15.9.01

Utilíssimos links!


Escreve o C@T, numa Parabólica que eu reproduzo tal e qual:

"É mais ou menos com um cão que corre em círculos querendo morder o próprio rabo. Foi graças à criptografia que os terroristas conseguiram esconder suas trocas de mensagens via email. Deu-se então o terrível atentado. Conseqüentemente, os ativistas que lutam pela liberdade de expressão manifestaram justificado receio de que o governo americano tomará medidas que limitarão ainda mais a privacidade e a liberdade do cidadão comum. Para garantir seu direito de livre expressão sem que as agências de inteligência fiquem metendo o bedelho nos assuntos privados do cidadão, este mesmos ativistas estão oferecendo à comunidade internauta a mais completa lista já divulgada de ferramentas gratuitas de defesa da privacidade, muitas delas de distribuição restrita ou proibida, incluindo encriptadores, telefones seguros, algoritmos e quebradores. Pega quem quiser, gente boa ou gente má.


Já prevendo reação adversa dos organismos de segurança americanos, os organizadores da tal lista informam nela também os espelhos internacionais, ou seja, sites fora dos EUA onde o material listado pode ser obtido. Para quem se interessa, o negócio é pegar logo antes que a sopa acabe.


Obviamente, a rapaziada do /usr/bin/laden também vai downloadear este material rapidinho. Mas... pensando bem, talvez eles tenham outras preocupações neste momento." (Carlos Alberto Teixeira)




Listas & notícias


Sob certos aspectos a internet é imbatível como fonte de informação. Exemplo: a lista de sobreviventes que a prefeitura de Nova York está publicando e atualizando na rede, ou a lista de inquilinos do World Trade Center, empresa por empresa, dando conta do número de empregados, de quantos já apareceram, quais os telefones para contato neste momento, e assim por diante, publicada pelo Wall Street Journal. A televisão não pode fazer isso; os jornais impressos podem, mas sem a agilidade oferecida pela internet. A prefeitura de Nova York, que sabe das coisas, está com um website extremamente funcional, com todas as informações de que alguém possa precisar por lá.

O Journal ter circulado normalmente, aliás, foi um feito de bravura: sua redação ficava exatamente em frente ao WTC e teve que ser evacuada em meio à confusão. A redação está funcionando provisoriamente em Nova Jersey, e os repórteres estão mandando as matérias de casa, mas a edição de quarta foi fechada mesmo da casa do secretário de redação Byron Calame.



Maluquice saudável


A vida nos Estados Unidos começa, definitivamente, a voltar ao normal: já tem gente fazendo estatística do volume de doações para a Cruz Vermelha arrecadado pela Amazon.com. Ufa!





14.9.01
Marrelógico que eu li, né, Joaquim?! Se leio sempre... ;-)



Fita autêntica


Desde hoje cedo estou recebendo e-mails alarmados dizendo que a cena dos palestinos celebrando o atentado, mostrada à exaustão em todos os canais, é uma fita da época da Guerra do Golfo, reaproveitada agora pela CNN. Como todo hoax, este também já deu a volta ao mundo. Eason Jordan, editor-chefe de noticiário da CNN (minha tradução para o cargo de Chief News Executive), diz que a simples sugestão de que a emissora pudesse fazer isso é ridícula, e destituída de qualquer fundamento. O vídeo, diz ele, foi feito na terça-feira, em Jerusalem, por uma equipe da Reuters, e inclui comentários de um dos palestinos elogiando Osama Bin Laden -- que, na época da Guerra do Golfo, é bom lembrar, ainda não estava no mapa. Os jornalistas que filmaram as celebrações, acrescenta Jordan, foram ameaçados pelas autoridades palestinas.
Adendo, em 15.09.01: Acabo de assistir a uma longa matéria da BBC sobre a situação no Oriente Médio. A correspondente pergunta a um dos palestinos o que ele achou do atentado nos EUA, e ele responde: "É uma pena que não tenha matado mais deles". O pior é que, como sabemos, esta não chega a ser uma resposta surpreendente.





Si non è vero...


Essa historinha vem sendo muito repetida nos últimos dias. Não sei se é verdadeira, mas é tão boa que, se não é, tinha que ser ("Se a lenda é melhor do que a realidade, publique-se a lenda!" -- e agora, quem foi que [provavelmente NÃO] disse isso?). Contam que, uma vez, alguém perguntou ao Mahatma Gandhi o que ele achava da civilização ocidental. Respondeu ele: "Seria uma boa idéia..."



Deu no Tutty Vasquez!




O que mais assusta em George Bush é aquela cara de bobo que ele faz para dizer que não tem medo de nada! Um homem assim é capaz de qualquer bobagem por pura idiotice!




