30.4.05















S6c6rr6!

Estou sendo sabotada pela minha própria máquina!!!

Toda a parte direita do teclado está se portando como se a tecla FN estivesse travada.

Já tentei mudar um parâmetro chamado Sticky FN Key e nada.

Alguém já passou por isso?

Há cura?

Sintam o drama:

Aq45 está 40 text6 c606 estã6 sa5nd6 6s 0e4s text6s deste tec3ad6 5nfe35z. *ara escrever a 0a5s s50*3es das frases, tenh6 q4e c35car na tec3a FN a cada 3etra 06rta.

ARGH!!!!!!!!!!!!!!!!

29.4.05



Com a palavra, protetores e amigos de bichos

Recomendo a todos a leitura dos comentários do post "Com a palavra, a dra. Vera, da SEPDA". Os fatos lá apontados sao muito graves. A dra. Vera respondeu a algumas perguntas, mas o grosso das indagacoes continua sem resposta. Continuo tentando acreditar na seriedade da proposta do trabalho da SEPDA, mas infelizmente as evidencias nao apontam numa boa direcao.

Confio em muitas pessoas que escreveram nos comentarios. Ana Yates, por exemplo, é uma pessoa de cuja seriedade nao se pode duvidar; tenho a maior admiracao por ela. Nao conheco Barbara Ribeiro, que escreveu o comentário abaixo, mas a meu ver ele resume bem a situacao:
Primeiramente, devemos lembrar da ponte de votos que o Prefeito César Maia encontrou com a defesa animal, quando concorreu com Conde na penúltima eleição, por sinal, apertadíssima ... Cesar apertando patinha de cãozinho no Aterro, que lindo, porém, como bom político, cumpria sua promessa sim, criando a SEPDA, só não informou que seria praticamente virtual.

No último ano da antiga gestão, houve demonstração de trabalho, com a criação dos mini-centros cirúrgicos, distribuição de rações aos mais carentes e outras atividades sociais em prol dos animais necessitados, mas ainda muito pouco. Bem, vieram as eleições e Claudio Cavalcanti ficou como suplente. Cesar queria a vaga dele, então convidou-o para ser o Secretário, com sua esposa, ex-secretária, como Sub. Cláudio declinou do convite. Cesar desmantela a Secretaria e exonera Maria Lucia.

Iniciei um movimento na internet pela permanência da mesma, que pode ser extinta, a qualquer tempo, pois é temporária. Houve adesões, fomos para Câmara Municipal. Seja por este ou outro motivo, Vera Loyola é convidada a ser a nova Secretaria, mas declina do convite, pois tem visão, é empresária, gosta de bichos, e não quer, provavelmente ser usada pelo Prefeito.

Aí surge um nome: Fasano, paulista, residente no RJ, ator meio desaparecido, envolvido com animais exóticos e em extinção, jamais se teve notícias sobre qualquer dedicação sua aos domésticos excluídos, razão para qual a Sepda foi criada.
Vera surge, de Campos, embora eu já a conhecesse do CCZ do Rio, quando ela foi fazer uma apreensão no Jockey, e não sou protetora daquele local, não, hein? Mas fui comunicada, pois Vera fincou o pé no local, numa tarde sábado, para apreender os gatos de qualquer maneira.

Um protetor antigo daquele local e também funcionário na época impede a Carrocinha de prosseguir. Vera se mantém, leva os gatinhos para o CCZ, que chegaram quase a noite e ameaça processar o protetor Nilton. Aí eu entrei, meio iluminada, pois não sou de aturar desaforos nem arrogancias de funcionários públicos, já que eu os sustento com os impostos que pago ... falei com Vera, pelo telefone, e pedi que deixasse os animais separados, assim como solicitei que não levasse a discussão com o Nilton adiante, pois isto o levaria á demissão ... difícil de convencê-la.

Tive que ouvir aquele "blá-blá-blá" sobre doenças transmissíveis, etc. Agora, ela reaparece, dizem que com a indicação de Otávio Leite (nepotismo ?) Só Deus sabe ..., mas o que todos sabemos, inclusive Deus, é que o nepotismo dos amigos e parentes de Vera na Sepda é explicito. Esterilizações quase paradas, colônias de gatos, que são devidamente mantida por protetores, sendo visitadas, causando uma insegurança muito grande nos protetores, sobre quais os objetivos reais da SEPDA de hoje.

Fasano? Bem, estive em audiência com ele, juntamente com um grupo, foi receptivo, mas nada sabe sobre domésticos ou domesticáveis. Parece que saiu de cena, pois entrou em outra cena, a da Globo, na América, ajudando a promover os rodeios. Recebe como Secretário e trabalha para a Globo ... alguém estaria espantado com isto? Acho que não, tão comum aqui no Brasil ... até quando? Se depender de pessoas como eu, até nunca, pois não me permito intimidar pelo autoritarismo de um Prefeito.

Vamos colocar a SEPDA sob auditoria ... quem topa? Vamos ao MP, vamos exigir explicações e diálogos com protetores. Vamos lá, Vera, se o que dizem não é verdade, prove! No seu mandato em Campos, em que bases funcionava o CCZ? Houve adoções em massa? Havia eutanásia? Para que tipos de doenças? Saudáveis, também?

Por favor, mostre as estatísticas e testemunhas. Não basta falar, tem que provar ... A proteção animal está fazendo frente a novela América e afetando uma audiência em horário nobre, elegendo vereadores em vários locais do Brasil, e não vai exigir os direitos dos animais através da SEPDA? Só pode ser piada ... o povo elege, o povo paga, o povo vota, o povo tira, este é o meu lema.

Prove o contrário, Vera, mostre as esterilizações sendo feitas, seu plano de trabalho, quem são seus funcionários, onde está o seu chefe Fasano, enfim, alguns detalhes, somente.

E, principalmente, lembre-se que veterinário se preocupa com bicho, pois ser humano é devidamente tratado por médico. Doenças? Vamos eliminar, então, os leprosos, aidéticos e por aí vai. Sem discurso, vamos para ação.

SEPDA, sai do armário e se mostre, terá em mim e outros aliados se realmente estiverem trabalhando em prol dos animais, pois recebem para isto. (Barbara Ribeiro)
É isso aí.

Dra. Vera, por favor, mostre que estamos erradas, e que a SEPDA quer, realmente, cuidar dos animais (cuidar no bom e velho sentido de amar e proteger)!

Desculpe eventuais injusticas ou malentendidos, mas mostre, por favor, que a impressao geral que se tem da SEPDA está inteiramente equivocada -- e este blog e sua autora serao os seus maiores aliados.


Se essa rua, se essa rua fosse minha...

Caía uma chuva fininha na sexta à tarde, enquanto eu subia a Vinicius de Moraes a pé, devagar, conversando com um amigo americano. Debaixo do braço, numa sacola de tela, levava a Keaton, meu pequeno Einstein quadrúpede, rumo ao veterinário. Faço este percurso inúmeras vezes por semana, a pé ou de bicicleta, sem prestar muita atenção à rua; para ser franca, apesar de ter uma disposição normalmente otimista, ultimamente ando prestando atenção mesmo é aos demais pedestres, tentando adivinhar qual deles será o assaltante disposto a me levar a bolsa e a vida.

Desta vez, porém, andava como se deveria andar por toda parte, isto é, de espírito desarmado, esquecida dos poucos transeuntes com quem cruzava. Estava tranqüila com a chuva, que afasta assaltantes; preocupada com a Keaton, que ia ser operada; entretida com John Perry Barlow, que tem um dos melhores papos do mundo; e atenta à calçada, em que a água e as folhas caídas desenhavam um caleidoscópio de imagens. Quantas fotos bonitas não estavam se perdendo!

O impacto visual era ampliado pelo calçamento, se é que assim ainda se pode chamá-lo: cimento partido por raízes, mosaicos de pedras portuguesas incompletos, buracos, elevações inexplicáveis. A beleza da decadência, que, pelo lado exótico e melancólico, teria me encantado em Tegucigalpa ou Bombaim, me deixou muito abalada aqui no Rio, provando que descaso na terra dos outros é refresco.

Se a rua mais famosa do bairro mais famoso da cidade mais famosa do Brasil está assim, como não estará o resto?! Há quanto tempo o prefeito não anda pela rua -- qualquer rua? Será que ele não vê isso? Ou será que, quando sai à rua, ele também, como todos nós, pratica a caminhada defensiva, essa moderna modalidade de passeio carioca?

* * *

Taí, aliás, um bom esporte para esquentar os jogos pan-americanos. Os atletas teriam que sair para passear sozinhos, percorrendo vagarosamente cinco quarteirões escolhidos ao acaso. Ganharia quem conseguisse manter os batimentos cardíacos dentro do normal, não caísse em nenhum buraco, não fosse assaltado, não fosse abordado por pedintes, não tropeçasse em bancas de camelô nem pisasse em moradores de rua adormecidos. Quem sofresse taquicardia, ficasse com as palmas das mãos suadas, olhasse para os lados desconfiado ou corresse estaria automaticamente desclassificado.

* * *

De todos os viajantes que conheço, e conheço muitos, não sendo eu mesma uma criatura particularmente estacionária, Barlow é o mais radical. Ganha a vida fazendo conferências, vai aonde é chamado e é chamado de todos os cantos. No seu último e-mail, a linha final, que dá aos amigos uma idéia de onde andará nas próximas semanas, lista 13 cidades no espaço de um mês, de Nova York a Leeds, passando por Recife, Las Vegas, Tucson, Salvador. Há muitos e muitos anos, quando ninguém sabia bem o que era internet, ele fez questão de ir ao Mali para implantar a rede por lá. Considerava isso importantíssimo para a sua disseminação, dado que, a partir de então, qualquer um poderia cobrar das autoridades do seu país a existência da internet, que "já existia até em Timbuktu"? Um argumento de fato eloqüente.

A nova paixão de Barlow é o Skype, o sistema de telefonia via internet que deu voz à rede, aproximando ainda mais as pessoas: afinal, a banda emocional da voz é incomparavelmente superior à da escrita. Mais uma vez, nada será como antes, ainda que a gente mal se lembre de como era naqueles tempos -- quaisquer tempos.

* * *

Enquanto esperávamos no veterinário, conversamos sobre o que conversam amigos que se vêem de raro em raro, mas se querem bem e se acompanham à distância; e conversamos sobre os milagres com que vamos nos acostumando, como se fosse absolutamente normal adormecer nos Estados Unidos e acordar no Brasil.

Teclo essas mal digitadas na madrugada de segunda-feira. Se tudo correr conforme os planos, adormecerei hoje em São Paulo e acordarei amanhã no México, onde trabalho um pouco e onde, logo em seguida, mergulho de cabeça nas férias. Mando notícias quando voltar, daqui a duas semanas.

* * *

Keaton está em boas mãos. É um quadrupinho valente e duro na queda, que, tenho fé, logo conseguirá se levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, com a natural graça dos felinos.

* * *

Enquanto isso nós, que tanto condenamos as mães desavisadas ou mal-intencionadas que deixaram seus filhos sozinhos com Michael Jackson, aceitamos, passivamente, que o repelente vereador Jorge Babu, preso com Duda Mendonça na rinha de galos, participe da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente na Câmara dos Vereadores da cidade do Rio de Janeiro.

E eu aqui, reclamando das calçadas.


(O Globo, Segundo Caderno, 28.4.2005)

28.4.05















Asas, pra que te quero...

Hoje foi duro.

Taí o hotel para vocês verem, e a praia e tudo -- mas isso é do lado de fora, e nós ficamos do lado de dentro, vendo apresentações e fazendo entrevistas.

