31.5.05





Keaton

Keaton vai ser operada novamente hoje cedo. A biópsia do tumor que retirou há algumas semanas, e que pareceu inofensivo ao vet, revelou um câncer de mama, doença particularmente feroz em felinos.

A operação de hoje é para retirar mais tecido e todas as mamas do lado atingido. Pelo que conversei com o vet e, sobretudo, pelo que li na internet, a idéia é menos curar (possibilidade remota a se crer nos textos) do que retardar o ressurgimento do câncer.

Como o tumor era bem pequeno, o prognóstico é razoável, dentro das circunstâncias: uns três anos de sobrevida, se tudo der certo.

Em termos felinos, três anos é muito. É mais do que a Keaton teria provavelmente vivido se ficasse na rua, já que a média de vida de um gato de rua -- sem a "ajuda" da Sepda -- é de dois anos.

Mas isso eu só sei racionalmente.

Emocionalmente, sinto que, em algum ponto do destino, começou a contagem regressiva da gatinha do meu coração.

Update: A operação foi muito bem! A Keaton até poderia voltar para casa hoje, mas como precisa fazer curativo amanhã, é mais seguro e menos estressante para ela dormir lá e voltar para casa depois.

Muito obrigada pela força, gente!

Ter uma corrente positiva dessas faz toda a diferença... :-)

30.5.05





Bons velhos tempos

Um jantar de confraternização marca amanhã à noite, em São Paulo, os dez anos de criação do Comitê Gestor da internet BR. Não sei detalhes do cardápio, mas um ingrediente é certo: grandes doses de nostalgia. A internet evoluiu de forma extraordinária, a uma velocidade que nem o mais sonhador dos usuários de então poderia ter imaginado; mas, a despeito das conexões lentas e complicadíssimas, aqueles foram tempos aventurosos, que deixaram saudades.

Não sei mais como vivíamos sem o Google, por exemplo, ou sem o Internet Movie Database (imdb) funcionando com a rapidez de hoje -- mas me lembro do Altavista e do Northern Light, e me lembro de contribuir para o imdb quando ele ainda atendia por Cardiff Movie Database; antes disso, a mesma turma que o levou para a universidade do mesmo nome tocava um ótimo grupo de discussão na Usenet em rec.arts. movies, que eu lia de vez em quando (o meu grupo do coração era outro, rec.pets.cats).

Ainda me lembro da primeira vez em que vi um endereço web, e da noite que passei acordada tentando descobrir como se chegava lá: com gopher? Com veronica? Como tudo era lento, mas lento meeeeeesmo, acabei jogando a toalha, frustrada, ao amanhecer. Tempos depois, vivi surpresa parecida ao ver o primeiro www.algumacoisa.com num anúncio "comum", vale dizer não-tecnológico, numa revista semanal americana: quem diria que a internet ficaria tão popular!

É quase impossível comparar a rede atual a daqueles tempos; são animais radicalmente diferentes. Tenho saudades daquela em que praticamente todo mundo era confiável, porque "todo mundo" era um grupo relativamente pequeno de geeks; tenho saudades do espírito pioneiro e da sensação de estar vivendo uma grande aventura tecnológica. Mas a saudade que mais aperta o coração, aquela que às vezes me dá a impressão (errada) de que as coisas mudaram para pior, é a de abrir a mailbox, cheia de expectativa, ansiosa para ver de quem seriam os dez ou vinte emails que me esperavam.

Sim, crianças: naquela época, a gente só recebia emails de conhecidos ou, no máximo, de conhecidos de conhecidos. Não havia vírus nem spams oferecendo relógios falsos ou métodos infalíveis para emagrecer; havia correntes, é verdade, e alguns trotes, mas nada que tirasse o sono de ninguém. Era tão bom receber emails que havia até uma página dos aniversários, onde a gente avisava quando fazia anos, para que os outros internautas pudessem nos mandar felicitações. Fiz amigos assim.

Hoje tenho horror das minhas caixas de correio. Apesar de todos os filtros, a quantidade de porcaria que chega é tão grande que nela se perdem as mensagens de verdade. Até os inocentes cartões virtuais, de que tanto gostava, viraram perigo mortal. Tenho a impressão de que o email, justamente uma das ferramentas mais poderosas da rede, está morto. Não sei o que se pode fazer para salvá-lo; quem descobrir isso vai, aliás, ficar milionário.

O fino da bossa

A foto comprida e esquisita aí do lado é o Razr V3 da Motorola, de perfil -- o telefone celular mais bonito que já vi. Não é novidade, já que chegou ao mercado em fins do ano passado, mas agora posso dizer que é, também, um dos melhores celulares que já usei.

Pelos padrões atuais, o V3 tem ?poucos recursos?: não tem cartão para armazenagem de imagens, não funciona como player de MP3 (embora permita que se baixem músicas para uso como ringtone; tem ótimo som), não pega rádio FM, não dança nem sapateia.

Em compensação, mesmo fechado, cabe perfeitamente no bolso da calça; tem um tamanho excelente para ser usado como telefone, tela grande e nítida (ótima para acessar internet), uma linda luz azul no teclado (mão na roda no escuro), viva-voz, bluetooth e uma boa câmera, ainda que próxima demais de onde se põe o indicador, que às vezes acaba saindo nas fotos.

É o celular ideal para quem quer um bom telefone, gosta de objetos bonitos e cuida direitinho deles: a superfície fica arranhada se a gente o carrega dentro da bolsa, sem capa, jogado entre chaves e cacarecos variados. É caro, sim, mas vale o investimento.

Progresso é isso aí

Foi aprovado o padrão wi-fi USB (WUSB): dezenas de empresas aderiram ao protocolo. Isso significa que, até o fim do ano, começam a chegar ao mercado periféricos que dispensarão cabos para se comunicar com os computadores, em velocidade igual ou superior à do USB 2: câmeras, impressoras, teclados, scanners...

A mágica se dá graças a uma peça semelhante aos "chaveirinhos" USB ou adaptadores Bluetooth que conhecemos. Em suma: a macarronada de fios está com os dias contados. Viva!!!

(O Globo, Info etc., 30.5.2005)

29.5.05





Dois patinhos da Praça da Paz clicados com um celular Mega Cam da Samsung: a imagem original tem 1.3 Megapixels. Bom, né?


Notícias de um outro mundo

A Lilian Queiroz me mandou esta notícia. É um clipping do ano passado, mas dá o que pensar, no momento em que assistimos a matança de animais patrocinada pelas autoridades que deveriam estar cuidando da sua proteção:
Itália proíbe pintar pelo de gato ou deixar animal no carro sob o sol

Valquíria Rey, de Roma

Numa cidade italiana, as lagostas têm direitos civis, e os canários
devem ter parceiros sentimentais. São exemplos de leis que têm pipocado no país, para garantir que os bichinhos de estimação sejam respeitados. A mais rígida entrou em vigor em toda a Itália há pouco mais de um mês, prevendo prisão e multa de mais de R$ 500 mil para quem maltratar um animal. Até mudar a cor dos pêlos dos gatos ou deixá-los no carro sob o sol, por exemplo, são atos considerados como maus-tratos.

A nova lei foi motivada pelo estranho hábito dos italianos de
abandonar todos os anos nas ruas cerca de 150 mil cachorros e 200 mil gatos, sem se preocupar com o fato de que 85% deles acabem morrendo atropelados, de fome, ou de sede.

Aprovada pelo Congresso, a iniciativa tem estimulado uma espécie de
"comoção nacional". Na televisão, os comerciais chamam de "bastardos" os proprietários que dispensam seus mascotes. Nos principais jornais, reportagens sobre cães e gatos encontrados e salvos da morte são freqüentes.

Em Imperia, no norte do país, a morte recente de seis hâmsters e um
porquinho-da-índia, que caíram de um prédio numa rua movimentada e foram atropelados, abalou a cidade.

Sem saber quem era o culpado, a polícia estudou a trajétoria da queda e chegou ao apartamento de um aposentado. O homem alega que os bichinhos caíram acidentalmente, quando estava varrendo a sacada. Se for condenado, poderá pegar até 18 meses de prisão.

Em Roma, a Prefeitura distribuiu cartazes pedindo à população para
adotar os bichinhos recolhidos nos canis municipais. Também apela aos proprietários para esterilizar seus cães e gatos, para evitar um número maior deles perambulando pelas ruas.

"É uma lei justa. As pessoas gostam dos cachorrinhos quando são
pequenos. Depois, deixam nas ruas para morrer", diz o garçom Luca Direnzo. "Desde que sou criança, vejo isso acontecer. É justo que as pessoas sejam castigadas."

Direnzo acredita que, com punições rigorosas, é possível fazer os
italianos mudarem de atitude. A nova lei prevê multas e penas diferenciadas de acordo com o grau de crueldade cometida contra os animais. Variam de 3 mil a 160 mil euros e de três meses a três anos de prisão.

Deixar um gato sem comida, dentro de um carro no sol, ou modificar a
cor natural de seu pêlo, por exemplo, é ilegal. Qualquer pessoa considerada culpada de matar ou torturar animais, organizar lutas de cachorros, ou vender clandestinamente peles para as indústrias também será penalizada.

Federico Mazzocchi, funcionário de um dos canis de Roma elogia a
aprovação da lei, mas não acredita que ela possa ser tão eficaz.

"Quase todas as noites, encontramos um cachorro abandonado", afirma.
"Isso é preocupante. Tenho dúvidas se a nova lei realmente constrangerá as pessoas."

Valeria Salone, coordenadora da Mondo Cane, uma das muitas associações protetoras dos direitos dos animais na Itália, concorda.

"A vida para os animais é muito difícil, porque eles não são
respeitados", afirma Valeria. "O abandono ainda é grande, igual ao ano passado."

Silvia Viviani, responsável pela Colônia Felina da Torre Argentina,
localizada na área arqueológica sagrada do centro de Roma, onde os gatos são considerados bem biocultural do município, diz que a lei ainda não é a melhor. Mas, apresenta avanços muito importantes.

"Agora, os animais italianos têm mais direitos", diz Silvia, que
atende cerca de 600 gatos abandonados todos os anos. "Isso ocorre porque tivemos uma lei anterior, que veta a morte dos animais capturados pelos canis municipais. Em muitos países, cães e gatos são sacrificados dias depois se ninguém procurar por eles. Aqui é proibido."

Além da lei nacional, muitas outras de âmbito municipal surgiram nos
últimos meses. Em Reggio Emilia, no centro da Itália, é ilegal colocar lagostas vivas para cozinhar em água fervente. É recomendável matá-las primeiro, para evitar tortura desnecessária.

Já os proprietários de canários devem providenciar um parceiro
sentimental para seus pássaros, evitando assim que eles sofram de solidão. Se não fizerem isso, devem pagar multas de 25 a 495 euros.

No norte de Piemonte, a lei exige que todos os donos de cães implantem microchips em seus animais. Assim é mais fácil encontrá-los quando estão perdidos, bem como seus donos quando os abandonam.

A comoção nacional em torno dos bichinhos tem facilitado a vida dos
mendigos de Roma. Muitos, como Renato Balazzi, usam os cachorros para pedir dinheiro.

"Logicamente, as pessoas deixam mais dinheiro quando estou com os
cachorros", afirma. "Mas, quando me perguntam se estou pedindo dinheiro para mim, ou para eles, digo a verdade."

Balazzi não precisa fazer muito. Apenas coloca um pequeno cartaz no
chão, dizendo "temos fome", que todos ajudam.
É sempre bom a gente saber que, no resto do mundo, as pessoas começam a acordar para o fato de que os animais são pessoas como outras quaisquer, como bem disse um iluminado político brasileiro.


Vocês já viram?



Tem doido pra tudo...

28.5.05



Tempo tempo tempo

Desculpem, ando meio sumida, mas estou na fila para conseguir um dia de 48 horas.

Está difícil!

O pior é que, em total desacordo com a minha disponibilidade de tempo e dinheiro, ando numa fase meio compulsiva de compra de DVDs: é que estão saindo coisas simplesmente irresistíveis!

