23.3.02



Mais um gato, mais um teste...

Que tag de HTML eu seria? Fiz o teste, e deu Font: You're the FONT tag -- some people ignore you, some people adore you. When you like someone, you like them a lot, but when you don't like them -- watch out. Hmmm... achei meio radical, também não é tanto assim... MAS o mais interessante é que peguei este teste, sabem onde? no Mario AV, cujo blog está, literalmente, uma viagem: não deixem de passar por , está lindo mesmo.

Aproveito para informar, aliás, que o referido Mario não apenas se rendeu aos testes, como também aos gatos: vide exemplo acima.

E, tendo postado essa gracinha, só me resta dar boa noite e ir dormir, desejando a todos um ótimo fim-de-semana.







Notícias do bom Brasil

Eu sei, está ficando monótono: cada vez que ele escreve lá, eu planto um post aqui -- mas o que é que vou fazer diante de tal show de bola?! Mais uma vez, Marcos Sá Corrêa tem que ser lido: ele fala de um Brasil do bem, que não tem nada a ver com essa nojeira geral que a televisão nos empurra goela abaixo, entre Big Brothers e Sarneys, fêmeas ou machos. Para quem desconfia que há um país melhor do que o que nos vem sendo mostrado, a prova está aqui.

(Da ilustração lá de cima eu falo depois: taí outra parada imperdível...)





UAAAUUUUUUUUU!!!

Como dar uma volta de montanha russa sem sair do lugar, daí mesmo, onde você está? Simples: clique aqui, e vá rolando a tela devagarinho. Não é o máximo? Grande idéia, Renato! :-)




22.3.02


Frank the Cat



Vocês, que ainda estão gastando o seu precioso tempo assistindo Casa dos Artistas e Big Brother, não sabem o que estão perdendo... Bom de ver, mesmo, tem sido o Cat Hospital, onde Frank, o Gato, está -- finalmente! -- se recuperando às mil maravilhas das suas fraturas.

Como... vocês não sabem quem é Frank, o Gato? Céus, mas em que internet vocês vivem?! Frank, um lindo SRD acinzentado, tem sido a maior celebridade felina da web desde que foi atropelado, no dia 29 de janeiro, perto de Cambridge, na Inglaterra; salvou-se graças a um casal que passava de carro e viu um estranho animal se arrastando pela estrada. Pois era ele, com a bacia quebrada, tentando voltar para casa. As fraturas eram complicadas, e o prognóstico não era bom: mas Frank foi operado, e todo mundo ficou torcendo pela sua recuperação.

A sua meteórica ascenção como web-celebridade, porém, só aconteceu dez dias depois, quando pode voltar para casa e seu bípede David Donnan resolveu testar uns programas que desenvolvia instalando duas webcams numa gaiola, onde Frank passava a maior parte do tempo dormindo. Donnan é um bípede da melhor qualidade e um excelente webdesigner. Cheio de informações sobre Frank -- de seus hábitos alimentares aos raios-x das suas fraturas --, com updates freqüentes e interessantes, o Cat Hospital virou uma dessas coqueluches tão comuns na rede.

Frank, o Gato, passou a receber milhares de visitantes diariamente: há cerca de dez dias, a marca dos 250 mil já havia sido batida. Cartões desejando-lhe pronto restabelecimento inundam a sua mailbox, assim como retratos de gatos que o cumprimentam através dos seus respectivos bípedes. Ele foi matéria na BBC, na Wired, no Washington Post, no Guardian e em jornais cujos nomes a gente nem sabe pronunciar; apareceu na televisão, e virou assunto para emissoras de rádio no mundo inteiro.

No começo, confesso, eu detestava o site. É que estava me afeiçoando ao Frank e, sinceramente, ele não parecia melhorar NUNCA! Sempre que eu ia lá dar uma espiada ele estava dormindo.

Tá, eu sei: ele é um gato, e gatos dormem 28 horas por dia. Mas era preocupante. Só passei a gostar mesmo quando as webcams começaram a mostrar ele acordado, se lambendo, brincando com as coisinhas que punham na gaiola.

Hoje Frank, o Gato está quase bom, e passa boa parte do dia andando pela casa. A celebridade não o afetou em nada: segundo Donnan, ele continua sendo o felino amável e gentil que sempre foi. Ainda agora, dei um pulinho lá para capturar aquela imagem lá de cima para vocês. Havia outros 364 desocupados no site, conferindo a saúde do quadrupinho...