Algumas muito interessantes, mas chegava a doer pensar no lado de fora.

Fomos soltos no fim da tarde, às 17h30. Uns foram dormir, outros nadar; eu aproveitei a última luz para fotografar um pouco.

Às 19h em ponto nos levaram para uma casa de shows onde jantamos, mas eu preferia não ter ido. Imaginem que os centros de mesa eram pequenos aquários com um copo reto dentro e, neste copo, uma vela acessa; nos aquários, seixos de vidro, um pouco (pouco mesmo) de água e um peixinho de verdade!

Não fui a única a ficar indignada, mas acho que a maioria nem reparou ou, se reparou, nem ligou; ou, então, não se tocou para o fato de que é impossível para um peixe sobreviver àquelas condições.

Gente, que cabeça doente a que inventou esta "decoração"!!!

Sei que foram mortos muito mais peixes do que aqueles para o ótimo bufê que comemos, mas, caramba, uma coisa é comer um bicho, outra, bem diferente, é ver um coitadinho esquentando em banho maria, sabendo que, no fim da festa, alguém vai jogá-lo no lixo.

Tsk.

Logo mais, no começo da tarde, quase todos os colegas vão embora; mais de 200 jornalistas, de todos os cantos da América Latina. Grupos semelhantes foram reunidos simultaneamente pela Nokia em Amsterdã, Hong Kong e Kuala Lumpur para anúncios de parcerias (entre outros Zeiss, Adobe e Yahoo), apresentação dos produtos que vão chegar ao mercado no ano que vem e considerações sobre convergência e o futuro dos celulares.

Para variar, madrugada vai alta, mas vou me dar ao luxo de dormir até às 9h.

Quando acordar, tenho que decidir o que fazer da minha vida. Fui pedir sugestões a vocês e agora estou tão cheia de opções que é quase impossível decidir -- embora meu coração balance na direção de Playa del Carmen, preciosa dica da Marcela e do Ricardo Freire (muito obrigada, queridos!); também posso passar os próximos dias mergulhando em Cozumel ou, eventualmente, ir sem mais delongas para a cidade do México, de onde sai o avião pro Brasil, e onde há tanta coisa interessante para se ver.

Tenho, ainda, um plano maluco na algibeira dos sonhos: Cancún fica a 45 minutos de Cuba e, em vez de voltar para casa no sábado, eu podia ir até lá, para ver o Primeiro de Maio em Havana.

Segundo a agência de viagens aqui do hotel, ida e volta com uma noite em Havana custam U$ 300. Não é caro, mas, por outro lado, é para lá que vou de férias de verdade com a Bia; sem falar que um estirão desses seria um tanto puxado.

Adoro viajar sozinha, mas num caso desses, ter companhia faz muita diferença.

Bom, vou dormir; decido quando acordar e, claro, quando tiver feito as contas certinhas e avaliado as possibilidades na ponta do lápis.

27.4.05
















Iu-huuuuuuuuuuuuuuuuu!!!

Ufa, agora sim!!!

Passei o dia aflitíssima. Liguei assim que cheguei para a clínica, mas a Keaton estava justamente sendo operada.

Logo depois resolvemos, um grupo de amigos e eu, aproveitar o tempo livre antes do jantar para ir a Tulum, um lindo sítio arqueológico à beira-mar, a 130 kms daqui.

Ao volante, um dos meus companheiros de viagem favoritos, o intrépido José Ramalho, que já voou as Américas de teco-teco e parte, dia 15, para fazer o Caminho de Santiago de bicicleta.

Estou sem telefone. Ainda não comprei um chip local. Mas tentei ligar de dois orelhões no caminho e, depois, na maior cara de pau, pedi o celular de um colega.

Não consegui falar lá em casa, o telefone da Bia estava fora de área e, sem o meu telefone, eu estava sem o número do Tom.

Socorro!!!

Liguei então para a Laura, que não tinha maiores notícias da Keaton, mas que sabia que a Bia ia a uma festa logo mais à noite; ora, para bom entendedor, meia festa basta... :-D

Agora, de volta ao hotel, depois de jantar e de tentar inutilmente me conectar através do wi-fi do lobby, li, enfim, o comentário da Bia, com os detalhes da operação.

Ah,que felicidade.

Muito obrigada, Bipe, eu não poderia ter tido notícia melhor!

Muitos beijos para você e para a Kitinha, muitos beijos também aos queridos amigos que ficaram na torcida; nada como uma energia positiva, né?

Amanhã, tendo um break, conto um pouco daqui; agora é tarde demais, e o batente começa cedo.

Vou dormir pouquíssimo, mas vou dormir muito, muito feliz.

25.4.05



Torcendo por Keaton

Há coisa de uma semana, fazendo carinho na barriga da Keaton, percebi que um dos peitinhos dela estava esquisito, como se tivesse um caroço.

No dia seguinte, ela estava no dr. Jaime, fazendo uma série de exames.

O caroço é um tumor, restrito ainda, aparentemente, àquela mama. Mas o ultrassom revelou também uma ligeira alteração nos rins, da qual o dr. Jaime preferiu tratar antes de submetê-la à cirurgia.

Assim, desde o feriado, Keaton ficou no soro, dia sim dia não. Hoje, enquanto eu me preparava para viajar, ela foi para a clínica, onde ficou novamente no soro, e onde vai dormir, em jejum, para ser operada amanhã de manhã.

Ela volta para casa com a Bia, no fim da tarde.

O dr. Jaime é um excelente vet, que já salvou a vida da Pipoca e da Tati em circunstâncias extremas; nos dois casos, pensamos que perderíamos as nossas bichinhas, mas lá estão elas firmes e fortes.

Confio nele, nos carinhos da Bia e no olhar atento do querido Tom Taborda, que é vizinho tanto do vet quanto nosso e gentilmente se ofereceu para nos ajudar em qualquer emergência.

Estou postando do avião; já já fecham as portas e lá vou eu.

Amanhã, assim que eu chegar a Cancún, já terei notícias da Kitinha; tenho certeza de que ela vai dar a volta por cima com a galhardia que lhe é peculiar.

24.4.05



Com a palavra, a dra. Vera, da SEPDA

Pessoas, recebi um email da dra. Vera Cardoso de Melo, assessora da Secretaria de Promoção e Defesa dos Animais. O que ela diz é importante. Pedi sua autorização para divulgá-lo aqui; também pus o blog à sua (dela) disposição para conversar com os protetores que lêem o internETC:
"Sou médica veterinária concursada pelo município do Rio de Janeiro, com mestrado em Produção Animal e no momento assessorando o Secretário de Promoção e Defesa dos Animais Victor Fasano. O motivo deste e-mail é o fato de inverdades que infelizmente foram ditas ao meu respeito.

Primeiramente até por ser veterinária, significa que optei por viver toda a minha vida em função dos animais, estudando, me aperfeiçoando cada vez mais na tentativa de evitar doenças, principalmente as transmissíveis ao homem. Não podemos esquecer que vivemos em comunidades e não isoladamente.

Por isso, muito me estranhou a divulgação de que eu fui a responsável por "instalar" uma câmara de descompressão (gás) no município de Campos dos Goytacazes.

Mentira !!!!

Primeiro isso nunca ocorreu, segundo, que me conste, até hoje o CCZ de Campos nunca possuiu e não possui câmara nenhuma, este método de eutanásia é condenado por todos nós (corpo técnico) e nunca jamais foi utilizado, sequer implantado. Gostaria realmente de esclarecer este ponto, pois quem divulgou isso é uma pessoa extremamente irresponsável pois está caluniando uma profissional que sempre procurou agir com a ética em defesa dos animais e da saúde pública.

O meu trabalho sempre foi muito bem aceito em Campos e em todos os lugares em que atuei. Até hoje, na SEPDA, nunca me neguei a conversar com ninguém."
Num outro email, a dra. Vera respondeu a algumas perguntas que lhe fiz:
  • "O programa de castração gratuita nos minicentros não parou, muito pelo contrário, apesar da mudança de gestão, o que sempre demanda um certo tempo para as coisas funcionarem a todo vapor. O número de cirurgias no primeiro trimestre de 2005 foi 7% maior do que no ano de 2004 no mesmo período."

  • "A distribuição de ração não acabou pura e simplesmente. O que acontece é que a lei de autoria do Claudio Cavalcanti, que rege esta distribuição, é clara quando fala que esta distribuição só pode ser feita para pessoa jurídica, ou seja, com CNPJ. Quando fomos estudar a listagem deixada pela antiga secretária, de em torno de 300 pessoas cadastradas apenas em torno de 5 ou 6 eram pessoas jurídicas. Não tenho nada contra ou a favor da antiga gestão, mas nós vamos sempre caminhar dentro da legislação, por isso não estamos mais distribuindo ração e o caso esta no jurídico."

  • "Desconheço realmente qualquer ato de extermínio de animais na nossa gestão, feito ou comandado por nós. Hoje somos apenas 6 veterinários na SEPDA e estamos trabalhando muito firmes com o propósito de tentar resolver de uma maneira mais definitiva o problema do abandono e não ficar apagando pequenos incêndios."
  • A dra. Vera reconhece que está faltando uma interação maior entre as ONGs e a SEPDA. Ela diz que esta parte está sendo cuidada, e que o setor jurídico da secretaria está se preparando para criar uma nova comissão formada por representantes dos órgãos públicos e das ONGs ligadas à proteção animal.

    A sua idéia é realizar reuniões periódicas, mensais ou quinzenais, para a divulgação dos trabalhos da SEPDA.

    Vamos dar um voto de confiança à dra. Vera. Quem tiver dúvidas a respeito de alguma ação da SEPDA ou souber de alguma barbaridade cometida em nome da secretaria, pode, se quiser, trazer essas dúvidas aqui para os comentários, ou me enviá-las por email -- cronai@well.com -- para que eu as encaminhe, OK?

    Compreensivelmente, ela não quer que o seu email pessoal seja divulgado.

    23.4.05



    Próxima parada: Cancún

    Viajo na segunda para Cancún, onde passo exatamente dois dias, a trabalho.

    Depois, por minha conta, aproveitando que entro de férias, sigo em frente.

    Quero ir a Chichén Itzá e, se as coisas estiverem bem -- em suma, se o tempo estiver bom e os preços razoáveis -- penso em passar mais um dia ou dois percorrendo as ruínas.

    Alguém tem alguma dica legal da região?


    Que nojo

    Não sei vocês, mas eu até agora não engoli este asilo dado ao ex-presidente do Equador. Um corrupto totalitário, que levou o país ao caos por tentar dar um golpe de estado.

    E aí vai o bondoso companheiro Lula, que não pode ver um ditador sem fazer-lhe um agrado, e manda buscar o pobre em avião especial, para que ele não tenha que passar pelo inconveniente de responder pelos seus atos.

    Contrariando a vontade explícita do povo equatoriano que, a essa altura, está queimando bandeira brasileira em praça pública.

    É mais ou menos como se, na época do impeachment do Collor, o Menen lhe desse guarida na Argentina.

    Nisso se vai o nosso dinheiro -- e, de quebra, a nossa dignidade: por que temos que ser o pinico do mundo?!

    Enquanto isso, na "fazenda-modelo" que o companheiro desapropriou com estardalhaço há dois anos para assentar 450 famílias do MST, meu colega Pedro Motta Gueiros revela que o que existe é a miséria mais profunda, um favelão onde as pessoas disputam comida com os animais: para evitar que as galinhas comam os próprios ovos, os moradores queimam-lhes os bicos.

