5.1.04





Você tem uma digital. E agora?


As câmeras fotográficas digitais foram o presente mais cobiçado deste Natal. Se você teve prestígio suficiente com Papai Noel para ganhar uma delas, prepare-se: você está prestes a embarcar numa grande aventura. E, por estranha que possa lhe parecer a máquina sem filme, dentro de algum tempo você estará se perguntando como alguém ainda consegue usar câmeras que não mostram imediatamente o resultado do clique, não permitem que se apaguem as fotos mal sucedidas e precisam de rolinhos tão caros para registrar imagens.

Mas o melhor de tudo é a versatilidade das fotos digitais. Você pode gravá-las em CDs, mostrá-las na televisão para a família, enviá-las por email, postá-las na internet para que os amigos tenham acesso aos seus álbuns virtuais e, até, fazer cópias em papel iguaizinhas às das fotos que nasceram em negativo. Com um detalhe: tudo isso tanto pode ser feito em casa, por você mesmo, quanto nas lojas especializadas que começam a aparecer, como a pioneira Data Pixcell, onde há soluções para todo e qualquer problema digital. Para não falar nas boas e tradicionais casas do ramo, como a De Plá ou a All Photo, por exemplo, que, cada vez mais, se aparelham para atender aos artistas dos pixeis.

A Grande Aventura Digital, porém, apenas começa na câmera. É no computador que ela pode, realmente, alçar vôo. Há, basicamente, duas formas de se transferir as fotos: através de um cabinho que vem com a câmera (e que todo mundo vive perdendo) e através de pequenos leitores de cartão, que funcionam como drives de disquete e se conectam ao PC via USB. A minha opção favorita é o leitor de múltiplos formatos. Como uso diferentes câmeras e, conseqüentemente, diferentes tipos de cartão, o leitor quebra um grande galho ao estar sempre à mão, e permanentemente conectado.

Essa opção não funciona, é claro, com câmeras que usam memória interna para armazenar imagens. Nesse caso, todo o cuidado com o cabinho é pouco; ainda assim, se você perdê-lo ou se esquecer de levá-lo em viagem, vá com a câmera a uma boa loja de fotografia onde, provavelmente, poderão resolver o seu problema, passando as fotos para um CD.

Câmera e computador: dupla imbatível na caça às boas imagens

As impressoras fotográficas, espécie cada vez mais popular, conectam-se diretamente às máquinas e/ou vêm com slots para leitura de cartões. A impressão direta é uma boa solução para quem tem pressa ou não quer saber de computador, mas boa parte da diversão se perde com ela. A dobradinha câmera digital/computador não tem rival na obtenção de boas fotos.

As câmeras e impressoras de boas marcas vêm com excelentes pacotes de software, que permitem ajustar cores e contraste, melhorar definição e fazer mil e uma gracinhas com as fotos, acrescentando texto, molduras, balões de legenda e assim por diante. Para mim, as campeãs nesse quesito são Canon e Kodak, que desenvolveram programas excelentes para acompanhar suas máquinas. Na área das impressoras, então, a Canon é imbatível, oferecendo infindáveis recursos para quem gosta de brincar com fotos — inclusive aquelas miudinhas, feitas com câmeras de celulares.

Além disso, há, na internet, excelentes programas para tratamento de imagem que podem ser baixados gratuitamente. Não tenha receio de experimentar: uma das grandes vantagens das fotos digitais é que sempre se podem salvar cópias dos originais antes das brincadeiras. Entre os meus programas gratuitos favoritos estão o IrfanView e o XnView. Ambos começaram a vida como simples visualizadores, mas hoje são muito poderosos. O IrfanView é o programinha mais rápido para visualizar, cortar ou converter imagens, embora tenha incontáveis outros recursos; o XnView é um dos melhores catalogadores de imagens que conheço, e um editor sensacional para tarefas simples.

Clique: A diversão está apenas começando...

Hoje há tantos bons programas para edição de imagem que a sua escolha é quase torcida: fale num deles, e logo alguém dirá que há outro melhor. O campeão indiscutível da modalidade continua sendo o Photoshop, usado — por justa causa — por todos os profissionais, mas com preço infelizmente proibitivo para o usuário que apenas quer retocar as fotos dos gatos ou da família. A cerca de US$ 1 mil, é mais caro do que a maioria das câmeras digitais do mercado. Uma excelente e divertidíssima alternativa é o Paint Shop Pro 8, da Jasc, lançado no Brasil em português pela Xpress Soft a cerca R$ 500.

Nem o Photoshop nem o Paint Shop, contudo, resolvem bem a visualização de miniaturas (thumbnails) e a catalogação das fotos. Para isso, além do já citado XnView e dos produtos que vêm com as câmeras, há excelentes alternativas, do clássico ACDSee, que inclui ótimos recursos de tratamento de imagens e custa cerca de R$ 400, em português, ao Picasa, que sai a US$ 29 no website da produtora. O bom é que todos esses programas podem ser baixados da rede para teste gratuito.

Para a maioria dos usuários de longa data de foto digital, a imagem em papel passa a ser quase desnecessária; mas dificilmente a gente consegue escapar dos pedidos de amigos e familiares, que querem cópias “de verdade”. Para mim, a melhor solução é ou mandar as imagens por email ou em CD para um laboratório, ou usar uma impressora especial para fotos 10 x 15, como as que se vêem acima (isso se refere, claro, ao jornal: as impressoras da página são Canon, Kodak e HP), que freqüentemente produzem resultados tão bons, ou melhores, do que as cópias feitas em lojas a partir de negativos.

Essas pequenas cópias “made in casa” não são baratas (saem a cerca de R$ 3 cada) mas dão amplo retorno em satisfação. Elas são a prova de que as câmeras digitais já podem substituir, à perfeição, as câmeras convencionais.

— Muita gente ainda pensa que foto digital só serve para website, mas a mentalidade está mudando — diz Fabio Nagel, um dos autores da linda foto da capa de hoje. Junto com a mulher Jaqueline Joner, ele mantém um dos fotologs mais populares, o Zipper, e conduz o projeto Zipper Estradeiros, dedicado a mostrar as maravilhas do Brasil em multimídia total. — Hoje, fazer foto digital só tem vantagem, o aproveitamento é muito maior. A gente só imprime as fotos de que gosta.

Da câmera para o mundo

O grande barato da foto digital está, é claro, na internet — da facilidade de enviá-la por email para os parentes e amigos à possibilidade de se divulgá-la para o mundo em álbuns virtuais ou fotologs.

Há uma diferença importante entre eles. Os primeiros, gratuitos se estiverem vinculados a serviços de cópias, não têm limite de espaço ou número de fotos postadas. Em compensação, são fechados em si mesmos — ainda que ofereçam espaços para comentários. O meu favorito é o Fotki onde, a módicos US$ 30 anuais, mantenho diversos álbuns em que conservo o tamanho original das imagens, ou seja: elas podem ser baixadas e impressas em qualquer lugar, sem perda de qualidade. Já os fotologs funcionam em comunidade, das quais a principal é, ainda, a que deu origem a série, o Fotolog. Lá, pode-se subir apenas uma (sistema gratuito) ou seis (US$ 5 mensais) fotos por dia — mas a diversão é garantida.

(O Globo, Info etc., 5.1.2003)

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