21.3.02


Trinta horas de terror em Los Angeles


Mais uma que eu roubo do Cat... A Meg tinha me mandado um email apontando para este relatório na própria sexta, mas a vossa blogueira, afogada que estava entre os livros que debalde tentava arrumar, separou o link num cantinho onde ele prontamente sumiu. A ineternet, felizmente, também escreve certo por linhas tortas... Hoje já temos, enfim, um diplomata brasileiro correndo atrás do caso (não que adiante muito: desde quando eles dão bola pra quem quer que seja?!) mas, sobretudo, vocês pegam um caprichadésimo texto da lavra do Cat, ficam bem informados e eu... bom, eu, meninos, vou ao supermercado, de carro, ali na esquina, comprar o que não havia na Casa Nelson...

No dia 25 de fevereiro passado, o engenheiro Ricardo Abude E. Silva passou por um sufoco medonho ao tentar entrar legalmente nos Estados Unidos pelo aeroporto de Los Angeles. Visto e papelada OK, foi maltratado, ameaçado de agressão e confinado num cubículo. Em seguida, foi transferido para uma saleta fétida e já apinhada com cerca de 20 pessoas detidas nas mesmas condições. Ficou preso por 30 horas. Sem receber nenhuma explicação sobre o motivo de sua detenção, foi coagido a assinar um documento cancelando seu visto e metido num vôo de volta. Caso não tivesse assinado, teria sido mantido preso por tempo indeterminado.

Uma cópia do estarrecedor relato detalhado do incidente, escrito pelo próprio Ricardo, chegou ao conhecimento do consulado brasileiro em Los Angeles na sexta-feira passada. Após checar a veracidade, o embaixador José Vicente Pimentel marcou para hoje, dia 21, uma reunião com o pessoal da imigração no aeroporto, de modo a obter esclarecimentos.

Se há alguma ordem oficial americana no sentido de agigantar ainda mais a antipatia que o Governo daquele país desperta em muitos povos, então temos aqui um exemplo ímpar, dado pelo setor de imigração em Los Angeles, de imaculada competência no cumprimento de uma determinação superior.
(Carlos Alberto Teixeira)





Dica de site


iLoveLanguages: TUDO sobre línguas: dicionários, cursos on-line, tradutores automáticos.





e-commerce à brasileira



Há simplesmente duas horas (é, isso mesmo: DUAS horas) estou tentando fazer aquela coisa moderna, simples e rápida: compras de supermercado pela internet. Excesso de escolha? Indecisão diante das mil opções da sociedade de consumo? Conexão lenta? Pois sim! Simplesmente não consigo passar das telas de abertura de nenhum dos dois supermercados online que freqüento -- e, estranhamente, pelo mesmo motivo. Os dois mudaram de interface e de sistema e, nessa, as senhas dançaram. "Esqueceu sua senha?", pergunta, solícito, o Pão de Açúcar. "Clique aqui!".

Ato contínuo, aparece uma janela para digitar-se o email, após o que, em tese, a senha é enviada para o dito email. Obediente, digito cronai@well.com. A próxima tela diz:

A página a qual você esta tentando acessar esta indisponível neste momento. Por favor, "clique" no botão voltar do seu navegador Internet e tente novamente. Caso ainda necessite de ajuda, entre em contato com nossa Central de Atendimento pelo telefone 0800-906767.

Tá. Esqueço o português de quinta e "clico" (mas por que entre aspas?!) no botão voltar do meu navegador internet e tento novamente. Mesma resposta. Tento uma terceira vez, agora com o email alternativo; idem.

Ah, que diabos, penso com minhas teclas; me cadastro de novo, e pronto. Abre-se, então, um questionário enorme; felizmente, não pediram o CPF da Mamãe, porque isso eu não saberia responder e, a essa hora, ela está dormindo. Mas o resto, pediram -- e eu, pacientemente, preenchi todos os quadrinhos. Claro que precisei voltar atrás duas vezes, porque o número de telefone não pode ser digitado com traço, ao passo que o CEP não pode ser digitado sem. Finalmente, tudo OK, dou ENTER... e sou jogada de volta à página anterior, aquela que pede login e senha. Volto à tela do cadastro onde, felizmente, ainda está tudo o que digitei, e tento de novo por lá: o sistema me informa que já existe um usuário cadastrado com este nome. Grande novidade! Ainda assim, insistente, tento de novo. Mesmo resultado. Tento então ligar para o 0800, onde uma voz mecânica me informa que o horário de atendimento é de seis a meia-noite. Azar o meu, que estou tentando fazer compras às três, quando qualquer ser humano civilizado já tinha que estar na cama.

Nisso, surprise!, chega um email do Amélia (o site-mãe do Pão de Açúcar). O por quê da demora de um processo supostamente automático, nem desconfio. Mas ele traz boas notícias:

Olá, Cora Ronai,

Atendendo à sua solicitação, aqui está sua senha: 321247.