    O Globo relembra o que o vosso presidente disse quando esteve lá:
    "Porque nós precisamos atingir a perfeição nesses assentamentos para que a gente possa, inclusive, mostrar ao mundo que o tipo de reforma agrária que vamos fazer, no nosso governo, não é apenas dar um pedacinho de terra e um pouquinho de caatinga para o trabalhador, não. Disso a gente já está cansado.?

    "A gente quer a terra, a gente quer o financiamento, a gente quer assistência técnica, a gente quer se organizar em cooperativa, a gente quer a agroindústria e a gente quer vender o produto que produziu por um preço. E o governo tem que ajudar até que as pessoas atinjam a capacidade de andarem sozinhas.?
    Ainda bem que a gente sabe que a culpa disso tudo é do FhC. Ou do Itamar, sei lá.

    Esclarecendo: É ÓBVIO e EVIDENTE que sou contra fechar as portas do país a quem precisa de abrigo. Dar asilo a cidadãos perseguidos é uma prática civilizada e habitual, que deve ser respeitada.

    Mas isso é uma coisa, e outra, diferente, é se oferecer correndo para importar um presidente impopular, deposto porque desfez a Suprema Corte e estava tentando defender um arqui-corrupto, antes mesmo de esperar baixar a poeira e saber o que houve ou não.

    Asilo sim; conivência instantânea não.

    O nosso governo teria tido toda esta atenção com um cidadão equatoriano comum que estivesse sendo perseguido?!

    Quem assume uma presidência tem que assumir os riscos que decorrem disso: ou é só o bem-bom da pompa e da circunstância e na hora de prestar contas à população chama-se o Lula?

    Asilo ou não asilo, ação civilizada ou não, me indomoda demais ver ditadores ou candidatos a ditadores sem sorte terminem seus dias confortavelmente instalados no "exílio", beneficiando-se do que roubaram, engaram e mataram, direta ou indiretamente, enquanto o povo sofre. Vide Idi Amim, Stroessner, o Xá do Irã, Fujimori e por aí vai.


    Não é que é?

    "Vocês não acham fantástico que não exista um computador igual ao outro? E que, tal como nas bibliotecas pessoais, basta a gente dar uma olhada superficial para conhecer um pouco melhor aquela pessoa, que prefere isto e não aquilo, que tem mais deste coiso do que daquele outro e assim por diante."
    Exatamente! Grande sacação do meu Valente amigo.


    Nisso é que dá...

    Nunca tive televisão no quarto. Não por qualquer espécie de dogma, mas pelo simples fato de que praticamente não assisto televisão, exceto quando estou trabalhando.

    Eis que entram em cena os DVDs e a minha coleção -- que está, modéstia à parte, ficando bem bacaninha.

    Resolvi, portanto, comprar uma televisão e um player pro quarto.

    Quando voltei de Miami, achei um player em oferta no Free Shop; e na semana passada, finalmente, fui atrás da TV. Bia me levou ao Rio Sul para ver a cara e a imagem dos vários modelos, para depois, claro, fazer a compra pela internet.

    E onde fui parar? Nas Casas Bahia, lugar onde, por pura raiva daquela propaganda idiota e idiotizante, tinha jurado jamais pôr os pés.

    Um vendedor veio conversar conosco, nos mostrou diversos aparelhos, foi muito simpático. Quando saímos, a Bia perguntou por que não comprávamos a TV lá de uma vez, dando comissão ao vendedor, em vez de comprar pela internet, sem dar comissão a ninguém?

    Fazia sentido.

    Compramos.

    A TV chegou hoje à tarde: é uma Philips de tela plana, 21 polegadas, até bonitinha.

    Tiramos da caixa, ligamos na tomada, e... nada. Apertamos botões, montamos o controle remoto, clic clic clic. Nada. Tiramos da tomada, ligamos de novo, apertamos todos os botões novamente. Nada.

    Liguei pro 0800 da Philips, expliquei a situação, Mandaram que telefonasse para a loja.

    Liguei, obediente. O vendedor continua simpático, concorda que o aparelho tem que ser trocado, mas vejam a sugestão que deu: levarmos o trambolho até lá!

    A alternativa? Ligar para o SAC das Casas Bahia.

    Obedeci novamente. E o que diz o SAC? Não tem a televisão em estoque. De modo que tenho que esperar que a loja mande um aparelho de volta para o estoque, para que eles, por sua vez, o mandem para cá.

    Quer dizer: se eu tiver sorte e tudo der certo, mas muito certo, daqui a uma semana talvez tragam a nova televisão para cá.

    Está na cara que isso é um sinal divino: quem mandou comprar televisão para o quarto?!

    Bem feito!

    Ah, se arrependimento matasse...

    21.4.05




    Da mailbox:

    Cora,

    Atrevo-me a tão familiar trato, por julgar haver ganho esse privilégio ao longo dos anos que a leio...

    O assunto da minha mukanda diz respeito aos cinemas abertos, minha grande predileção que os anos transformaram em nostalgia em razão da inexistência de tais salas, ou melhor, de tais esplanadas de projeção deste lado do Atlântico, apesar das similaridades climáticas do Rio de Janeiro com as cidades costeiras de Angola.

    A cidade de Luanda tinha várias, mas meu interesse é ressaltar o nosso doméstico e inigualável Cine-Esplanada "Flamingo", com seus irrepreensíveis jardins dotados de iluminação de efeitos especiais, seus restaurantes e cafés onde os amigos se reuniam nos intervalos de projeção, comentando os ins and outs da ação do filme, ou pondo simplesmente a fofoca em dia...

    Isto porque uma sessão de cinema no "Flamingo" recebia tratamento de noite de teatro, classificação de "soirée", com dois intervalos!...

    Que belos tempos!

    O "Flamingo" é (ou era) o Cine-Esplanada do Lobito, cidade portuária a 750 Kms ao sul de Luanda, onde me criei e vivi minha juventude. Ele foi inaugurado com a presença da Ângela Maria, cujo show tive a honra de assistir.

    Anexo uma foto, com o meu pedido de desculpas por tomar seu espaço e tempo,

    Nelson Castro




    Foto de Alexander Moschkowich


    Ah, eu adoro esse cara!




    O filme que não acabou:
    uma noite inesquecível

    O ideal da vida é, eu sei, estar no lugar certo na hora certa; mas, às vezes, não há nada como estar no lugar certo... na hora errada! Pois foi isso, justamente, o que aconteceu comigo, e com uns mil outros espectadores do Vivo Open Air, na semana passada, durante a pré-estréia de "Cabra cega" -- o filme que não acabou.

    Como já sabe quem leu o Xexéo ou foi assistir ao filme numa sala convencional, "Cabra Cega" é ótimo. Em princípios dos anos 70, um guerrilheiro ferido esconde-se no apartamento de um arquiteto simpático à resistência. Praticamente toda a ação transcorre entre quatro paredes, onde se confrontam a raiva obtusa e sacrossanta do guerrilheiro (Leonardo Medeiros), a paciência quase ilimitada do arquiteto (Michel Bercovitch) e a ternura cada vez menos pragmática da militante (Débora Duboc), encarregada de mantê-los a par do que acontece com os companheiros.

    Ora, o que acontece não é bom, nada bom. O filme se passa durante os últimos momentos da resistência armada, esmagada pela ditadura. O guerrilheiro assiste, impotente, ao enterro da sua última quimera; incapaz de absorver os fatos, transtornado com o tempo aparentemente interminável do confinamento, transforma o que havia de cordialidade no seu relacionamento com o arquiteto em ódio e desconfiança. O confronto é iminente; a tragédia está próxima. O público, tenso, pressente que aquilo não vai acabar nada bem.

    Naquela noite, no Jockey, mal sabia ele como estava certo: eis que, a cinco minutos do final, a rebimboca da parafuseta do projetor deu tilt, a luz se apagou e a exibição foi suspensa. Para um pequeno grupo de felizardos, porém, a experiência coletiva, absolutamente frustrante, revelou-se uma viagem inusitada: é que Jonas Bloch, que faz um dirigente da resistência, nos contou como o filme acaba.

    Taí -- por melhor que seja o desfecho do diretor Toni Venturi, não vou ver "Cabra cega" de novo de jeito nenhum. Quero guardar para sempre o final personalizado do Jonas. Tenho certeza que, na minha vida, nunca mais haverá um filme como este.

    * * *

    Rebimbocas da parafuseta à parte, o Vivo Open Air continua sendo, para mim, um dos eventos mais gostosos da cidade. Sei que é quase blasfêmia dizer isso perto de cinéfilos radicais, mas adoro cinema ao ar livre. Gosto da interação da tela com o céu, com as estrelas e com o que se vislumbra da paisagem; acho que estar ao mesmo tempo a céu aberto e assistindo a um filme é uma alegria dupla, uma espécie de bilhete premiado, ainda que sujeito a chuvas e trovoadas.

    Em noites de sorte grande, pode-se até brincar com um ou outro gatinho sobrevivente da matança promovida pelo Jockey Club; mas não, hoje não quero falar de tragédias quadrúpedes. Prefiro me dedicar ao lado leve e bom da vida, porque se a gente não fizer isso de vez em quando, morre de tristeza e desalento.

    É claro que alguns filmes funcionam melhor do que outros ao ar livre. "Cabra cega", por exemplo, independentemente de chegar ou não ao fim, deve render muito mais num cinema fechado, onde a platéia pode, em tese, ser parte imaginária do apartamento, contribuindo para a sensação de claustrofobia que é parte tão fundamental da história.

    Da mesma forma, a menos que seja exibido numa praia, vai ser difícil ver "Adrenalina pura" (Riding Giants) em circunstâncias mais apropriadas. Imaginem o melhor de todos os filmes de surfe, com as melhores tomadas de ondas de todos os tempos; e agora imaginem tudo isso ao ar livre! Espichada numa das espreguiçadeiras abaixo da tela imensa, eu tinha a nítida sensação de que ia tomar um caixote a qualquer momento.

    As ondas gigantescas, no entanto, não são a maior atração deste documentário, ainda sem data para estrear no Rio. O título ambivalente em inglês, em que não se sabe ao certo se a idéia é surfar gigantes ou gigantes que surfam, dá uma pista ausente no título brasileiro: mais importantes do que as ondas arrepiantes ou do que a adrenalina que elas liberam são os homens que foram até lá, reverenciados pelo diretor Stacy Peralta como os semideuses que de fato são.

    Há trechos de filmes caseiros de 50 anos excepcionalmente bem filmados e preservados, mostrando lendas vivas do surfe em ação, como o magnífico Greg Noll, ou o invencível Jeff Clark, que durante 15 anos surfou sozinho as ondas mais perigosas da Califórnia. O filme termina com Laird Hamilton, que reiventou o esporte com o auxílio de jet-skis, atravessando a mais espantosa parede de água que já se viu.

    Ninguém precisa ser surfista ou ter noção do que é surfe para se emocionar com esses homens maravilhosos e suas pranchas voadoras.

    * * *

    A ilustração de hoje é, como sempre, uma foto comum, tal como saiu da câmera. Nela, meus amigos Olívia e João Nuno se divertem num dos tubos de efeitos especiais montados no Open Air.

    Open Air... argh! O que há de errado com Ar Livre? Ou com Céu Aberto?

    (O Globo, Segundo Caderno, 21.4.2005)


    Piadinha politicamente incorreta

    Eu estava revendo os arquivos do Caso Pipoca e, por acaso, encontrei esta piadinha no meio dos posts.
    Disclaimer:

    Isso é só uma piada.

    Quem se sentir ofendido pode trocar o argentino da história por um cidadão de qualquer outra nacionalidade.