Do fundo do coração da web


Com a mesma velocidade com que se mobilizou para transmitir as terríveis notícias da tragédia americana — através de e-mails, mensagens nos fóruns de discussão, home-pages criadas às pressas — a internet se mobiliza, agora, para ajudar no que pode. Há uma corrente do bem como nunca se viu dando voltas ao redor do planeta, da imediata e maravilhosa reação da Amazon.com — que, já no dia 11, redirecionava a sua formidável máquina de vendas para arrecadações para a Cruz Vermelha — à não menos rápida, ainda que questionável, atitude da X10, que substituiu o texto dos irritantes pop-ups que anunciam a sua webcam por toda a rede por uma mensagem de solidariedade às vítimas.

Muitas empresas alteraram as páginas de entrada dos seus websites. A Apple criou um link para a Cruz Vermelha; a IBM se oferece para ajudar no que pode e oferece links e números de telefone para os seus serviços de emergência; a eBay substituiu as tradicionais chamadas de leilões pelo endereço de dois fundos de auxílio às vítimas e seus familiares, e um link para doações instantâneas. Como a Amazon.com, a eBay tem um gigantesco know-how para processar transações eletrônicas, e está pondo esta habilidade à disposição de quem quer contribuir.

As empresas de mídia criaram, como seria de esperar, centenas de páginas com informações, orientação e links, seja para quem quer contribuir, seja para quem precisa de ajuda. As sediadas em Nova York, como a Tribune Co. e o New York Times, criaram os seus próprios fundos para arrecadar doações dos leitores, e pelo menos uma, a Cahners, já tem um fundo de ajuda às famílias de dois de seus funcionários que morreram no atentado.

Os exemplos são, literalmente, incontáveis. O MyPoints, portal de compras que dá pontos aos usuários (e que, recentemente, foi comprado pela United Airlines) criou um mecanismo para doação de pontos para a Cruz Vermelha; o Lycos, ferramenta de busca, lançou uma campanha especial e aponta links para todas instituições, centros de informação e demais pontos relevantes da rede.

Quanto aos internautas, eles têm correspondido à altura. Só no site da Amazon já haviam sido recolhidos, até a noite de ontem, mais de US$ 3,5 milhões de dólares, doados por mais de 100 mil pessoas do mundo inteiro.

O Globo, 14.09.2001

Adendo, às 16h20: Já são US$ 4.791.771, doados por 130.385 pessoas.




Giuliani, o herói


A sempre excelente Dorritt Harazim, no no.com.br:

"Giuliani se faz visível o tempo todo, onde necessário e sem demagogia. Concede quatro ou cinco entrevistas coletivas por dia, todas pertinentes, informativas e em locais diversos da tragédia. Tem pleno conhecimento de tudo o que está acontecendo sob seu comando. Sua fala tem sido direta, clara e honesta. Transmite calma, mesmo quando o que tem para comunicar é horrendo. Acerta no tom, na forma, no conteúdo. Tornou-se, ao longo desses três primeiros dias de choque, a voz na qual os novaiorquinos passaram a confiar."

É isso mesmo. Eu também tenho observado Giuliani com a maior admiração ao longo desses dias. Ele é tudo o que George Bush não é: inteligente, confiável, um verdadeiro estadista. Tinha tudo para terminar o governo de forma patética, transformado em objeto de ridículo por causa das suas confusões amorosas, e em vez disso vai entrar para a História consagrado, como homem público de estatura moral inquestionável.

Quem me chamou a atenção para o artigo da Dorritt foi, justamente, um daqueles jornalistas de nascença de que eu falava ontem: o Cris Dias, outro dos maravilhosos blogueiros brazucas em Nova York.



Uma boa - aliás, ótima! - idéia


Steve Kirsch, o camarada que criou o Infoseek (na foto, com seu carro de estimação), propõe, no seu website, que os aviões se tornem tão pouco atraentes para seqüestradores quanto os bancos se tornaram para os assaltantes de bancos desde que foram instalados nos caixas botões de emergência que trancam as portas do cofre e da agência e ligam um alarme na polícia. No caso dos aviões, tais botões, conectados aos sistemas GPS, "trancariam" as aeronaves assim que fossem acionados, estabelecendo uma rota de vôo imutável até o aeroporto mais próximo. Elas só se "destrancariam" durante o procedimento de pouso. Na minha cabeça, isso faz muito mais sentido do que todas as propostas malucas que estão rolando por aí: agentes em cada vôo, revistas radicais, proibição de se transportar bagagem de mão... Está na cara que nada disso vai funcionar.

Aliás, nos últimos dias tenho pensado demais naquela cena clássica de "Apertem os cintos, o piloto sumiu!", em que o pessoal da segurança deixa terroristas armados até os dentes embarcarem numa boa, mas se atira em cima duma velhinha inofensiva. E dizer que parecia piada.

