31.3.04



O xis da questão

Excelente artigo do Carlos Affonso sobre o debate a respeito dos modelos de software livre versus proprietário: não deixem de ler, mesmo vocês que acham que este é um assunto chato. Até porque não é, e porque é este tipo de atitude que permite que as piores barbaridades aconteçam na área sem que se diga "A".

Quando a sociedade enfim acorda, como felizmente começa a acontecer em alguns lugares, já é tarde.

Aliás, meio de raspão, Carlos Affonso toca num outro ponto importantíssimo, a respeito do qual, sinceramente, eu ainda não tinha pensado a sério: a questão comercial por trás dos transgênicos, ou OMGs. Vejam só:
"Na discussão dos OGMs (organismos geneticamente modificados), por exemplo, que trata do mesmo assunto, ou seja, propriedade intelectual sobre código – no caso, genético –, briga-se a favor ou contra os OGMs e se deixa de lado o grave fato de que um país como o Brasil, um dos líderes mundiais na produção de grãos (e que conquistou essa posição sem utilizar OGMs), possa vir a depender de sementes patenteadas pelo cartel norte-americano de OGMs. Mas são justamente os norte-americanos os grandes concorrentes do Brasil no mercado mundial de grãos. Não consigo imaginar erro estratégico maior do que defender essa dependência.

Essa abordagem pouco aparece na discussão dos transgênicos. Parece que tanto os contra quanto os a favor não se incomodam com Monsanto, Aventis, Syngenta etc., mas com o OGM mesmo, e se é para discutir isso, o papo requer um conhecimento que a maioria dos palpiteiros não tem. Eu posso ser a favor de pesquisar e desenvolver certos OGMs no meu país (aliás, quem dos ativistas ou acadêmicos pró-OGMs está se lembrando de fazer a defesa da combalida Embrapa?), mas ser absolutamente contra (como sou) tornar a produção brasileira de grãos dependente de patentes de multinacionais."
Eu nunca soube que lado tomar na questão dos transgênicos, porque nenhum dos argumentos "científicos" me convenceu até hoje; mas o que o Carlos Affonso diz é muito claro. A partir do momento em que se passem a cultivar apenas transgênicos, estaremos pagando royalties aos EUA até o fim dos tempos, como estamos fazendo atualmente na área do software.


Dov'è il bagno?

E, já que a gente mostrou ali embaixo o banheiro dos sonhos de todo funcionário de gato, vale conferir o primeiro lugar do Toplinks: um site inteiramente dedicado aos banheiros do mundo.

Tem fotos e descrições de privadas nos mais diferentes países, da Suiça à Mongólia, com a pergunta crucial -- "Onde ica o banheiro?" -- nas respectivas línguas. Muito interessante!


DataCora

Pelo menos uma vez por mes recebo uma chamada no celular, me oferecendo planos e condições mirabolantes para mudar de operadora. Hoje, pela primeira vez, recebi uma chamada da própria Vivo. Queriam saber se estou satisfeita.

Em relação aos custos, não estou não. Usar celular anda caro demais. Em relação resto -- que no meu caso significa basicamente falar e acessar a internet -- estou sim.

Depois perguntaram o que eu acho das demais operadoras.

Bom, por acaso também tenho um Oi (com o qual também estou bem satisfeita) mas... em tese, se estou usando o telefone de uma operadora, como diabos vou saber como está serviço das demais?! Eu, hein.

Vocês têm recebido esses telefonemas de outras operadoras tentando seduzi-los? E alguém já mudou de operadora por causa de um telefonema?






Pitáia

Ontem, na hora do almoço, conheci uma fruta nova (para mim): pitáia.

É esta lindeza das fotos que, infelizmente, não passa de uma carinha bonita -- o gosto é de... nada! A que eu provei, pelo menos, podia ser água com semente, que dava na mesma.

Ela é a fruta de um cacto, é originária do México mas o maior produtor, hoje, é o Vietnã; aqui, começa a ser plantada para valer em São Paulo.

Em inglês, a pitáia atende por Dragon Fruit.

29.3.04



Bloggers do B

A matéria do Info etc. sobre os pequenos condomínios de blogs, escrita pela Elis Monteiro, está aqui. Não deixem de ler: modéstia de editora à parte, acho que ficou muito legal...


Crimes perfeitos

Ultimamente dei para trabalhar com a televisão ligada no Discovery. Agora, por exemplo, acabam de anunciar uma série a respeito de detetives dizendo o seguinte: "Não existem crimes perfeitos".

Será que não existem mesmo?

Pois eu não consigo acreditar nisso. Afinal, crime perfeito é aquele que ninguém jamais descobre, aquele do qual ninguém sequer desconfia. Acho que o máximo que se pode dizer é que não há crimes imperfeitos perfeitos; mas quantos crimes perfeitos não estarão escondidos por aí?