Semana passada caí em tentação e comprei as três caixas com todo o Chaplin remasterizado.

-- Chaplin?! -- chocou-se uma amiga. -- Mas você ainda tem saco para ver Chaplin?! Todo mundo já viu Chaplin mil vezes.

Verdade; mas dá para resistir a uma coleção com TUDO, e tudo tinindo de novo, como se tivesse sido filmado ontem? Ainda por cima com frete grátis e em dez vezes sem juros no cartão?!

Aí tem os italianos que, finalmente, depois de um longo e tenebroso inverno, voltam ao nosso convívio: Ettore Scola, Visconti, De Sica, Monicelli, Rossellini, os gloriosos irmãos Taviani... Estão saindo até filmes que nunca vi, como Fiorile, dos Taviani!

Para não falar num lote enorme, que inclui Arroz Amargo, Milagre em Milão e Ladrões de Bicicleta, agora que já saíram O Leopardo e A Noite de São Lourenço, tudo o que eu quero para ser feliz são Kaos (chato como um todo, mas com um episódio -- Diálogo com a Mãe -- que é uma obra-prima inesquecível) e La Nuit de Varennes (que aqui recebeu o ridículo título de Casanova e a Revolução, e que tenho num VHS safado no qual, por questões de espaço, a última cena, fundamental, foi cortada fora).

Para completar, descobri que está para sair um antigo favorito, Noturno Indiano, de Antonio Tabucchi.

Tanta maravilha no mundo, tão pouco tempo!

* sigh *

26.5.05





Tempo de ratos

Eles estão por toda a parte, mas a prefeitura do Rio trabalha para integrá-los à paisagem


Toda família tem uma pessoa "forte", capaz de segurar a onda quando a casa está vindo abaixo. É a tia ajuizada, o primo racional, a filha que sabe que alguém tem que manter a cabeça no lugar; gente capaz de descobrir aspectos positivos nas piores calamidades, dando-lhes uma razão aceitável de ser. Pois a semana passada foi pródiga em manifestações de pessoas fortes da família Brasil: não se abriu jornal ou revista em que não houvesse um colunista louvando os aspectos positivos embutidos na corrupção geral ou no descaramento compulsivo e patológico das autoridades.

Foram esforços bonitos e cheios de mérito. Um país em que 87% dos habitantes perderam a fé nos políticos (os 13% restantes sendo, provavelmente, políticos ou parentes de políticos) e 75% confiam nos militares, é um país em pleno ataque de nervos, precisado demais de tias, irmãs e primos sensatos.

Não sei como é com vocês, mas comigo, infelizmente, isso já não funciona. Já não consigo ver qualquer graça ou redenção neste lodaçal. Os crápulas de Rondônia me enojam, a corja de Brasília me ofende, as pragas rogadas sobre a nossa cidade me dão ímpetos assassinos. Na podridão que vem à tona já não vejo nada além da gangrena pustulenta que corrói o país de alto a baixo, nem percebo num futuro próximo ou longínquo qualquer sinal de cura -- até porque as pessoas que mais deveriam se preocupar com a situação, a começar pelo presidente, não estão nem aí.

Uma sentença como a da juíza Denise Appolinária dá gosto, certamente, mas não regala a vida: por rara e preciosa que seja, é pouco mais do que uma aspirina para um organismo que nem numa UTI se salva mais.

* * *

É, eu sei, já fui mais otimista; até já fui, algumas vezes, uma pessoa forte. Acontece que é impossível manter o bom humor em tempos tão safados. Mesmo a convivência entre pessoas, plantas e bichos, que ainda garantia a tantos de nós aquele mínimo de felicidade para suportar o insuportável, anda ameaçada. A Associação de Moradores da Fonte da Saudade, por exemplo, convencida de que assaltante dá em árvore, quer acabar com o manguezal da Lagoa; representantes dos governadores acasalados declararam guerra aos gansos do Flamengo; o Ibama persegue um papagaio que, há 25 anos, vive contente numa escola. É como se, de repente, do nada, surgisse uma onda de avassaladora boçalidade contra tudo o que ainda há de bom, bonito e amável à nossa volta.

Para completar o quadro, a prefeitura monta, sorrateiramente, o palco para o que pode ser a reedição de um dos grandes clássicos da História: a Peste Negra. Protagonizada por ratos soltos num continente do qual praticamente toda a população felina havia sido exterminada, a epidemia fez tal sucesso na Europa do século XIV que, até hoje, ainda se fala nela. Pois, neste momento, o Secretário de Proteção e Defesa dos Animais, senhor Victor Fasano (não, não é piada), ignorante da História ou atraído por seu extraordinário potencial dramático, trabalha, com empenho, para abrir terreno para os ratos, eliminando todas as colônias de gatos da cidade. Além do extermínio puro e simples, ele propõe trancafiá-las em "cercadinhos" ou numa suspeitíssima "Fazenda Modelo"; o importante é que desapareçam das ruas, das praças, da vista de todos -- para que os ratos possam, enfim, tomar conta do território que política e legitimamente conquistaram.

Suposto entendido em aves, o senhor Fasano tem tal desprezo pelos bichos sem pedigree -- por quem, ironicamente, deveria zelar -- que conseguiu trazer para a sua pasta o órgão do qual todo amante de animais quer distância: o Centro de Controle de Zoonoses, que captura e extermina bichos sem dono. Para o povão, que desconhece a moda das expressões politicamente corretas, o CCZ atende por carrocinha.

Isso explica o apoio do secretário a quem maltrata animais. Sua colaboração com o extermínio de gatos no Jockey Clube, por exemplo, tem sido inestimável. Há dois fins de semana os coitadinhos presos no "gatil", em tese sob tutela da prefeitura, não recebem ração: é que a secretaria se esqueceu de que eles comem também aos sábados e domingos. Enquanto isso, gente que tenta dar comida à meia-dúzia de gatos pingados que ainda permanece solta é escorraçada pela segurança. Em consonância com o credo do senhor Fasano, que já manifestou profunda preocupação com a obesidade dos animais de rua (não, não é piada), a diretoria do clube proibiu alimentá-los, mesmo na calçada -- antigamente, espaço público.

Em suma: não, não dá para ser feliz nessas circunstâncias.

Como pessoa, sou a favor de uma cidade civilizada, onde plantas, pessoas e animais sejam respeitados. E, como eleitora e contribuinte, sou radicalmente contra a opção preferencial do prefeito e do seu secretário pelos ratos. Chega de nepotismo!


(O Globo, Segundo Caderno, 26.5.2005)


Essa mulher é o máximo!

Exmo. Sr. Dr. Márcio Thomaz Bastos,
Ministro da Justiça,

Véspera de feriado, o Congresso trabalhando até tarde, o Governo de V. Exa. tentando a todo custo escapar de uma CPI para investigar mais um escândalo... dizem que CPI nos olhos dos outros é colírio ... e para completar... olhe eu aqui outra vez!

Só para lembrar:

Lá se vão 155 dias, cinco meses de impunidade e perseguição, desde que o Delegado Titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico -- DELEMAPH, Dr. Antonio Carlos Rayol, foi demitido de seu cargo, como retaliação por ter prendido em 21 de outubro passado, entre outros, o marqueteiro-mor da República, José Eduardo Cavalcanti de Mendonça, e a figura surrealista do legislador infrator Vereador Jorge Hauat Babu numa cruel e brega rinha de galos.

Nesse intervalo em que deixei de produzir minhas mal digitadas linhas diárias por respeito à paciência de todos, muitas coisas aconteceram. Por exemplo:

O recurso interposto pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO contra o Habeas Corpus que excluiu as acusações de FORMAÇÃO DE QUADRILHA e APOLOGIA DO CRIME contra DUDA MENDONÇA, JORGE BABÚ e outros rinheiros, foi rejeitado na 4a. Câmara Criminal do TJ RJ, pelo mesmo desembargador que deu o voto final a favor dos rinheiros. Esse resultado já era esperado. Com essa rejeição, o MP pôde ingressar no Superior Tribunal de Justiça com um RECURSO ESPECIAL.

Se Duda Mendonça pensa que está livre, respondemos, de modo globalizado: not yet! A luta continua!

Não temos nada contra a justiça, nem desejamos desrespeitar este ente defendido pela pasta de V. Exa., mas... que senhora cansativa! E como está se tornando cada vez mais fujona! A luta não acaba nunca e quando se pensa que a justiça foi alcançada, pronto: ela escapa entre os dedos. É o substantivo mais abstrato de todos! E escorregadio que nem quiabo, também! É até bonita sua incorporação na figura de uma mulher com os olhos vendados, com os pratos da balança pendendo em total equilíbrio.

Infelizmente o que se vê atualmente é uma mulher vesga e troncha, com os pratos tortos, pendendo sempre para o lado dos malandros ricaços e poderosos. V. Exa. tem que orientar essa senhora que deu um mau passo e anda por aí, querendo sempre faturar algum por baixo dos panos. Que coisa feia! Além do mais, que figura lerda, morosa...

A musa de sua pasta é uma senhora de má fama. Traga-a de volta à senda da virtude, Ministro.

Agora estamos no aguardo de uma decisão do STJ sobre o envolvimento do Sr. Duda Mendonça na rinha de galos. Depois vão reclamar que assim não é possível, que o STJ está decidindo até processo de briga de galos. Mas se não tivessem "metido a colher" para defender o marqueteiro-mor, a justiça teria sido feita, o marqueteiro seria condenado a "cumprir uma etapa vendo o sol nascer quadrado" e os ministros não ficariam tão sobrecarregados...

Ainda assim, o Rasputin tropical tem sofrido alguns constrangimentos. Saiu na REVISTA VEJA - Edição 1906 - 25 de maio de 2005, Seção HOLOFOTE (pág.30):

  • PEGOU MAL ATÉ NOS ESTADOS UNIDOS

    A Sociedade de Prevenção à Crueldade contra Animais do Estado de Indiana (ISPCA), nos Estados Unidos, mandou uma carta ao embaixador
    americano no Brasil, John Danilovich, pedindo o cancelamento do visto de José Eduardo Cavalcanti de Mendonça. Trata-se do marqueteiro Duda Mendonça. Motivo: Duda foi preso numa rinha de galos e admitiu que esse é seu hobby. A sociedade lembra que as brigas de galo são crime no Brasil e em 48 estados americanos.


    Outro fato importante que ocorreu foi a Audiência Pública requerida pela Deputada Zulaiê Cobra e realizada no dia 18 de maio passado na Comissão de Segurança Pública e Crime Organizado na Câmara dos Deputados. O objetivo foi investigar as retaliações sofridas pelos Delegados Dr. Antonio Rayol e Lorenzo Pompílio da Hora no episódio Duda Mendonça-Galogate. A audiência foi muito boa.

    O Deputado CARLOS SAMPAIO do PSDB/SP, que é promotor de justiça, requereu novas oitivas, dos agentes federais Amado e Guimarães, do promotor do RJ Márcio Mothé, do Delegado Executivo - RJ Roberto Prel e do Delegado Poubel que é o corregedor do RJ. A luta continua!

    Agora vem a notícia de que o filho de Duda Mendonça é chegado numa vaquejada. Para quem não sabe, trata-se daquela "atividade" em que os peões a cavalo derrubam um novilho ou boi em velocidade, torcendo violentamente a cauda do pobre bicho, jogando-o ao chão. Como o rabo é o prolongamento da coluna vertebral e o tombo é feio, provocando lesões e fraturas freqüentes nos bichos, trata-se de evento cruel, portanto inconstitucional.

    Parece que a família Mendonça não prima pelo amor à natureza... nem à justiça... muito menos à Constituição Federal!

    Aliás, minha falecida avó já dizia:

    "Quem puxa aos degenerados não se regenera!"

    Finalmente, desejamos comunicar a todos que recebemos o honroso convite do movimento gay para participarmos da famosa Parada Gay que se realizará no próximo domingo, 29 de maio, na Av. Paulista, aqui em São Paulo. Nosso caminhão será o de número 16 e teremos grande prazer em contar com a presença de todos a partir das 13 horas em frente ao prédio da Gazeta.

