bia!


Foi assim: num comente, a Bia perguntou se j� havia foto do Tourist Guy em frente ao Corcovado.
Pois prontamente o Jo�o Marcos Turnbull fez com que houvesse.
A� est� o resultado.
Que eu saiba, � a primeira apari��o do Tourist Guy em solo (virtual) brasileiro.
Valeu, Jo�o Marcos, ficou muito legal!







Um grupeto bizarro se diverte no Rio... e faz umas fotos �timas!





Sonhar n�o custa nada


O Relat�rio Alfa chama a aten��o para o lan�amento, no pr�ximo dia 26, de um carro movido a ar comprimido, super econ�mico e, melhor ainda, absolutamente n�o-poluente. Ele � um projeto da francesa Motor Development International, MDI, com sede em Luxemburgo e representa��o em toda a Am�rica Latina (baseada em Barcelona), que procura s�cios no Brasil. N�o, n�o � hoax; mas voc�s acham que as empresas de petr�leo v�o deixar uma maravilha dessas dar certo? Ou que as montadoras de ve�culos tradicionais v�o ficar quietinhas enquanto ele conquista o mercado, a 130km por hora? � ruim!






12.10.01

Imperd�vel!


N�s est�vamos nos divertin... digo, trabalhando, aqui na reda��o, quando a Mariana descobriu uma galeria sensacional na Poynter.org, com as capas dos principais jornais do mundo nos dias 11 e 12 de setembro. � imperd�vel para qualquer jornalista, l�gico, mas muito interessante tamb�m para qualquer um que goste de ver varia��es sobre um mesmo tema. Agora estou fechando o caderno de segunda e n�o tive tempo de ver metade delas, mas acho que vai ser dif�cil encontrar uma t�o eloquente quanto a do San Francisco Examiner -- at� aqui a minha favorita, disparado.





Dinheiro f�cil, mas...


Se voc� fala �rabe, farsi ou pashto, esta pode ser a sua grande chance! O FBI est� procurando linguistas experientes nesses idiomas, pagando entre US$ 27 e US$ 38 por hora. Mucha plata! � claro que o Bureau tem l� as suas exig�ncias: o elemento deve ser cidad�o americano com resid�ncia permanente nos Estados Unidos; deve estar disposto a fazer um teste de pol�grafo e permitir investiga��o completa da sua vida nos �ltimos dez anos. Que pena que para o cargo de presidente n�o se fazem tantas exig�ncias!

PS -- Aproveite a ida at� a p�gina do FBI para ver quais s�o as caracter�sticas de uma correspond�ncia suspeita. Eu fiquei impressionada, h� detalhes que nunca teriam chamado a minha aten��o. O problema � que, no fundo, somos todos muito inocentes.





Bia, olha s�: n�o � que j� fizeram at� uma p�gina?!





Ent�o beleza n�o p�e mesa, �? T�, vai nessa.





Sonhos desfeitos


Estou odiando o notici�rio. Qualquer notici�rio de guerra me irrita ao extremo, por lembrar que animal idiota � o ser humano, que criatura primitiva e desprovida de compaix�o e sensibilidade social. Mas o notici�rio desta guerra, particularmente, est� tendo um efeito delet�rio sobre uma parte fundamental dos meus sonhos: Islamabad, Kendahar, Kabul -- desde crian�a, esses sempre foram nomes m�gicos para mim, cidades de mist�rio e intriga, onde aconteciam os melhores enredos do mundo. Passei muitas e muitas horas refugiada em romances de aventura onde cada uma delas era mais bonita e resplandescente do que a outra, todas cheias de metaf�sica, tapetes, t�maras e objetos de cobre, numa sensa��o n�o muito diferente da que tomou �lvaro de Campos, aka Fernando Pessoa:

(....)
Uma folha de mim lan�a para o Norte,
Onde est�o as cidades de Hoje que eu tanto amei;
Outra folha de mim lan�a para o Sul,
Onde est�o os mares que os Navegadores abriram;
Outra folha minha atira ao Ocidente,
Onde arde ao rubro tudo o que talvez seja o Futuro,
Que eu sem conhecer adoro;
E a outra, as outras, o resto de mim
Atira ao Oriente,
Ao Oriente donde vem tudo, o dia e a f�,
Ao Oriente pomposo e fan�tico e quente,
Ao Oriente excessivo que eu nunca verei,
Ao Oriente budista, bram�nico, sinto�sta,
Ao Oriente que tudo o que n�s n�o temos,
Que tudo o que n�s n�o somos,
Ao Oriente onde � quem sabe? � Cristo talvez ainda hoje viva,
Onde Deus talvez exista realmente e mandando tudo...
(....)