Enquanto isso, na Inglaterra, estão tirando o Flight Simulator das lojas. Não se sabe ainda o que vai acontecer com o sofá da sala.



Desculpas, sim... ma non troppo


Com uma oferta de software grátis em troca de apenas um link para a Cruz Vermelha, Nicholas Longo, CEO da Coffee Cup Software, mandou, ontem, uma nova mensagem aos usuários dos seus produtos. Foi ele quem, há dois dias, escreveu isso:

We would like to also say on record that if any country is found responsible for these attacks, we call for that country's complete destruction and annihilation.

Eu achei que só eu tinha ficado indignada mas, pelo visto, colou mal mesmo.
Eis a nova mensagem:

In my last e-mail I was angry. Now I am angry and saddened.
My thoughts were emotional, not political or commercial.
I will stand by my conviction that those responsible should not walk with us on this planet. I will though take back the word 'annihilate', this was anger speaking from someone that has now cried for the victims of this attack.
This may surprise some people...... I am only human.


[OOHHH... Mas taí, humano? Eu me confesso surpresa, sim.]

Just as President Bush almost cried on CNN today, that does not make him less of a President. I as a CEO have the right to be angry, and to vent my emotion. This does not make me any less of a CEO or human. It makes me more of one.

Nick-



Não senti lá muita firmeza, mas antes assim.
Outra coisa: ser CEO tá com essa bola toda, tá?
É tão mais importante assim do que ser simplesmente um human?
Caramba.
I'm impressed.





E o Gary Condit, hein?




A imprensa inglesa está, como sempre, dando um show. Da cobertura nota dez da BBC aos artigos de opinião do Guardian e do Daily Telegraph, a gente vê que o pessoal está fazendo uma coisa rara nesses dias confusos: pensando.

Outra européia que está se saindo muito bem é a RAI, italiana. Os comentaristas e especialistas convidados têm sido invariavelmente bem escolhidos, falam direito e com bom conhecimento de causa -- não se esqueçam que os italianos conviveram anos a fio com as Brigadas Vermelhas, e têm, conseqüentemente, um bom know-how de combate ao terrorismo.






Depois de postar a nota logo abaixo desta, me lembrei que, há tempos, eu já havia escrito um texto sobre ser jornalista, na onda de outra grande comoção mundial (guardadas, é lógico, as devidas proporções): a morte da princesa Diana. Na época, fiquei indignada com a condenação geral aos papparazzi, rapazes trabalhadores que, como diz a Bia (minha filha; também jornalista), podiam estar matando, podiam estar roubando mas, em vez disso, estavam lá tentando fazer umas fotos, à mercê de um playboy irresponsável e seu motorista bêbado. Este texto, que fez quatro anos ontem, está reproduzido aqui.





13.9.01

Notícia à flor da pele


A Lia, que faz um blog muito bom, está contente com a reação da imprensa ao papel desempenhado pelos blogs durante os últimos acontecimentos. Como blogueira (inda que principiante) também estou -- foi, sim, dado um bom destaque aos blogs, e não só no Globo, onde trabalho, porque aí seria fácil, né? mas também nos grandes portais. O fato é que estamos vivendo uma época única, de mudança de paradigma, em que a notícia deixa de ser mercadoria exclusiva dos veículos "oficiais", e passa a ser o que sempre foi, desde tempos imemoriais -- a manifestação das vozes (por vezes dissonantes) de bípedes que querem transmitir as suas emoções e experiências aos outros bípedes, seus semelhantes. Algo que deixa de ser exclusivamente fechado (como, p.e., em All News That's Fit To Print. Quanta arrogância! Quem sabe o que é fit?!) e passa também a circular livremente, de boca em boca, de blog em blog.

(Quer dizer que os blogs vão substituir os jornais? Os noticiários de rádio e TV? Não, é claro que não vão. Mas, com a internet, pela primeira vez, desde que a humanidade deixou para trás as pequenas cidades em que todo mundo se conhecia, o cidadão comum --pelo menos, o que já tem acesso à rede -- pode se fazer ouvir onde quer que seja. Assim como o rádio não acabou com os jornais, nem a TV acabou com o rádio e os jornais, a internet também não vai acabar com ninguém; vai apenas se juntar ao fluxo de informações já existente, não apenas contribuindo para engrossar o caldo mas, principalmente, para mudar a receita.)

Me desculpe a garotada que freqüenta as faculdades de comunicação, mas eu -- que nunca me formei em coisa alguma, e sempre fui contra a obrigatoriedade do diploma de comunicação para exercício da profissão -- acho que jornalista a gente é de nascença, ou não é. O que se vai acrescentar a isso depois é o domínio das técnicas do ofício -- mas isso, sinceramente, é o de menos.