    A escriba, em honra a Duda Mendonça, irá fantasiada de Galo Gay, inimigo de Duda Medonho. O marqueteiro não merece, mas será lembrado na avenida.


    Ana Maria Pinheiro
    Vice-presidente
    Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal
  • 25.5.05



    Bravo, Guilherme



    Ecos do eco dos ecos

    Imaginem sete gatos que, um belo dia, acordam diante da seguinte situação:

  • Uma empregada nova na casa;

  • Um gatinho zero quilômetro fazendo escala a caminho do seu novo lar (segunda e importantíssima parte, porém, desconhecida deles);

  • Seus DOIS bípedes de malas prontas, partindo em viagem.

    Agora imaginem o que é ser um desses bipes, e isso talvez lhes dê idéia de como andam as coisas por aqui. O outro bipe, a Bia, foi para Salvador, fazer matéria; acaba de telefonar do aeroporto, avisando que está a caminho de casa.

    Felizmente, lá em Florianópolis, o Cesar Valente não está tendo que se explicar para tantos quadrupes carentes, e pode, assim, escrever um relatório a respeito do nosso debate.

    Dois off-topics nem tão offs:

  • Antes de sair do Rio, pedi a ele que convidasse uns camarões para jantar conosco... e não é que os tolinhos aceitaram? São muito inocentes os camarões de Santa Catarina. E deliciosos!

  • Ele ganhou uma câmera de presente de aniversário da Lúcia. É uma Samsung fenomenal, com display basculante, que usa tanto bateria quanto pilhas comuns, e tanto Memory Sticks quanto cartões SD; mas o que impressiona mesmo é o que a danada faz. Confiram!


  • Pronto, voltei...

    E acabei de varrer o spam dos comentários.

    Era só o que faltava!

    23.5.05



    Info etc: dez anos online

    Na semana passada, este "Info etc." que vos fala pôs os pingos nos ii: num momento em que almas bem-intencionadas mas de pouca memória comemoram os dez anos da internetBR, nossos intrépidos repórteres André Machado e Elis Monteiro foram à fonte e esclareceram a questão. O primeiro passo da internet no Brasil foi dado, segundo Carlos Afonso, no dia 18 de julho de 1989, quando entrou no ar o primeiro servidor Unix do Ibase conectado à internet nos EUA. Ele tem autoridade para falar: estava lá e, para todos os efeitos, é um dos pais da criança.

    O "Info etc." propriamente dito não estava, mas apenas por um detalhe técnico: é que o caderninho só nasceria em março de 1991. Muitos de nós que, ao longo dos anos trabalhamos aqui, porém, nos envolvemos com a internet nos seus primórdios, bem antes de 1995.

    Freqüentávamos BBS, precursores primitivos dos grupos de discussão, e trocávamos emails uns com os outros; mas como velocidade de conexão era coisa inexistente, trabalhávamos com pacotes, isto é, ligávamos para o BBS, baixávamos as conversas e depois, off-line, respondíamos às mensagens. Quando a tarefa era dada por terminada, ligava-se novamente o modem e o telefone e subia-se o pacote.

    Também fazíamos compras. Nos Estados Unidos, por exemplo, uma livraria pioneira chamada Bookstacks Unlimited podia ser alcançada por telnet no endereço books.com. Os tempos pré-web eram tempos de interface de caracteres, e o que se via era, em geral, uma tela escura com letrinhas verdes; assim, em vez de procurarmos livros a esmo, já íamos de caso pensado. A mesma coisa acontecia com as outras poucas lojas que se aventuravam pelo desconhecido, como a CDconnection.com ou a CDnow.com, onde muitos de nós deixávamos parte considerável dos salários.

    * * *

    A partir da Eco 92, o Alternex começou a funcionar como a nossa porta para o exterior. Já não era necessário pertencer a uma instituição de ensino ou pesquisa para ter acesso à rede e, com o aumento do número de usuários, grandes novidades aconteceram. Em Juiz de Fora, por exemplo, o engenheiro Rogério de Campos Teixeira decidiu pôr online o estoque da Quarup, sua livraria antiquária. Era um empreendimento pioneiro e corajoso, solidamente assentado num PC XT de 640K, com 80Mb de disco rígido...

    * * *

    O ano de 1995 é significativo para o "Info etc." porque, depois de um longo período de testes e de afinação, subimos a nossa primeira edição web. Oficialmente, o "Jornal do Brasil" foi o primeiro jornal brasileiro online; e, como um todo, foi mesmo. Mas, bem antes de sua primeira edição web ir ao ar, o caderno de informática do Globo já estava na internet.

    Na época, ninguém tinha servidores para manter a operação na empresa: assim, o "Info etc. 2.0", como chamávamos a nossa versão online, ficava hospedado na Embratel. Mantê-lo era uma operação doméstica, literalmente: subíamos o material de casa, nas horas vagas.

    A idéia de que um jornal online precisava de uma equipe especial e de uma linha editorial ainda era algo por nascer. O Info etc. 2.0 era tocado basicamente pela equipe do caderno, sobretudo pela extraordinária Cristina De Luca, que sempre teve uma intuição quase que sobrenatural para a vida na rede.

    Tínhamos poucos leitores, mas todos eram extremamente participativos e escreviam dando sugestões e fazendo pedidos. Foi assim que algumas colunas, que não tinham nada a ver com informática, foram se juntando à edição online. A primeira delas, se bem me lembro, foi a do Renato Maurício Prado.

    * * *

    A grande dúvida corporativa naqueles tempos de internet a vapor foi semeada pela miopia de Bill Gates em relação à rede. Gates estava convencido de que a internet era um hobby de estudantes, ao passo que o futuro estava realmente nos serviços fechados, como a AOL, a Compuserve ou a sua própria MSN.

    Para quem "morava" na internet, isso era o cúmulo da falta de visão; mas como convencer diretores de empresas importantes que o todo-poderoso CEO da Microsoft estava enganado, e que aquela meia-dúzia de criaturas alternativas estava certa?

    * * *

    Grandes discussões foram travadas no mundo inteiro entre executivos de terno e gravata e geeks conectados de jeans e camiseta. Quem apostou na "visão" de Gates se deu mal. A Microsoft escapou porque, com os fundos de que dispõe, pode se dar ao luxo de errar muito, muitas vezes; mas a verdade é que a empresa sofre, até hoje, os efeitos daquela falta de noção inicial em relação ao que era a rede.

    De certa forma, vejo o mesmo erro sendo cometido em relação à telefonia móvel. Parece que a Microsoft não pegou a idéia de que um smartphone não é um computador do tamanho de um telefone, e sim um animal completamente diferente, que não foi feito para rodar um Windows miniaturizado. Mas isso já é outra história.

    * * *

    Para quem estiver em Florianópolis na terça-feira, dia 24: o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina faz 50 anos e promove um ciclo de debates sobre Jornalismo, Democracia e Inovação Tecnológica. É no Auditório da Fesesc, às 20hs, e vou estar lá, conversando com o colega Cesar Valente, do ótimo Carta Aberta. A entrada é grátis, não precisa nem inscrição.


    (O Globo, Info etc., 23.5.05)


    cenas meXXXicanas

    Crianças, saiam da sala!

    (As fotos voltam para o alto porque hoje, no jornal, publiquei uma delas, e avisei aos leitores que a série completa estava aqui.)


    Pois lá estava eu em Playa Del Carmen, fotografando o povo que brincava na água com a minha Lumix poderosa...


    Quando vi este casal de replicantes.


    Topless é o que há de comum em Playa...


    Mas não sei se o resto também é.


    De qualquer forma...


    Não se pode dizer que os dois não estavam aproveitando bem as férias... ;-)


    Totalmente esquecidos do mundo e dos outros banhistas.


    Que, vejam só, não estavam nem aí...


    E continuavam com seus folguedos na água bonita, mas fria.


    Em compensação, este aí estava com raiva do mundo.

    Me deu a impressão de que, assim que saísse da praia, iria para o hotel pegar as armas, para dar cabo de meia dúzia de turistas inocentes.

    Creepy!

    22.5.05



    Voltando de uma festa

    Nada de novo nisso, mas é tão bom registrar felicidades: os amigos são a alegria da vida.

    21.5.05



    Atenção, fotógrafos cariocas!

    Pessoal, o movimento começa a se organizar (vide post abaixo, Chamando todos os fotógrafos cariocas!).

    Quem tiver máquina, tempo e vontade de ajudar a fazer o levantamento fotográfico da população de animais de rua do Rio, por favor entre em contato com a Valéria, que está formando grupos de trabalho.

    Quem tiver câmeras que possa emprestar, também serve: há voluntários sem câmera.

    Antes que algum idiota da objetividade venha perguntar por que não gastamos o nosso tempo fotografando a população humana de rua, explico: porque quando polícia ou bandidos matam bípedes as pessoas se revoltam, a notícia sai nos jornais e na televisão e, às vezes, até, os autores do crime são punidos; ao passo que quando a prefeitura, os shoppings ou clubes "elegantes" somem com os bichos, fica tudo por isso mesmo.

    A nossa intenção não é fazer demagogia, é colher provas de que essas vidinhas existem, para depois poder cobrá-las das autoridades incompetentes.

    Aos que preferem ratos, sugiro que procurem outro blog.


    Utilidade Pública

    Amanhã, dia 22, domingo, na Bienal, no Auditório Carlos Drummond de Andrade:

    O FUTURO DA CRÔNICA NOS JORNAIS - Um bate-papo entre o Xexéo, o Joaquim (Ferreira dos Santos) e a vossa blogueira.

    Entrada grátis, mas parece que é preciso pegar um convite no estande O Globo/Estácio de Sá, no Pavilhão Azul.

    Meio-dia, como sabem os que acompanham este blog, está longe de ser o meu melhor horário; mas o Xexéo é uma criatura matinal, e o Joaquim faz um meio-termo, de modo que os mais destemidos, dispostos a enfrentar a estrada e a multidão, não vão perder a viagem.

    20.5.05



    Saia Justa

    Voltar das férias dá nisso, blog devagar, email acumulado, essas coisas; não tive tempo nem para comentar que vi a versão 1.0 do Saia Justa 2.0.

    Assisti duas vezes à configuração anterior e detestei, achei uma baixaria sem limites, em que absolutamente não me via representada a nível de gente, enquanto mulher; pois agora acho que nem haverá uma segunda vez, de tão chato que está.

    Alguém pode me explicar por que diabos mesmo as mulheres mais inteligentes fazem questão de parecer umas tontas em programas ditos femininos?

    Que cretinice é essa?!

    Curiosamente, a única que me passou uma sensação de sinceridade e de bom senso foi a Luana Piovanni, muito honesta quando falou na sua "nova relação com os livros" e, sobretudo, quando disse o que tanta gente pensa, mas pouca gente diz, por medo das patrulhas corporalmente corretas: a noite virou um mercado de carne, com todo mundo de barriga de fora, perna de fora, peito (mais ou menos, em geral mais) de fora.

    Claro que Luana não escapou à patrulha.

    As outras imediatamente pularam: "Mas é um direito que as mulheres têm!", "Se eles podem caçar nós também podemos" etc. e tal.

    Ah, me poupem!

    É claro que é "um direito"; usar melancia no pescoço também é. Mas é vulgar demais, é deselegante, é grosseiro; em pleno acordo, aliás, com a cultura da boçalidade reinante.

    Acho ótimo que tenha sido justamente a Luana, que é linda e pode usar absolutamente o que quiser, que tenha levantado essa bola; e acho patético que senhoras que já deveriam ter mais juízo, discernimento e vivência, continuem achando que falta de senso do ridículo é "um direito".

    Dito isso, aos deveres; tenho que terminar de escrever a coluna de segunda-feira antes de morrer congelada. A redação está um iglu e esqueci o casaco em casa.

    Tem café na garrafa térmica e água gelada na jarra azul. Fiquem à vontade, a casa é sua.

    18.5.05



    Chamando todos os fotógrafos cariocas!