Ou ainda este outro eco do Oriente ex�tico e altamente refinado de Baudelaire:

(....)
Des meubles luisants,
Polis par les ans,
D�coreraient notre chambre ;
Les plus rares fleurs
M�lant leurs odeurs
Aux vagues senteurs de l'ambre,
Les riches plafonds,
Les miroirs profonds,
La splendeur orientale,
Tout y parlerait
� l'�me en secret
Sa douce langue natale.

L�, tout n'est qu'ordre et beaut�,
Luxe, calme et volupt�.
(....)

Pois �. As minhas cidades m�gicas nunca mais ser�o poss�veis.

PS -- Aos n�o-franc�fonos, perd�o pela cita��o, mas n�o achei nenhuma tradu��o do poema. E n�o, n�o se preocupem, este blog n�o tem a menor inten��o de fazer cita��es em grego, latim ou farsi. Digamos que o Baudelaire foi uma extravag�ncia ditada pela melancolia. Pronto. J� passou.







A Sabena, companhia a�rea da B�lgica, est� sendo o grande assunto econ�mico da BBC esta noite. Fico aqui ouvindo essas not�cias s�rias a respeito de uma pobre empresa moribunda, e tudo o que consigo pensar � no que significa Sabena: Such A Bloody Experience Never Again.





N�o h� de ser uma guerrinha l� na esquina que vai desviar a Amazon.com do seu poderoso mix de criatividade, servi�o e maus neg�cios, certo? A nova novidade da melhor livraria online do (ainda) planeta � o livro folhe�vel, ou seja: em vez de comprar um livro de arte ou figurinhas no escuro, apenas pela capa, o cliente pode agora ver tamb�m um certo n�mero de p�ginas da obra em quest�o. Para quem tem banda larga e/ou est� na captura de livros ilustrados, � uma grande pedida.







11.10.01

Anthrax ou Antraz?


Uma mensagem enviada pelo tradutor Guilherme Bas�lio esclarece um ponto importante. Escreve ele:

"ANTHRAX (ingl�s) n�o � ANTRAZ, e sim CARB�NCULO em portugu�s; para complicar,

ANTRAZ (portugu�s) n�o � ANTHRAX. �, imagine, CARBUNCLE em ingl�s.Como disse o esquartejador, vamos por partes:

ANTRAZ � portugu�s (em ingl�s, a doen�a chama-se CARBUNCLE): uma furunculose, infec��o cut�nea normalmente por Stafilococus aureus caracterizada pela presen�a de v�rios fur�nculos no mesmo ponto da pele. Como qualquer fur�nculo, � inc�modo mas de evolu��o benigna.

ANTHRAX � ingl�s (em portugu�s, a doen�a chama-se CARB�NCULO): doen�a infecciosa bacteriana zoon�tica causada pelo Bacillus anthracis ou seus esporos que, ocasionalmente, se transmite ao homem por contato acidental com a pele, por ingest�o ou por inala��o.

A infec��o humana mais comum � o carb�nculo cut�neo (pele) que geralmente se cura de forma espont�nea embora, raramente, possa progredir para um acomentimento sist�mico, comprometendo as meninges com alto �ndice de letalidade.

A forma gastrintestinal adquire-se pela ingest�o de carne contaminada mal cozida, e tamb�m tem letalidade importante.

Por fim, a infec��o pulmonar, adquirida pela inala��o, que rapidamente evolui para uma infec��o sist�mica que quase sempre � fatal.

O CARB�NCULO, tradicionalmente, � doen�a ocupacional, posto que praticamente s� � contra�do por quem manipula carca�as, peles ou couros de animais contaminados. Em ingl�s, al�m de ANTHRAX, tem os nomes de WOOL SORTER ou RAG SORTER DISEASE - doen�a do separador de l� (wool) ou doen�a do separador de couros (rag).

� este �ltimo, o Bacillus anthracis, que vem sendo modificado em laborat�rio para fins de guerra bacteriol�gica, visando � dissemina��o pand�mica do CARB�NCULO.

Lamentavelmente, at� o Aur�lio errou e define o verbete ANTRAZ como a infec��o causada pelo Bacillus anthracis, o que � frontalmente desmentido pela literatura m�dica. A palavra ANTRAX n�o existe em portugu�s."