A Deb, do alto dos seus 19 anos, provou ser muito mais jornalista do que muito colega de diploma e carteirinha. Também, por exemplo, aquelas meninas mostradas pelo Jornal Nacional, que estavam quietas em Nova York e saíram correndo com suas câmeras para o WTC assim que souberam dos atentados -- elas são essencialmente "jornalistas" e, ainda que tenham prometido às mães que vão se cuidar mais, não vão não, não tem jeito. Quando um jornalista sabe que há alguma confusão rolando perto de onde ele está, sai correndo para lá. Está no sangue.

Desnecessário dizer o quanto me orgulho de pertencer a este grupo estranho.








(thnxs!)





Lá, na hora


A HP do Blogger dá destaque ao The Fine Line, um blog radical maravilhoso, onde ainda tenho que passar mais tempo mas onde já descobri esta declaração fundamental:

It is the difference between intellectual resource and material resource which requires a rethinking of the economics of ideas. Ideas belong to a culture; they are not owned by an individual or corporation. Ideas increase in value with their abundance, not their scarcity. Ideas should be freely available as seeds for more ideas, and not bound and haggled over by lawyers and politicians.

Prometo tradução para breve -- eu sei, eu sei, já estou devendo a do Barlow também, não me esqueci não.

Bom. Mas não é porisso que o Blogger chama a atenção pro TFL, mas sim pelo depoimento do Bob, blogueiro/webmaster que foi testemunha não só ocular, como fotográfica e textual da História. É um documento impressionante, que devia ser leitura obrigatória para quem ainda não descobriu a que vieram os blogs.

Em tempo: o TFL é meio que irmãozinho visual deste InternETC., mas muuuito mais bem transado, sobretudo como combinação de cores... Sei não, mas acho que assim que eu arranjar um tempinho, e depois que as traduções que prometi a vocês estiverem feitas, este blog vai trocar de roupa.




12.9.01

Finalmente, um aspecto positivo!


Um efeito colateral inesperado deste horror todo: os filmes e séries de TV sobre atos terroristas, atentados e violência indiscriminada em geral que Hollywood nos despeja regularmente goela abaixo estão em banho-maria. Pelo menos duas mega-produções com lançamento já marcado foram temporariamente arquivadas: "Colateral Damage", do Schwarzenegger, que chegaria aos cinemas no dia 5 de outubro -- em que o prato principal é a explosão de um edifício em Los Angeles -- e "Big Trouble", de Tim Allen, em que um terrorista ameaça os passageiros de um avião com uma bomba. Meno male! Quem sabe agora os estúdios usam mais a imaginação e os sentimentos, e menos os efeitos especiais e a pancadaria.







Não é à toa que a gente gosta da Amazon.com...


A Amazon.com pôs o seu famoso clique -- responsável por algumas das compras de livros mais impensadas e impetuosas na vida de todos nós -- a serviço da Cruz Vermelha. Muito bacana! Clique aqui e você será levado direto para uma página onde poderá ver quanto já foi arrecadado e com quanto quer entrar pro mutirão. O default é US$ 10, mas você pode dar quanto quiser, de um dólar ao que permitirem as suas finanças. Pode ser pago no cartão de crédito (qualquer cartão) e, ao fim da operação, você sai aqui, na página da Cruz Vermelha. Acho importante lembrar que, ao contribuir para a Cruz Vermelha, a gente não está contribuindo só para ajudar as vítimas da tragédia americana, mas sim para ajudar o trabalho da organização no mundo todo. Quando estive lá, 28.967 pessoas já haviam doado US$ 773.762,50.

Adendo às 18h38: Reparem na eficiência desta idéia -- agora já são US$ 1.123.39,53, doados por 39.318 pessoas. Uma coisa que sempre desafia a minha compreensão nesse tipo de contabilidade são os centavos. Entendo que alguém que não seja americano nem more lá queira fazer uma doação de Z patacas ou Y cruzados, e que a conversão para dólar dê US$ X,YW. Mas por que esse povo não arredonda as contas?!

Outro adendo, às 21h21: O Marcos Sá Correa também escreveu sobre este belo gesto no no.com.




Roubei isso do Millôr.




Fiz esta foto num fim de tarde, em março deste ano, quando estive pela última vez no Windows on the World, o restaurante do 107 andar do World Trade Center. Ele tinha, mesmo, uma das vistas mais bonitas do mundo. Aos poucos começam a ser atualizados os sites da web que apontam para lá, e por toda a parte repetem-se as fotos terríveis do dia de ontem. Aqui, porém, ainda está sendo possível fazer um tour em realidade virtual pelas duas torres.