    Pessoas, a questão é a seguinte: há sérias suspeitas de que a Secretaria de Proteção e Defesa do Animal (!) não tem boas intenções em relação aos cães e gatos de rua do Rio.

    Nos últimos meses, incontáveis gatos sumiram sem deixar vestígios, e há testemunhas de que funcionários da Sepda estão envolvidos no sumiço. Se a intenção fosse boa, a secretaria já teria respondido aos protetores quantos gatos pegou, e para onde os levou; mas muda estava e muda ficou.

    Agora, foi anunciado que esta secretaria passa a ser responsável também pelo CCZ, o Centro de Controle de Zoonoses que, digam eles o que disserem, opera a famigerada carrocinha.

    Antes que o pior aconteça, acho que deveríamos organizar mutirões para fotografar esses bichos ameaçados e o seu habitat. Explico: boa parte dos gatos de rua vive em colônias cuidadas por protetores que os conhecem individualmente, os alimentam do seu próprio bolso, os castram e tratam de suas doenças.

    De modo geral, esses animais são mansos, bonitos e só trazem alegria para quem se encontra com eles.

    Obviamente, ao sumir com cães e gatos perfeitamente saudáveis, que não ameaçam ninguém, a secretaria estará cometendo um crime; mas se alguém perguntar dos bichos, a resposta será a de sempre: "Estavam doentes, ofereciam perigo às pessoas".

    A meu ver, ruas esburacadas, balas perdidas e pivetes em cada esquina são perigos consideravelmente maiores, mas essas são coisas difíceis de resolver.

    Assassinar animais indefesos, porém, é fácil.

    A única forma de protegermos os quadrúpedes da cidade é ter provas concretas de quantos eram, de como e onde estavam, e em que condições.

    Os gatos do Iate, por exemplo, correm gravíssimo risco. A diretoria quer tirá-los de lá, e a Sepda, em vez de agir como agente de educação, e de explicar ao povo do clube como conviver com os gatos, vai, obedientemente, exterminá-los, como já fez com os do Jardim do Méier, a pedidos do Norte Shopping.

    As pessoas que estão à frente da Sepda enchem a boca para falar de toxoplasmose, como se o convívio com gatos fosse a única forma de pegar esta doença; não é, e são raríssimos os casos de contágio via gato que se conhecem no Rio, de acordo com a Fiocruz -- que é quem entende disso.

    Curioso é que essas mesmas pessoas, que pretendem "proteger as pessoas" -- numa clara distorção do papel da secretaria, que deveria proteger os animais -- não falam jamais em leptospirose, doença transmitida por ratos, cujos índices de contaminação vêm crescendo assustadoramente nos grandes centros urbanos.

    Quem leu um mínimo de História já viu este filme na Idade Média. Lógico: tiram-se os gatos, voltam os ratos.

    Como contribuinte, sou radicalmente contra a opção preferencial do prefeito pelos ratos: nepotismo não!

    Portanto, voltando à proposta inicial: quem tem máquina, digital ou não, e estaria disposto(a) a participar de um super levantamento fotográfico dos gatos e cães de rua do Rio, por favor deixe nome, email, disponibilidade de horário e bairros onde poderia atuar aqui nos comentários, OK?

    Aos que estão ativos nos Fotologs da vida, por favor: levem a proposta para os colegas de lá. Eu vou postar esta mensagem por aí também, mas neste momento toda a ajuda é bem-vinda.

    Às câmeras, cidadãos!

    Vamos exercer a nossa cidadania de forma atuante, enquanto ainda é tempo, em vez de sair depois em passeata pelos gatos mortos!

    Update: Lá no Fotolog vários voluntários já se apresentaram. Seria bom que alguém coordenasse os trabalhos, até para formar grupos para ir às áreas que oferecem menos segurança.

    17.5.05



    Alegria de pobre

    Eu estava no auge do entusiasmo com a decisão da juíza Denise Appolinária, tirando os governadores acasalados do páreo pelos próximos três anos; mas, há pouco, tomei uma ducha fria.

    Encontrei os super-repórteres Toni Marques e Chico Otávio no Ti-ti-ti (a cantina aqui do Globo) e, depois de um dia ouvindo todo tipo de gente, nenhum me parecia muito animado em relação ao caso. Na verdade, ambos acham provável que o asqueroso casal se safe mais uma vez.

    A questão é que eles fizeram tudo de caso pensado. Durante as eleições de Campos, o macho, que pintou e bordou, estava sem cargo; a fêmea não se envolveu de forma direta. A inelegibilidade (é isso?) só se mantém em casos de canalhas em exercício de cargo.

    Por outro lado -- felizmente, há sempre um outro lado -- a reação da dupla à sentença foi tão primitiva que é possível que pese mais na balança a questão política do que as tecnicalidades puras e simples; mas aí é apostar no escuro.

    *suspiro*

    Enquanto isso, em Rondônia, quem acabou na cadeia foram os manifestantes, e não a corja indizível instalada na Assembléia.

    Socorro!!!

    Quando sai o primeiro avião para qualquer lugar?!

    E outra coisa: o que era aquela nota do PMDB afirmando que Garotinho não ofendeu a juíza?! O que é que eles acham, que somos todos idiotas?!

    Sim, Cora, eles acham. E com toda a razão. Pois não foram eleitos?

    Ódio, ódio. Raiva, raiva.

    GRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR


    Update: lá no Idelber rola uma boa discussão sobre o descalabro campista.


    Enquanto isso, na mailbox do ministro...

    Escreve, como sempre, a indômita Ana Maria Pinheiro:
    Exmo. Sr. Dr. Márcio Thomaz Bastos,
    Ministro da Justiça,

    V. Exa. estava sentindo falta de minhas mensagens?! Estava triste, pensando que eu havia tombado vítima da violência que sua pasta não combate? Pois alegre-se: olhe eu aqui outra vez!

    Só para lembrar:

    Lá se vão quase 150 dias, 5 meses de impunidade e perseguição, desde que o Delegado Titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico - DELEMAPH, Dr. Antonio Carlos Rayol, foi demitido de seu cargo, como retaliação por ter prendido em 21 de outubro passado o marqueteiro-mor da República, que responde pelo pomposo nome de José Eduardo Cavalcanti de Mendonça - gente fina é outra coisa! - e a figura surrealista do legislador infrator Vereador Jorge Hauat Babu numa cruel e brega rinha de galos, coisa de submundo, ou, para combinar com o espírito do Governo Federal, cada vez mais internacional - underground.

    Na rinha foram apreendidos cheques e diversos documentos relacionados às apostas. Uma pistola Glock 9 mm foi abandonada no momento da debandada geral. Painéis eletrônicos indicavam a pesagem dos combatentes, indicando claramente ser o local destinado a reunião para a prática habitual de crime ambiental. As apostas eram feitas com cartões magnéticos. De 2 a 3 milhões de reais circulavam, ou circulam, (!?) por torneio de três dias, dinheiro sem mãe, nem pai, nem destino certo. Mas, como afirmou o Desembargador do TJRJ que decidiu a questão, não se configura a formação de quadrilha, pois os crimes cometidos foram de pequeno potencial ofensivo(!?).

    Como conseqüência do desmanche da DELEMAPH, a delegacia passou a ser comandada pelo desanimado Delegado Dr. Deuler da Rocha, aquele que paralizou o Inquérito 133/2004, cuja cópia, alvíssaras, encontra-se em nosso poder, também relativo ao estouro da Rinha Clube Privê Cinco Estrelas e também: paralizou a investigação da DELEMAPH na Reserva de Tinguá, onde palmiteiros e caçadores estavam ameaçando de morte tanto os agentes do IBAMA como o abnegado ambientalista Dionísio Júlio Ribeiro. Com a DELEMAPH paralizada, o ambientalista foi assassinado. Veja, Sr. Ministro, o alcance dessa vergonhosa vendetta oficial contra os quatro policiais federais: uma vida! Coisa de Republiqueta de Bananas, ou Banana Republic.

    O marqueteiro, cada vez mais rico e poderoso, com R$ 150 milhões em contratos com o Governo Federal, vai acabar livre de amolações com a justiça, cercado por um batalhão de advogados, enquanto os delegados e os outros dois policiais vão sofrer "procedimento administrativo", que poderá custar-lhes até a carreira. Serão acusados de abuso de autoridade, insubordinação e investigação tendenciosa.

    Deixei de enviar mensagens diárias, pois achei que já estava incomodando a todos, com minhas mal digitadas linhas. Afinal, não sou jornalista nem escritora, embora periodicamente seja acometida de frenesi escrevinhatório. Algum dia ainda vou escrever mais do que a Glória Perez, a delirante e loroteira teledramaturga global, que no domingo passado afirmou na Folha de São Paulo que anda acompanhada de guarda-costas, por medo dos protetores de animais. Deve estar com medo da própria consciência, por estar fazendo apologia de atos de crueldade contra cavalos, touros e inocentes bezerrinhos, pois, quando se faz propaganda de rodeio, divulga-se o kit completo.

    Neste ponto ela e Duda Mendonça parecem almas gêmeas, pois têm o mesmo gosto por cenas de tormentos a bichos: o marqueteiro-mor, agora, além de dedicar-se aos galináceos litigantes, termo politicamente correto, de acordo com a cartilha do Governo Federal, conforme recomendado por meu amigo Ralph, está interessado também pelas vaquejadas, em que o peão derruba um boi em velocidade, torcendo e puxando-lhe violentamente o rabo. As consequências para o pobre bovino, quando o prolongamento de sua coluna vertebral sofre tamanho tranco e o pesado animal leva um enorme tombo são previsíveis.

    Todas essas atividades são inconstitucionais e criminosas, mas até aí tudo bem: o Brasil é um país de ficção mesmo, onde a gasolina é removedor colorido, o remédio é farinha e os banqueiros são "vítimas" de cidadãos irresponsáveis, que não tiram o traseiro gordo da cadeira.

    Mas, escrevo tanto que ia até me esquecendo de informar a razão desta mensagem especial:

    Amanhã, 18 de maio, quarta-feira, às 14 horas, os policiais federais vítimas de retaliação neste vergonhoso Galogate estarão em Brasília, para depor na Audiência Pública aprovada pela Comissão de Segurança Pública e Crime Organizado da Câmara dos Deputados.

    O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal deseja agradecer à Deputada Zulaiê Cobra Ribeiro por ter requerido a referida audiência, permitindo, assim, que finalmente seja feita justiça.

    Tomarei a liberdade de enviar mais uma mensagem especial com notícias da referida Audiência Pública.

    Ana Maria Pinheiro
    Temível Protetora da Fauna
    Que tal escrevermos para os deputados manifestando nosso repúdio à atitude do Ministério da Justiça? Lembrem-se que o Galera, notável programa do Eugenio Vilar, ajuda muito nessa tarefa. Basta clicar em Arriar Galera para fazer download.


    Dos comentários

    Escreve o grande Emerson:
    Uma das vacas teve mastite dias atrás. Ela é meio encrencada, meio sensível, digamos. Como não há veterinário homeopata para grandes animais num raio de 80 km (pelo menos que eu conheça), usamos antibioticoterapia mesmo. E, na sequência, um tratamento homeopático para reforçar, limpar, prevenir. Alguns dias depois de iniciado, lá vem o Ismael com a caneca preta cheia de grumos amarelados e coisa e tal. Feio. Gelei.

    - É da Honey? O mesmo "peito"?
    - É.
    - Puta m*! E esse "peito", como é que está? Tá duro, tá quente?
    - Não, tá igual aos outros.
    - Hummmmmmmmmmmmm (não, não é um mantra nepalês, é só um pequeno criador /produtor de leite em momento de prática "ilegal" da medicina veterinária, pensando profundamente...)
    - Bom, peraí.

    O pequeno produtor etc e tal, pega o celular e fala com o vet, o alopata mesmo. E diz que fez isso e aquilo e agora o leite tá assim e assado. E tasca a pergunta:

    - Será que é só um processo normal de limpeza da sujeirada que ficou no teto e no quarto (com o vet, o pequeno produtor etc e tal fala "quarto" ao invés de "peito")?
    - Olha, tá com jeito, sim, se o quarto tá molinho e não tá mais quente que os outros.