Fontes:
Dicion�rio M�dico Dorland, Editora Manole (18a edi��o)
Dicion�rio M�dico Stedman, Editora Koogan






Um Nobel para Sir Vidia


V(idiadhar) S(urajprasad) Naipaul, ou Sir Vidia para todo o establishment liter�rio ingl�s, levou o Nobel de literatura deste ano. De fam�lia indiana, mas nascido em Trinidad (aquela ilhota do Caribe que fica ao lado de Tobago), ele �, disparado, um dos grandes escritores de livros de viagem deste s�culo, digo, do s�culo passado -- neste, acho que ainda n�o publicou nada do g�nero -- talvez um dos maiores de todos os tempos. Por outro lado, dizem (mais especificamente: diz Paul Theroux, que escreveu um livro chamado Sir Vidia's Shadow, com o �nico prop�sito de esculhamb�-lo -- e muita gente concorda com o dito livro) ele � um osso duro de roer, uma pessoa dif�cil, metida, cheia de n�o-me-toques. Pode se dar a esse luxo, porque escreve bem pra caramba -- mas, sobretudo agora, depois do Nobel e do seu nada desprez�vel milh�o de d�lares, pode fazer o que bem entender. Ele � um chato insuport�vel? Who cares? A gente n�o tem mesmo que conviver com ele...

Segundo Per Wastberg, o membro da Academia sueca que normalmente d� essas not�cias � imprensa, Naipaul "considera a religi�o o flagelo da humanidade, que acaba com as nossas fantasias e o nosso desejo de pensar e experimentar". T� certo. E ta� o recado pol�tico deste ano da Academia. Bota pol�tico nisso: um dos livros de Naipaul dispon�veis aqui no Brasil � "Entre os fi�is", lan�ado pela Companhia das Letras -- uma vis�o do islamismo a partir da Teer� dos aiatol�s. Eu n�o li este livro, especificamente, mas li alguns outros, e in�meros artigos e ensaios do Naipaul. Recomendo A Bend in the River, que descobri no in�cio dos anos 80 e me causou, ent�o, uma fort�ssima impress�o: nada acontece na hist�ria, mas o clima de tens�o s� � compar�vel, a meu ver, ao de "Under the Volcano", de Malcolm Lowry.





Flagrante de uma tarde amena nas colinas do Afganist�o, onde um membro do esquadr�o t�cnico tenta, pacientemente, desmontar uma bomba americana n�o explodida.













Ich bin ein link!


O mundo � vasto e variado e coisas curiosas nele acontecem todos os dias. Por exemplo: este blog tem um leitor alem�o -- que faz, ali�s, um excelente blog, o Schockwellenreiter (pelo menos assim me parece: o meu alem�o n�o d� nem para a sa�da, mas o Kantel salpica uns posts em ingl�s e fala de assuntos caros ao meu cora��o, tudo isso dentro de um layout clean e inteligente). E como � que eu sei que ele me l�? Ah, porque ele acaba de me linkar pela segunda vez! Ali�s, recomendo fortemente essa lista de links: h� maravilhas, e boa parte em ingl�s.

Agora eu pergunto: tem coisa mais chique do que a gente ser linkada numa l�ngua que nem fala? Ha!





Oops, sorry...


Sabem aquele encontro secreto da RIAA com grupo de altos executivos da ind�stria e pol�ticos americanos noticiado pelo The Register ontem, para o qual chamei a aten��o de voc�s aqui? Pois pasmem: n�o passou de um hoax! A turma espert�ssima do Register caindo num... hoax?! Mas foi isso mesmo: hoje Tony Smith, que soltou a mat�ria acreditando no conte�do de um e-mail que recebeu, reconhece, contrafeito, o tamanho da mosca que comeu, e pede desculpas aos leitores. Eu as repasso a voc�s e, de quebra, acrescento as minhas.




Um dos meus sites favoritos � o Arts & Letters Daily, que traz um pequeno resumo dos principais artigos do dia no mundo angl�fono. Mistura de clipping eletr�nico com cole��o de links, ele � muito bem feito, e � um dos meus pontos de parada di�rios.







10.10.01

RAWA

(Revolutionary Association of the Women of Afghanistan)

Sem coment�rios.






Tecendo a rede


Cito o Hernani, citando o Estraviz:

O Estraviz mandou muito bem no tipuri -- "n�o quero ser conivente nem c�mplice. n�o admito que um governo estabele�a a morte de forma institucional. n�o concordo, soycontra um governo assim. seria o mesmo que a espanha destruir o pa�s vasco porque l� tem terrorista. ou a irlanda ser dizimada porque o ira fica l�. terrorismo � uma grande e fedida merda. mas s�o alguns loucos outsiders, chagas de um sistema estranho. uma dura realidade moderna, que mostra que admir�velmundonovo nem � novo nem � admir�vel. quando um governo declara guerra, estabelece um contrato onde a cl�usula �: aceitamos a morte por vingan�a. quando uma sociedade � favor�vel, o ciclo vicioso se amplia, transformando a vida em migalha, a morte em piada. quando a m�dia broadcast se posiciona, mostrando umas coisas e outras n�o, est� incitando o circo, ampliando o v�cio do ciclo." e continua aqui.