Bom, o Pedro Doria, do no.com, acertou na mosca, para variar... E, enquanto isso, em circular para os amigos intitulada "Remember the Reichstag", John Perry Barlow dá o alerta: a tragédia de ontem pode ser tudo o que os extremistas americanos precisavam para cercear de vez a já assaz cerceada liberdade de um país que, cada vez mais, ignora o verdadeiro significado da palavra liberdade.

"Não deixem que os terroristas ou (seus aliados naturais) fascistas triunfem, -- escreve ele. -- "Lembrem-se de que uma das metas do terrorismo é paralisar, de forma cada vez mais totalitária, o governo que ataca. Não vamos lhes dar essa satisfação. Nada temam. Vivam em liberdade".

Grande Barlow! O texto está em inglês. Eu sei, eu devia traduzir para vocês, mas já é tarde paca (vejam a hora da postagem!) e eu estou bem cansada, acreditem. Se sobrar um tempinho, faço a tradução logo mais, OK?




Ao povo, unido, jamais faltará informação



A internet enfrentou o seu primeiro grande teste em 31 de agosto de 1997, quando a princesa Diana morreu. Na ocasião, os grandes portais de notícias deram um show, ganhando disparado dos jornais, da televisão e mesmo do rádio na velocidade da transmissão de notícias.

O segundo grande teste da internet aconteceu ontem. Para quem acompanhou os dois fatos pela web, o contraste foi impressionante. Os mega-portais entraram em colapso, até porque ainda é técnica e humanamente impossível atender à demanda de uma rede que, dos menos de 20 milhões de usuários globais daquele 1997, passou para os mais de 400 milhões deste 2001 — todos, naturalmente, querendo saber das mesmas coisas ao mesmo tempo. Resultado: as notícias “oficiais”, digamos assim, só voltaram a fluir com certa normalidade passadas cerca de quatro horas dos atentados.

Mas a gigantesca, imensa internet — aquela, a verdadeira, composta de milhões de vozes espalhadas ao redor do mundo — deu uma das mais surpreendentes provas de vitalidade jamais vistas. As notícias que estavam indisponíveis nos portais voavam nas mensagens e listas que habitualmente desaguam nas mailboxes dos usuários; os blogs serviam simultaneamente à informação dos leitores e à manifestação de perplexidade dos autores; e a melhor e mais ágil cobertura de todas foi ao ar, previsivelmente para quem “mora” na rede, no slashdot.org, clássico boletim de geeks e nerds — no fundo, um grande blog coletivo — e um dos poucos websites preparados para enfrentar a inquietação universal do dia. Estranhamente, o Google, ferramenta favorita de busca na internet, que devia conhecer melhor a sua gente, preferiu ignorar o real poder da rede, recomendando aos que lá chegavam que buscassem notícias no rádio e na TV. Perdeu muitos pontos entre os internautas com esta atitude impensada.

A velocidade e competência com que se organizaram os blogs, porém, compensou o faux pas do Google. Listas de links para fotos, vídeos e notícias individuais brotaram feito cogumelos em dia de chuva, numa fabulosa rede de pasmo e solidariedade.

O GLOBO, 12.09.2001



"Ninguém escapa ao terror, -- escreveu o Millôr ontem, num artigo publicado à tarde na edição extra do JB, e na edição normal de hoje (houve edição de jornal normal, hoje, no mundo?) -- [Terror] que só tende a aumentar e se ampliar todos os dias, se ainda houver cotidianos."








11.9.01

Concordo com o que postou o Danilo esta tarde, às 2h50:


Todos os portais de notícias estão congestionados...
A cobertura que a Deb está fazendo em seu blog diretamente de Nova York está melhor que qualquer portal de notícias, são relatos reais de quem está vivendo de perto esta loucura...



Mas não foi só a Deb, embora ela tenha feito mesmo um trabalho sensacional. A ampla e variada cobertura dada pelos blogs mundiais aos atentados nos EUA deu de dez a zero na cobertura dos mega-portais de notícias, e demonstrou, de forma inequívoca, que a grande força da rede está nos seus usuários. É uma pena que justamente o Google não tenha percebido isso.




Há um link para este poema do Yehuda Amichai logo ali embaixo, mas o dia hoje não está facilitando o ir-e-vir entre links. A tradução é do Millôr.

Eu, que eu possa descansar em paz


Eu, que eu possa descansar em paz
Eu, que ainda estou vivo, digo;
Que eu possa ter paz no que tenho de vida.
Eu quero paz agora mesmo, enquanto ainda estou vivo.
Não quero esperar como aquele piedoso que almejava
Uma perna do trono de ouro do Paraíso. Quero uma cadeira
De quatro pernas, aqui mesmo, uma cadeira simples de madeira.
Quero o resto de minha paz agora.
Vivi minha vida em guerras de toda espécie: batalhas dentro e fora,
Combate cara a cara, a cara sempre a minha mesmo,
Minha cara de amante, minha cara de inimigo
Guerras com velhas armas paus e pedras, machado enferrujado, palavras,
Rasgão de faca cega, amor e ódio,
E guerra com armas de último forno metralha, míssil,
palavras, minas terrestres explodindo, amor e ódio.
Não quero cumprir a profecia de meus pais
De que vida é guerra
Eu quero paz com todo meu corpo e em toda minha alma.
Descansem-me em paz.





