22.3.09

Conversa com a Lilian

Há algumas semanas, a Lilian Marçal escreveu um comentário que me deixou intrigada. Num dos meus posts sobre filmes indianos, fez uma referência qualquer à língua original que me chamou a atenção, depois me esqueci de perguntar e o tempo passou.

No outro dia, prontificou-se a ficar com o DVD paquistanês sem legendas que recebi, e aí, finalmente, me lembrei de perguntar se ela falava essas línguas todas, e como tinha aprendido.

Adorei a resposta, porque acho que com cada nova língua se abre um mundo completamente novo, e eu admiro demais quem tem tantos mundos:
"Tudo começou com uma paixão pela vasta literatura do Subcontinente Indiano e Ásia Central: Tagore, Rumi, Mirza Ghalib, Ahmed Faiz, Hafez, Saadi, etc... Lia o que podia em inglês, mas queria mesmo era entender os originais.

Eu aprendi urdu aqui no Brasil -- embora já tenha visitado o Paquistão -- estudando muito por meio de livros, dicionários e internet. Também contei com a ajuda de uma amiga paquistanesa e de um ex-namorado paquistanês, agora morando em Londres. Ajudou o fato de já conhecer o alfabeto árabe, que é o mesmo do urdu.

Consigo entender o hindi falado, pois é basicamente a mesma coisa. As diferenças gramaticais são míninas. Os alfabetos porém diferem, há também variações linguísticas devido às diferenças culturais e religiosas.

Com a mesma curiosidade e interesse, aprendi um pouco de persa e pashto (mas não sou fluente nessas línguas, ainda). Estudei árabe e inglês, sou formada em letras / tradução. Daí a paixão por línguas.

Ah, esqueci de mencionar o maravilhoso Omar Khayyam e seu Rubaiyat -- obra que me impulsionou a estudar todas aquelas línguas quase que de uma só vez. As versões em urdu e hindi (traduzidas do original em persa), dizia o tal namorado, também amante da literatura, eram muito, muito melhores que a versão em inglês do Fitzgerald."

Nossa. Foi tanta informação que preciso pensar melhor para decodificar tudo. Vamos lá. Lilian, diga se entendi certo ou não:

  • O urdu e o hindi são basicamente a mesma língua, apenas escritos com alfabetos diferentes;

  • Paquistaneses e indianos conseguem entender os filmes feitos num ou noutro país, mas não conseguiriam ler as legendas, é isso? Ou conseguiriam entender se alguém lhes lesse uma notícia de jornal do outro país, mas não saberiam lê-la por si mesmos?

  • O alfabeto árabe é o mesmo do urdu, OK. Agora, as línguas guardam alguma semelhança entre si? Seriam como, digamos, o português e o italiano ou o espanhol, que conseguem se entender com um pouco de boa vontade, ou como o português e o francês?

  • Persa e farsi são a mesma coisa, ou misturei tudo? E o pashto? Essa é do Afeganistão, né? E como essas línguas se relacionam entre si, em termos de compreensão? É sempre o mesmo alfabeto, mudam apenas as línguas? E, como entre o urdu e o hindi, dá para entender uma conhecendo a outra?

  • O bengali é diferente de tudo? Vi uma entrevista do Satyajit Ray em que ele dizia que os seus filmes tinham pouca penetração na Índia, em geral, por serem feitos em bengali, por isso pergunto.

  • Finalmente, o turco, que sei que não pertence ao mesmo ramo: antes da ocidentalização imposta pelo Kemal Ataturk, usava também o alfabeto árabe, ou algo completamente diferente?

    Ufa. Acho que (por enquanto!) é só... :-)
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