30.1.06


Tutu

N90: funciona até como telefone...

Primeira constatação a respeito do N90: este não é um celular para amadores. É grande e pesado (tem mais ou menos o mesmo tamanho e o mesmo peso de uma câmera Sony P200), e está mais para origami do que para flip: a parte de cima abre-se numa posição para falar, noutra para fotografar, sendo que a câmera em si tem todo um elenco de posições próprio.

A curva de aprendizado do aparelho é alta, o que o torna pouco recomendável a quem quer ter um celular impressionante mas não tem paciência para tecnologia.

Para quem está a fim de mergulhar de cabeça no novo brinquedinho da Nokia, porém, há grandes recompensas no horizonte. A primeira está na cara: a tela é o que há de mais nítido e claro que se possa querer. O lado origami do celular também é um prazer de manusear -- seguindo a tradição Nokia, tudo é sólido, consistente e passa a sensação de grande firmeza. Apesar de tantas dobraduras para cá e para lá, a gente sente que este é um aparelho feito com capricho, para durar.

Em termos de software, tirando a forma de apresentação das imagens -- muito parecida com o timeline do Picasa, que rola mostrando miniatura por miniatura -- não há grandes novidades. O N90 é um Symbian série 60, o que significa que pertence à mais poderosa família de celulares; seu sistema operacional é praticamente o de um pequeno computador, e para ele existem milhares de aplicativos, que podem ser baixados e configurados ao gosto do freguês. O visual, porém, está mais caprichado, com ícones mais redondinhos e bem desenhados.

Mas o grande trunfo do N90 é, claro, a câmera de 2Mp, com ótica Zeiss. Isso mesmo: aqui está um celular com uma lente Tessar autofocus que, em tese, poderia muito bem ser visto pelo avesso, como uma câmera digital que desempenha, também, todas as funções que se esperam de um smartphone, ou seja, lê arquivos PDF e MS Office, tem um excelente calendário, uma agenda nota dez e pequenos utilitários para tomar notas, fazer conversões e assim por diante.

A qualidade das fotos, sobretudo a das macros, é impressionante: vejam por vocês mesmos. Foram feitas no modo automático, ou seja, sem qualquer acerto de distância, tonalidade, exposição. Comparado ao K750i e ao W800, da Sony Ericsson, dois outros celulares com câmeras de 2Mp, ele se sai muito bem. As cores são um pouco mais saturadas, mas o Nokia ganha em reprodução de detalhes.

A grande diferença entre os fones da SE e este Nokia está na forma como se usam as respectivas câmeras. Os SE trabalham de forma tradicional, na horizontal, mais como câmeras do que como celulares; o N90 trabalha como uma câmera de vídeo.

No começo, a sensação é estranha e a gente nem sabe muito bem como segurar o aparelho; mas uma vez que se domina a técnica, a possibilidade de virar display e câmera em diversas direções é um barato. Os mais conservadores sempre podem usar o bichinho fechado, usando o excelente display externo como visor.

Mas aí, qual é a graça de ter um N90?

Ah, sim, em tempo: ele também funciona como telefone. Faz e recebe chamadas em tom claro e alto, vejam só, e dispõe de uma boa gama de ringtones...


(O Globo, Infoetc., 30.1.2006)

Eu amo a minha cidade




27.1.06

O tempo está fechando...




Tati, desmaiada






Um autêntico (quase) carioca

Recebi muitas cartas no jornal por causa da crônica de ontem, que tocou particularmente descendentes de estrangeiros que, por um ou outro motivo, vieram a dar com os costados no Brasil.

Uma das mais curiosas foi a da Akemi Ono:
Meus pais também são imigrantes, só que meu pai veio em 1956, no pós-guerra, sozinho, com a vontade da juventude e o não compromisso de segundo filho (o irmão mais velho é o que herda tudo, a casa, a tarefa de receber toda a família nas festividades sagradas, de cuidar dos pais e da história da família).

Foi primeiro para São Paulo (Atibaia e Mogi das Cruzes), mas decidiu viver no Rio de Janeiro -- "já que estou no Brasil, por que viver no meio de japoneses?" -- e também depois de ter visto o Garrincha jogar no Maracanã.

Meu pai até nisso inovou -- diferente dos japoneses fluminenses do Rio (pela proximidade da antiga Embaixada do Japão que ficava em Laranjeiras), é botafoguense. E roxo.

Hoje em dia ele tem uma panificadora que fica aos fundos de nossa casa em Vila Valqueire. Meu irmão o auxilia, sem pressões, foi uma coisa natural. Adoro contar aos amigos que meu pai é um japonês padeiro, imagem atribuída aos portugueses. Também enfrentou concorrentes e quase falimos não lembro quantas vezes. Mas continua até hoje, com 73 anos.

Esse pai, que soube mais tarde ter sido um adolescente rebelde, que quando se estabeleceu no Rio encomendou uma noiva (minha mãe), tem um nome muito complicado. Na fábrica os empregados adotaram nomes brasileiros, e nem eles próprios sabem mais quem os nomeou: Seu Jorge e Dona Kátia.