Obrigado por comprar no www.paodeacucar.com.br. Se você precisar entrar em contato conosco, escreva para falecom@amelia.com.br e continue nos visitando no endereço www.paodeacucar.com.br.


Toda feliz, pego o número, vou para o Pão de Açúcar, e o que acontece?

O nome e/ou senha digitados estão incorretos. Por favor tentar novamente.

Eu, idiota que sou, tento. E tento.

Nisso, chega um outro email do Amélia, com uma senha diferente. Minhas esperanças se reacendem. Recorto o novo número... mas qual. Eles não querem mesmo saber de mim, e resolvo ir pro Zona Sul que, afinal, sempre me serviu tão bem, e que agora está todo esperto, com abertura em Flash e o escambau. Digito o meu login e a minha senha e...

Acesso Inválido, verifique seu Login e Senha e tente novamente.

Tentar novamente?! Sem chance, agora sou uma mulher escolada, e vou direto pro Esqueci minha senha. Aqui é diferente, eles são sérios, pedem o meu CPF. Digito cuidadosamente, número por número.

Seu email não foi encontrado. Por favor, entre em contato conosco pelo telefone 0800-237070 ou 563-2727. Você pode ainda utilizar o fale conosco em nosso site.

Como sou de internet e não de telefone, tento, é claro, o tal Fale Conosco. Abre-se uma janelinha que me diz o seguinte:

Error Diagnostic Information
An error has occurred.
HTTP/1.0 404 Object Not Found


O 563-2727 está ocupado. Vou tentar o 0800. De qualquer forma, já são 5h32, e daqui a pouquinho o 0800 do Pão de Açúcar entra no ar. Se não entrar... bom, aí eu vou dormir, deixo um dinheiro e um bilhete pra Miriam, que assim que acordar liga pro armazém da esquina (vulgo Casa Nelson) e, em meia hora, um rapaz estará aqui, lépido e fagueiro, com tudo o que precisamos.

Depois o pessoal reclama que brasileiro é desconfiado e não tem audácia pra se aventurar pelo comércio eletrônico.

Então tá, né?





Tutty Vasquez comenta o verão: imperdível!






19.3.02


Jogos de guerra







As fotos acima foram feitas pela Flávia Faustini. Na última, o céu estava totalmente negro; resolvi "puxar" a luminosidade ao máximo para ver a extensão da fumaça brilhante, e nisso achei ainda um pouco das luzes. Preferi deixar assim, achei mais... esquisito, sei lá.

Agora, a explicação para as fotos: como vocês sabem, este blog, que é muito chique, tem mais correspondentes estrangeiros do que muito jornal de respeito. Pois vejam só o que acaba de chegar, direto de Los Angeles, enviado pela Flávia Faustini:


Seguem umas fotos tiradas na última sexta-feira, 15 de março, da janela do meu apartamento em West LA. Eram mais ou menos umas seis da tarde e eu estava andando na rua. O sol estava se pondo, e não tinha nuvens no céu. Inicialmente, eu vi um "rastro de avião" estranhíssimo, que parecia brilhar por conta própria, sem refletir a luz do sol. Esse risco no céu começou a ficar parecido com um eletrocardiograma, e ainda brilhando sozinho. À medida que o tempo foi passando, o céu foi ficando mais escuro, e ele foi se "enrolando", como se fosse um barbante que você deixa cair no chão, e criou uns reflexos nas cores do arco-íris. Na hora eu me lembrei de fotos que eu vi de auroras boreais. No entanto, eu sabia que isso era impossível de estar acontecendo em Los Angeles!

O detalhe é que junto com tudo isso, ainda havia uma luz que parecia um farol de avião (o que aqui no meu bairro é extremamente comum, por causa do aeroporto de Santa Mônica, onde descem dezenas de jatinhos e aviõezinhos pequenos por minuto), só que era uma luz "soft", ao contrário de quando você olha pra uma lâmpada brilhante e vê uma luz "dura". Repito: NÃO tinha nuvens no céu! Isso durou poucos segundos, e a luz simplesmente "fechou" o seu espectro e se apagou.

Pena que nas fotos eu não peguei a tal "luz", só as "nuvens" -- quando entrei em casa, elas ainda estavam lá, e eu consegui fotografar da janela. Repare como as demais nuvens estão escuras na foto em que o céu ainda está claro, e como a "fumaça" continua brilhando sozinha, mesmo com o céu escuro.