    Ufa! Era só a homeopatia limpando o quarto atacado pela mastite.

    Pronto, chega de ruralidades. Mas contei esse causo recentíssimo pra dizer, ou melhor, perguntar:

    - Esse episódio envolvendo os cônjuges molekinhos, o povo dos correios e o roberto jefferson (é com 2 efes?), o ptb e a república, quero dizer, a res publica, etc, etc, etc, não serão manifestações de limpeza e excreção de sujidades por parte de um organismo doente mas em fase de tratamento?

    - Ou estarei tendo mais um dos meus, ainda que raros, ataques da doença infantil do otimismo tupiniquim?

    Aviso de antemão: ao contrário do veterinário, não pagarei pela resposta. Não por não confiar no respondente, mas por não confiar no tal organismo.



    Gostei!

    Está lá há dois meses exatos, mas só hoje é que vi este baratinho na Angela, que viu na Rosana, que viu não sei onde, mas vem da Amazon.

    A tipologia é única: você escolhe a Amazon da sua preferência (.ca, .jp, .com ou .co.uk -- os resultados são diferentes), escolhe livros, CDs ou videos, por autor, diretor, intérprete ou título, digita a palavra, e ela é formada através dos elementos encontrados que a contém.

    Para ver o que sistema desencavou, é só sair clicando na palavra para ver o que a busca trouxe. Descobri assim, por exemplo, que existe uma criatura chamada Cat Cora -- e, vejam só, simpatizei instantâneamente com o nome!

    Taí, gostei demais deste brinquedinho...

    16.5.05



    A Casa das Mil Portas

    Está no ar a segunda leva de autores do ótimo Casa das Mil Portas, projeto do craque Nemo Nox, um dos internautas mais cheios de idéias que conheço -- uma coleção de micro-contos de até 50 caracteres.

    Dois dos meus:

  • Voltou da África muito abatido. Morreu sem revelar o segredo.

  • O gato decifrou o ideograma, mas preferiu manter silêncio.

    Cada autor participa com até dez micro-contos; eles aparecem aleatoriamente, a cada porta que se abre.

    Participam, até agora, 113 blogueiros do Brasil e de Portugal; estão no ar uns micro-contos ótimos, muito interessantes.

    A Casa das Mil Portas vale a visita. E vale, sobretudo, perder-se no labirinto das historinhas misteriosas.


  • Warning: censor(censored.inc): failed to open stream: No such file or directory in /home/falouedi/public_html/fd/bb.php on line 422

    Pois é: as máquinas estão malucas. Ontem passei o dia longe do computador. Os comentários ficaram fora do ar durante o dia porque a empresa que hospeda os servidores do Falou & Disse estava mudando de endereço; quando voltaram, vieram com este cabeçalho, repetido inúmeras vezes.

    Quando vi, pensei:

    -- Ué, e essa agora?

    Não gostei daquela linha "Warning: censor(censored.inc):". Essas palavras me causam erisipela. Mas depois do susto incicial fiquei tranqüila. Os Garotinhos são monoglotas, o governo federal também é, e o Cesar Maia, embora não o seja, não está nem aí para o que a população pensa ou deixa de pensar a respeito da sua (não) administração. O Rio já deixou de ser preocupação dele há tempos.

    As palavras ameaçadoras são apenas um erro das máquinas hospedeiras. Assim que elas estiverem afinadas, tudo voltará ao normal.

    Ufa!

    13.5.05



    Aleluia, irmãos! Oremos!

    Sim, é verdade: os governadores acasalados estão inelegíveis!!! Diz O Globo Online:
    A juíza da 76ª Zona Eleitoral de Campos cassou o prefeito da cidade, Carlos Alberto Campista (PDT), e seu vice, Toninho Viana. Na mesma ação, a juíza tornou inelegíveis por um prazo de três anos, a contar de 2004, a governadora Rosinha Matheus, o presidente do PMDB, o ex-governador Anthony Garotinho, e o ex-prefeito de Campos Arnaldo Vianna (PDT).

    Na ação, também foram considerados inelegíveis por três anos Geraldo Pudim e Claudeci Francisco da Silva, que disputaram pelo PMDB o segundo turno das eleições em Campos.

    Além da cassação e das inelegibilidades, a juíza multou todos os réus. Elas variam de 100 mil Ufirs, como a aplicada à governadora Rosinha, a 50 mil Ufirs, como as que terão de pagar Garotinho e Pudim. Os réus do PDT também vão pagar multas de 100 mil Ufirs.
    O motivo foram as escandalosas eleições de Campos; mas a bem dizer da verdade, motivo é o que não falta para tornar toda esta cambada inelegível. Não vi quanto vale uma Ufir, mas independentemente de quanto seja, acho pequenas as multas, assim como acho três anos muito pouco -- ainda que me congratule com a juíza pela sentença.

    Claro que agora entrarão os recursos de praxe; por isso devemos rezar -- oremos, irmãos! -- para que o TRE seja também iluminado e mantenha a sentença a favor do estado.

    O que vem acontecendo aqui desde que essa gente assumiu é de cortar o coração. Nunca o Rio -- que é recordista mundial de maus governos -- foi tão maltratado, tão desprezado, tão espezinhado.


    Nas montanhas da Lua

    Casa de areia

    Os Lençóis Maranhenses estão, com certeza, entre os lugares mais bonitos do mundo -- sobretudo vistos do alto, do relativo conforto de um teco-teco, como eu os vi, há tantos anos. Em terra firme, se é que se pode chamar areia de terra, e o que se move continuamente de firme, estão, com igual certeza, entre os mais inóspitos.

    É a este cenário improvável que chega, nos idos de 1910, a caravana formada por um aventureiro (Ruy Guerra), sua mulher, a sogra, alguns animais e meia dúzia de empregados. Nos trajes das mulheres, em objetos anacrônicos e num álbum de fotografias há vestígios do mundo urbano e elegante que ficou para trás; mas logo os empregados fogem, o aventureiro morre e as duas mulheres, vítimas da ilusão alheia, acabam sozinhas no deserto, de onde não conseguirão escapar.

    As mulheres são, claro, as duas gloriosas Fernandas, cada qual melhor do que a outra na dificílima arte de contracenar com a areia e o silêncio. Áurea (Torres) e a mãe (Montenegro) sobrevivem graças a Massu (Seu Jorge e, mais tarde, Luiz Melodia), descendente de escravos. A vida se reduz ao essencial, enquanto a casa construída pelos membros da antiga caravana vai sendo invadida pela areia.

    Às vezes há notícias do mundo, mas elas pouco ou nada significam: através de Luiz (Enrique Diaz e, depois, Stênio Garcia), Áurea toma conhecimento de que a guerra, que ela nem sabia que começara, acabou. O jovem tenente também faz com que ela volte a tomar conhecimento de sentimentos adormecidos, e promete levá-la consigo de volta à civilização. Áurea, no entanto, está irremediavelmente condenada ao deserto.

    O tempo passa. Áurea é agora a outra Fernanda, a Montenegro. Como sua mãe antes dela, está conformada com o destino. É como se a areia, que vai tomando a casa, tomasse também o coração das pessoas: 90% de areia nas praias, 80% de areia nas almas... Apenas sua filha Maria (Fernanda Torres e, em criança, Camilla Facundes) conseguirá quebrar o encanto e fugir do areal; sua volta às dunas, anos depois (como Montenegro filha de Montenegro, genial!), é um momento de pura emoção.

    Misterioso, contido e lindamente fotografado, "Casa de areia", heróico sob todos os aspectos, seria um grande filme com qualquer bom elenco. Com o jogo fenomenal das Fernandas, porém, ele ganha uma carga dramática de alta intensidade, uma dimensão metafísica única, e transforma-se num filme extraordinário.

    (O Globo, Rio Show, 13.5.2005)


    Sobre livros

    Eu já estava devendo isso à querida Marian, de Lisboa; e agora a Paula Foschia me pegou de jeito. De certas coisas a gente realmente não consegue escapar!

    1. Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

    Eu gostaria de ser My Family and Other Animals, do Gerald Durrell, irmão mais inteligente do Lawrence.

    2. Já alguma vez ficaste perturbado/apanhado por uma personagem de ficção?

    Quando eu era criança e, depois, adolescente, vivia muito intensamente tudo o que estava lendo. A vida real, para mim, era o que estava nos livros; o que os outros chamavam de vida real eram apenas estorvos: ir à escola, comer, dormir, essas coisas. Naquela época, os personagens de ficção eram os meus melhores amigos.

    3. O último livro que compraste?

    Proust e a Fotografia, de Brassaï; New Hotels for Global Nomads, de Donald Albrecht; e Conversations in Bolzano, de Sándor Márai.

    4. Os últimos livros que leste?

    México, um guia do Lonely Planet; Equador, de Miguel Sousa Tavares; e No Coração da África, de Martin Dugard.

    5. Que livros estás a ler?

    O Mestre, de Colm Tóibín; How I found Livingstone, de Stanley; e (mais uma vez) Heart of Darkness, de Conrad.

    6. Que livros que levarias para uma ilha deserta?

    Alguns bons manuais de construção de barcos e cartas de navegação. Como garantia, a Enciclopédia Britânica, que me garantiria boa leitura até o fim da vida caso os outros falhassem.

    7. Quatro pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê?

    Ao Tom Taborda, que tem uma curiosidade quase malsã de tão universal; à Carla H. G., que tem sempre uma opinião original e sensata sobre as coisas; ao Emerson, que vive num mundo tão diferente do meu, e que escreve tão bem; e ao Cesar, que tem um faro para essas coisas de escrita que só ele.

    Ao Tom e à Carla, do MSB (movimento dos Sem Blog): vale responder aqui nos comentários, OK?

    Update: aproveitando as dicas maravilhosas do Ribondi, proponho ampliar o jogo. Quem gostar da idéia e quiser responder às perguntas nos comentários, será muito bem-vindo. Assim vai ficar muito mais divertido, né?


    Utilidade Pública

  • Para o povo que está querendo saber quando vou falar na Bienal:

    14/05 - 15:00, no Auditório Carlos Drummond de Andrade

    ESCRITORES ON LINE ? A literatura na Internet, a rapidez da difusão, a liberdade de publicação. Existe um novo gênero literário? Revolução editorial ou bolha de ilusão? Com Cora Rónai, Daniel Pellizzari, Denise Scchitine, Joca Reiners Terron e Roberta Rizzo.

    22/05 - 12:00, no Auditório Carlos Drummond de Andrade

    O FUTURO DA CRÔNICA NOS JORNAIS - Um bate-papo entre o Xexéo, o Joaquim (Ferreira dos Santos) e a vossa blogueira.

  • Para quem me escreveu pedindo o telefone do estofador e do marceneiro:

    O estofador é o sr. Álvaro, excelente: recomendo muito!
    Os telefones são 2558-8416 e 9997-5253.

    Do marceneiro, infelizmente, não posso dizer a mesma coisa. É uma pessoa simpática e correta, mas o trabalho deixou muito a desejar.

  • Marilda está desesperada: "O que fazer para minha gata parar de fazer xixi em toda a casa, principalmente nos cobertores e camas?
    Agradeço de coração a resposta."

    Eu acho que ela deve estar contrariada com alguma coisa, Marilda, mas não sei muito bem o que sugerir. Povo gateiro, socorro: o que é que vocês sugerem? Será que mudar a marca do pipicat resolve, ou talvez mudar o pipicat de lugar?


  • Recado da dra. Andréa

    Amigos,

    Infelizmente não trago boas notícias sobre o projeto de lei 04/05 (PL 1376/03), que propõe a esterilização como controle populacional de cães e gatos em todo Brasil.

    A votação estava prevista para hoje, dia 12 de maio, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal, mas lamentavelmente foi retirada de pauta pelo Senador Delcídio Amaral Gomes - PT - Mato Grosso do Sul, que deseja saber de onde virá o dinheiro para realizar as esterilizações.