    Um francês, um argentino e um brasileiro estão visitando a Arábia Saudita, e resolvem tomar umas doses de whisky, quando a policia aparece e os prende. A simples posse de bebida alcoólica é uma ofensa grave na Arábia Saudita e os três são sentenciados à morte, num julgamento sumário.

    Entretanto, após vários meses e com a ajuda de bons advogados, eles conseguem que a sentença de morte seja transformada em prisão perpétua. Por um capricho da sorte, no aniversário da Arábia Saudita, o benevolente Sheik resolve abrandar ainda mais a pena e decreta que os mesmos poderão ser soltos após receber 20 chibatadas cada. Quando eles estão se preparando para a punição, o Sheik anuncia:

    -- "Hoje é aniversário de minha esposa, e ela me pediu para permitir a cada um de vocês um desejo antes da punição."

    O francês foi o primeiro da fila, pensou um pouco e pediu:

    -- "Por favor, amarrem dois travesseiros nas minhas costas".

    Assim foi feito, mas os travesseiros só duraram 10 chibatadas antes de completar a punição e quando tudo terminou ele teve que ser carregado sangrando e com muita dor.
    O argentino viu o que tinha acontecido e, sendo segundo, pediu:

    -- "Por favor, amarrem quatro travesseiros nas minhas costas".

    Porém, mesmo assim, após 15 chibatadas os travesseiros não suportaram e o argentino foi levado sangrando e maldizendo o acontecido.

    O brasileiro foi o último e, antes que pudesse dizer o seu pedido, foi interrompido pelo Sheik:

    -- "Você é um de um país belíssimo, do futebol e das mulatas. Eu adoro o Brasil, e vou lhe agraciar com dois pedidos antes da punição."

    -- "Obrigado, Alteza", disse o Brasileiro. "Em reconhecimento à sua bondade, meu primeiro desejo é que eu receba 100 chibatadas e não 20 como previsto, pois eu me sinto culpado pelo ocorrido".

    Ao que o Sheik respondeu:

    -- "Além de ser um homem honrado e gentil, o senhor também é um homem corajoso. Que assim seja! E qual é o seu segundo pedido?"

    -- "Quero que amarrem o argentino às minhas costas".


    Viva!

    Uma das regras básicas do bom senso dita que há duas coisas que não se devem discutir jamais: religião e futebol. Os mais prudentes acrescentam política, mas aí, caramba, o mundo fica chato demais.

    Agora, querem saber? Acho que o bom senso não está com essa bola toda não: gostei demais desta discussão! Gostei demais de ver como todos fizeram boas observações, como tantos pontos de vista radicalmente diferentes foram manifestados aqui sem que o nível baixasse, sem palavrões ou ofensas pessoais.

    A área de comentários funcionou como uma mesa de botequim agitadíssima, em que todo mundo deu palpite, muita gente se divertiu, algumas pessoas se irritaram e uma ou duas até saíram batendo a porta; mas, ao fim e ao cabo, ninguém deu soco na mesa ou no vizinho, nem se viram garrafas ou facas voando.

    Durante toda a celeuma, cassei apenas três IPs que passaram dos limites; muito pouco diante do potencial de divergências flamejantes oferecido pelo tema.

    Agradeço muito a todos vocês, que fazem este blog ser tão bom de manter.

    Há diversos blogs melhores do que este pela internet, mas duvido, honestamente, que haja um grupo de leitores igual em qualquer outro lugar.

    Adoro vocês! :-D

    20.4.05



    Questão de ordem

    Só para não ter que ficar me repetindo nos comentários: há pessoas que acham que estou faltando com o respeito à fé católica.

    Estão erradas; mas, se assim o sentem, peço desculpas. E, com toda a delicadeza, recomendo a leitura de outros blogs, porque há uma forte probabilidade de que venham a se aborrecer por aqui.

    Tenho o maior respeito por qualquer fé (ou quase qualquer fé, vá lá) individual. Acho que cada um tem todo o direito de acreditar no que quiser, e de conduzir a sua vida espiritual como bem entender, desde que não prejudique terceiros.

    Em relação aos altos representantes de toda e qualquer religião, porém, tenho o mesmo respeito que tenho pelos políticos, em geral. Ou seja: muito pouco.

    Ninguém chega a cardeal, papa, grão rabino, aiatolá ou o que seja sem fazer jogadas, derrubar concorrentes, entrar em conchavos.

    Há, claro, uma exceção aqui, outra ali.

    Há casos em que, por algum mistério do Altíssimo, pessoas com esta sede insaciável de poder topam entrar no jogo sujo pelo bem geral. Até na política.

    Mas são raras, muito raras.

    Mesmo o Dalai Lama, de quem eu gostava tanto, já está fechando com os chineses.

    As pessoas que realmente acreditam estar servindo a Deus sem segundas intenções o fazem humildemente, ajudando aos seus semelhantes, sendo caridosas e tolerantes. Acho que todos nós conhecemos pessoas assim, admiráveis pelo seu humanismo e despreendimento: padres, monges, babalorixás, rabinos, freiras, mães-de-santo...

    Por essas pessoas eu tenho um respeito enorme.

    Pela fé dessas pessoas eu tenho a maior admiração.

    Mas por favor me popupem de confundir a fé, qualquer que ela seja, com os seus representantes. Isso é fazer muito pouco de algo muito maior do que qualquer um de nós -- inclusive o papa.




    Tudo o que eu posso dizer é:

    Huahuahuahuahuahuahuauha!

    Atenção: broncas com o Sun, por favor.

    O trocadilho é uma pérola mas, infelizmente, não é meu.

    E agora, licencinha, que vou ver se consigo terminar a coluna de quinta; daqui a pouco o pessoal da limpeza chega aqui à redação me desejando bom-dia...

    Agora, sem brincadeira, e independentemente de qualquer outra consideração sobre o cavalheiro em questão: com tanto cardeal no mundo, por que escolher justamente um cuja biografia dá margens a este tipo de piada?!

    19.4.05



    Heil, Ratzinger!

    Benedito Bento XVI?!

    Taí, este eu jurava que ia preferir se chamar Adolfo.

    18.4.05










    Achei no Blue Bus


    As minhas favoritas do concurso Corporate Takeover: a idéia é tascar logos em espaços inusitados.


    Dúvida cruel

    Digamos que você é um cardeal participando do Conclave, em Roma. Todas as emissoras de TV, todos os jornais, todas as rádios e revistas do mundo estão de olho na bendita chaminé que anunciará ao mundo que há um novo papa.

    Ainda que o dito papa esteja escolhido há tempos -- afinal, não se pode dizer que a morte de João Paulo II tenha pegado a humanidade de surpresa -- você:

    A) Tranqüiliza imediatamente as suas ovelhas com a fumacinha branca; ou

    B) Aproveita ao máximo este magnífico momento de marketing gratuito da fé?


    Lição de cidadania

    Para os leitores do blog, a coluna de hoje não chegou a ser novidade...

    Enquanto muita gente cruza os braços e diz que não adianta nada botar a boca no trombone porque este país é assim mesmo, meu amigo Eugenio Vilar foi à luta, e criou um utilíssimo programa que define como "coisa de programador se expressando politicamente com suas próprias armas".

    Indignado com as incessantes barbaridades que saem da Câmara dos Deputados, Eugênio desenvolveu um pequeno utilitário de opinião pública que facilita enormemente a tarefa de enviar mensagens aos que se dizem -- e que em tese deveriam ser -- nossos representantes.

    Com ele, você não precisa mais consultar o site da Câmara dos Deputados ou, sequer, abrir seu programa de email para mandar o recado para Brasília. O Galera -- assim se chama o inteligente programa -- funciona com dois formulários: num, que só precisa ser configurado uma vez, entram os dados do usuário, já que o programa se recusa a enviar mensagens anônimas; no outro formulário, há campos para o assunto e para o conteúdo do email.

    A mensagem pode ser enviada a todos os parlamentares, ou àqueles escolhidos por partido, estado ou sexo -- o mulherio é o único lobby reconhecido. Em seguida, basta clicar no iconezinho de envelope, e logo cada deputado receberá uma carta individual, sem cópia para os demais.

    O programa usa a planilha distribuída pela própria Câmara dos Deputados, e assim está sempre atualizado. Como utilitário bem educado que é, o Galera inclui em cada email a saudação "Exmo. Senhor Deputado" ou "Exma. Senhora Deputada" -- ainda que eles não mereçam -- seguida do nome de guerra do parlamentar, e termina sempre com "Atenciosamente?, seguido de nome e endereço completo do remetente, ou seja, você.

    O autor Eugenio Vilar, perfeito cavalheiro, desaconselha o uso de expressões de baixo calão. Está distribuindo o programa gratuitamente, desde que os usuários se comprometam a não compactuar com qualquer pedido de aumento de verbas de gabinete, atos de nepotismo explícito e por aí vai.

    O download deste autêntico must da vida cidadã pode ser feito daqui: www.literal.eng.br/galera.html.

    Façam bom uso dele!

    Campo minado

    A internet está ficando cada vez mais perigosa. Fábio Sampaio, que mantém o blog Caryorker e é um dos net-gurus mais respeitados na praça, alerta para uma praga pior do que o phishing, aquela prática malsã de mandar emails falsos de bancos e instituições financeiras em geral para pescar os dados de desavisados. Chama-se pharming, vem sendo falada há algum tempo e é, mesmo, de meter medo.

    Acontece que no phishing o usuário esperto não cai. A essa altura, ninguém vai clicar no link de um email que diz "Pendências com a Serasa", ou fornecer número de conta e senha só porque um suposto email do Banco do Brasil diz que estão recadastrando as contas. Mesmo quem, por curiosidade, siga os links dos emails, tem como checar, através dos IPs, a autenticidade (ou falta de) dos sites. Mas uma das alternativas de pharming é o seqüestro de DNS.

    Quer dizer: os biltres não precisam mais mandar emails falsos. Você se loga num site bem conhecido mas, em vez de ir para lá, cai numa armadilha bem montada.

    Não precisam entrar em pânico já, porque isso não é fácil de fazer e ainda não há muitos casos conhecidos. Mas, pelo sim pelo não, sejam extremamente cautelosos com os seus dados, sobretudo aqueles referentes a contas bancárias, números de cartões de crédito e assim por diante. Vejam o que diz o nosso guru:

    "Essa onda crescente de pharming é preocupante e merece que fiquemos de olho. Se você notar algo por menor que seja na aparência do site de seu banco ou similar informe um código de usuário e senha falsos para ver o que acontece. E sempre, sempre, sempre, verifique se você está em uma conexão segura e encriptada identificada pela presença do cadeadinho no sopé do navegador. Não é infalível mas ajuda e muito."

    A íntegra de um excelente artigo do Fábio, em que ele explica tudo sobre a nova praga pode ser lida em www.pharming.notlong.com.


    (O Globo, Info etc., 18.4.2005)






    Gentileza gera gentileza

    Quando eu tomei coragem e finalmente arrumei (mais ou menos) a escrivaninha, os gatos ficaram encantados com a minha consideração, e agora retribuem, ocupando todo o espaço aberto.

    Keaton & Tutu são as mais assíduas. São trabalhadoras e não perdem uma oportunidade de me ajudar na faina diária.

    Acham que o fato de não sobrar um mísero cantinho para teclado, mouse, livros e outras bobagens é secundário: se há espaço no mundo, ele é dos gatos.


    Altos papos

    Uma das melhores discussões da temporada está rolando no excelente blog do Idelber Avelar, O biscoito fino e a massa.

    É uma conversa séria e de alto nível sobre racismo no Brasil, a partir do Caso Grafite.