Esse tipo de fenômeno mexe com a imaginação da gente. Mas, infelizmente, achei a explicação para o ocorrido: foi um teste militar de míssil de defesa. É o Tio Bullsh mostrando a grossura do arsenal dele (com licença freudiana).

Onde mais no mundo eu poderia ver um negócio desses?!
(Flávia Faustini)

Hmmm... breve, no Iraque?






Unindo o inútil ao agradável

Esta eu roubei, descaradamente, do gentil coleguinha Nelson Vasconcelos, lá nas Parabólicas:

Não dá para contestar que esta curiosa historinha tem a ver com a Nova Economia. Tem circulado pela rede:

1. Se você tivesse comprado, em janeiro de 2000, US$ 1 mil em ações da Nortel Networks, um dos gigantes da área de telecomunicações, hoje teria US$ 59.

2. Se você tivesse comprado, em janeiro de 2000, US$ 1 mil em ações da Lucent, outro gigante da área de telecomunicações, hoje teria US$ 79 -- se tanto, se tanto.

3. Agora, se você tivesse comprado, em janeiro de 2000, US$ 1 mil em Skol (em cerveja, não em ações), tivesse bebido tudo e vendido as latinhas vazias, hoje teria US$ 80.

Conclusão: No cenário econômico atual, você perde menos dinheiro ficando parado e bebendo cerveja.
(Nelson Vasconcelos)





Questão de infra

E aqui estamos todos nós, conectados e felizes, clicando a torto e a direito, indo aonde nos levam os links encontrados pelo caminho. Às vezes, mas muito de vez em quando, paramos, ligeiramente embatucados diante da rede: Que coisa espantosa!... e vamos em frente, porque o espanto é uma emoção que foi abolida nas últimas décadas do século passado. Pouca gente quer entender o que está por trás da rede; aliás, pouquíssimas pessoas entendem, de verdade, como funciona a coisa.

Uma delas é o Carlos Affonso, a quem devemos o primeiro ISP brasileiro, o AlterNex. Um dos fundadores do Ibase (com Betinho e Marcos Arruda), ele é um homem a quem admiro e respeito, um brasileiro digno, que sonha por um país melhor e vai em frente e briga por isso. Já tivemos nossas divergências no Pleistoceno, mas devo reconhecer que eu estava (como sempre estive; e ainda estou) numa posição bem mais cômoda do que a dele: eu era uma pedra que insistia em voar em todas as vidraças e, numa época, o AlterNex calhou de ser uma delas. Mas disso se fazem as histórias e, eventualmente, as amizades.

Pois ontem o Carlos Affonso me mandou um documento que preparou para a Fundação Friedrich Ebert: Internet: quem governa a infra-estrutura?. Ele será publicado pela fundação, mas já está disponível online na RITS. Se você quer saber em que pé está a gestão da internet lá fora mas, sobretudo, como anda ela por aqui, prepare a sua impressora e mande ver. O assunto é da maior importância para todos nós, usuários e (ainda) não-usuários, e está admiravelmente bem explicado pelo Carlos Affonso. Devia ser leitura obrigatória nas faculdades de informática.

Eu concordo inteiramente com ele em relação à Fapesp e ao Comitê Gestor: falta transparência a ambos, sobretudo no que diz respeito aos recursos arrecadados pela Fapesp com o registro de domínios. Por outro lado acho que, de alguma maneira. ainda conseguimos (milagre!) criar aqui no Brasil uma estrutura menos esculhambada do que a americana, talvez até pelo nosso apego congênito à burocracia.

Nos EUA, qualquer um se registra com o domínio que bem entender, com as óbvias exceções de mil, gov e edu. Aqui, registrar uma org.br é coisa complicada; e se alguém quiser ser um com.br deve ser pessoa jurídica, com firma registrada, CGC e tudo o mais.

(Eu, que sou uma simples pessoa física, não posso, por exemplo, ser coraronai.com.br; volto a isso logo mais).

A nossa é, certamente, uma forma mais civilizada de distribuir domínios, e tem dado conta, um pouco melhor, da complicadíssima questão dos cyber-squatters, isto é, do pessoal que sai registrando tudo o que é nome que vê pela frente para depois vender pelo que conseguir na praça: cyber.cambistas.com.

O problema do sistema é, justamente, o de casos como o meu. Não é segredo para ninguém que este é um país recordista em economia informal, digamos assim; e, até segunda ordem, o nosso domínio clássico ainda é o com.br. Inúmeras empresinhas de fundo de quintal, que não têm CGC mas precisam da internet para tocar os seus negócios, acabam se registrando nos Estados Unidos, e virando ponto.coms; e inúmeros brasileiros que gostariam de ser fulanosdosanzóis.com.br são obrigados a optar por domínios que os definem profissionalmente (como bio, eng, med, mus) mas que, possivelmente, ainda vão demorar a pegar.