Abraços da Akemi Ono, orgulhosa da decisão do pai de vir morar no Rio e ter filhos cariocas.
Não é uma delícia? Um dia desses vou a Vila Valqueire só para conhecer este padeiro botafoguense...

Gatas






Emergência felina!



Falei aqui no outro dia de um rapaz que salvou vários gatinhos do Jockey, mas que faleceu, coitado, deixando a família gato num grande sufoco -- seus parentes expulsaram os bichinhos, que estão num lar provisório de onde precisam sair já.

Por favor cliquem aqui ou aqui para saber da história; e mais por favor ainda, se souberem de alguém que queira ficar com algum deles... há filhotinhos lindos, adultos de diversas idades, enfim, quadrupinhos de todos os tipos, acostumados a carinho, que terão grandes dificuldades em se adaptar ao abrigo impessoal ao qual estão condenados se não conseguirem novas famílias com a maior urgência.

25.1.06




Um corte de linho, por Rachel de Queiroz

Na trama de uma velha crônica, o fio da história familiar


Estava na casa da minha irmã quando, por acaso, resolvi remexer uma pilha de revistas velhas. Uma delas era a edição de 12 de abril de 1952 de "O Cruzeiro", onde, na última página, Rachel de Queiroz assinava a sua crônica habitual:

"Recebi ontem um presente que me deixou comovida: um corte de linho tecido por meus amigos húngaros da Ilha do Governador. A fazenda é perfeita, só não parece linho irlandês porque é mais bonita, tem aquele jeito pessoal e inconfundível que marca a obra do artesão, sem a uniformidade, a falta de caráter e de vida do trabalho em série.

Faz cinco anos que eles chegaram ao Brasil, exaustos da guerra e dos nazistas, em busca de trabalho e de paz. Pela bitola do serviço de emigração, creio que não passariam por bons emigrantes: eram gente urbana, dois homens e quatro mulheres. A palavra certa para os chamar é mesmo intelectuais: não tinham costume de lidar no campo, não eram profissionalmente operários ou técnicos. A idéia é terrível, mas verdadeira: intelectuais! Amam os livros e os lêem, a parte mais importante da bagagem que trouxeram era isso mesmo, livros. Têm atrás de si uma longa ascendência de letrados, e chegam a possuir um irmão muito ilustre, que honraria qualquer república de letras e é hoje uma das colunas mestras da nossa. A própria profissão do falecido pai da família era de livreiro.

Pois chegaram esses viajantes de terras de além, fixaram-se numa casa modesta da ilha, e puseram mãos ao trabalho. A idéia era montarem um tear, a fim de produzir pano grosso, ou mais propriamente essa entretela que os alfaiates usam para enchimento, a qual é feita com crina de cavalo e é uma indústria típica de artesanato, segundo a praticam lá na pátria de onde vieram. Construíram, eles próprios, o primeiro tear, todo em madeira. Tinha qualquer coisa de primitivo e bíblico aquela estranha máquina que a gente via, roncando na pequena oficina improvisada ao fundo do quintal. A urdidura era armada em grandes painéis, a agulha mordia o fio da crina, a lançadeira corria dum lado para o outro. A entretela saiu boa -- parece que não é produto para se fabricar em série, e assim não sofre a concorrência das grandes fábricas -- achou mercado franco. Era uma das moças que vendia diretamente aos consumidores, porque os homens confessam que "não têm jeito para negociar".

E então fez-se o segundo tear menos primitivo, mais sofisticado. Terceiro tear veio depois, logo o quarto, e agora já lá estão cinco trabalhando. A fabricação de entretela ampliou-se. Entraram a produzir tecidos mais finos, o bom gosto começou a se introduzir no trabalho, como compete a toda boa obra de artesão. Com pouco tempo as senhoras da casa só vestiam vestidos feitos com os panos da fabricação doméstica. E agora estão fazendo linho, tecido de rei, belo e impecável: e no casamento de um dos irmãos (os dois últimos solteiros já se casaram aqui no Brasil), toda a família foi ao pretório -- inclusive a noiva -- com roupa de linho fabricado na oficina de casa.

Não é uma beleza? Não consola a gente ver como são grandes e inesgotáveis os recursos de alma dos homens? Cito este exemplo, especialmente comovida. Primeiro porque eles são meus amigos, e a segurança com que eles se estabelecem e prosperam aqui é grata ao nosso coração. Depois porque, meu Deus, não são candidatos a Matarazzo, não pensam em ser reis da entretela -- querem apenas viver, com decência e tranqüilidade; trabalham apenas para conseguirem a vida que, por direito de nascença, cabe a todo ser humano: garantir a subsistência de cada dia, e usar o resto das horas livres lendo, estudando, escutando música, tratando das flores do jardim, tomando banho de mar, criando cachorros. Dignidade e segurança, é só o que eles almejam.