    Não é de admirar; o trabalho do Idelber é consistentemente bom, sempre interessante, sempre fazendo pensar.

    17.4.05



    Chuááááá

    Acaba de dançar o meu programa de domingo...

    Eu estava toda contente de ir ao Vivo Open Air, hoje tem Homem Aranha 2, que acho divertidíssimo, e Intrépida Trupe -- mas não há capa ou guarda-chuva que resolvam o toró lá de fora.

    Vou ver um filme com os gatos, pronto.

    Ah, sim: ainda agora recebi a visita da Margarida, que trabalhou um tempo aqui em casa. É simpática, da mais absoluta confiança e, nem preciso dizer, adora gatos: eles a reconheceram, vieram todos fazer carinho, foi muito bonito de ver.

    Está desempregada, procurando trabalho de preferência na Zona Sul (o marido é porteiro, moram aqui perto). Prefere um emprego fixo, mas não pintando, topa ser diarista.

    Se alguém estiver precisando de empregada, ou souber de alguém que precise, me mande um email, OK? Pro de sempre: cronai@well.com.


    Enquanto isso, em Pelotas...

    Mais de mil pessoas saíram às ruas para protestar contra o assassinato da cadelinha Preta e, sobretudo, para pedir justiça. A "cãominhada" percorreu o mesmo trajeto feito pelo carro que arrastou a pobre bichinha, e reuniu bípedes e quadrúpedes, já que muitas pessoas levaram seus cães.

    Sei que uma passeata não quer dizer muita coisa; mas uma passeata pedindo justiça pela morte de uma cadelinha de rua não deixa de ser um bom sinal.

    Apesar de tudo, a humanidade evolui.

    Aos poucos as pessoas se sensibilizam e começam a perceber que os animais também têm direito à vida, e que a maldade não deve ser tolerada sob nenhuma forma.

    Mas isso foi em Pelotas.

    Aqui no Rio, infelizmente, a situação dos animais não podia estar pior. Enquanto não conseguir acabar com todos os gatos de rua o prefeito não fica feliz; como político que é, certamente se dá melhor com os ratos.

    Cá entre nós: o que é que se pode esperar de uma administração em que o secretário de Promoção e Defesa dos Animais é galã de televisão?! Desde quando uma secretaria séria pode se dar ao luxo de ter um secretário que não se dedica, de corpo e alma, ao trabalho para o qual foi contratado?!

    O pior é que ser ator de novela não é um bico qualquer, do qual o senhor secretário, em que pese seu reconhecido talento artístico, possa se livrar em quinze minutos; é, ao contrário, uma pauleira danada, que exige disciplina e muita dedicação.

    Respondam, sinceramente: dá para levar a sério Victor Fasano como secretário?!

    16.4.05



    Iogurte caseiro

    Seu Soié, o vovô blogueiro de Minas Gerais, dá uma ótima receita de iogurte caseiro. Facílimo de fazer!


    ~

    Deu na Veja

    Hoje não resisti e capturei duas coisas na Veja: a página do Millôr (acima), e a coluna do Diogo Mainardi (abaixo), que adorei. Tive que trazer para cá em vez de fazer os links porque o site é fechado para assinantes.
    Oposicionistas de poltrona

    Quero derrubar o governo. Só não sei como. Vim pedir instruções a um notório golpista -- Millôr Fernandes. Ele já derrubou um governo. O dos militares. Agora pode me explicar como derrubar o dos petistas.

    Millôr -- Eu não derrubei governo nenhum.

    A prova de que ele derrubou o governo é a revista Pif Paf, que acaba de ser republicada pela editora Argumento. Millôr a lançou imediatamente depois do golpe, em maio de 1964, decretando que "Todo homem tem o direito sagrado de torcer pelo Vasco na arquibancada do Flamengo". Pela minha reconstrução, Pif Paf não apenas derrubou o governo militar, como o derrubou sozinha.

    Millôr -- Não é verdade.

    O último número da Pif Paf é de agosto de 1964. Está lá, na contracapa: "Se o governo continuar deixando que circule esta revista, dentro em breve estaremos caindo numa democracia". O que fez o governo? Não percebeu a cilada e fechou a revista. Pif Paf tirou a ditadura do armário. Com a ditadura fora do armário, ficou mais fácil enfrentá-la.

    Millôr -- A ditadura ainda durou muito tempo.

    A TV do estúdio de Millôr está ligada, sem volume, num filme sobre alpinistas no Himalaia. Ele fala de sua admiração por aventureiros. Relembro que em "Aventureiros de poltrona", na Pif Paf número 4, ele sonha ser esquiador, balonista, caçador de leões, automobilista e presidente da República, mas, no fim, se contenta em não fazer nada, indo apenas "de casa pro trabalho, do trabalho pra casa". Sentados em seu estúdio, somos dois oposicionistas de poltrona, que sonham em derrubar o governo.

    Millôr -- Lula visitou a Catedral de Assis. O que ele sabe sobre Giotto, Cimabue, Beato Angélico? A ognorância dele já ficou estabelecida, mas não é pelo ridículo que ele vai cair.

    Meu mestre é um conspirador dispersivo. De Giotto, Cimabue e Beato Angelico, ele desvia sua atenção para João Paulo II. Abre a Enciclopédia dos Espiões e me mostra o trajeto de Ali Agca da Turquia à Itália, onde cometeu o atentado contra o papa. Peço para ver em primeira mão seu último trabalho, uma colagem da figura de João Paulo II sobre o quadro O Grito, de Edvard Munch. Elogio seu extraordinário talento artístico. Ele aproveita para comentar a biografia de Saul Steinberg, e faz uma pausa para atender o técnico do computador. Quando volta à poltrona, o assunto é Veneza, e de Veneza vai direto para Goldoni, e de Goldoni para Molière, que ele traduziu. Tento retomar o tema do nosso encontro. Depois de duas horas de conversa, ainda não sei como derrubar o governo.

    Millôr -- É simples. É só investigar a origem do dinheiro.

    O dinheiro do partido?

    Millôr -- Desconfio sempre de todo idealista que lucra com seu ideal.

    A essa altura, estamos num restaurante. Ele conta que é feliz. Eu conto que sou feliz. Dá empate em matéria de felicidade. Volto para casa. Antes de dormir, penso em Pif Paf, Cimabue, fundos de pensão e CPI do Banco Santos. (Diogo Mainardi)




    Final feliz na saga das cartolas

    Da seção Há 50 anos:
    Corbiniano Villaça, em fins do século passado, foi a Paris, com auxílio do governo paraense, aperfeiçoar a sua técnica de pintor. Tornou-se amigo de Francisco Braga e, talvez sem o querer, dentro em pouco, se transmudara a sua vocação artística. Ao invés de pintor, se transformara em festejado cantor de ópera. Freqüentou a sociedade parisiense e, como o governo paraense lhe cortasse a subvenção, por não entender muito a mudança de pendores do protegido, Corbiniano Villaça teve de regressar ao Brasil. Guarda ainda de sua atribulada permanência em Paris a cartola que lhe completava a indumentária das reuniões elegantes da época. E é essa cartola que ele vem de pôr à disposição dos membros da comitiva presidencial em vésperas de partir para Portugal. Como foi publicado ontem, não há cartolas no mercado carioca e o protocolo português exige o uso da mesma em indumentárias de algumas recepções previstas para o presidente Café Filho.

    Mas nem só o bom Villaça se preocupou com as aperturas dos acompanhantes do Sr. Café Filho. Outros leitores do GLOBO se prontificaram a tirar a comitiva da dificuldade em que se debate. Estão, no caso, como nos comunicaram, uma professora residente na Rua Haddock Lobo, um cavalheiro morador na Rua Pires de Almeida, que disse possuir três cartolas elegantíssimas, londrinas legítimas, e um senhor, residente na Rua Benedito Hipólito, que, por telefone, nos declarou ceder a cartola que possui, destinando o produto da venda ao Asilo dos Velhos de Vila Isabel.

    Como se vê, por falta de cartolas, os membros da comitiva presidencial não deixarão de viajar, e muito menos de atender às exigências do protocolo e da etiqueta.
    O jornal não diz quantos empregos públicos esta gentil troca de favores entre cidadãos e governantes custou à época, mas eu, que sou uma romântica incurável, gosto de imaginar que tudo foi feito apenas por boa-vontade, dentro do espírito cordial daqueles tempos.

    15.4.05



    Muito bem feito

    Não entendo como ainda tem gente protestando contra a prisão do jogador argentino. Foi um ótimo exemplo -- e seria melhor ainda se os países europeus prestassem atenção, e tomassem alguma atitude parecida.

    O que está acontecendo por lá é simplesmente sinistro.

    No mais, o Grafite pode ter o apelido que for; a gente sabe que não é tanto a palavra que ofende, mas a intenção com que é dita.


    Peixes





    Maravilhas da internet: os peixes do Fernando, o artesão de Caxambu, já à venda na Treliça, loja da nossa amiga Samia, em Diamantina!


    A Cadeg informa:

    Sai Alexandre Cruz Almeida, entra Alex Castro.

    O moço explica.


    Lição de cidadania

    Enquanto muita gente cruza os braços e diz que não adianta nada reclamar porque este país é assim mesmo, meu amigo Eugenio Vilar foi à luta, e criou um utilíssimo programa que define como "coisa de programador se expressando politicamente com suas próprias armas".

    Indignado com as barbaridades que saem da Câmara dos Deputados, Eugênio desenvolveu um pequeno utilitário de opinião pública que facilita enormemente a tarefa de enviar mensagens aos deputados.

    Com ele, você não precisa mais consultar o site da Câmara ou sequer abrir seu programa de email para mandar o recado para Brasília!

    O Galera -- assim se chama o inteligente programa -- funciona com dois formulários: num, que só precisa ser configurado uma vez, entram os seus dados, já que ele não manda mensagens anônimas; no outro, há campos para assunto e conteúdo da mensagem.

    O email pode ser enviado a todos os parlamentares, ou àqueles escolhidos por partido, estado ou sexo (o mulherio é o único lobby reconhecido).

    Em seguida, basta clicar no íconezinho de envelope, e logo cada deputado receberá uma carta individual, sem cópia para os demais. O programa usa a planilha distribuída pela própria Câmara dos Deputados, e assim está sempre atualizado.

    Como utilitário bem educado que é, o Galera inclui em cada email a saudação 'Exmo. Senhor Deputado' ou 'Exma. Senhora Deputada', seguida do nome de guerra do parlamentar, e termina sempre com 'Atenciosamente', mais nome e endereço completo do remetente.

    Eugênio Vilar, perfeito cavalheiro, desaconselha o uso de expressões de baixo calão. Está distribuindo o programa gratuitamente, desde que os usuários se comprometam a não compactuar com qualquer pedido de aumento de verbas de gabinete, atos de nepotismo explícito e por aí vai.

    Este autêntico must da vida cidadã pode ser encontrado aqui.

    Façam bom uso dele!

    14.4.05



    A falta de cartolas no mercado carioca

    Para desanuviar o ambiente, volto no tempo; de novo, à coluna que reproduz as notícias que cirulavam no Globo há 50 anos:
    É conhecido o apego da aristocracia portuguesa às exigências do protocolo e da etiqueta. Fica-se, por isso, imaginando os apertos por que estão passando componentes da comitiva do presidente Café Filho em face da ausência completa de cartolas no mercado do Rio de Janeiro. Os interessados vasculharam os depósitos de todos os competidores de Rollas. Nem mesmo o Museu Histórico foi esquecido. O Sr. Gustavo Barroso já recebeu a visita de três figurantes da escassa comitiva presidencial. As dificuldades cambiais teriam concorrido para essa situação. A indústria brasileira não fabrica cartolas. Essa peça há muito foi banida do noso uso e as exigências protocolares são muito suaves. A última importação de cartolas foi por ocasião da visita do presidente Truman. Custaram 1.500 cruzeiros cada uma. À última hora, o repórter-amador nos informava que seis membros da comitiva se ufanaram de ter conseguido, após uma ida desesperada aos museus, localizar seis velhíssimas cartolas, embora não se ajustem muito às suas ilustres cabeças.
    O melhor de tudo é que essa história continua, amanhã.