Conversas de família

Comentários “autênticos” de usuários a respeito de produtos sempre me deixam meio desconfiada: afinal, como a gente vai saber quem é aquele usuário, e qual o seu interesse em divulgar o produto em questão? Mas, por acaso, acabo de receber um depoimento em que confio 100%: um email do meu filho.

Ele é engenheiro de sistemas e mora em Austin, Texas, onde, depois de trabalhar para uma série de mamutes do setor, toca com um amigo, agora, a sua própria empresinha de consultoria e desenvolvimento de soluções.

Pois entre novidades de família e gracinhas dos meus netos, Paulinho escreveu o seguinte:

“Acabo de instalar of Sun Java Desktop System e fiquei muito impressionado. Eles fizeram um trabalho excelente em cima do Linux e acho que esse vai dar o que falar. Para quem usa o ‘estou acostumado com o Windows’ como desculpa, é perfeito: não existe qualquer diferença de interface entre os dois sistemas. O SJDS roda macio, estável e rápido. A segurança do sistema é um dos pontos altos, claro.

“O que é ainda melhor: o preço! Por US$ 50, você instala tudo a que tem direito: sistema operacional, Star Office, browser (Mozilla), cliente para email, etc. Eu instalei a versão enterprise (US$ 100) e não preciso de mais nada. Todas as ferramentas necessárias para desenvolver, administrar e gerenciar uma rede inteira estão lá. Desenvolvimento em Java é mole, pois está tudo instalado. Adorei! Recomendo o uso e garanto que o sistema é merecedor de uma avaliação no Info etc. ”

Pois é, a nossa correspondência tem dessas coisas... E, para meu orgulho, devo acrescentar o seguinte: colegas dele já me disseram que têm inveja dele por ter uma mãe com quem se pode conversar a respeito dos fatos da vida.

Quanto à sugestão foi, é claro, devidamente anotada... :-)

O trote dos gatinhos bonsai

As lendas urbanas não morrem jamais. Às vezes alguma delas sai do limbo e volta a atacar com tudo, invadindo nossas caixas postais com mensagens cheias de espanto e, no caso atual, horror. O trote dos gatinhos bonsai, que seriam cruelmente criados em garrafas, anda, novamente, assustando as pessoas.

Só na semana passada recebi mais de dez mensagens de amigos de animais indignados, perguntando que providências podemos tomar em relação ao assunto.

A resposta é: apagar qualquer email que se refira a gatinhos criados em garrafas, ou bonsai kittens, como ficaram conhecidos. O trote parte de um website muito bem feito, cheio de textos e fotos convincentes, mas fiquem tranqüilos: é tudo rigorosamente falso.

(O Globo, Info etc., 29.3.2004)

28.3.04



O que ela faz?
Nada!

Mamãe bateu ontem o recorde sul-americano e brasileiro dos 50m de nado peito para a faixa etária dela (80 anos).

É mole? :-)

Update: É claro que não é o caso da mamãe, caxias a mais não poder, mas vejam só se este comentário do ric não está o máximo...
"Cuidado, Cora! Ela pode estar tomando bomba, hoje qualquer loja de suplementos alimentares vende. E para se tornar uma pit-grand'ma é apenas um passo. As velhinhas depois que fecharam os bingos ficaram revoltadas e estão descendo a bengala sem pena: é motorista de ônibus, guarda municipal, caixas da Casa e Vídeo, feirante sem troco, etc."
Como dizem por aí:

Huahauhauhauhauhauhauha!!!!

26.3.04



É amanhã!

"O CDI -- Comitê para Democratização da Informática -- mobilizará 20 estados brasileiros, no último sábado deste mês, na quarta edição do Dia da Inclusão Digital, que tem como objetivo ampliar o debate sobre o acesso às novas tecnologias para as camadas de baixa renda e públicos especiais.

(....)

No Rio de Janeiro as atividades começam neste sábado, dia 27, às 10h, com um debate reunindo o poder público, universidades, empresariado e sociedade civil na Cinelândia, onde também acontecerão apresentações e oficinas do grupo Afrolata, grupos de Hip-Hop e Jongo da Serrinha, atividades culturais nascidas nas comunidades onde atuamos. O evento termina às 13h com o abraço à Cinelândia."



La Nave Va

Pode? Os violinistas da Orquestra Filarmônica de Bonn querem aumento, alegando que tocam mais notas do que os demais instrumentistas. O pau está comendo, porque, claro, os outros instrumentistas não estão de acordo.

Acho que, por esses parâmetros, quem devia ganhar mais era a percussão, por puro estresse: imagina entrar errado com o tímpano ou o prato...!

25.3.04





Capivaras atingem o (merecido) estrelato

Depois de ganhar as páginas dos principais jornais e revistas do país, e de ser eleita a Musa do Verão-Que-Não-Houve, a capivara da Lagoa chegou, finalmente, às telas. Ou, mais precisamente, à tela : na sexta passada, “Capivara!”, o filme, foi apresentado à entusiástica platéia do Cobal Drive-in e aguarda, agora, convites para novas exibições.