E pode-se dizer que já o conseguiram. Este corte de linho, que tenho pena até de mandar cortar para um vestido, é bem um símbolo de tudo que eles já realizaram em apenas cinco anos. E as autoridades emigratórias que não se assustem tanto, quando escutam dizer de um candidato a brasileiro que ele não é lavrador nem vaqueiro, apenas um intelectual. Intelectual não é sinônimo de portador de moléstia ruim. Nem os intelectuais são tão indesejáveis quanto parecem. Têm, ao contrário, muita coisa em comum com este país onde vieram se abrigar, depois da tempestade na Europa: como esta terra do Brasil, em se querendo plantar, eles dão para tudo."

* * *

A noiva vestida de linho era, nem preciso dizer, minha Mãe; e os hábeis tecelões, o que restou da família de meu Pai. Infelizmente, o futuro não lhes sorriu como previa a crônica; quando a pequena fábrica começou a crescer, foi massacrada sem remorsos pelos grandes fabricantes de tecido, que viram com olhos menos poéticos do que os de Rachel de Queiroz a saga daqueles emigrantes.


(O Globo, Segundo Caderno, 26.1.2006)

Chega de trabalho! Há gatos na casa!






Flickr x Virtua / Embratel

Parece que a situação dos usuários brasileios que não conseguem ver as fotos postadas no Flickr -- a maioria do Virtua, mas há relatos de problemas com outros provedores -- ainda não se regularizou.

Muita gente continua no escuro, completamente desinformada -- sobretudo porque a assistência técnica dos provedores, no melhor estilo Lulla de ser, não viu nada, não tomou conhecimento de coisa alguma e não sabe de nada... exceto que a culpa é dos outros.

As últimas informações oficiais do forum do Flickr dizem o seguinte:
Quick update: We received an email through the Help System from Embratel this morning.

Our network operation peeps opened another trouble ticket with the peeps @ Yahoo! The network peeps at Yahoo in conjunction with our network peeps have confirmed that there is absolutely-posivitely nothing going on at our end that would prevent people from viewing their photos.

The network peeps at Yahoo have sent a detailed message back to Embratel for review. We're waiting to hear back from them.
Esta msg, enviada pela Heather, do Flickr, diz, essencialmente, que tanto eles quanto o povo do Yahoo (dono do Flickr) já fizeram todos os testes possíveis e imagináveis e que o problema não está, definitivamente, na ponta de lá. Eles mandaram um relatório detalhado para a Embratel, e aguardam resposta.

A Embratel entra na história porque é através dela que corre a conexão não só do Virtua como da maioria dos provedores brasileiros; além do quê, ao que tudo indica, ela é mesmo a culpada pelo bloqueio ao servidor static.flickr.com, que é onde ficam armazenadas as fotos.

Ao contrário do que possa parecer, esta não é uma boa notícia. Se o problema estivesse nos servidores do Yahoo e/ou do Flickr, já estaria resolvido.

Estando, como está, na banda de cá, só nos resta acender velas a Santo Expedito e torcer para que o Virtua e outros eventuais provedores encalacrados dêem um jeito na situação ou façam suficiente pressão sobre a Embratel para resolvê-la logo.

O diabo é que consumidor no Brasil só costuma ser levado a sério na hora de assinar o serviço ou pagar as multas.

GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR...

Em tempo: Já vi que começa a rolar um clima de gurra religiosa nos comentários por causa da referência a Santo Expedito.

* suspiro *

Esclareço: não sou católica, não sou devota do dito santo nem de qualquer outro (embora tenha muita simpatia por São Francisco de Assis) e recomendei as velas para o santo porque me parece muito brasileiro e gozado o fato de existir um santo para causas urgentes ou impossíveis.

Se ele foi ou não um biltre são outros quinhentos, a discutirmos em outra ocasião. Ou agora também, tanto faz. Mas que fique claro que a divindade invocada o foi a título de brincadeira, porque na Embratel nem Deus dá jeito.

24.1.06



Dica da Laura

"Para quem quiser fazer um ótimo programa gratuito nesta quarta-feira, sugiro uma ida ao Museu da República, na rua do Catete, às 12h30, quando estarão tocando meus alunos Rudi Garrido (flauta) e Jorge Ortiz (piano).

O programa do recital, homenagem ao mestre Radamés Gnatalli, é lindo, levinho e apropriado ao horário.

Apesar de muito jovem, o Rudi é meu monitor na Unirio e um dos melhores flautistas que já passaram por lá. Tem som amplo e belo, afinação excelente e uma musicalidade transbordante e alegre. Toca com entusiasmo e prazer verdadeiros, dá gosto ouvir. O Jorge é chileno, pianista de mão cheia e, ainda por cima, um dos cravistas da Camerata Quantz. Nem precisa de recomendação.

Minha única sugestão para os ouvintes é que cheguem cedo, já que a distribuição de senhas é bem concorrida. Depois de pegar a senha, porém, é fácil passar o tempo: o Museu tem um jardim agradável e um bom café."