    Arrastam o bicho à morte;
    imaginam-se humanos


    Uma notícia publicada na sexta-feira passada na "Zero Hora", de Porto Alegre, deixou os leitores gaúchos em estado de choque. Do jornal ela saltou para blogs, grupos de discussão e caixas postais. No sábado, já estava no Orkut. Na terça-feira à tarde, quando escrevi esta crônica, a comunidade "Prendam os assassinos da Preta" já tinha mais de 1.200 participantes -- todos igualmente perplexos, indignados, enfurecidos.

    De acordo com a matéria da "Zero Hora", Preta, uma cadelinha de rua, era o xodó da vizinhança, em Pelotas. Tinha comida, carinho e tratamento de saúde. Teria casa também, não fosse o gosto natural pela liberdade; os filhotes que esperava, porém, já tinham endereço certo assim que nascessem. Michele Silva, veterinária e dona de pet shop, conseguira donos para a futura ninhada entre os 15 vizinhos que rachavam, entre si, as despesas do animal.

    Durante o dia, Preta circulava tranqüila pelo bairro, onde era alimentada por moradores e estudantes da faculdade de odontologia. À noite, instalava-se junto à churrasqueira de um bar. Lá, segundo a repórter Caroline Torma, tinha o privilégio de comer carne assada separada especialmente para ela.

    -- Era nossa amiga -- contou um morador para a jornalista. -- Não dávamos restos. Tirávamos o churrasco do espeto mesmo.

    Na madrugada do dia 9 de março, porém, Preta encontrou-se com um tipo de gente diferente daquele ao qual estava habituada. Um grupo de jovens de boa aparência, que bebia no bar, e que decidiu se "divertir" com o dócil animal.

    "Michele e alguns amigos, que estavam em outra mesa do bar, escutaram os gritos de Preta de longe", diz a reportagem da "Zero Hora". "Acharam que a cadela havia sido atropelada. De repente, viram os rapazes em dois veículos, e a amiga peluda sendo arrastada por uma corda pela rua."

    -- Corremos para pegar o carro e saímos atrás -- conta Michele. -- De nada adiantaram os nossos apelos: eles andaram com ela por mais de cinco quadras.

    Pedaços do corpo da cadelinha e dos filhotes que nasceriam em breve ficaram espalhados pelo asfalto. Os jovens de boa aparência sumiram. Durante quase um mês, Michele e os vizinhos reuniram provas para apresentar queixa à polícia -- que, aparentemente, já identificou um dos suspeitos e pretende ouvir outros três.

    A levar em conta a indignação geral, é possível que, quando esta crônica estiver impressa, os assassinos já tenham sido identificados, e que seus familiares já estejam dando declarações à mídia dizendo que ótimas pessoas eles são.

    Mas, ainda que a polícia faça o seu trabalho e que a Justiça seja rápida e firme, nada acontecerá a esses psicopatas. Embora maltratar e eventualmente matar animais seja crime, a pena é ridícula: de três meses a um ano de detenção. Com um detalhe -- a lei prevê substituição da pena de detenção por "restrição de direitos" quando esta for inferior a quatro anos e quando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade dos condenados, bem como os motivos e as circunstâncias do crime, indicarem que a substituição seja suficiente à reprovação e à prevenção do crime.

    Em outras palavras, o máximo que pode acontecer a esses canalhas, ainda que lhes seja aplicado todo o rigor da lei, é pagarem meia dúzia de cestas básicas e prestarem serviços à comunidade, e olhe lá. Não será de admirar se, daqui a alguns anos, movidos pela patologia e estimulados pela impunidade, saírem matando pessoas a esmo, como acabam de fazer os monstros da Baixada.

    Legisladores que entendem que a vida de um animal vale tão pouco não percebem que, na maioria dos processos, o que está em julgamento não é a vítima, e sim o criminoso. Alguém capaz de matar um ser indefeso desta forma horripilante é capaz de tudo; é alguém inteiramente destituído de sentimentos, que já perdeu toda e qualquer empatia com o sofrimento dos outros.

    Embora pareçam jovens de boa formação, os assassinos da Preta são seres tão monstruosos e deformados quanto os seus semelhantes de Brasília que incendiaram o índio pataxó ou os policiais que assassinaram os inocentes da Baixada. Não há possibilidade de redenção social para gente deste tipo, que envergonha a espécie humana.


    (O Globo, Segundo Caderno, 14.4.2005)

    Campo minado

    A internet está ficando cada vez mais perigosa. Fábio Sampaio, o querido Caryorker a quem este blog deve seu excelente sistema de comentários, alerta para uma praga pior do que o phishing, aquela prática malsã de mandar emails falsos de bancos e instituições financeiras em geral para pescar os dados de desavisados. Chama-se pharming, vem sendo falada há algum tempo e, perto dela, o phishing é coisa de criança.

    Acontece que no phishing o usuário mais esperto não cai. A essa altura, nenhum de nós vai clicar no link de um email que diz "Pendências com a Serasa", ou fornecer número de conta e senha só porque um suposto email do Banco do Brasil diz que estão recadastrando as contas.

    Mesmo quem vá até os sites indicados pelos emails tem como checar, através dos seus IPs, a autenticidade (ou falta de) das páginas.

    Uma das possibilidades de pharming, porém, é o seqüestro de DNS. Quer dizer: os biltres não precisam mais mandar emails falsos. Você se loga num site bem conhecido mas, em vez de ir parar lá, cai numa armadilha bem montada.

    Não precisam entrar em pânico , porque isto não é fácil de fazer e ainda não há muitos casos conhecidos. Mas, pelo sim pelo não, sejam extremamente cautelosos com os seus dados, sobretudo aqueles referentes a contas bancárias, números de cartões de crédito e assim por diante.

    Vejam o que diz o nosso guru:
    Essa onda crescente de pharming é preocupante e merece que fiquemos de olho. Se você notar algo por menor que seja na aparência do site de seu banco ou similar informe um código de usuário e senha falsos para ver o que acontece. E sempre, sempre, sempre, verifique se você está em uma conexão segura e encriptada identificada pela presença do "cadeadinho" no sopé do navegador. Não é infalivel mas ajuda e muito.
    A íntegra do excelente artigo do Fábio Sampaio, em que ele explica tudo tim-tim por tim-tim, está aqui.




    Ah, o progresso!

    Uma das seções mais interessantes do Globo é aquela coluninha do Segundo Caderno onde sai o que foi notícia há 50 anos. No dia 12 de abril de 1955, por exemplo, uma das notícias era a seguinte:
    A direção da Panair do Brasil quis homenagear o presidente da República, pondo à disposição de S. Ex. e de sua comitiva um avião especial para conduzi-los na viagem oficial a Portugal. O Sr. Café Filho, porém, dentro do programa que se traçou de evitar o recebimento de favores como chefe de Estado, agradeceu o gesto da empresa, preferindo fretar o aparelho e determinar se fizesse o respectivo pagamento como se se tratasse de passageiros normais, na ida como na volta.

    13.4.05






    Onde já se viu?

    Talvez, em outra pré-estréia; mas lá no Vivo Open Air, com certeza não se viu.

    Eis que, faltando cinco minutos para o dramático final de Cabra Cega, a máquina de projeção pifou, e o final do filme do Toni Venturi ficou para uma próxima oportunidade.

    Num primeiro momento, uma voz maviosa veio ao microfone avisar que, após um pequeno intervalo, a exibição seria retomada; logo depois, a voz maviosa voltou informando que, devido a dificuldades técnicas, seria impossível continuar a exibição.

    Aos mais indignados foram distribuídos ingressos para, se não me engano, a rede Cinemark; mas há poucas coisas mais frustrantes do que estar vendo um bom filme, que se encaminha para um Gran Finale... e sair sem saber o que aconteceu.

    Foi uma vaia só, e um grande auê.

    Felizmente Jonas Bloch, um dos atores, estava com a turma da gente, e nos contou o que faltava saber. Logo se juntou uma rodinha em volta, e o Jonas repetiu mais uma vez; e outra, e outra, e outra... Acabou sendo muito aplaudido, até porque está excelente no filme.

    Eu, pessoalmente, adorei este final inusitado, completamente diferente de tudo o que já vi; mas reconheço que não era bem essa proposta do diretor.

    Grande mico.

    Pensando bem, baita gorila.

    Tsk, tsk, tsk.

    12.4.05










    Zoooooooooom!!!

    Resolvida a questão da resolução -- hoje já se encontram boas câmeras de 3 megapixels por cerca de R$ 600 -- a indústria de câmeras digitais enfrenta novos desafios. Os consumidores ficaram exigentes, e querem imagens mais bem definidas, com cores mais fiéis; e querem, também, que seu olhar chegue tão distante quanto possível. A resposta está na presença cada vez mais freqüente de nomes como Leica, Zeiss ou Schneider gravados em lentes que enxergam longe, ideais para quem gosta de fazer fotos de viagem ou da natureza.

    As megazoom, como são conhecidas as câmeras que têm algo a mostrar além dos 3x de rotina, começam a se tornar figurinhas fáceis: fotografei todos esses pássaros, por exemplo, usando uma Panasonic Lumix FZ20, de 5 megapixels, com zoom óptico 12x Leica.

    Há poucos anos, quando câmeras de 3 megapixels eram topo de linha a quase mil dólares, uma jóia dessas era um sonho distante, que ninguém esperava ver no mercado tão cedo, muito menos a preços razoáveis; mas a FZ20, lançada em fins do ano passado a U$ 599, já pode ser encontrada, nos EUA, por pouco mais de U$ 400.

    As Lumix são resultado de um acordo entre a Panasonic, responsável pela tecnologia, e a Leica, responsável pelas lentes. A contribuição da venerável marca alemã pode ser percebida na definição dos detalhes e numa característica interessante: quanto melhor a lente de uma câmera digital, menos ?estouram? os brancos das áreas muito iluminadas.

    Nenhuma megazoom é pequena, já que as lentes têm lá o seu tamanho; mas a maioria cabe numa bolsa comum. Elas têm um ar de câmeras "sérias" mas, ao contrário das profissionais, que têm pelo menos 8 megapixels e permitem troca de lentes, são relativamente leves: todos os colegas para quem mostrei a Lumix ficaram encantados com o peso.

    Por causa da própria extensão das lentes, as megazoom costumam vir com um recurso que, até aqui, era exclusividade de videocams e de lentes profissionais: estabilizadores de imagem, que diminuem muito os índices de perda de foto por tremidas indesejadas. A Panasonic põe tanta fé no seu sistema, por sinal, que ele começa a valer para toda a linha de digitais, mesmo as compactas. A verdade é que, apesar do mau hábito de "devorarem" baterias, eles são uma mão na roda, sobretudo quando não se tem um tripé à mão; este foi o caso de todas as fotos desta página, sem exceção.

    * * *

    Quando se começa a usar uma megazoom, porém, descobre-se que ter tripé à mão é não só importante, mas fundamental. Quando o sol vai se pondo e as melhores fotos vão se desenhando, não há estabilizador que dê jeito sozinho...