Palavras, palavras, palavras


Não li tudo o que foi escrito sobre o dia de hoje; ninguém jamais conseguirá ler os milhões de artigos, pensatas, posts e reportagens em que um mundo perplexo tenta entender-se a si mesmo (sem muito sucesso, diga-se de passagem). Mas do que li -- e só tenho lido sobre isso desde que acordei -- nada se compara ao comovente depoimento do Jon Katz, no /. No mesmo Slashdot, por sinal, está rolando a melhor cobertura online dos atentados, até porque, em toda a rede, pouca gente têm o know-how deles para manter os assuntos atualizados -- e, principalmente, os servidores funcionando.



A X10, aquela webcam que vem, há meses, infernizando a vida de todo mundo na rede com seus pop-ups onipresentes, avisa que suspendeu o "serviço" em solidariedade às vítimas dos atentados. Não sei o que é pior; se é fazer pop up descaradamente comercial, ou hipocritamente humanitário.



DISSE TUDO


Nemo Nox: "Manhã de poucas palavras. Mudou a paisagem física, mudou a paisagem política, mudou a paisagem humana."







A internet começa a voltar ao normal, se é que qualquer coisa pode voltar a ser normal a essa altura do campeonato. O /. está fazendo uma cobertura de gente grande.



14h23m: O Wall Street Journal acordou, e mudou a manchete (Terrorist Attacks Hit U.S. Cities). Digamos que essa ficha demorou a cair.




Assustador é pouco


Olhem o tipo de mensagem que já está circulando:

"Hello everyone,

This is Nicholas Longo, the CEO of CoffeeCup Software.
As you may have heard the World Trade Center and Pentagon
were attacked about 45 minutes ago.

The Team at CoffeeCup would like to send our heart felt
sorrow to those that perished in these attacks.

We would like to also say on record that if any country
is found responsible for these attacks, we call for that
country's complete destruction and annihilation.


Do not let terrorism which is designed to create fear
and stop production, halt your life or work.
Stay focused and do not stop what you are doing.

-May God bless us all and the decisions we must make.

Nick-"

E isso vem de gente pacífica, que faz software para a web...! Imaginem agora aqueles fanáticos do interior americano, beligerantes e arrogantes ao extremo, armados até os dentes contra os próprios vizinhos, ignorantes de qualquer coisa que não sejam os versículos da Bíblia e o número de cartuchos comportados pelos diversos tipos de automática.





O começo do fim do mundo?


Quem ainda não ligou a televisão, ligue já, de preferência na CNN, na Globonews ou (minha favorita) BBC.


Mas esqueçam a internet, intransitável.

O mundo inteiro está querendo maiores informações sobre os atentados terroristas nos Estados Unidos; a imprensa toda está, é claro, fazendo o que pode. E TODOS estão conectados simultaneamente.

Quem estiver interessado no processo que o governo americano move contra a Morgan Stanley, porém, pode tentar conexão com o Wall Street Journal, que ainda agora, 12h52 horário de Brasília, dá este empolgante caso como primeira manchete, abrindo apenas a segunda manchete, em prova cabal de que tudo na vida é relativo, para a notícia de maior impacto do milênio.

Não sei o que é mais assustador, se as imagens de Nova York, ou o presidente Bush vindo à televisão para dizer que esta é uma grande tragédia, pedir um minuto de silêncio, ficar calado menos de 30 segundos e ir embora. Pensem: o maior arsenal do mundo está nas mãos DESTE homem -- que, ainda por cima, agora tem motivos de sobra para usá-lo.





Gatos!!!




Este gato lindo veio do bigcatheads, site de um camarada ótimo de traço chamado Bruce Andrew Mckay. Se você gosta de gatos vá até lá, ele merece a visita. Se não gosta vá também. Repito: ele merece a visita. Esta ótima dica eu contrei aqui.



Cuidando do que é deles


A revista Forbes é, quem diria, uma excelente leitura online. A edição, feita por gente do ramo, vai além da simples reprodução do material impresso, e tem sempre novidades pro povo conectado. Agora mesmo está no ar uma sensacional ferramenta para ajudar as empresas que estão pensando em fazer upgrade dos seus sistemas Windows para o ainda-nem-chegado-XP a calcular o prejuízo. Muito bem bolado!