Ecce Gobbo




Pronto, fim do suspense: eis o único, autêntico e inimitável Gobbo!

O curioso é que se a gente estivesse elegendo um Gobbo no voto popular, o resultado teria sido o mesmo: para 33,87% dos 124 leitores que votaram na enquete, o Gobbo é a pessoa que mais se parece consigo mesma dentre as aqui apresentadas.

Num distante segundo lugar -- 16,13% dos votos -- ficou o Anônimo Número 2; mas o Anônimo 4 também foi bem votado, com 14,52%.

Agora só nos resta descobrir o telefone do Anônimo 1 para a Bia Badaud... ;-)

É que hoje a Regina só podia vir cedo...




Good day, sunshine!




23.1.06



O Mistério do Gobbo II, ou
Tutto scientifico!

Pronto, vocês pediram uma pesquisa em forma de enquete, e o que é que a gente não faz para manter o nível do serviço?!

Aqui está, portanto, uma enquete para descobrir, de forma mais simples do que contando os votos abaixo, quem vocês acham que é o Gobbo.

Vale um voto por pessoa, numa única opção -- o que acaba, portanto, com a dúvida cruel "será o X ou o Y?".

Agora é preciso deixar a indecisão de lado, ser firme e... cravar num dos números!

Vamos lá, galera!


Quem é o Gobbo?

1
2
3
4
5
6
7
8
9





Em tempo:

A revelação do mistério está numa quadrinha que o próprio Gobbo fez ontem à noite. Lendo-a com atenção, fica óbvio quem ele é:
Já que ando pela bola 7, com o 6 vêem, é af8mente que neste 1 minuto de publicidade, 3noitado, 2me conta que nestes quadros me en4, ou 5padamente, 9s fora, nado.

O Mistério do Gobbo



Para os incréus que ainda duvidam da real existência do Gobbo, aí vai, enfim, uma prova incontestável: a foto do Nosso Herói, diretamente da aprazível e aconchegante cidade de Helsinki, Finlândia.

Claro que, sendo o Gobbo quem é, não faria o menor sentido postá-la assim, sem mais nem menos. Assim a Van Or recolheu aleatoriamente, pela internet, fotos de oito outros cavalheiros; eu as misturei; e aí está o enigma, pronto para ser desvendado por vocês.

Façam suas apostas: quem é o Verdadeiro Gobbo?

22.1.06



Até à vista, queridos!

A essa altura, nossos amigos TeAmo e Miguel já estão de volta à terrinha, cuidando dos ataques de carência do Caetano. Os dois passaram a temporada brasileira às voltas com parentes, amigos e, ça va sans dire, com a lua-de-mel: porisso andaram sumidos do blog.

Antes de viajar, TeAmo ligou e mandou um beijo muito grande para todos. Diz que já podemos até começar a organizar um encontro pro ano que vem, pois voltam ao Brasil no Natal.

Pois podem deixar, meninos: nossa Diretoria Social cuidará do caso.


Alguém sabe resolver este problema?

Pergunta o Truda:
"Minha barra de endereços não desce, nem no iExplorer nem no Mozilla. Alguém sabe como se conserta isso?"
A gente agradece, antecipadamente...


Há algum doador de sangue na área?! É urgente!

Escreve o nosso Andre Arruda:
Um amigo meu, Felipe Bonan, está precisando URGENTE de sangue A+.

Ele foi vítima de um acidente ridículo, e que revela o estado atual da nossa cidade: uma árvore, na Lapa, caiu sobre ele! Poderia ser com qualquer um de nós. Ele sofreu fratura de fêmur e ferimentos internos GRAVES.

Felipe está no hospital Quinta D'or há semanas e teve uma hemorragia séria ontem; corre risco de vida!!

o local da doação:

Hematologistas Associados

Rua Conde de Irajá, 183

Botafogo

das 8h às 16h

A- em nome de FELIPE DAVILA BONAN

-- Pode ser qualquer tipo de sangue também --

o importante é que as doações sejam feitas às 8h porque o sangue, por razões técnicas, só chegará à noite para o Felipe.

No Orkut, um pouco mais do Phil, como os amigos o chamam.

21.1.06

Final Feliz



Uma ótima notícia: vocês se lembram do Chamin, aquele gatinho que se refugiou na papelaria da Gávea? Pois foi adotado pela Mary, do Grajaú, que é super do bem, e que lhe deu o nome de Juanito.

Ele foi embora da papelaria muito faceiro e tranqüilo no carro, como se tivesse certeza de que, finalmente, estava indo para casa.

A Mary tem uma linda família gato, e Juanito logo se entrosou com seus novos parentes.

Bom domingo para todos!

Disse tudo!

Desde que morreu aquele pobre cão que se atirou do viaduto, desesperado, ao ser perseguido por uma equipe da prefeitura, venho indignada com o assunto: com a morte do bicho, com a incompetência de quem foi resgatá-lo, com as barbaridades ditas pelas "otoridades" responsáveis.