Globaliza��o


Esta foi o Marcelinho quem mandou:

"Globaliza��o � uma princesa inglesa, que estava com um playboy eg�pcio, num carro alem�o com motor holand�s, dirigido por um motorista belga embriagado com u�sque escoc�s, capotando num t�nel franc�s, perseguida por paparazzi italianos, e socorrida por um m�dico americano com medicamentos portugueses. No que � que deu? M�-rreu..."




Internauta que n�o l� o Pedro Doria diariamente n�o sabe das coisas. Literalmente.







O bom combate


A gente sempre pode confiar nos hackers alem�es! Desde que o saudoso Wau Holland criou o ccc eles demonstram ter uma das mais saud�veis intera��es com m�quinas do planeta. Agora fiquei sabendo, por exemplo, de um cara chamado Kim "Kimble" Schmitz que teve uma grande id�ia: criar um �ber time de hackers para separar os terroristas do mundo todo (a� compreendidos IRA, ETA & Cia.) do seu rico dinheirinho, rastreando contas e fazendo o servi�o do qual, provavelmente, dar�o cabo muito melhor do que o FBI. Ta�: neste tipo de combate eu ponho f�. O Kimble � um pouco radical demais pro meu gosto, sobretudo quando prega apoio ao governo (embora esta seja uma defesa a priori que ele faz bem em usar), mas a miss�o e as regras que ele criou para a YIHAT (Young Intelligent Hackers Against Terror) est�o corretas. Pode ser uma!





Make love, not war


N�o sei se � m� vontade da minha parte, mas tenho sentido, na imprensa americana em geral, um movimento constante e sutil para desmoralizar os movimentos pacifistas nativos. Que os estrangeiros (sobretudo mu�ulmanos) se manifestem contra os ataques ao Afganist�o e � Doutrina Bush, ainda v� l�; mas que um americano fa�a isso, s� sendo doido, socialista ou desajustado -- o que, pensando bem, sob a �tica l� deles, d� na mesma.

Eu por acaso participei de uma passeata pela paz em Los Angeles, h� cerca de dez dias. Esta passeata, em que havia gente de todas as idades, credos e nacionalidades unida em torno do mesmo ideal, com o mesmo entusiasmo, foi um dos momentos emocionantes da minha vida. De certa maneira ela fez, no meu cora��o, as pazes com um pa�s que sempre olhei com ambival�ncia e, desde as �ltimas "elei��es", com francas reservas.

Pois este movimento bonito e gentil, no qual encontrei tantas pessoas do bem, foi descrito, nos jornais do dia seguinte, como uma marcha de radicais, malucos e hippies velhos, que nunca sa�ram dos anos 70. OK, eu talvez me enquadre nessas tr�s categorias, mas ainda assim, juro que o que presenciei n�o tinha nada, mas rigorosamente nada, a ver com o que disse a imprensa. Fiquei me sentindo tra�da como participante da passeata, e envergonhada como jornalista.

Estou falando nisso agora porque, remexendo nos pap�is que trouxe da viagem, encontrei uma filipeta conclamando as pessoas a um novo encontro, no pr�ximo s�bado, dia 13, na praia de Santa M�nica, quando ser� formado um grande s�mbolo da paz humano. Pelo que vi e pelas conversas que tive, vai ter muita gente e vai ser muito legal, mas n�s possivelmente nem vamos ficar sabendo. Se voc� est� lendo esta nota em Los Angeles (na internet, tudo � poss�vel) n�o deixe de ir: a manifesta��o est� marcada para as 13hs, no Ocean Park Blvd. Para maiores informa��es, ligue para (310) 392-8558, e fale com a Marsha Straubing.


PS -- Ah, sim: eu subi as fotos que fiz do protesto para o Photo Island. Para v�-las, entre com o username cronai e a password antiwar.

PPS -- O Eduardo, arquiteto l� em Porto Alegre, mandou uma �tima cole��o de links de sites pacifistas. Todos merecem pelo menos uma visita; e, se voc� quiser se manter bem informado(a), v�rias visitas.

Flora.org
Ruckus
Human Rights Watch
War Resisters
AntiWar
Non-Violence






Apenas uma fotografia na parede...