    Como as câmeras digitais são sempre levinhas, aqueles pequenos tripés de mesa, também conhecidos como pedestais, que se encontram em todas as lojas de fotografia, já são uma grande ajuda; outra saída são os monopés, menos trambolhentos, que garantem o mínimo de estabilidade necessário a cenas de pôr-do-sol em foco.

    Mas prepare a carteira. Um tripé não é igual a outro, e a variação de preços na área é enorme. Bons tripés e monopés, vale dizer equipamentos leves e confiáveis, custam muito mais do que se poderia imaginar. O investimento, porém, compensa -- e torna-se óbvio depois de algumas horas de passeio.

    (O Globo, Info etc., 10.4.2005)

    11.4.05



    Na mosca

    Paula Foschia descobriu: Charles e Camilla são personagens de Jane Austen.








    Enquanto isso, no lado bom...

    A mailbox estava cheia de fotos bonitas, ontem.

    A minha irmã Laura foi passear com amigos no Pico da Tijuca e, assim que chegaram, foram saudados por um bando de quatis lindos e amistosos.

    Hermano Taruma, rápido no clic, flagrou os bichinhos antes que fossem embora, desapontados com aqueles bípedes sem consideração que não trouxeram comida.

    Enquanto isso, Júlia Moraes me mandou uma foto que o pai dela, Valério, fez cedinho aqui na portaria: o porteiro Zé com a Pipoca, nosso pequeno milagre felino.


    Tempus fugit

    A vida é curta, falta tempo, a internet não acaba e, com isso, a gente deixa passar muita coisa importante.

    Por exemplo, não escrevi sobre Saul Bellow.

    Também não visito, há tempos, um monte de blogs que deveria visitar.

    Mas às vezes dou sorte. Agorinha mesmo encontrei aqui um post perfeito sobre Saul Bellow.

    Gente que pensa dá gosto, viu.

    10.4.05




    Deu na Zero Hora

    Desculpem estragar assim o domingo de vocês, mas estou horrorizada com o que acabo de ler: meia dúzia de monstros disfarçados de mauricinhos mataram, em Pelotas, de forma gratuita e cruel, uma cadelinha de rua.

    As pessoas que cuidavam da bichinha, grávida e amiga de seus vizinhos bípedes, estão revoltadas; mas, embora um dos suspeitos já tenha sido identificado, taí mais um caso que, desconfio, não vai dar em nada.

    Num país em que matar gente é coisa cada vez mais corriqueira, o que é a morte de um animalzinho?
    Massacre de cão em Pelotas revolta população

    Cadela foi amarrada em pára-choque de carro e arrastada até a morte pelas ruas na madrugada de quarta-feira

    Os pelotenses ainda tentam encontrar uma explicação para uma cena chocante ocorrida na madrugada de quarta-feira, no centro da cidade. Uma cadela de rua foi amarrada por jovens no pára-choque de um veículo e arrastada por mais de cinco quadras. Pedaços do animal e dos filhotes que nasceriam em um mês ficaram espalhados pelo asfalto.

    Preta era o xodó da vizinhança. Recebia comida, carinho e tratamento de saúde. Quando nascessem, seus filhos já tinham endereço certo. Michele Silva, 29 anos, que cuidava da cadela há mais de um ano, estava se preparando para recebê-la em casa depois do parto e havia conseguido donos para a ninhada.

    -- Ela era toda preta com uma mancha branca no pescoço. Era uma pastor belga misturada. Muito dócil -- relembra Michele, proprietária de uma pet shop localizada nas proximidades do local onde a cadela foi morta.

    Em mãos, ela tem uma lista com mais de 15 nomes de pessoas que ajudavam o animal. Durante o dia, a cachorra recebia comida dos moradores e de estudantes de Odontologia, cuja faculdade se localiza próximo ao lugar onde Preta vivia. À noite, ela se instalava junto à churrasqueira de um bar. Lá, tinha o privilégio de ter carne assada somente para ela.

    -- Era nossa amiga. Não dávamos restos. Tirávamos o churrasco do espeto mesmo -- revela um morador que prefere não se identificar por medo de retaliações.

    A madrugada de quarta-feira já começava quando um grupo de jovens bebia no bar onde Preta costumava passar as noites. Por diversão, eles amarraram a cadela em um poste.

    -- Meu irmão chegou e pediu que eles a desamarrassem porque era mansa e não machucava ninguém. Ficaram todos rindo. Isso foi lá pelas 3h -- lembra um morador que estava no bar.

    Michele e alguns amigos, que estavam em outra mesa do bar, escutaram os gritos de Preta de longe. Acharam que a cadela havia sido atropelada. De repente, viram os rapazes em dois veículos, e a amiga peluda sendo arrastada por uma corda pela rua.

    -- Eles andaram com ela por mais de cinco quadras. Corremos para pegar o carro e saímos atrás. De nada adiantou nosso pranto. Eram jovens, de boa aparência. Para mim, isso é coisa de gente que não tem coração -- diz Michele.

    Os moradores próximos que costumavam ajudar Preta estão revoltados com a violência contra o animal. A foto da cadela ainda está no mural do bar onde ela costumava se abrigar.

    A polícia abriu inquérito para investigar a queixa de crueldade contra a cachorra. Segundo o delegado Osmar Silveira dos Anjos, três pessoas já haviam sido ouvidas ontem. Um dos supostos envolvidos, de 21 anos, já teria sido identificado. A polícia deverá ouvir ainda outras testemunhas do fato. As investigações deverão apontar de que forma os responsáveis poderão ser punidos. (Caroline Torma)
    Sou radicalmente contra a pena de morte, mas juro que, nos últimos tempos, este radicalmente vem sendo bastante abalado pelo noticiário.

    Que possibilidade de recuperação têm esses covardes? Qual é a chance de que pessoas que matam por prazer criaturas indefesas venham a se tornar, algum dia, membros produtivos da sociedade?

    O que fazer com essa gente?!


    Muito bom!

    O que os bichos fazem quando a gente sai de casa? Cliquem aqui para descobrir.

    (Obrigada, Gin!)

    -



    Viva!

    Passei o dia fora, num churrasco delicioso. A dona da casa também torce muito por Charles e Camilla, mas estávamos todos tão entretidos comendo e jogando conversa fora que nem nos lembramos de ligar a televisão; quando nos despedimos, meia noite e tanto, é que nos bateu a aflição:

    -- Meu Deus, será que correu tudo bem com eles?!

    Pois acabo de ver o casamento e de me tranqüilizar. Não só tudo correu às mil maravilhas como a torcida estava toda lá para festejar; até o ex-marido foi, dando um show de fleuma britânica.

    E os dois, ora, os dois estavam até bonitos!

    O que não faz a felicidade?!

    Os noivos, porém, quase foram ofuscados pelos chapéus das convidadas: havia um roxo, de dois andares, com penas do lado, que até agora estou tentando entender.

    Camilla, porém, acertou. Estava discreta, elegante e emocionada.

    Algo me diz que, ao contrário do que os tablóides agouraram, o casal acabará sendo muito bem aceito pelo público.

    Estou contentíssima por eles; agora vou dar uma voltinha pela web para ver a reação geral.

    9.4.05



    Shrek: happy end

    Vou dormir desejando, ardentemente, que nenhuma calamidade aconteça nas próximas 12 horas -- e que, finalmente, Charles e Camilla possam se casar, mandar a rainha, a imprensa e os súditos às favas, e ser felizes para sempre.

    Já disse aqui, mas repito: tenho uma pena enorme desses dois, tão perseguidos e humilhados apenas por não serem jovens, bonitos ou brilhantes.

    Hipocritamente, os tablóides e a tal "opinião pública" acusam a ele de ser frouxo e covarde, a ela de ser uma bruxa, aos dois de serem adúlteros -- como se adultério fosse uma coisa raríssima, praticamente inexistente no planeta.

    Ah, francamente!

    Torço por Charles e Camilla porque uma amizade e um amor que resistem há tantos anos, em condições tão adversas, merecem demais um final feliz.


    Mistérios da fé

    A CNN está passando um replay do enterro do papa. Lá no jornal há aparelhos que ficam ligados direto, ora numa, ora noutra emissora; já não sei mais quantas vezes vi essas cenas.

    A trilha sonora é mesmo muito ruim. Como observou o Marcus nos comentários, não dá para entender por que, tendo a igreja o vastíssimo repertório da música sacra à sua disposição, foi escolher justamente esta peça pouco inspirada.

    Apesar da avalanche de cobertura, ninguém explicou (ou pelo menos eu perdi isso) quem eram os camaradas que carregaram o caixão.

    Outra coisa que não entendo -- sinceramente, não estou brincando -- é por que os cardeais ainda precisam ler o texto da Missa.

    Até eu, que nem caótica sou, já sei tudo de cor, há tempos e em várias línguas -- como, de resto, qualquer pessoa que goste de música clássica e tenha ouvido a sua cesta básica de Vivaldi, Bach, Palestrina, Haendel, Mozart, Beethoven, Brahms, Verdi... caramba, até na fenomenal Missa Criolla, de Ramirez, o texto é o mesmo.

    Oh well.

    E vamos em frente, porque enredo, felizmente, não falta ao mundo.


    Querido Diário

    Estou com um novo dentista. Ontem fiz uma pequena cirurgia, fiquei daquele jeito que a gente fica quando mexe com dente, dolorida e estressada (para não dizer pobre, mas isso são outros 500).

    Fiquei tão down que nem fui à estréia do Vivo Open Air, que eu amo, e que estava apresentando, em primeiríssima mão, o filme do Andrucha Waddington, Casa de Areia, com as duas Fernandas.

    Até aí, normal.

    Espanto mesmo foi o seguinte: hoje ele ligou para saber como eu estava passando!

    Gente, falando sério -- tirando um ou outro médico amigo, isso, há muito tempo, só acontecia lá em casa com os veterinários.

    Que, honra seja feita, nunca deixam de ligar para saber dos seus pacientinhos.

    Estaria eu freqüentando os profissionais errados ou será que, por acaso, descobri a exceção?

    8.4.05



    Quem dá mais?

    A galera não perde tempo: já pipocam lembranças do papa no eBay e no Mercado Livre.

    No Mercado Livre, os itens são mais ou menos o que se imagina: selos e moedas comemorativos, posters, quadrinhos, CDs piratas, essas coisas.

    Mas no eBay há criaturas muito viajantes!

    Por exemplo: há uma mensagem pro papa que custa um milhão de dólares. Você vai ver o que é, é uma mulher do Havaí que, todos os dias, escreve um bilhete pro papa. Explica que é a sua forma de "lidar com a perda". Como precisa por um valor qualquer no item para subir pro eBay, tasca o milhão lá, mas o negócio é comunicar, não vender.

    Alguém precisava informar a ela da existência dos blogs.

    Um espertinho registrou o domínio www.popejohnpaulII.info e quer U$ 29 mil; pintores e escultores estão pedindo fortunas por estátuas e quadros medonhos; tem até gente oferecendo água benta que, garantem, o foi pelo papa.

    O item mais caro com interessados em compra é uma Bíblia que o papa assinou para um camarada que foi seu guarda-costas durante uma visita à Austrália.

    Faltam três dias para o fim do leilão, já foram dados 35 lances e o preço está em U$ 8.600.

    Vai longe, já que a maioria das pessoas deixa para dar lance nos últimos minutos.




    Meigo, não, os quatro amiguinhos em Roma?

    Aliás...

    A grande frase do dia fica com a Ana, aqui nos comentários:
    Quem tem bolso vai a Roma.