    Será que o senador Delcídio já teve interesse em descobrir a origem do dinheiro usado para matar milhares de cães e gatos em todo Brasil nos Centros de Controle de Zoonoses? Dinheiro que tem origem de nossos impostos, um dos mais altos de todo mundo.

    Será que o senador Delcídio Amaral tem interesse em acabar com o desperdício do dinheiro público e a mordomia dos parlamentares, por exemplo os prédios com apartamentos de luxo vazios ou ocupados por parentes de parlamentares e pagos com nosso dinheiro?

    Acho que não.

    Mas o senador Delcídio do Amaral está preocupado com os recursos para esterilizar cães e gatos, que terão filhotes. Muitos desses filhotes serão abandonados, serão vítimas de maus-tratos e crueldade nas ruas ou viverão em situação precária em abrigos superlotados.

    Estou muito triste e decepcionada, esperava ver o PL de esterilização aprovado hoje, mas vamos continuar a pedir e cobrar a aprovação do projeto de lei do deputado federal Affonso Camargo o mais rápido possível. A cada dia que passa mais e mais animais padecem com a insensibilidade, a ganância e a maldade dos seres "humanos".

    Também é muito importante entrar em contato com o senador Delcídio do Amaral e mostrar nosso apoio ao projeto de lei 04/05, explicando que adiar a aprovação vai retardar a implantação de uma política pública humanitária no controle populacional de cães e gatos.

    Contatos:

    Senador Delcídio Amaral Gomes, responsável pela não votação do PL Federal de Esterilização

    Tel: (61) 311-2452 a 2455, e
    (67) 322-3400, em Campo Grande
    Fax: (61) 311-1926

    Senado Federal
    Ala Senador Afonso Arinos, Gabinete 8
    70165-900 - Brasília,DF

    falecom@delcidio.com.br (Direto com o Delcídio)
    imprensa@delcidio.com.br (Assessoria de Imprensa no Senado Federal)

    Visite os sites:
    www.animaisdecirco.org
    www.gatosdocampodesantana.kit.net
    fotolog.net/campodesantana
    www.animaisemrodeio.com.br

    Andréa Lambert
    ANIDA - Rio de Janeiro

    12.5.05





    Urgente!!!
    Talvez ainda haja tempo...

    Só agora abri minha mailbox e encontrei mensagem da dra. Andrea Lambert dando o alerta; felizmente também chegou uma mensagem da Tribuna Animal dizendo que ainda há tempo. Vou reproduzir as mensagens, porque estou correndo (como sempre) para resolver uns pepinos domésticos:
    Quinta-feira, 12 de maio, será a votação do Projeto de Lei de esterilização no Senado. É o primeiro da pauta!

    O Projeto de Lei 1.376 foi aprovado na Câmara dos Deputados e agora no Senado tem o número 04 de 2.005.

    Vamos escrever aos senadores pedindo a aprovação do relatório favorável à esterilização de cães e gatos como controle populacional e o fim do extermínio nos Centros de Controle de Zoonoses.

    Esta Lei aprovada vai ser um grande avanço em nossa luta contra as "carrocinhas" de todo o Brasil!

    Para quem não conhece este Projeto de Lei, ele propõe o controle da natalidade de cães e gatos através da esterilização. Foi apresentado pelo deputado federal Affonso Camargo (PSDB, PR) a meu pedido, em 2003, com a colaboração da Dra. Vanice Orlandi, atual presidente da UIPA - SP. (Andréa Lambert)
    Há exatamente uma hora chegou um email da Tribuna Animal com um modelo de mensagem, dizendo que ainda há tempo. Me parece meio apertado, mas sabe-se lá; vamos tentar!
    Senhores Senadores,

    Por favor, aprovem o relatório favorável à esterilização de cães e gatos como controle populacional e o fim do extermínio nos Centros de Controle de Zoonoses.

    Este projeto de lei propõe o controle da natalidade de cães e gatos através da esterilização. Foi apresentado pelo deputado federal Affonso Camargo (PSDB ? PR).

    Com a aprovação desta lei, teremos um grande avanço na luta contra as "carrocinhas" de todo o Brasil! As pessoas que não suportam mais ver o sacrifício de animais pedem esta atitude de seus governantes: queremos um país mais justo não somente para os seres humanos, mas sim para todos os seres vivos que aqui habitam.

    O desenvolvimento de uma nação se mostra, principalmente, no modo que ela trata e respeita seu meio ambiente. Sejamos um exemplo ao mundo neste sentido!

    Antecipadamente agradeço,

    .............
    Os emails dos senadores:

    jonaspinheiro@senador.gov.br, marco.maciel@senador.gov.br, maria.carmo@senado.gov.br, rodolpho.tourinho@senador.gov.br, pavan@senador.gov.br, lucia.vania@senadora.gov.br, reginaldo.duarte@senador.gov.br, jbmotta@senador.gov.br, wirlande.luz@senador.gov.br, valdir.raupp@senador.gov.br, maosanta@senador.gov.br, sergio.cabral@senador.gov.br, papaleo@senador.gov.br, antval@senador.gov.br, flavioarns@senador.gov.br, ideli.salvatti@senadora.gov.br, crivella@senador.gov.br, paulopaim@senador.gov.br, psaboyagomes@senadora.gov.br, augusto.botelho@senador.gov.br

    É dar um cut&paste na mensagem, assinar, dar outro cut&paste nos endereços, tascá-los no cabeçalho e mandar.

    11.5.05



    Minhas Férias

    Como sabem alguns de vocês, estou de férias. Tirei duas semanas para terminar a viagem ao México e ficar em casa, de pernas pro ar, passeando pela Lagoa, pondo a leitura em dia e assistindo aos DVDs que ainda nem consegui abrir.

    Antes de fazer isso, porém, tinha umas pendências para resolver, como arrumar as estantes do escritório, e terminar de dar um jeito no quarto que, desde que pintamos a casa, estava uma confusão.

    Passei sexta, sábado e domingo limpando livro, jogando coisa fora, podando a biblioteca. Na segunda, cansada de arrumar, fui comprar puxadores para o móvel do quarto -- aquele, sobre o qual encontra-se a televisão que, aleluia, já funciona -- embora ainda não tenha tido tempo de ligá-la.

    A Laura me recomendou a Rupee Rupee, no Shopping da Gávea, que tem coisas indianas. Fui. Adorei ficar por lá batendo perna; sempre que vou ao Shopping da Gávea é na correria, para ir ao teatro.

    Aliás, encontrei uma amiga que está justamente ensaiando uma peça, e decidimos jantar juntas lá mesmo, no Gula Gula.

    Fiquei contente e me senti muito "normal", passeando num shopping, marcando jantar de última hora com uma amiga, sem uma preocupação na cabeça... u-huuuuuuuuuu!!!

    Nisso me ligou um amigo com uma proposta de trabalho. Estava em Brasília, pegando o avião para o Rio. Marcamos um encontro depois do jantar, no Palaphita. A conversa rendeu até tarde, mas foi muito legal.

    Na terça, o estofador veio entregar o sofá que, para desgosto dos gatos, perdeu todas as contribuições que, ao longo dos dois últimos anos, eles deram ao seu design. Veio também o Joselito, nosso faz-tudo, para resolver miudezas e me ajudar a pregar quadros. Quando acabamos, já estava na hora de correr para o Odeon, para a última pré-estréia de Casa de Areia, que eu ainda não tinha visto, e cuja crítica ia fazer para o jornal (sim, estou de férias, mas as cabines de imprensa anteriores, quando eu não estava de férias, foram todas às dez da manhã...)

    Saí do cinema encantada com o filme, que é extraordinário; e fui direto para o Palaphita, de novo, onde fiquei até tarde conversando sobre um projetinho bacana de capivaras; depois atravessei a rua, voltei para casa, escrevi a crítica e mandei para o jornal.

    Hoje, às onze, o marceneiro veio pregar os puxadores. Ficaram ótimos; mas quando ele acabou saí com tanta pressa que esqueci a carteira e tive que pagar o taxi com cheque. Fui dar uma entrevista para os amigos queridos do Eco.

    De lá saí, também às carreiras, para encontrar um amigo a quem não via há tempos, e que me fez uma proposta interessante para um livrinho.

    Acabo de chegar em casa e de conferir a agenda: tenho uma reunião de trabalho amanhã à noite, a festa de inauguração da Bienal do Livro na sexta e duas palestras na dita Bienal, lá no Riocentro (argh!): uma no sábado, outra no domingo. Tenho também que escrever dois textinhos que amigos me pediram, di grátis -- coisa que já me prometi mil vezes não fazer nunca mais, mas...

    Graças a Deus, minhas férias terminam na segunda.

    Acho que eu não agüentava mais uma semana nesse ritmo.

    Update: Agora acaba de sair daqui o cara que veio fazer a manutenção dos aparelhos de ar refrigerado... * suspiro *

    10.5.05



    CDMA x GSM

    A Cássia fez um comentário interessante no post abaixo:
    Falando em empresas de telefonia celular, queremos mesmo é que funcionem. A cobertura da Vivo, por aqui, continua sendo das melhores, ainda que haja sombras(?!) -- as regiões onde o sinal fica fraco... Muitos tentamos migrar para outros sistemas de chips, saindo da tecnologia GSM (é isto mesmo?!) e... só vale a pena para os que viajam para o exterior e precisam do telefone móvel com eles. Sim! Todos somos unânimes em continuar com Vivo ex-Telefonica ex-Telemar...
    Bem, aí... Aí, nos defrontamos e enamoramos por aparelhos cuja tecnologia é da tecnologia dos chips... Buááááá snif snif snif

    Moral da história: continuamos com nossos aparelhinhos que falam, que se conectam, porque a operadora nos atende no requisito mínimo, que é falar!
    Pois é: a função primordial de um celular, por incrível que pareça, é falar. E, sob este aspecto, pelo menos aqui no Rio, os CDMA (ou seja, a Vivo), que têm cobertura maior, ainda dão conta do recado melhor do que os GSM (Tim, Oi, Claro). Por outro lado, a variedade de modelos dos GSM é infinitamente maior do que a dos CDMA.

    Grande dilema!

    Leio sobre isso constantemente, vou a fóruns e congressos sobre essas tecnologias mas, até hoje, não consegui me decidir emocionalmente. Resultado: ando sempre com dois telefones, um CDMA e um GSM.

    O CDMA, um Samsung Twist, é descendente do primeiro celular que tive, que era um Nokia bom mas enorme, que troquei por um Ericsson pequenino mas péssimo, que troquei por um Startac, bonitinho mas com uma bateria ordinária, que troquei por um Motorola 720 que, quando passei para o Samsung (que tem câmera) dei para a Bia.

    Este Samsung é um ótimo aparelho, com uma bateria muito bem resolvida, uma tela maravilhosa com wallpapers da National Geographic que eu amo, e uma durabilidade lamentável; há tempos torço para que algo aconteça com ele para poder trocá-lo, mas que nada! Ele sobrevive impávido à convivência comigo, que é páreo duro para qualquer aparelho.

    O que há de errado, então? Três coisas periféricas, mas todas muito importantes para mim: ele só aceita 12 caracteres nos nomes da agenda, o que me obriga a inventar abreviaturas das quais nem sempre me lembro depois. A câmera, basculante, que em tese seria simples de usar, é muito complicada -- e já conseguiu o milagre de me bater duas fotos que simplesmente não consegue enviar por não ter capacidade de processamento suficiente. Resultado: não uso a câmera. E, finalmente, não me acertei com o design. Hoje tenho um grande carinho por ele, que é um fiel companheiro, mas, aos meus olhos, ele está longe de ser um objeto bonito.

    Com todos esses problemas, o bom e velho Samsung está sempre comigo por dois motivos básicos: o primeiro é que é o número que tenho desde sempre, e que todos os meus amigos conhecem. O segundo é que, sendo CDMA, ele funciona na casa inteira, ao passo que os GSM só funcionam na sala.