Desde que a fotografia digital se popularizou, a Polaroid se viu em maus len��is. Seu grande apelo de consumo nunca foi a qualidade das fotos, na melhor das hip�teses med�ocre, mas o fato de elas serem instant�neas, dando a fot�grafos e fotografados satisfa��o imediata. Isso, por�m, as digitais de hoje fazem melhor e, no final das contas, mais barato. H� dois anos, a velha pioneira do clic miojo ainda tentou sair pela tangente, lan�ando uma c�mera digital; mas nunca chegou a ser firmar neste campo, onde a concorr�ncia � assustadora (para eles) e deslumbrante (para n�s). Pois o inevit�vel, pelo visto, est� para acontecer. Segundo o Wall Street Journal de hoje, a Polaroid deve entrar com um pedido de concordata (Chapter Eleven) para se proteger da fal�ncia: est� no vermelho em mais de US$ 900 milh�es. Analistas consultados pelo jornal acreditam que a empresa n�o ter� grandes dificuldades em ser vendida.







Torres de Luz


Um �timo artigo de Robert Knafo na Slate comenta as v�rias alternativas para o espa�o do WTC, inclusive a id�ia, inteiramente descabida a meu (e dele, e de mais um monte de gente, com exce��o dos 63% de nova-iorquinos consultados pela Quinnipiac) ver, de reconstru��o das torres, tais como eram. J� existem in�meras propostas, naturalmente, mas o que veremos mais cedo no local, possivelmente, � o belo projeto Towers of Light, dos artistas Julian LaVerdiere e Paul Myoda, e dos arquitetos John Bennett e Gustavo Bonevardi: substituindo as torres falecidas, dois fachos de luz intensa, apontando para o alto como espectros. A id�ia do projeto, que j� tem o apoio da Sociedade de Arte Municipal e da Creative Time, uma esp�cie de ONG art�stica local, � funcionar como uma ponte entre o presente de ru�nas e o futuro espa�o, seja ele qual for.




Programa�o!


Estou assistindo na RAI ao document�rio (agora percebo, antiqu�ssimo: R�veillon de 2000!) gravado por um casal de turistas de meia-idade descobrindo a China. Eles s�o muito engra�ados, gente! Chegando a Shangai, ele fica besta diante da quantidade de n�ons, l�mpadas, lampi�es e lamparinas: "Meu Deus! Nunca vi tantas luzes na vida! Esses caras passaram direto do culto ao Grande Timoneiro pro culto ao Grande Eletricista!"

A RAI � um acontecimento. � caseira e gostosa como uma excelente macarronada, e igualmente enganadora na sua aparente simplicidade. Alguns dos melhores coment�rios sobre a atual conjuntura, digamos assim, ouvi aqui desses italianos, que tanto falam, tanto gesticulam e... tanto sabem. Auguri!




Novidade do dia: a pedidos, este blog agora tem um comente: depois de cada nota. Chique, n�o? Ali�s: comentem!






9.10.01

Lar, doce lar









Mam�e me disse que toda obra acaba um dia. N�o sei por que, estou com certa dificuldade em acreditar nisso, sobretudo quando tomo coragem de ir at� o lugar onde antigamente ficava a sala.





Consumidor � pra consumir. Bem caladinho.


Tony Smith, do The Register, escreve que, na semana passada, a RIAA (Recording Industry Association of America) organizou um encontro secreto em Washington para estudar leis mais severas contra os sistemas de troca de arquivos digitais, provedores de acesso, usu�rios e quaisquer outros elementos inconvenientes que estejam no seu caminho para a distribui��o de m�sica enlatada. Teriam estado presentes a este encontro os pesos-pesados Andy Grove (Intel), Lou Gerstner (IBM), Michael Eisner (Disney), Jack Valenti (MPAA), Edgar Bronfman (Vivendi Universal), Gerald Levin (AOL Time-Warner), Ken Berry (EMI), Steve Heckler (Sony) e Strauss Zelnick (Bertelsmann), mais os CEOs da Toshiba e da Matsushita e os senadores Fritz Hollings e Ted Stevens. Liderando os trabalhos, a indefect�vel Hillary Rosen, da RIAA.

E qual era o seu objetivo ao reunir toda essa gente? Simples: convencer a ind�stria a instalar em todas as m�quinas mecanismos que impe�am os usu�rios de transpor o conte�do de CDs, ainda que legitimamente comprados, para seus discos r�gidos (ou tocadores de MP3), os provedores a impedir o livre tr�fego de arquivos pela rede, os legisladores a criar dispositivos legais que n�o s� penalizem de forma mais severa os usu�rios porventura acusados de pirataria, mas tamb�m os provedores que os servem y otras cositas m�s. H� algumas semanas, esta seria uma batalha dura de encarar; agora, com os Estados Unidos paran�icos e distra�dos pela guerra, pode ser uma moleza.

Duas frases da reportagem do Register s�o particularmente sinistras. Uma, de Michael Eisner, que reclama do desagrad�vel fato de, entre a ind�stria e o contr�le total do que os consumidores poder�o ou n�o fazer com suas m�sicas, estar o problema da privacidade; e outra do CEO da Sony, que diz que, uma vez que n�o possam mais obter m�sica de gra�a, os usu�rios ter�o de compr�-la "nos formatos que n�s decidirmos".