O fato de ninguém ter se lembrado de chamar a Sepda (suposta secretaria de defesa e promoção do animal) mostra o quão irrelevante ela se tornou para todos, embora o senhor secretário Victor Fasano continue mamando, e mais do que qualquer de nós jamais imaginaria, nas tetas do nosso riquíssimo município.

(Aliás: o Globo descobre que o cara levou 260 mil por duas jacutingas, vai levar mais de 800 mil por nada... e até agora... nada. A administração do senhor Cesar Maia anda tão corrupta, mas tão corrupta, que já não se mexe por acusações de "pequeno montante").

Estou pra escrever sobre isso desde então, mas ainda estou às voltas com o meu, digamos, "intensivo"; assim, descaradamente, roubo o que a Rosana escreveu no A propósito... são vidas!:
"A Secretaria de Defesa dos Animais promete que incidentes como o que tumultuou o trânsito no Rebouças (então seria esta a finalidade da Secretaria de defesa dos Animais, se preocupar com tumultos no trânsito) serão mais raros, a partir de fevereiro, quando for inaugurado o centro de triagem para animais encontrados em vias públicas (ponto onde os animais deixarão a terra para encontrar com anjos no céu, em outras palavras, morrerão esquecidos). O centro ficará na Fazenda Modelo (modelo de campo de concentração), em Guaratiba (para quem não sabe, a fazenda modelo recebia em seu passado mendigos recolhidos das ruas do Rio de Janeiro).

Os animais serão recolhidos por veículos da Prefeitura, mas a secretaria garante que não serão exterminados (apenas morrerão de fome e sem cuidados, nada demais. Quantos Veterinários seriam necessários para cuidar de um abrigo de um Município com uma população canina e felina estimada em 800.000 animais domiciliados, sem contar os abandonados? Cinco? Seis?).

-- O centro funcionará como abrigo (abrigo, o que significa proteção e amparo, neste caso quer dizer depósito de lixo) para cães, gatos e outros animais recolhidos. Será aberto ao público e os animais ficarão lá até serem adotados (uma espera rápida, pois são apenas milhões de animais, o que torna a adoção muito fácil. Sem contar que a divulgação é ampla e todas as famílias cariocas estão realmente disponíveis e em condições de adotar um animal).

Atualmente, O Centro de Controle de Zoonoses é o órgão encarregado de recolher animais feridos, agressivos ou doentes das ruas do Rio. Os animais são levados para o canil (depósito) da Instituição, em Santa Cruz."

(Reportagem de "O Globo" de 18 de janeiro de 2005, primeiro caderno, página 12.)

Até quando a população será enrolada e não educada?

Quanto mais se apreende animais, mais animais são abandonados. A volta da carrocinha é uma satisfação para quem acha que animais não têm valor, ou seja, aqueles que os abandonam. Os grandes e magníficos pensadores "Seres Humanos".

Obs: As palavras em negrito não fazem parte da reportagem... infelizmente. (Rosana Monteiro)

Foi uma farra...




20.1.06



O que acontece com o Flickr

Muita gente não está conseguindo ver as imagens do Flickr. Curiosidade: toda esta gente acessa através do Virtua. O Mario deixou um recadinho no Flickr que a Jussara trouxe pros comentários, mas não sei se todos viram este comentário:.
"Não estava "vendo nada" porque a Virtua RJ não "enxerga" as imagens do Flickr. Com umas ajudas do Forum "Bugs" de lá resolvi e se algum frequentador Virtua RJ te pedir help é fácil:

tem que colocar no browser ou no sistema o WEB PROXY (HTTP) que é:

195.39.170.102 : 80

No Mac OS X botei direto no sistema. Vale para todos os browsers. No Windows o pessoal está botando nas Tools do Explorer e por aí vai.

Depois pede a alguém do Info Etc. para explicar o que é isso. A Virtua (que eu adoro e ainda mais com 2 Mega de Megaflash) pisou na bola e os atendentes não sabem de nada e um já me disse que é problema da Embratel...

C'mon...

A não ser que Embratel seja o apelido de proxy... sei lá"
Valeu, amigo!

(Eu estava toda cheia de certezas em relação à Virtua e ao Flickr, agora não sei de mais nada; e os neurônios, tadinhos, continuam todos ocupados com outros circuitos... ó céus, ó vida!)


Fashion Rio: quando a crônica se faz de retalhos

O mundo gira, a Lusitana roda e a Fashion Rio, que durante uma intensa semana parece o centro do universo, ou pelo menos do Rio de Janeiro, some na poeira das estrelas, entre top models que voam para os próximos desfiles e roupas que, cumprido o seu destino, vão para cabides, gavetas, araras e vitrines, já retalhos do passado na cabeça dos seus criadores -- estressadíssimos, todos, com a próxima estação, e o que será a nova novidade daqui a seis meses.