Where do you want to go today?


Vocês se lembram? Essa pergunta foi feita urbi et orbi pela Micro$oft, quando do lançamento do Windows 95, em pleno surto esquizofrênico de agência de viagens. Mas há uma trip muito mais interessante aqui.

Esta página faz parte do site de Milo Vermeulen, um holandês de 22 anos que vive em Wateringen, e que descobriu um verdadeiro blog de Colombo: quanto mais gente apontar para a página, maior ela se tornará, e mais interessante. É um achado, mas não supreende. Quem se der ao trabalho de olhar o resto do site do garoto vai ver que ele é muito bom de bola.




Rede de (in)segurança


Uma dica especial para angloparlantes paranóicos com os crescentes perigos da vida digital: há uma excelente página no sítio do CERT sobre segurança em redes domésticas. Preparem-se para uma leitura alentada -- a página parte do beabá ("o que é segurança de computadores?") e desce a minúcias muito bem explicadas sobre os ataques de vírus mais recentes. Um detalhe curioso: a moral da história, se bem entendi, é Faça backup!

Quer dizer: tanta tecnologia pra lá e pra cá e acabamos caindo sempre na mesma coisa... ?!

Em tempo: o CERT é um dos mais respeitados centros de estudos e troca de informações sobre segurança de redes.





10.9.01

Um dos meus poetas favoritos se chama Yehuda Amichai. O Millôr já traduziu vários poemas dele; dois, emocionantes, estão aqui.




Cruzes!




Vocês têm que concordar comigo: nunca houve um ilustrador de informática como o Cruz! O rapaz, que ilustra a coluna do grande C@T, entendeu tão bem o espírito da coisa que, quando sai de férias, os leitores reclamam. Aliás, quando volta das férias, eles reclamam também: há sempre alguns que não conseguem perceber a profundidade da representação iconográfica dos conceitos abstratos em tecnologia da informação que ele tenta transmitir, e escrevem cartas pra redação reclamando do que não lhes parece, propriamente, um modelo de ilustração para jornal familiar. Felizmente o número de mentes iluminadas que consegue captar a sua real mensagem é bem maior, como comprova este recém-criado fã-clube. É preciso fazer inscrição, mas os desenhos, conforme se pode ver pela amostra, valem o esforço.

(Agora, sinceramente, acho que o Cruz deve ser um caso único na imprensa mundial. Eu, pelo menos, não conheço outro desenhista que consiga criar polêmica ilustrando matérias sobre algorritmos e formatos de arquivos, e fico muito contente e orgulhosa em tê-lo nas páginas do caderninho.)






Quem descobriu a coincidência acima foi, naturalmente, a ubíqüa Jackie Miller (quem mais?); não é incrível?! Por um minuto, o Nemo Nox, que faz o Por um Punhado de Pixels, que eu adoro, continua com o título de gatilho mais rápido da web...

(As duas notas da imagem foram capturadas, respectivamente, lá no PPP e aqui no InternETC.)




Privacidade pública



Um dos maiores problemas de se estar na praça há tanto tempo quanto eu estou é a tendência insopitável de se usar palavras como insopitável, e se começar colunas com a fatídica palavra “Antigamente...”. Embora não nos faltem dicionários neste momento, nada é insopitável; e quem quer ler sobre os antigamentes da vida vai direto aos livros de história. Num caderno de informática, o que importa é, sobretudo, o futuro — embora eu, sinceramente, esteja achando esta palavra, futuro , muito mais desgastada e oca do que o bom e velho antigamente.

Isso tudo por quê? Porque, quanto mais eu ouço falar em privacidade, mais me lembro dos militares. Antigamente , cada vez que um general vinha a público afirmar: “As Forças Armadas estão coesas”, a gente já sabia — estava quebrando um tremendo pau lá entre eles. Pois quanto mais se fala em privacidade, hoje, menos privacidade se tem. Na boca da Micro$oft, então, esta palavra é um perigo. A gente sabe bem o tipo de privacidade que eles têm em mente.

Mas é injusto dar exclusivo destaque à M$ neste nosso orwelliano mundo de câmeras, vigilância de sites e de mailboxes, gators e cookies. Eu já joguei a toalha da minha privacidade há tempos. Estou conformada com o fato de que não há nada que alguém queira saber a meu respeito que não possa saber, desde que consulte as fontes certas, clique nos sites pertinentes e — vá lá — pague as devidas propinas a um despachante safo.