Ei, voc� -- p�re de reclamar e v� passando a grana.







Numa �tima Parab�lica do Cat (ei, cara, n�o era proc�s estarem em lua-de-mel? ou hoje em dia isso n�o se usa mais?) o site do departamento de engenharia civil da Universidade de Sydney, onde a galera destrincha, em pormenores, a queda das torres do WTC.





As pessoas inventam cada coisa... Aqui h� fotos dos dez finalistas para o concurso de sof� mais feio dos Estados Unidos. S� posso dizer que o p�reo � duro, muito duro. (Achei esta dica no blog da Nancy.)




8.10.01

Angloparlantes, aten��o: n�o deixem de ler o que o Dan Gillmor escreveu hoje! � da maior import�ncia.





Um pa�s chamado Samsung


Quando algu�m nos pergunta se o Brasil n�o � aquele pa�s da Am�rica Central cuja capital � Buenos Aires, ficamos indignados e, sobretudo, estarrecidos com o n�vel da ignor�ncia alheia. Mas como � que algu�m pode desconhecer fatos t�o elementares?!

A nossa pr�pria cultura geogr�fica, no entanto, quando posta � prova, n�o se revela l� muito superior. At� vir para Seul, capital da Cor�ia do Sul, eu n�o sabia muita coisa sobre o pa�s. Continuo n�o sabendo, mas pelo menos j� consigo avaliar as dimens�es abissais da minha ignor�ncia. E consegui, at�, perceber algumas coisas muito interessantes.

A mais inesperada, para mim, foi constatar que os coreanos s�o, guardadas as devidas propor��es, os latinos do Extremo Oriente. Eles s�o simp�ticos, af�veis e tranq�ilos, e lidam com o tempo de uma forma el�stica, quase baiana. Quando marcam alguma coisa para as nove, por exemplo, isso n�o quer dizer que, necessariamente, vamos nos encontrar no exato momento em que os rel�gios estiverem marcando a hora, mas apenas que esta talvez seja uma boa base inicial de trabalho.

N�o cheguei a discutir a teoria a fundo com nenhum dos meus novos amigos coreanos, mas suponho que o encontro real dos corpos n�o seja t�o importante, dado que, em esp�rito, estaremos mesmo juntos quando constatarmos que horas s�o. E, afinal, somos todos esp�rito � exceto, naturalmente, quando somos todos eletr�nica. O que, l�, acontece com razo�vel freq��ncia.

Como seus vizinhos japoneses (com quem, por sinal, pouco t�m a ver) os coreanos s�o fascinados por gadgets de todos os tipos. Se um aparelho tem pilha ou tomada, pisca, canta ou se movimenta, far� sucesso certo. E embora os cartazes comerciais das fachadas de Seul ainda sejam, em sua maioria, simples ideogramas pintados, sem os exageros de luz e movimento dos n�ons de Hong Kong, o cen�rio quase constante da vida coreana � um monitor � ou, de prefer�ncia, uma cole��o de monitores � em permanente a��o. Isso vale do taxi, passando pelo �nibus e pelas lojas de roupas �ntimas, aos bons hot�is, onde, me parece, uma TV de 20� daquelas que consideramos normais � t�o inaceit�vel quanto um travesseiro de espuma.

Quando se fala em monitores, em qualquer parte do mundo, o nome Samsung vem imediatamente � cabe�a. Mas imaginem na Cor�ia! Sendo que, l�, tudo � Samsung, de monitores e eletrodom�sticos dos mais variados a autom�veis � hoje fabricados pela Renault, mas sempre conservando a marca que � sin�nimo do pa�s.

A Samsung � uma presen�a t�o constante na vida coreana quanto a Nokia na Finl�ndia. As duas s�o as principais empresas de seus respectivos pa�ses, e motivos de orgulho nacional. Curiosamente, ambas disputam, neste momento, cora��es, mentes e fundos dos pa�ses latino-americanos, cujas operadoras de telefonia celular ter�o de optar, em breve, pelos equipamentos que as conduzir�o � 3G, famosa terceira gera��o de telefonia m�vel que, at� aqui, tem sido mais papo do que realidade.

Outro paralelo curioso � que tanto a Cor�ia quanto a Finl�ndia s�o pa�ses modelo para a apresenta��o de sistemas desta nova etapa; mas enquanto na Finl�ndia defende-se o GSM, utilizado principalmente nos pa�ses europeus, na Cor�ia prega-se a cartilha do CDMA, campe�o na �sia e nos EUA. Os dois lados t�m vantagens, e ambos levam, essencialmente, ao mesmo lugar � um ponto qualquer do futuro em que estaremos todos nos conectando � internet, em banda larga, atrav�s dos nossos celulares.