Para quem teve que escrever a crônica de quinta-feira na terça em que o fuzuê mal começara, como é o caso da vossa escriba, a Fashion Rio ainda é algo vivo e real, dando voltas na cabeça e pulando corda com Tico e Teco, entre pontos de exclamação e, sobretudo, de interrogação.

* * *

Mesmo agora, por exemplo, que já sou quase uma veterana, com quatro Fashion Rios no currículo, não consigo entender a lógica dos comerciais que antecedem os desfiles. Sim, eu sei que um evento deste porte não se faz sem patrocinadores; e sim, sei também que patrocinadores patrocinam eventos para expor a marca e para mostrar que, ora, são os patrocinadores da coisa.

A marca do patrocinador deve ser vista, naturalmente, pelo maior número possível de pessoas. O patrocinador faz questão de deixar claro que, sem o seu patrocínio, nada daquilo seria possível -- fato pelo qual, supõe-se, o maior número de pessoas possível passará a olhar para a marca do patrocinador com olhos cheios de gratidão pela generosidade que permitiu a realização de tão arrebatador evento.

Até aí o meu raciocínio vai.

Acho natural que nas tendas onde se realizam os desfiles, nos impressos e em cada canto para o qual se olhe se vejam os logotipos e marcas dos patrocinadores. É justo e, como pessoa que muito se encanta pelas belas coisas realizadas na sua cidade, só tenho a agradecer às empresas que permitem que, a cada seis meses, eu possa me divertir com as modas.

Só não entendo por que as pessoas que já viram as marcas dos patrocinadores espalhadas por toda a parte são obrigadas a assistir, antes de cada desfile, ao replay do mesmíssimo comercial de cada um dos patrocinadores. No primeiro desfile a gente ainda agüenta; no terceiro, quer cortar os pulsos. Agora imaginem como não se sente quem, por obrigação profissional, tem que assistir a 40 desfiles?!

Imaginem, se forem capazes, o ódio que cresce até no coração da mais meiga criatura à quadragésima repetição do mesmo anúncio, no curto espaço de cinco dias?!

* * *

Senhores patrocinadores da Fashion Rio, por favor, tenham piedade dos jornalistas, dos profissionais da moda e do público em geral que tanto ama o evento pelos senhores patrocinado! Garanto que as suas marcas estão vivas nos nossos corações, e creio que não exagero ao dizer que somos todos infinitamente gratos pelo patrocínio, mas acreditem: mais ainda seríamos se fôssemos poupados dos filminhos que, como curtas obrigatórios, nos são impingidos a cada desfile.

Nunca vi moda em Paris, Londres ou Nova York, mas amigas sofisticadas que já viram de tudo no mundo me garantem que isso não acontece em nenhum outro lugar. O que posso asseverar, por ter visto, é que até ali na esquina, em São Paulo, o pessoal já se tocou para esta bobagem provinciana e poupa o distinto público de tal perrengue.

Certa de vossa compreensão, antecipadamente agradeço qualquer consideração da questão para as próximas edições da nossa linda festa.

* * *

E, por falar em linda festa, fica aqui o meu protesto, entre tantos, pela destruição do esplêndido gramado do MAM. Sei que a Fashion Rio não teve nada a ver com a barbárie, herdada do TIM Festival, que armou uma tenda exatamente em cima do gramado com o desenho das pedras portuguesas de Copacabana, obra tombada de Burle Marx -? mas, santos céus, em que mundo estamos?!

OK, ninguém precisa responder, a pergunta é apenas retórica; mas o que é que passa pela cabeça de alguém para detonar daquela forma um dos jardins mais bonitos da cidade?! E que prefeitura insensível é esta que autoriza semelhante loucura?! Em nome de que se manda para o espaço um gramado que é cara do Rio?!

Aliás, pensando bem, a resposta a esta pergunta está na sua própria formulação.

* * *

Do ponto de vista positivo, palmas para o lounge do Sebrae, sempre inovador, desta vez com o look da periferia bem-humorado do Gringo Cardia e um espaço bacana para as criações da Daspu. Ao contrário da Daslu, que só teria a ganhar abraçando a ONG da valente Gabriela Leite -- mas preferiu abrir fogo contra moças humildes feridas pela vida -- o Sebrae provou que tem coração, coragem, compaixão e solidariedade.

(O Globo, Segundo Caderno, 19.1.2006)

18.1.06



Love is a many splendored thing

Estou impressionada com a quantidade -- e a qualidade -- dos comentários lá da crítica que escrevi sobre 2046. Como o Nelsinho observou, taí um assunto que rende...

Um dia, com calma, ainda escrevo um post sobre o amor.

Agora vou voltar pro trabalho -- que é, também, pensando bem, uma forma de amor, quando se gosta do que se faz.

Em tempo: eu amo todos vocês, que me tanto me ajudam a fazer do internETC. um botequim virtual de boas vibrações.

Da janela da Laura






O ano promete...