    O enterro dos enterros

    Ontem de madrugada acabei assistindo ao começo da cerimônia de enterro do papa. De todas as emissoras pelas quais zapeei, a RAI era a única que estava fazendo uma cobertura aceitável, isto é: não só os caras sabiam quem era cada um dos prelados e o que era e significava cada detalhe do cerimonial como sabiam quem eram quase todos os chefes de estado que apareciam no video -- muito embora Lula tenha passado em branco por eles.

    Até o principe Charles apontaram uns três minutos antes da BBC.

    A BBC, por outro lado, era a única a não dublar as falas. Entendeu entendeu, não entendeu, paciência. Achei muito melhor assim, gosto de ouvir línguas diferentes.

    O toque cômico ficou com um dos locutores da RAI. Lá estava o caixão naquela praça esplendorosa, com aqueles cardeais vestidos num luxo carnavalesco, aqueles chefes de estado todos que gastaram milhões para estar lá e ele diz, a sério:

    -- A abrangência e a simplicidade desta cerimônia mostram bem quem foi o papa.

    Abrangência, OK. Mas... simplicidade?

    Este post está sendo feito através do w.bloggar; o Blogger já nem dá as caras.


    Argh!!!!

    O Blogger está simplesmente inusável. Não estou conseguindo subir as fotos dos gatinhos da Andréa, subir um post é um desafio de paciência... * sigh *


    Emergência felina

    Escreve a dra. Andréa Lambert:
    Ainda estou com muitos gatinhos para adoção, e a cada dia chega mmais. O abandono no Campo de Santana está muito grande já faz algum tempo, mas agora parece que está pior. É impossível socorrer todos os filhotes, ainda tem vários soltos no parque.

    Estou mandando na mensagem foto de dois gatinhos que estão comigo esperando um lar. Uma linda gata de pelagem azul, já esterilizada, e um lindo filhote amarelo, parece o Garfield, tem a carinha muito sapeca. Além destes gatinhos muitos outros esperam uma chance de encontrar um dono. Alguns podem ser vistos no fotolog e no site.

    Vocês também podem ir ao Campo de Santana direto para escolher um filhote, já que a cada dia há mais e mais abandonados. É muito triste.

    Para adotar estes gatinhos entrar em contato com Andréa: (21) 9632-8115

    7.4.05




    Mundos sujos: ficção e realidade

    Um ótimo livro cubano e uma pergunta às autoridades que defendem Duda Mendonça, o Intocável

    "Entro numa farmácia e encontro uma prateleira estocada com dez marcas de escovas de dentes, cada uma oferecendo dez modelos diferentes; cada modelo, dez cores; cada cor, dez escovas pendendo de ganchos. Deve haver umas dez mil escovas de dentes em exibição e os fregueses caminham alheios à abundância que os cerca; os dez mil esmaltes de unha; os dez mil prendedores de cabelo; os dez mil batons."

    Por acaso, fui para Miami com um livro singularmente apropriado para a viagem: "Mundos sujos", de José Latour. Eu não sabia nada a respeito do livro ou do autor, exceto pelos blurbs da capa e da contra-capa, isto é, aquelas frases pinçadas de resenhas assinadas por gente de quem nunca ouvimos falar, ou recortadas de jornais que não lemos ou nos quais já perdemos muito da fé, como o New York Times -- mas que, apesar de tudo, continuam a exercer com bastante eficiência o papel de propagandistas:

    "Latour mantém o suspense e apresenta grandes surpresas... Uma visão iluminadora da condição cubana" (The Times); "Um romance notável" (Washington Post); "Uma leitura rica e veloz" (Los Angeles Times); "Um romance bom demais para ser encerrado dentro de um gênero" (The New York Times).

    Para minha felicidade, desta vez era tudo verdade, a começar pela entusiástica declaração do NYT, estampada na capa. "Mundos sujos" é, de fato, um bom policial, mas o que o faz um ótimo livro é a sensível contraposição de dois estilos de vida igualmente decadentes e viciados, ainda que totalmente distintos.

    De um lado, a Havana miserável dos cubanos desprotegidos, destituídos de tudo, inclusive (e sobretudo) de fé em Fidel Castro; do outro, a Miami resplandecente do consumismo desenfreado e arrogante, onde ter é cada vez mais importante do que ser.

    A ligação entre esses dois universos diametralmente opostos é Elliot Steil, pacato professor cubano sem grandes ambições que, por artes do destino, acaba em Miami, enredado simultaneamente numa vendetta inesperada e num interessante e plausível caso de amor com Fidélia, mulher de boa formação que chegou ao mesmo tempo da ilha e que, como ele, tenta encontrar algum sentido no novo país.

    É dela a voz do primeiro parágrafo, que pesquei de um recurso comum, mas muito bem usado por Latour, para manter certa distância entre a trama policial e as considerações filosóficas que tece sobre seus dois mundos: às vésperas de empreender a travessia que vai mudar a vida da família, Fidélia decide escrever um diário da aventura. Assim, enquanto Elliot age, ela questiona o que deixou para trás e o que vê à sua volta.

    * * *

    José Latour, o autor, mora em Havana, tem 65 anos e já escreveu sete livros. Este é seu primeiro romance em inglês, idioma no qual tem um título muito mais sutil do que este "Mundos sujos" que lhe pespegaram em português. Chama-se "Outcast", desajustado, pária, pois assim é o seu protagonista, visto com desconfiança em Havana, e pouco à vontade em Miami.

    Sem amigos no Partido Comunista, sem parentes que lhe mandem dólares dos Estados Unidos, Elliott é obrigado a se virar, em Cuba, com um salário de professor, que dá pouco mais de dois dólares por mês. Como tantos de seus compatriotas, vive no limite da sobrevivência, sustentado, aqui e ali, por uma teia de pequenas infrações. Não é uma vida boa ou digna; mas não são as dez mil escovas de dente da farmácia de Miami que podem preencher as lacunas de nostalgia das vidas que um mundo sem solução deixa à deriva.

    Latour não doura nenhuma das pílulas que oferece ao leitor. Cuba só parece mais humana porque nela Elliott está em casa; ainda assim, não há nenhuma compaixão à vista nas revelações de Fidélia, que expõem a perversidade natural da miséria. Tampouco há salvação no consumismo selvagem de Miami, que há tempos perdeu qualquer fio terra com as reais necessidades humanas. Não há ninguém inteiramente honesto em lugar algum, embora de um lado e de outro se encontrem pessoas bem intencionadas.

    Já é muito, e está de bom tamanho.

    * * *

    Enquanto isso, no mundo sujo de cá, os policiais que tiveram a audácia de prender Duda Mendonça, o Intocável, continuam a ser implacavelmente perseguidos. Numa entrevista à revista "Consultor jurídico", o delegado Antônio Rayol revelou que ele e seus colegas já foram chamados para se explicar em cinco diferentes sindicâncias apenas nos dois últimos meses -- e ainda podem sofrer as conseqüências de um processo disciplinar.

    Eu só queria saber a quantas sindicâncias o Marqueteiro Mor do Rei, notório torturador de aves preso em flagrante, teve que responder no mesmo período.


    (O Globo, Segundo Caderno, 7.4.2005)

    6.4.05



    Apesar disso...

    Fenomenal esta panorâmica da Praça de São Pedro que descolei lá no Pedro Dória; apenas desliguem o som, porque é daqueles sites que atacam com música.


    Feeding frenzy

    Escrevi um comentário enorme ao post anterior; aí, quando ele estava prontinho, a Keaton pulou em cima da mesa e mandou tudo pro espaço...

    * sigh *

    Agora vou escrever aqui, que é à prova de gato.

    "Feeding frenzy" é a expressão que se usa para definir a maluquice que dá nos tubarões quando sentem sangue na água; eles ficam ensandecidos e desandam a devorar tudo o que vêem pela frente, inclusive uns aos outros.

    Às vezes se usa em relação à mídia.

    Pois acho que estamos assistindo ao maior feeding frenzy de todos os tempos.

    Uma série de fatores leva a isso e, de todos, a fé talvez seja o menos importante.

    Para início de conversa, morreu o rosto mais conhecido do planeta -- que era, simultaneamente, o líder espiritual de uma parcela considerável do mundo ocidental, e o chefe de um estado com prática milenar na organização de Grandes Eventos.

    Nem a Coroa Britânica consegue fazer melhor. Não só o Vaticano é insuperável no cerimonial, como tem um cenário imbatível, o que é elemento fundamental em termos de mídia.

    De modo que TODAS as grandes emissoras de TV mandaram para Roma seus principais correspondentes; que, uma vez lá, precisam justificar o dispendioso deslocamento produzindo o máximo possível de material.

    Nenhuma emissora quer, ou pode, correr o risco de não dar algo que outra tenha dado; nenhuma quer, ou pode, perder a chance de mostrar aos telespectadores como é ágil, dinâmica e antenada com os acontecimentos e sentimentos do mundo.

    Quanto mais gente vai para o Vaticano, mais se justifica a cobertura monstruosa -- que mostra, sem parar, quanta gente está chegando.

    Ora, quanto mais gente a TV mostra, mais gente quer ir.

    Ninguém quer ficar de fora da festa -- porque no fundo é isso, uma tremenda festa. Não duvido nada que logo apareçam ambulantes vendendo camisetas-souvenir do enterro do papa, se é que já não apareceram.

    Primeiro se falava em um milhão de fiéis velando o papa; depois, em dois milhões; agora, já se fala em quatro milhões.

    Também não há chefe de estado que não queira aproveitar essa magnífica oportunidade de aparecer sem precisar dizer nada além de banalidades. É prestigioso estar lá, ao lado dos demais chefes de estado. Igualmente envaidecidos por estarem lá, entre outros chefes de estado.

    E aí a cobertura aumenta, porque cada emissora mostra não só a chegada do seu chefe de estado particular e de sua comitiva, como a dos grandes líderes mundiais.

    Para não falar nas autoridades de maior ou menor escalão, nos severinos, nos diplomatas, nos príncipes da igreja, nas celebridades ou nas freirinhas a caráter que dão aquele toque tão característico à cerimônia.

    Ou, Deus nos livre, do atentado terrorista que todos temem mas que tantos, secretamente, esperam -- mais ou menos como os espectadores de Fórmula 1 que assistem as corridas esperando pelo desastre que vai render tantas imagens, vistas de todos os ângulos, em todos os telejornais.

    É uma ocasião verdadeiramente única.

    Nunca se viu nada igual, até porque, quando o outro papa morreu, o mundo foi pego de surpresa -- e a era das celebridades ainda não tinha começado.

    Ao mesmo tempo, o papa é talvez a única super-celebridade a respeito de quem a mídia pode criar todo este auê sem ser acusada de futilidade -- ou sem, honesta e sinceramente, se sentir fútil.

    Há católicos espalhados pelo mundo todo; e mesmo não católicos têm sido triturados, com competência, pelas gigantescas engrenagens do marketing da piedade a bom mercado.

    Vejam quantos líderes espirituais de outras religiões já não se manifestaram; e pensem em quantos mais não estão loucos para se manifestar, para fazer coro com o mundo e, assim, confirmarem que são pessoas de prestígio, cuja voz é digna de ser ouvida em tão grave momento.

    Quanto mais a onda cresce, mas cresce a onda.

    A morte de Lady Di, em que a mídia alimentava os populares que alimentavam a mídia, foi uma pequena amostra do que nos espera.

    E, naquela ocasião, ainda havia uma ou duas vozes de bom senso para lembrar que, afinal, o mundo continuava girando.

    Agora, percam as esperanças; o mundo enguiçou de vez.

    É um ótimo momento para dar um tempo na televisão e por os livros e os filmes em dia.