    Num certo momento do passado, a Nokia lançou o mais lindo telefone que eu vira até então: o 8260. Este, porém, era um TDMA, exclusividade da ATL e, seduzida por aquelas formas, fui feliz com ele. Nessa época, a Telerj Celular estava virando Telefonica e as coisas andavam péssimas por lá; o serviço da ATL era o melhor do Rio de Janeiro.

    Mas o tempo foi passando, o TDMA ficou irremediavelmente obsoleto e, pior, a ATL virou Claro, numa das maiores confusões de que se tem notícia no mundo das operadoras. Cancelei a conta e me despedi do meu querido 8260; no seu lugar, entrou o telefonino do meu coração, o Nokia 7650, GSM Oi, primeiro celular com câmera integrada, um show de bola. A Oi, que teria tudo para dar errado, deu certíssimo, e é uma ótima operadora, pelo menos aqui no Rio.

    O 7650, aberto, tri-band, era o meu telefone ideal para viagens... até aparecer o Razr V3, da Motorola, que não só é quad-band, como é, disparado, o telefone mais bonito que já vi, uma perfeição de aparelho que não me canso de olhar.
    Os países usam diferentes freqüências, ou bandas, de rádio para os celulares; os tri-bands podem ser usados nas três principais, 900/1800/1900 MHz. Os quad-bands pegam também 850 Mhz, usado em alguns países da América Central -- Panamá, por exemplo -- e áreas rurais dos EUA.
    Hoje, os meus companheiros constantes são o Samsung da Vivo e o Razr V3, da Tim. O barato dos GSM é que se pode usar o mesmo chip em vários modelos de telefones; assim, o mesmo chip que hoje está no V3, amanhã poderá estar em outro telefone qualquer -- com toda a minha agenda.

    Resumo da ópera: na minha experiência, o CDMA é melhor de cobertura, mas os GSM são imbatíveis em charme e em viagens. Os telefones são mais bonitos, pode-se trocar de aparelho à vontade e, na ponta do lápis, no fim do mes a conta é mais barata.

    Qual tem sido a experiência de vocês? Quais os telefones de que gostam mais, qual a sua operadora favorita -- ou, considerando a quantidade record de reclamações do setor, qual a menos pior? Se não fosse pelo número, vocês trocariam de operadora? E, se não fosse pela grana, trocariam de telefone?

    9.5.05






    A imagem da convergência

    Houve um tempo em que os celulares Nokia eram os objetos mais desejáveis em qualquer vitrine de operadora. Outros fabricantes inventavam bossas e faziam gracinhas, mas a Nokia lançava tendências: além de imbatíveis tecnologicamente, seus aparelhos eram invariavelmente mais bonitos e elegantes do que os da concorrência. Mas a palavra "concorrência" não existe à toa; de modo que toda uma legião de fabricantes foi à luta. Ao mesmo tempo, a Nokia caiu numa temporada morna, em que praticamente não chegou a marcar pontos no quesito "Mamãe, eu queeeeeeeeero!!!" -- uma das molas propulsoras da indústria. Nos dois últimos anos fez vários lançamentos radicais, como o NGage ou o 3650, que tem teclado semelhante a um discador, mas parecia ter perdido a mão infalível dos velhos tempos.

    Os primeiros sinais de que a calmaria estava por pouco foram vistos, no Brasil, durante a Telexpo, em março passado: quando há filas de gente num estande para ver aparelhos, ali há algo interessante. Em termos mundiais, o ano Nokia começou com uma surpreendente participação na PMA (Photo Marketing Association): ela foi não só a primeira fabricante de celulares a se apresentar na grande feira de fotografia, como, ainda por cima, o fez também na qualidade de maior fabricante de câmeras digitais do mundo, com cem milhões de telefones com câmera vendidos até o começo deste ano.

    Graças à convergência, aliás, os números da Nokia são mesmo impressionantes: ela é também a maior fabricante de players de música (40 milhões de celulares com players vendidas) e de PDAs (25 milhões de smartphones abocanhados pelo mercado).

    Na semana passada, com a realização de quatro mega-eventos simultâneos -- que foram ao ar em Amsterdã, Cancún, Hong-Kong e Kuala Lumpur -- ela fez a apresentação oficial da sua visão de futuro, e mostrou que os sinais de fumaça que vinha emitindo têm uma base concreta. Sob a sigla Nseries, que passa a designar o topo de linha, mostrou três pequenos objetos que vão disputar, com boas chances de êxito, não só o mercado de celulares como o de PDAs e o de players. Para isso fez algumas parcerias altamente estratégicas, não só sob o ponto de vista tecnológico, mas também de marketing -- que é, como a gente sabe, a alma do negócio.

    A mais interessante é, com certeza, o contrato de exclusividade para celulares com a Carl Zeiss, que fornecerá os sistemas das pequenas câmeras embutidas. Elas produzem fotos de até 2 megapixels de qualidade impressionante. Pude brincar com um N90 (na foto) e fiquei admirada com a definição, a fidelidade das cores e a relativa ausência de distorção nas margens, bem comum até em câmeras digitais.

    Com 31Mb internos, mais slot para cartões MMC, o N90 pode gravar até duas horas de video; tem um visor basculante excelente para ângulos difíceis e vem com uma suite da Adobe, especialmente desenvolvida para maquininhas móveis, que oferece várias opções práticas de tratamento de imagem no próprio aparelho.

    Com disco rígido de 4Gb, o N91 tem a mesma capacidade de armazenagem do iPod mini (mas é muito mais flexível para downloads e troca de músicas), som estéreo, rádio FM, conexão com headphones sem fio e compatibilidade com acessórios Bose, Harman Kardon, JBL e Sennheiser (usa um plug padrão de 3,5mm). Em suma: é um player turbinado que também tira fotos, tem funções de PDA e dá telefonemas.

    Já o forte do N70 é o peso pluma. Como os irmãos mais robustos, ele também faz fotos de 2 megapixels, roda e grava videos, e é um ótimo player e smartphone, mas com metade do tamanho dos outros.

    A interessantíssima família apresentada a jornalistas, analistas de mercado e representantes de operadoras começa a chegar ao mercado no fim do ano. Embora a NSeries seja uma linha 3G, pronta para WCDMA e Edge, a idéia de mandar fotos de 2 megapixels ou baixar músicas inteiras pelo telefone não chega a ser muito prática; mas nem é essa a intenção da Nokia. Os três telefones podem se conectar a Macs, PCs e várias marcas de impressoras via USB ou Bluetooth; como os players, câmeras e PDAs que de fato são, podem fazer carreira solo, mas brilham mesmo quando aliados a computadores.

    Dependendo do preço, ainda não definido, os aparelhinhos podem vir a fazer grandes estragos entre PDAs e players desconectados. Fotografia é outra conversa: ninguém que faz foto para valer vai trocar a câmera pelo N90; mas a verdade é que, se tiver um, vai, certamente, deixá-la em casa com mais freqüência.

    (O Globo, Info etc., 9.5.2005)


    Nunca te vi, sempre te amei

    Gente, vejam que juíza do bem! Dá vontade de comprar umas flores e mandar para ela, sinceramente... Tomara que aqueles monstros de Pelotas peguem pela frente um juiz que tenha esse caráter e essa disposição na aplicação da lei. Quem me mandou a notícia -- que, aliás, saiu no próprio Globo de sábado, mas por acaso não vi -- foi a advogada Ana Maria Lemos: valeu, querida!
    Em sentença inédita, a juíza Rosana Navega Chagas, do 1º Juizado Especial Criminal de Nova Iguaçu, condenou ontem (dia 5 de maio) o presidente do Nine Clube, localizado no bairro Esperança, em Nova Iguaçu, a pagar 70 salários mínimos (R$ 21.000, 00) em favor da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa).

    José Abrunhosa dos Santos foi denunciado pelo Ministério Público porque regularmente promove bailes funks e eventos evangélicos com o som excessivamente alto, além de já ter ocorrido rinha de pitbulls, perturbando a tranqüilidade da vizinhança.

    A juíza substituiu a pena privativa de liberdade pela pena alternativa da prestação pecuniária ? pagamento em dinheiro ?, que pode ter como destinatária a vítima ou entidade pública ou privada com finalidade social. Ela dedicou a sentença à cadelinha Preta, morta por estudantes de Direito em Pelotas, no Rio Grande do Sul.

    ?Frise-se que a rinha não está sendo julgada, porque ainda não foi denunciada, mas o barulho dos latidos dos pobres animais submetidos às crueldades são mais uma prova, dentre muitas, de que havia barulho, e a conseqüente perturbação dos moradores locais, além das vítimas, e isto na parte da tarde, sem contar com o barulho da noite, dos bailes, que até teriam prejudicado a audição da testemunha ouvida, que se ofereceu para uma perícia auditiva?, considerou a juíza na decisão.

    Segundo ela, as penas alternativas devem ter uma finalidade social e reparadora, devendo representar um benefício em prol da sociedade. ?Nos primórdios, a pena criminal foi concebida como um castigo ao infrator, mas hoje é concebida idealmente não só como ressocializadora, mas também como social e reparadora?, afirmou.

    Rosana Navega destacou que tais penas pecuniárias alternativas podem chegar até 360 salários mínimos, que podem ser dobrados em algumas hipóteses, ?mas lamentavelmente tem sido muito timidamente utilizada pelos magistrados do Brasil porque a prisão é a aplicação mais evidente de uma punição, mas não é a única?.

    A juíza afirmou que os processos em que são relatadas crueldades contra animais devem ter uma punição pecuniária com endereço certo: para uma instituição protetora, para que o sofrimento dos bichos não fique impune e nem as sentenças brandas, com condenação só em cestas básicas, provoque o descrédito do Judiciário.

    8.5.05







    Feliz Dia das Mães, amigas!

    A todas vocês, que se dedicam tanto aos seus bípedes e/ou quadrúpedes, todo o meu carinho -- e a toda a minha solidariedade... ;-)

    7.5.05



    Saudades

    No ar, o site do Mauro Rasi: tão querido.



    Emergência felina

    Recado da Val:
    "Esses lindos gatinhos estão sob meus cuidados, oriundos de abandono e maus-tratos, e precisam muito de um lar.

    A branquinha (o alto da cabeça e o rabo são tricolores) e a tricolor são irmãs e têm 3 meses; as pretinhas têm 4 meses (são quatro fêmeas, filhas de uma siamesa e de um preto fofo); o siamês mestiço tem 2 anos e já está esterilizado. São todos docéis e carinhosos.

    Valeria
    telefones: 2579-1821 ou 9111-3829
    Povo, recomendo! Amo tricolores; siameses são muito especiais; e pretinhos são os gatos mais meigos do mundo...

    6.5.05



    O ovo da serpente

    Passei o dia tentando me pôr a par do que aconteceu enquanto eu estava viajando, mas com um governo como o nosso isso é impossível.

    Eu ainda estava tentando digerir o conselho do Lula, que me mandou levantar o traseiro da cadeira para buscar juros mais baixos no banco, quando topei com aquela espantosa cartilha politicamente correta.

    Sei que isso já é assunto velho para vocês, mas eu ainda estou sob o impacto das "novidades". Por sorte encontrei na mailbox uma mensagem em que o João Ubaldo disse tudo o que eu queria dizer:
    Caros amigos,

    Anexado em forma de documento do Word está uma notícia publicada no Globo de hoje, sábado (30 de abril). É estarrecedor. Estamos ingressando numa era totalitária, em que o governo dá o primeiro passo para instituir uma nova língua e baixar normas sobre as palavras que devemos usar? Será proibido em breve o uso de palavrões na língua falada no Brasil? Serão eliminadas dos dicionários vocábulos e expressões não consideradas apropriadas pelo Governo? Palavras veneráveis da língua, como "beata", em qualquer sentido, deverão ser banidas? Será criada uma polícia da linguagem? Os brasileiros serão proibidos por lei de discutir vigorosamente e xingar os interlocutores? Que autoridade tem essa secretaria para emitir essas opiniões, que por enquanto podem ser apenas opiniões, mas nada impede, na ditadura mal disfarçada em que vivemos, que uma Medida Provisória, da mesma forma com que já nos confiscaram a poupança e os depósitos bancários, venha a ser baixada, confiscando também a nossa língua e os nossos costumes, mesmo os inaceitáveis pela maioria?