O ano, que mal começou, promete grandes novidades: Macs rodando Intel, Palms movidos a Windows e, ao que tudo indica, mais um capítulo que se encerra na história da fotografia. Na quinta-feira passada, a Nikon anunciou que deixará de produzir praticamente toda a sua linha de câmeras e lentes tradicionais, para se dedicar com mais ênfase à produção de câmeras digitais.

Trocando em miúdos, dos sete modelos de câmeras para filme que ainda fabrica, e da infinidade de lentes para essas câmeras, a empresa, que é referência no fotojornalismo, manterá apenas dois aparelhos em produção.

Os porta-vozes da Nikon não revelaram quais modelos serão eliminados, mas o fim do filme é, aparentemente, uma tendência irreversível. Hoje fotógrafos que ainda se mantém no velho paradigma já se ressentem da falta de variedades de filmes e papéis para revelação, mais ou menos como aconteceu com seus antecessores que trabalhavam com formato 6 x 6 e, antes disso, em chapas de vidro.

A verdade é que, resolvidas as barreiras iniciais da resolução, do preço do equipamento e da capacidade de armazenagem, a fotografia digital é super campeã: não é poluente, é infinitamente mais barata em termos de produção e oferece a vantagem imbatível da conferência instantânea.

Este promete ser também um grande ano em termos de lançamentos de câmeras, cameraphones e toda a espécie de produtos de tratamento e exposição de imagens: afinal, é ano de Copa do Mundo, e há um mercado gigantesco de torcedores espalhado pelo planeta prontos a registrar os jogos na Alemanha, as viagens, as festinhas caseiras e o que mais cerca um evento esportivo desta magnitude.

* * *

O N90, um dos grandes trunfos da Nokia em termos de celular com câmera, acaba de chegar ao mercado brasileiro. Já recebi um para teste e em breve trago notícias (e fotos!); já a Sony Ericsson promete para meados do ano o lançamento de um aparelho com uma câmera melhor ainda do que as extraordinárias câmeras do K750i e do W800. Taí uma coisa que eu quero muito ver... e usar!

* * *

Para quem está começando o ano com um celular com câmera na mão e nenhuma idéia na cabeça, aí vai uma sugestão: que tal abrir uma conta no Flickr, em www.flickr.com?

Tocado com extrema competência, o sistema acabou sendo comprado pelo Yahoo no ano passado e, a despeito do medo inicial dos usuários, temerosos de ver uma reedição da ascenção e queda do Fotolog, a fórmula não desandou.

O Flickr continua rápido, ágil, cheio de novidades -- e aceita muito bem fotos enviadas de celulares, que pode reenviar, automaticamente, para os blogs dos usuários.

O segredo do bom uso disso tudo é um só: muito uso. Quanto mais se usa uma ferramenta, melhor se usa esta ferramenta.

Simples assim.


(O Globo, Info etc., 15.1.2006)

17.1.06

Como os olhos de um bandido...









Emergância felina!

Escreve Ana Yates:
Um gato adulto, macho, castrado, tigrado cinza e
branco, manso adentrou uma pequena papelaria no início da Rua Marquês de São Vicente, Gávea. E é claro, com minha fama já ultrpassando fronteiras, já me acionaram em busca de solução! O pessoal da papelaria é muito legal. Tanto assim, que quando entrei (fui conduzida) para ver o gato, já tinha uma caixa com areia sanitária e potes pequenos com ração e água.

Segundo os funcionários com quem estive, o dono do local a princípio tentou enxotar o bichano, mas ele lutou para não ser retirado da loja e está sendo aceito, temporariamente, desde que não crie transtornos. A papelaria é um cubículo! E o gato fica lá nos fundos num espacinho onde guardam estoque (1.5mX1.5m). Não tem porta, mas segundo eles, o o gato não passeia pela loja. Não há outro buraquinho de ventilação a não ser a porta de entrada, que após às 19h é fechada em dias de semana e após 13h aos sábados, para só reabrir na segunda às 8h.

Além de extremamente quente, um forno,o local em que o gato permanece nos fundos da lojinha é escuro.

O gato é mansinho e carinhoso e já chegou castrado.Quando toquei nele, empurrou a cabecinha para receber afago. Aliás, os funcionários me mostraram vermífugo que deram a ele e colírio que estão usando porque os olhinhos estavam infeccionados quando chegou lá.

Apesar tolerância do dono e da hospitalidade recebida, o local é inadequado para a permanência do bichano. Já tive visões apavorantes, pensando na possibilidade de abrirem a loja pela manhã e só encontrarem papel picado!!! Por enquanto, ele está muito bem comportado. Mas, por favor,se souberem de alguém que queira um gatão carente, já castrado e de personalidade dócil já estabelecida, por favor, entrem em contato comigo.

Gratíssima,

Ana

16.1.06



Da impossibilidade de amar amando,
e da falta de coragem da entrega

2046 -- Os segredos do amor


Quando o último dos últimos créditos de "2046 -- Os segredos do amor" rolou na tela, eu ainda não havia conseguido juntar os cacos do coração e reconectar as sinapses. Mesmo agora, passados três dias desde que vi o filme de Wong Kar-Wai, não estou inteiramente certa de ter conseguido ligar os fios corretamente e colado os pedacinhos todos; a sensação predominante é de que alguma coisa mudou para sempre em mim, algum sentimento profundo e oculto demais foi revirado e nada voltará a ser como antes.