Se depender da Samsung, por�m, eles ser�o bem mais do que simples telefones. Park Sang Jin, vice-presidente da empresa e seu diretor geral de marketing, lembra que, hoje, o relacionamento entre o usu�rio e o celular � extremamente pessoal, e vai bem al�m do gesto utilit�rio de se pegar o aparelho para falar com algu�m. Seu papel n�o � inteiramente diferente daquele dos rel�gios, que h� muito deixaram de ser reles marcadores de horas.

� Quando a gente acorda, toma banho, se veste, bota o rel�gio no pulso e pega o celular, � diz Park Sang Jin. � Este � um aparelho que vai nos fazer companhia durante o dia inteiro, est� integrado � nossa rotina e faz parte de toda uma imagem que criamos.

Verdade. Os celulares s�o brinquedinhos com que nos divertimos, objetos que gostamos de olhar e de tocar. E isso quando somos adultos! No mundo infantil e adolescente, eles t�m papel ainda mais relevante.

Esta percep��o orienta o design dos Samsungs mais avan�ados que, na Cor�ia, s�o mesmo de dar �gua na boca: h� telefones que tocam MP3, funcionam como PDAs, tiram fotos digitais (e podem envi�-las imediatamente), captam sinais de emissoras de TV e exibem programas em telinhas supreendentemente claras. Perfeitos objetos de desejo, simplesmente irresist�veis.

Mesmo para os mais radicais, que acham que telefone � apenas um instrumento de comunica��o, h� uma margem incr�vel de escolha, de aparelhos t�o leves e pequenos que podem ser carregados no pesco�o, como j�ias eletr�nicas, a outros t�o fininhos que podem ser guardados na carteira sem fazer muito volume.

Mas tamb�m em Seul, como no resto do mundo, � dif�cil manter uma conversa sem cair no assunto do momento. Para a ind�stria de celulares, como um todo, o ataque terrorista aos EUA teve um efeito positivo nos neg�cios. As vendas dispararam depois do papel dram�tico desempenhado pelos aparelhinhos, cuja imagem como elo de liga��o familiar e dispositivo de seguran�a foi consideravelmente refor�ada.

Nem preciso dizer, claro, que este n�o � assunto f�cil de se discutir por aqui: o tema � extremamente delicado, e qualquer palavra mal traduzida pode gerar grande constrangimento. Park Sang Jin confessa, quase consternado, que as vendas de celulares deram, de fato, um grande salto. Mas ele n�o gosta de falar em n�meros e, de qualquer forma, acha o quadro todo ainda muito confuso para que se possa chegar a qualquer conclus�o definitiva.

O Globo, 8.10.01


As fotos que fiz durante a viagem est�o no Photo Island. Se voc�s quiserem dar uma olhada, � s� clicar aqui e entrar com a senha samsung.





N�o percam o Mill�r de hoje.





Enfim, uma grande not�cia!


Ontem, os amigos do Cat e da Laiz comemoraram o casamento deles, realizado na �ltima sexta-feira pela incans�vel ju�za Maria Vit�ria. A unidade de carbono respons�vel por este blog n�o pode, infelizmente, comparecer -- mas isso n�o significa que n�o esteja festejando, do fundo do cora��o.

Acontece que o Cat (Carlos Alberto Teixeira, para os �ntimos) � uma das pessoas de quem mais gosto no mundo. Ele � engra�ado, curioso e surpreendentemente criativo, um dos rar�ssimos originais verdadeiros que jamais encontrei; mas, acima de tudo, � uma criatura cem por cento do bem.

J� a Laiz, que conhe�o h� pouco tempo, tem, obviamente, as duas qualidades essenciais para fazer a felicidade do Cat: � uma do�ura, com um esp�rito de aventura � toda prova.

Olhem para a cara deles: n�o � �bvio que v�o ser super felizes juntos?





Chamando todos os Compaq


Se voc� � o feliz propriet�rio de um notebook Compaq, aten��o: est� em curso um gigantesco recall para substitui��o de 1.400.000 adaptadores AC (aquelas caixinhas pretas com um fio de cada lado, que conectam o computador � corrente el�trica). A iniciativa foi tomada depois do superaquecimento de cinco desses adaptadores; a Compaq, sabiamente, tomou a decis�o certa, e est� cuidando do problema antes que atinja maiores propor��es.