    Os escritores e jornalistas terão seus livros e textos examinados, para que se expurguem termos ou expressões condenadas? Contar piadas será tido como conduta anti-social e discriminatória? O governo é o dono da língua? As palavras "negro", "preto", "escuro" e semelhantes, nos casos em que não estiverem sendo usadas sem relação alguma com a cor da pele de ninguém, serão vedadas, se em qualquer contexto julgado negativo? As nuvens de chuva por acaso são brancas e alguém está insultando os negros, quando diz que há nuvens negras no horizonte (e há)? Os túneis são escuros e existe alusão racial na expressão "luz no fundo do túnel"? A peste bubônica não poderá mais ser mencionada como a "peste negra"? Tratar-se-á como injúria ou difamação chamar de comunista alguém que até o seja, mas não se considere como tal? Não se poderá mais dizer que alguém é burro ou cometeu uma burrice? Será publicada uma lista de palavras de uso permitido, ou de uso proibido? Acontece isto em alguma outra parte do mundo? Se um homossexual, como fazem muitos deles, rotular-se a si mesmo de "veado", poderá ser censurado ou punido? O pronome indefinido peculiar à língua falada no Brasil ("nêgo", como em "nêgo aqui gosta muito de uma festa") só será aceitável se for numa afirmação elogiosa ou "positiva"?

    O ridículo dessa cartilha não nos deve cegar para o fato de que está começando o que parece ser uma ampla distribuição, que certamente atingirá as escolas, nas quais, já hoje, são obrigadas a classificar racialmente os alunos, dando a entender que certas áreas certamente considerarão um progresso e um passo em direção ao ambicionado terceiro mundo a instituição da segregação no Brasil. Não podemos aceitar esse delírio totalitário, autoritário, preconceituoso (ele, sim), asnático, deletério e potencialmente destrutivo -- e, o que é pior, custeado com o nosso dinheiro.

    Que está acontecendo neste país? Aonde vamos, nesse passo? Quanto tempo falta para que os burocratas desocupados que incham a máquina governamental regulem nossa conduta sexual doméstica ou nosso uso de instalações sanitárias? Enfim, o que é isso, pelo amor de Deus? Até quando vamos suportar sermos tratados como um povo de ovinos imbecis e submetidos ao jugo incontestável da "autoridade"? Todo poder emana do povo ou da burocracia? Podermos ser processados, se chamarmos um membro do serviço público de "funcionário"? Temos liberdade para alguma coisa? Foi o Estado que nos concedeu o direito de pensar, opinar e dizer, ou este é um direito básico e inalienável, que não nos pode ser tirado?

    Não sei mais o que dizer sobre esse descalabro, esse escândalo, essa vergonha, esse sinal de atraso monstruoso, que de agora em diante não deverei mais poder chamar de palhaçada, para não insultar os palhaços. Até onde vamos regredir? É preciso que reajamos, é indispensável que os homens responsáveis por tal despautério sejam dispensados do serviço público, porque lá estão para cometer atentados à liberdade e arbitrariedades desse tipo. É indispensável que assumamos nosso papel de cidadãos detentores da soberania que, pelo menos nominalmente, é entre nós a soberania popular. CHEGA DE BURRICE, CHEGA DE ABUSO, CHEGA DE INCOMPETÊNCIA, CHEGA DE MERDA JOGADA SOBRE NOSSAS CABEÇAS! Ou então que nos calemos e vivamos o destino de gado a que forcejam para cada vez mais nos impor, a escolha é nossa e essa iniciativa grotesca e idiota seja imediatamente esmagada, ou em breve não teremos direito a mais nada, nem à nossa língua, aos nossos sentimentos e à escolha de nosso comportamento que, não sendo criminoso, é exclusivamente da nossa conta e de mais ninguém.

    Não podemos ser mais humilhados e envergonhados dessa forma, exijamos respeito e seriedade, defendamos nossa integridade e dignidade, rebelemo-nos e, sim, xinguemos -- bons filhos das putas -- ou, melhor, bons rebentos de profissionais femininas do sexo, para respeitar as novas diretrizes. Vão se catar, e não às nossas custas, como vêm fazendo até agora. Desculpem, mas eu não posso conter a indignação e tentar passá-la para tantos compatriotas quanto possível. Saudações democráticas, revoltadas e dispostas a se tornarem revoltosas, de

    João Ubaldo Ribeiro
    Já sei que a idéia da famigerada cartilha foi engavetada, mas isso é o de menos. O que me assusta de verdade é que alguém no governo tenha tido a idéia de fazê-la e que, tendo vindo à luz a idéia, ela tenha sido levada adiante, sem que ninguém lhe fizesse qualquer oposição.

    Será que não há uma cabeça pensante em Brasília que tenha se tocado para o ridículo da coisa? Será que ninguém percebeu, sequer, como aquele texto é burro, ilógico, mal formulado e preconceituoso?!

    O pior é que o autor daquela obra-prima de ignorância, insensibilidade e estupidez, pura e simples, é professor universitário. Fico me perguntando que espécie de educação não estarão recebendo os seus alunos, quantas centenas de pequenos Goebbels já não terão sido gerados sob sua esclarecida tutela.










    Ainda defesa de animais

    Eu soube lá no jornal que outra saída para denunciar maus tratos a animais é, por incrível que pareça, a ouvidoria da própria SEPDA.

    Acontece que se qualquer cidadão fizer o registro de ouvidoria, a SEPDA se vê obrigada a investigar ou encaminhar ao órgão competente, já que o sistema de ouvidorias da prefeitura não lhe deixa outra escolha.

    As reclamações registradas na ouvidoria que são de competência da defesa dos animais originam visitas de vistoria feitas por veterinários; e, apesar de tudo, há bons veterinários por lá.

    Os relatórios de reclamações procedentes de maus tratos são uma batata quente que a SEPDA é obrigada a encarar: eles são documentos públicos, aos quais os contribuintes podem ter acesso através do número de registro da ouvidoria.

    Acho que, contra todas as evidências, temos que ter fé -- e, mais do que isso, temos que usar todas as armas ao nosso alcance.

    As queixas devem ser encaminhadas através do telefone 2503-4654 ou do e-mail ouvidefanimais@pcrj.rj.gov.br.

    5.5.05



    Como proceder em casos de
    violência contra animais

    Estas são instruções do dr. Fabrízio Garbi, advogado de São Paulo que luta pelos animais. Está tudo tão bem explicado que merece que se dê um cut&paste e se guarde no computador, para caso de necessidade:
    "Para que haja uma investigação dos fatos e punição de eventuais culpados qualquer de vocês pode proceder assim:

    A) Faça uma denúncia anônima no 181 (Disque Denúncia - antigo 0800-156315). Você não precisa se preocupar pois não precisa dar o seu nome nem nenhum outro dado e eles NÃO rastreiam o número do seu telefone nem o seu endereço. Eles te dão um número de protocolo com o qual você pode ficar sabendo do andamento do caso sem ter que se identificar. Peça a investigação como crime ambiental.

    Caso não se importe em se identificar:

    1. Redija uma petição em duas vias. Vá ao Ministério Público e protocole. O protocolo é a entrega de uma das vias para o atendente (secretário, auxiliar, enfim qualquer um do Ministério Público que tenha a função de receber. Não precisa ser o Promotor). Se eles se recusarem a receber posso protocolar na sede do MP aqui em São Paulo/SP. É só vc mandar pra mim. Com a entrega de uma das vias, o funcionário faz uma chancela de máquina, carimba ou escreve "recebido em XX/XX/XXXX" e assina na sua via. De tempos em tempos você volta lá com o número do protocolo e diz que quer saber o andamento. E se não andar você denuncia para a Corregedoria.

    2. A petição não precisa ser redigida por profissionais do direito (nem advogado nem outro). Está escrito na Constituição que qualquer do povo pode levar crimes de que tenha notícia ao conhecimento de autoridades para as providências que a lei prevê. Conte os fatos claramente, sem imputar responsabilidade a ninguém (pra evitar que ameacem te processar alegando que você não vai conseguir provar - se você não responsabilizou ninguém, só pediu pra investigar, não há problemas). Peça que investiguem (use esse termo) se eventualmente (use esse termo também) estão realmente ocorrendo os fatos de que você teve notícia e, em caso afirmativo, que tomem as necessárias providências para a punição dos culpados na forma da lei. Anexe uma lista das testemunhas do fato e esclarecimentos de como você soube deles.

    3. Com o seu pedido, o Promotor fica praticamente obrigado a determinar que a Polícia instaure Inquérito. Se não fizer isso pode até ser processado criminalmente pela Corregedoria. Aí a Polícia vai colher as provas, ouvir o autor dos fatos, as testemunhas, fazer um relatório e encaminhar ao juiz. O juiz devolve pro promotor. O promotor analisa e se achar que os fatos constituíram crime, ele faz uma petição pro juiz chamada Denúncia. Quando o juiz recebe a Denúncia começa o processo criminal. Todas as provas vão ser analisadas, o juiz vai ouvir todo mundo de novo e vai sentenciar, decidindo pela condenação ou absolvição do autor dos fatos.

    C) Se não se sentir seguro em fazer a denúncia pessoalmente podemos até fazer por você desde que você justifique os motivos pelos quais não o faz pessoalmente (pregüiça não vale, hein, afinal quem quer ajudar precisa se esforçar um pouco). Mas para isso precisamos dos seus dados (telefone, endereço, nome completo, RG, CPF, nacionalidade, estado civil e profissão) para as autoridades poderem falar contigo, saber como você ficou sabendo e assim chegar às testemunhas dos fatos. A petição sem testemunhas não leva a nada.

    POR FAVOR SÓ NÃO ESQUEÇA DE NOS AVISAR COMO ESTÁ O ANDAMENTO POIS TAMBÉM FICAMOS PREOCUPADOS COM OS ANIMAIS.

    Os problemas mais comuns que eu vejo fazerem "acabar em pizza" são:

    a) as pessoas ficarem preocupadas em colocar na mídia (TVs, jornais etc) e esquecerem que a Polícia e o Judiciário só funcionam se forem provocados conforme manda a lei, ou seja, por petições e verificações de andamento dos processos;

    b) a Polícia tem muitos casos pra cuidar e nem sempre dá conta mas com o Ministério Público tendo requisitado a investigação, eles ficam mais comprometidos. Ainda que o relatório do delegado eventualmente seja no sentido de "não dá pra concluir", o Promotor não precisa aceitar. Ele pode discordar e Denunciar mesmo assim. Então acompanhe o andamento do Inquérito e, principalmente, do processo. Muita coisa acaba "em pizza" porque depois de um tempo as pessoas esquecem. Pra saber o andamento, eventualmente falar com o Promotor (às vezes nem é necessário falar com ele. Qualquer funcionário do Ministério Público pode te dizer quais são as novidades ou mesmo te mostrar o andamento;

    c) Polícia não tem poder de arquivar BO nem Inquérito. Só quem pode fazer isso é juiz, a pedido do Promotor. Aliás, a Polícia tem apenas 30 dias pra concluir as investigações. Se não conseguir tem que pedir mais prazo e, antes de dar mais prazo, o juiz tem que ouvir se o Promotor concorda. Então vale mais a pena ainda ver se estão se movimentando como mandda a lei. Processos são públicos. Qualquer pessoa do povo pode chegar no balcão e pedir pra ver. As pessoas evitam porque acham que não vão entender o "juridiquês", ou seja, a liguagem técnica. Mas com boa vontade dá pra entender a maior parte. E o que vc não entender pode me perguntar que a gente ajuda.

    Em último caso, se o Promotor não estiver cumprindo corretamente sua função, relate isso à Corregedoria.

    Fabrízio Garbi - Advogado
    OAB/SP n.º 162.020
    fabrizio@garbi.com.br