As grandes obras de arte têm este poder, o de modificar radicalmente a forma como vemos o mundo ou confrontamos as nossas angústias; "2046" teria esta capacidade, mesmo que ficasse apenas na superfície, na sua gloriosa estética de sonho, perdida num ponto tão imaginário quanto aquele que dá título ao filme e que é, ao mesmo tempo, número de um quarto de hotel e título do romance escrito pelo jornalista Chow (Tony Leung), que conhecemos há cinco anos em "Amor à flor da pele". Um tempo onde tudo permanece imutável e, em tese, nada dói.

A questão é que tudo dói nesta Hong Kong dos anos 60, em que a Hollywood dos anos 30, seus galãs de bigodinho e brilhantina e suas mulheres impossivelmente bonitas se encontram na esquina com "Blade Runner".

Corpo e alma: idiomas diferentes

Hospedado no quarto 2047, Chow envolve-se com Jing (Faye Wong), filha do dono do hotel, e Bai Ling (Zhang Ziyi), uma garota de programa. Outras mulheres vêm e vão; aliás, tudo vem e vai, todos estão em constante movimento, indo ou vindo de países e cidades diferentes, ainda que sempre fechados em espaços claustrofóbicos e decadentes.

Quando a câmera se dá ao luxo de mostrar a cidade, o ambiente é escuro, chove, as paredes descascam. Não há conforto no mundo, como não há conforto na alma, exceto no trem imaginário que vem de 2046 -- mas nele as mulheres que poderiam fazer Chow feliz são andróides, não têm alma e não conseguem responder aos anseios que, afinal, ele consegue exprimir.

Na realidade paralela do filme, a sua incapacidade de amar é a tônica dominante de uma atmosfera de eterno desejo e perpétua solidão -- mesmo que, aparentemente, pessoas se encontrem, palavras sejam trocadas e supostamente compreendidas, e todos os sentimentos estejam à flor da pele -- nos olhos, nos gestos, nos corpos que se entendem a despeito da incomunicabilidade dos espíritos.

A tragédia de Chow e das mulheres que cruzam o seu caminho, no entanto, está menos na sua suposta incapacidade de amar do que na coragem que lhe falta para a entrega, menos na audácia desafiadora dos gestos do que no medo do amor: é preciso coragem demais para ser feliz.

(O Globo, Segundo Caderno, 16.1.2006)

13.1.06

Foto Ernani d'Almeida




A passarela




Acho que é a Giselle




A tropa em peso




Com vocês, isto é, comigo, o N90!




O canalha que mordeu a Tutu






Encantando platéias

A MARCHA DOS PINGÜINS

Todo ano, assim que começa o inverno na Antártica -- aquele continente onde mal se acredita que haja verão -- os pingüins iniciam uma longa jornada neve adentro. Deixam a relativa segurança do mar e andam em fila indiana, aos milhares, desengonçados e lindos, a caminho do lugar mais frio, desagradável e inóspito do planeta. Alguns abreviam a caminhada dando umas deslizadas de barriga, mas nem isso encurta a viagem de quilômetros através do gelo.

Quando finalmente chegam ao seu destino, o que fazem? Acasalam, claro: há poucos instintos capazes de levar alguém tão longe, exceto, em raríssimos casos, o de fazer um documentário.

Para a sorte de platéias encantadas ao redor do mundo, foi o segundo instinto, e não o primeiro, que levou o cineasta Luc Jacquet e sua equipe ao fim do mundo, onde o time de bípedes implumes gravou algumas das mais impressionantes imagens de bichos jamais vistas, do encontro inicial dos casais à independência final dos filhotes, gerados e criados em condições que desafiam qualquer lógica.

Ainda que pingüins sejam pingüins e que assim venham sobrevivendo há centenas de milhares de anos, é impossível deixar de imaginar que, se a natureza fosse mesmo sábia, daria um jeitinho de inventar uma forma mais simples de produzir novos pingüins. No fim do ciclo, os adultos, que chegam a passar por períodos de dois meses em jejum, perdem mais de um terço do peso.

O único defeito do filme é o roteiro, com atores fazendo as "vozes" das aves. Apesar de sua semelhança com homens em black-tie , pingüins, definitivamente, não são seres humanos. Qualquer tentativa de antropomorfizar animais e seus sentimentos é, na melhor das hipóteses, uma grave incompreensão da fenomenal biodiversidade do planeta. Na pior, é uma jogada sentimental barata para comover as massas.

"A marcha dos pingüins" ("La marche de l'empereur", no original) não precisa disso. Esta Bonequinha vai voltar ao cinema, mas vai levar o iPod para uma boa música de fundo.


(O Globo, Rio Show, 13.1.2006)