Não sendo nem do Pará nem de Ribeirão Preto, não tenho a pretensão de achar que há forças ocultas de fato interessadas na minha rotineira pessoa — mas também não sou ingênua a ponto de não saber que existem gigantescas forças comerciais interessadíssimas nos meus hábitos de consumo, dispostas a me virar de cabeça para baixo e sacudir bastante, para pegar as últimas moedinhas que me caírem dos bolsos. A questão toda é que, para elas, eu não sou Cora Rónai; sou apenas um número dentro de um quadro genérico, e o meu lado número, digamos assim, já não está nem aí. Esta luta está perdida há tempos.

Isso, porém, quer dizer apenas que, filosoficamente, já me entendi com o problema; mas não quer dizer que, ainda que considere a batalha perdida, não esteja disposta a lutar, com unhas e dentes, contra qualquer tentativa de invasão de privacidade.

É assim: eles forçam de lá, a gente se defende de cá. Adianta? Possivelmente não, mas ainda que eu consiga, enquanto número , me desligar o suficiente da questão, não é do meu feitio, a nível de pessoa , sofrer em silêncio.

O problema é que a sociedade, como um todo, acordou tarde demais para a questão — se é que acordou. Em nome de um suposto “serviço” ou de uma suposta “segurança”, tudo é considerado... normal. Os cookies, que nos seguem pela internet afora, são, afinal, tão práticos e inocentes, não são? E o que tem demais a identificação individual dos chips da Intel? Câmeras de vigilância nas portas dos condomínios? Perfeito. Nos corredores dos hotéis? Claro. Nos elevadores? Lógico. Nas ruas? Por que não?

E ainda não ouvimos da missa a metade. Tenho visto em laboratórios de alta tecnologia modelos extremamente eficientes de “casas inteligentes”, “carros inteligentes”, “objetos inteligentes”. De um lado fico fascinada com o desenvolvimento da tecnologia; de outro, chocada com o ponto a que chegamos.

Num desses laboratórios, se fazia a demonstração de um sistema GPS (Global Positioning System) casado a celulares e cartões... hm, “inteligentes”, claro, como todo o resto. Com um celular ou um cartão desses, é possível ao mundo supostamente inerte à volta interagir com o cidadão. A parada do ônibus lhe mostrará num mapa onde está a sua condução, a loja da esquina o avisará de que chegou a roupa que ele queria, o videoclube pedirá de volta a fita cujo aluguel vence logo mais. Tudo muito eficiente e muito prático, mas... Pois é, aí deixo vocês, com essa conjunção adversativa.

O Globo, 10.09.2001





9.9.01

Você pensa, ele pergunta


Como hoje é domingo e ninguém está fazendo nada de importante mesmo, aí vai uma dica do Fernando Lincoln, feita sob medida pra quem gosta de brincar na (e com a) rede:
"Não sei se você já conhece, mas o Sistema Especialista 20Q (Twenty Questions) é uma experiência interessante. Você pensa em qualquer coisa (material ou não - vale tudo) e ele, através de 20 perguntas, tenta adivinhar em quê você pensou. O sistema existe há 8 anos e mais de 200 mil pessoas já passaram por lá, tornando a ferramenta tremendamente poderosa, uma vez que ela "aprende" com seus erros. Que, por sinal, estão cada vez mais escassos. Quando ele não acerta nas vinte primeiras perguntas, pede uma chance de mais dez e aí quase sempre mata a charada. Interessante é que, após determinado número de perguntas, ele vai revelando suas "suspeitas", que no início são dezenas (e às vezes nem incluem a palavra que pensamos) e depois vai afunilando (e acaba incluindo nossa palavra...). Ao entrar na página, clique em Play 20Q e, na página seguinte, escolha o botão Anonymous Login."
Valeu, Fernando!




Your Face Is Not a Bar Code



MP3 para viagem


Se alguém ainda duvida do sucesso do MP3 (com exceção da RIAA, naturalmente, que prefere não enxergar o óbvio) uma dica: acaba de chegar ao mercado americano o primeiro carro a tirar partido do poder da sigla. É o Mazda MP3, na verdade um carro como outro qualquer que, de diferente, tem o fato de trazer como equipamento de fábrica um player MP3 da Kenwood. Disponível por enquanto em azul real, o MP3 vai ter, em breve, uma versão em amarelo (!); ele custa US$ 18.500, e é uma série limitada, da qual serão feitas apenas 1500 unidades. Agora só falta mesmo um Passat DOC ou um Honda JPG. Taí, uma boa pergunta: quais seriam as extensões de arquivo ideais para cada carro? Camburão PDF? Mercedes XLS? Respondam, please, vamos fazer uma lista legal juntos...

Ah, sim, se alguém tiver dúvidas em relação a alguma extensão, é só procurar aqui.



kick a broken head





O Rio de Janeiro continua lindo...








Só pra começar bem o dia, OK? A foto é do super craque Nilo Lima, que eu já conhecia de CD-ROM, mas cujo site descobri a partir duma dica da Marina.