Ou alguém acha alguma graça em www.coraronai.jor.br?!








(Agradecimentos ao Cat)




18.3.02


A garota da capa



Sharbat Gula não sabe quantos anos tem. Devia ter uns seis quando seus pais foram mortos pelos soviéticos, e uns doze quando foi fotografada em 1984, num campo de refugiados afegães no Paquistão, por Steve McCurry, da National Geographic. Hoje terá no máximo 30.

Durante todo esse tempo, nem lhe passou pela cabeça que pudesse ser um dos rostos mais conhecidos do planeta. Escondida por trás de uma burka, mudando de um campo de refugiados para outro, Sharbat Gula está mais preocupada em sobreviver -- sua principal atividade, junto com o marido e as três filhas, numa aldeia perdida perto das montanhas de Tora Bora.

Depois de circular na capa da National Geographic de junho de 1985, a foto de Sharbat Gula foi reproduzida pelo mundo inteiro, em cartazes, pins, tatuagens e até tapetes. Há pouco tempo voltou a ser mais uma capa da National Geographic, desta vez num livro lançado pela revista com cem das melhores fotos publicadas em suas páginas.

Ela estará novamente na capa, na próxima edição de abril, ilustrando a reportagem que conta como Steve McCurry conseguiu reencontrá-la. Desta vez, no lugar da menina assustada, quem estará nos olhando de todas as bancas será a mulher castigada pelo tempo, e por uma guerra que não acaba nunca.




17.3.02


Time waits for no one

Estou eu aqui a arrumar os livros no escritório, quando resolvo ligar a televisão para ver se há algum aditivo no ar pra ajudar na tarefa; clic nada clic nada clic nada clic... peraí, que esquisito... um senhor de meia idade, muito bem arrumado, completamente chocho, cantando para uma platéia gigantesca, nórdica, ainda mais arrumada e chocha do que ele, cuja idade média deve andar aí pelos 70; todos empolgadíssimos, quer dizer: batendo palmas, e quando a câmera dá closes, vê-se que estão na maior pilha, porque dão aqueles sorrisinhos cúmplices uns pros outros, tipo "Uau, que balada!" Um ou outro, mais atirado, até sacode os ombros.

O artista é... putz! ... Paul McCartney! O espetáculo é, descubro, o finzinho de algo chamado Nobel Peace Concert, em homenagem a Kofi Annan e às Nações Unidas. E a platéia é... bem, exatamente a platéia que a Academia Sueca convidaria para tal evento (que acontece, porém, em Oslo, na Noruega). Só há uma palavra para descrever este espetáculo: PATÉTICO.

Vai pra casa, Paul!

Volta, Roger Waters! Por onde andas, Neil Young? Mick... oi, Mick, cadê você?!

(Aviso, mas não digam que eu não avisei, se é que vocês me entendem: há um repeteco daqui a pouco, às 22h30, no canal 38 da Net aqui no Rio.)






TUDO sobre o mouse!
(Dica de João Ubaldo)





A aol.com cresce... encolhendo

Há, em Wall Street, uma ligeira suspeita de que o universo americano de usuários internet por acesso discado, em geral, e a AOL, em particular, bateram com a cabeça no teto. Motivo da suspeita? Cada vez mais gente usa o serviço da aol.com... de graça. Atualmente com 34 milhões de usuários, e cobrando US$ 23,90 por mes, ela só está conseguindo mostrar uma renda, por usuário, entre US$ 17 e US$ 18 mensais.

A matemática por trás desses números não significa, necessariamente, que 30% deles naveguem nas águas plácidas e bem patrulhadas da aol.com de graça -- há sistemas de preço especiais para quem compra certas marcas de computadores, por exemplo -- mas há outros indicadores incômodos no pedaço: os kits que tradicionalmente ofereciam 30 dias gratuitos para os novos usuários hoje oferecem 45 dias; e usuários que cancelam suas contas aol.com têm se surpreendido ao verificar que elas continuam ativas meses depois de supostamente canceladas.

Mais ou menos como aquelas revistas mensais cuja assinatura a gente cancela mas que, ainda assim, continuam fielmente batendo às nossas portas, como cães esfomeados que, uma vez alimentados, não querem ir embora de jeito nenhum. É que, nessa escala, o indivíduo vale mais pelo volume que faz junto com outros indivíduos, e que pode ser usado para seduzir os anunciantes ("temos
um milhão de leitores!"), do que pelo que paga pela assinatura.

A moral da história, em qualquer dos casos, é a mesma: desconfie dos números.