14.11.01




A Comdex deve estar verde...

Neste momento, como jornalista de informática de longo curso, eu devia estar em Las Vegas, na Comdex, certo? E por que não estou? Boa pergunta! Não tenho medo de avião, adoro viajar e, apesar de sempre reclamar muito quando estou lá, adoro a Comdex também -- que, mais do que grande encontro da tribo, é um dos dois momentos cruciais para se tomar o pulso da indústria como um todo (o outro é a PC Expo, em Nova York, geralmente realizada em julho). Então, por que não estou lá? Hmm... bem, porque... hmm... ora, porque este ano acabou se enrolando de tal maneira, sobretudo depois do 911, que, por incrível que pareça, eu me esqueci completamente de dar partida ao processo de viagem/inscrição/essas coisas em tempo hábil!

Pode?! Não, não pode. Eu definitivamente estou precisando de uma placa de expansão de memória.

O único consolo é que, pelo que tenho lido, a Comdex deste ano não está lá aquelas maravilhas. Dos 200 mil visitantes esperados, se 150 mil forem, os organizadores já se dão por satisfeitos; ao mesmo tempo, vários expositores cancelaram presença. Querem saber de uma coisa? Esta feira deve estar verde, mesmo...

Uma amiga muito, muito querida (e, lógico, bem menos distraída do que eu!) está lá, e me confirmou esta impressão. Reproduzo o e-mail que ela mandou tal como veio; os dois SS em lugar das cedilhas são quase que tradição no meio quando temos que usar máquinas sem talento para idiomas:

"Estou aqui em Las Vegas em uma feira pra la de caida em relaSSao aa do ano passado.
Mas ca estou. E com minha digital Kodak de cama, pois ela me traiu e quebrou em agosto. Pode?
Acho que temos mais dois coleguinhas aqui na cidade da entediante jogatina, mas nao consegui localiza-los.
Andaram divulgando por ai que a seguranSSa da feira foi reforSSada.
Foi. De fato. Vc passa por um detetor. E so. Pois nao eh que uma velhinha bonitinha de olhos azuis esfuziantes olhou minha bolsa, cheia de ziperes, e teve o desplante de me perguntar se havia muitos ziperes?! Nao respondi e ela mal olhou um por um.
Na palestra de Bill Gates, que inspirava sono, a seguranSSa foi mais reforSSada, mas vi uma loiraSSa passando batido com sua bolsinha sem ninguem abri-la.
Aqui, na volta da feira, entrei na sala de imprensa e poderia ter trazido todo tipo de material para explodir este troSSo.
Ninguem revistou nada....
Beijinhos, e mande noticias."


Este "mande notícias" vindo justamente de onde as notícias deveriam estar vindo me lembrou, aliás, uma história ótima que contam como verdade verdadeira sobre o Jeff Thomas, colunista que brilhou na imprensa carioca lá pelos anos 50/60. Um dia, um editor sem juízo resolveu mandá-lo como correspondente para Moscou. Pois lá foi ele, e estava tudo indo às mil maravilhas até que, uma semana depois, saindo do hotel de manhã, ele viu a cidade em polvorosa, o povo nas ruas, paradas militares e, espalhados por toda a parte, cartazes gigantescos, com um rosto que ele nunca tinha visto na vida. Desesperado, voltou para o hotel e disparou um telegrama para a redação:

"Pelo amor de Deus, alguém por favor me diga o que está acontecendo aqui!!!"

Era o Gagarin, que tinha voltado da sua missão histórica. Quanto à missão histórica do Jeff, foi abortada ali mesmo, no ato.

Adendo em 15.11.01: Agradeço ao Sr. Arsênio, que corrigiu um erro grave desta nota: eu havia confundido o Jeff Thomas com o Jacintho de Thormes.

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