O recall envolve adaptadores para os notebooks Armada M300, 110, M700, E500s, E500, V300, 100s e 3500, e Prosignia 170 e 190. Nem todos eles, por�m, est�o defeituosos. Os que devem ser trocados podem ser identificados pelo n�mero de s�rie e modelo que est� na etiqueta, abaixo do nome Compaq Computer Corporation: PPP003SD, PPP003 e PP2012 (apenas para o Armada 3500). A troca ser� feita, � claro, sem nenhum �nus para os propriet�rios.

Na nota distribu�da ontem � imprensa, a Compaq recomenda aos clientes que suspendam o uso dos adaptadores AC sujeitos ao recall, e que solicitem sua pronta substitui��o. Para maiores informa��es, ligue para a Compaq nos telefones 11 3046-7400 (Grande S�o Paulo) ou 0800-55-6404 (outras localidades), ou consulte o website especialmente criado para o caso.







7.10.01

Sacudindo o esqueleto


Na �ltima quarta-feira, John Perry Barlow, um dos ciber-cidad�os mais ativos do planeta, comemorou 54 anos com uma das suas famosas Barlowfests, desta vez no Granite Room, clube de jazz em pleno Ground Zero, em Nova York. Convencido de que n�o se pode negar a vida aos que (ainda) est�o vivos, e de que os comerciantes da �rea est�o mais do que precisados de uma for�a, ele conseguiu reunir 200 almas roqueiras e destemidas que comemoraram at� altas horas. V�rias coisas curiosas aconteceram, inclusive a presen�a de meia d�zia de bombeiros, loucos para dar um tempo no funesto trabalho que v�m fazendo, sem parar, h� quase um m�s. Foram recebidos como her�is e, garante Barlow, se deram bem.

Mas, diz ele, � imposs�vel esquecer o horror -- at� porque, no Ground Zero e em suas imedia��es, n�o se pode fugir do cheiro:

"Depois de alguns dias de calor e de excava��es intensas nos escombros, aquele cheiro enorme e triste se tornou t�o pungente que, �s vezes, fica dif�cil respirar at� no meu apartamento, na esquina de Grand e Mott, tr�s vezes mais longe do Ground Zero do que o lugar da festa. L�, � tudo. A imprensa n�o consegue transmitir este odor, porisso fala t�o pouco nele, embora -- tirando o luto em Nova York, a histeria no resto do pa�s e uma altera��o de paisagem que, em Manhattan, � como se os Tetons desaparecessem de Jackson Hole -- o cheiro seja a lembran�a mais constante e emocionalmente penetrante do massacre. Eu tamb�m n�o vou conseguir descrev�-lo.

Ele � uma mistura, em partes iguais, do pior com que a qu�mica e a biologia podem atingir o seu nariz. Do lado qu�mico, podem-se detectar os gases que os pl�sticos liberam quando queimam, vapor de merc�rio, poeira de asbestos e, provavelmente, a maior variedade de mol�culas inorg�nicas jamais reunida. E o componente biol�gico �, bem... a bio-massa aquecida e morta h� vinte dias de uns seis mil dos nossos semelhantes".

Ugh.

A �ntegra da carta de John Perry Barlow (em ingl�s) est� aqui.





Quanto pior, melhor


Em poucos ramos da atividade humana o velho axioma "quanto pior melhor" funciona t�o bem quanto no tele-jornalismo. O ser humano � uma esp�cie esquisita que, aparentemente, n�o gosta de boas not�cias; quando o mundo est� relativamente calmo, os telejornais t�m que disputar a audi�ncia ponto a ponto com qualquer filmeco ou novela em cartaz. Em tempos agitados como os que estamos vivendo, por�m, n�o h� not�cia que baste -- e nem a gente quer outra coisa. Desde o ataque aos Estados Unidos, a humanidade (ou, pelo menos, aquela parcela da humanidade que tem televis�o) n�o consegue se afastar das not�cias. Ningu�m ag�enta mais ouvir falar sobre o assunto mas, paradoxalmente, ningu�m consegue mais falar sobre outra coisa.

Para a CNN, que andava mal das pernas e chegou a apelar para o redesenho do seu visual e a contrata��o de uma modelo como �ncora, o 911 foi uma inje��o de �nimo: de repente, o mundo inteiro estava novamente interessado em not�cias, apenas not�cias. Mas, entre as emissoras estrangeiras, a grande vitoriosa na Am�rica Latina est� sendo a BBC que, com correspondentes permanentes espalhados pelo mundo inteiro (s�o 58 sucursais internacionais, com um total de 250 jornalistas), est� dando um show de bola na cobertura. Do dia 11 para c�, a emissora estima que novos 300 mil espectadores latino-americanos passaram a assistir regularmente ao BBC World, seu notici�rio 24 horas, e principal concorrente dos notici�rios da CNN.