Sou suspeita para falar. Não tenho nenhum envolvimento com a produção, até o dia da estréia nem conhecia os diretores, mas minha admiração confessa pela capivara pesa contra a imparcialidade de qualquer avaliação que eu possa fazer. Ainda assim, ouso afirmar que o curta -— de Felipe Sussekind e Felipe Nepomuceno — é um filminho engraçado, simpático, muito original.

Os dois Felipes, donos da pequena produtora ZR1, já fizeram juntos, há dois anos, “Brachtelles arachnoides”, um documentário sobre espécies raras da Mata Atlântica. E dedicam-se, no momento, a pesquisas para um terceiro filme, sobre os famosos jacarés urbanos da Zona Oeste.

Nepomuceno, de 29 anos, é o cineasta da dupla. Sua filmografia inclui, entre inúmeros outros, os documentários “Vila Mimoza”, sobre a tradicional zona de prostituição, a Zona propriamente dita, e “Mais um dia de calor no Rio”, montado a partir de recortes de jornais. Já Sussekind, de 30 anos, artista gráfico e fotógrafo, documenta a curiosa fauna urbana carioca e os diversos ecossistemas da região.

* * *

Com sete minutos de duração, “Capivara!” não tem, naturalmente, a intenção de esgotar o assunto: como todos que as conhecem sabem, a vida das capivaras da Lagoa daria material para pelo menos duas horas no Discovery. A idéia básica do filme é apenas investigar a existência dos bichinhos, que durante um bom tempo passou por lenda urbana, e levantar histórias a seu respeito. Vários personagens interessantes dão depoimentos, de pescadores e vendedores de coco a um dos bombeiros (epa!) que participaram da primeira tentativa de captura das capivaras, devida, explica ele, ao “verdadeiro clamor de algumas pessoas”.

O ponto alto do filme é, lógico, a capivara em si. Os Felipes conseguiram filmar a fêmea num ótimo dia. Ela não quis gravar entrevista, mas nadou, rolou na lama e posou para a câmera, arrancando risos e aplausos do público da Cobal. O macho aparece apenas de relance, num recorte do GLOBO. Me gusta pelo discretito.

* * *

Merece destaque especial a excelente trilha sonora de “Capivara!”, absolutamente perfeita para a protagonista, trilha descoberta por acaso por Felipe Sussekind. Durante uma visita a um amigo professor de piano, ele ouviu a gravação da composição de um aluno, baseada nos movimentos do kung fu. A música, ideal, deu ao autor, Jano Nascimento, a oportunidade de estrear como compositor e intérprete. Detalhe: Jano tem 12 anos de idade.

* * *

A curiosidade por “Capivara!”, o filme, me levou a descobrir o Cobal Drive-in, de cuja existência eu sequer suspeitava. Promovido pela Cavídeo (leia-se Carlos Vinicius Borges, o Caví) e inspirado nos velhos cinemas drive-in, ele exibe seleções de curtas num telão de 8m x 5m montado no telhado entre o Galeto Mania e o Espírito do Chope, bem em frente ao estacionamento da Cobal do Humaitá. Em tese, é possível assistir aos filmes do carro, mas o fervo é mesmo nos restaurantes.

A festa é ótima e gratuita. Na primeira edição, que foi ao ar no último fim de semana de janeiro, os cineastas apresentaram curtas sobre futebol, música e o cotidiano carioca em geral; a segunda, realizada no último fim de semana, foi mais eclética, com 20 filmes nacionais e estrangeiros, do badalado “O jogo de Geri”, de Jan Pinkaya (Pixar), ao experimental “Ação da Interioridade”, de Roberto Berliner, de um minuto. Perto dele, “Capivara!” é uma superprodução.

Vocês não vão ver grandes anúncios do Cobal Drive-in, que é um evento alternativo e independente, mas fiquem atentos. Este cineminha esperto é a cara do Rio -— quer dizer, a maior diversão.

* * *

E, já que falei nas capivaras: as duas estão gordas e bem, obrigada. Ambas foram vistas no último fim de semana. Ainda que não as encontre regularmente, tenho notícias freqüentes delas, dadas por amigos e leitores, que me mandam fotos e relatos de encontros felizes. Mas as duas continuam isoladas, coitadinhas, cada qual no seu canto, esperando que alguma alma caridosa as reúna ou lhes traga de presente outras capivaras que estejam sobrando por aí, em algum capivaral.

* * *

É comovente ler os depoimentos dos pais de pitboys, louvando as qualidades dos filhos estudiosos e bonzinhos. Mas, sinceramente, prefiro ler, hoje, o lamento de pais cujos filhos foram em cana por cenas de violência explícita do que, amanhã, ter que ler os depoimentos de pais de vítimas, chorando os filhos mutilados ou mortos. Chega de achar que bandido é só quem vem do morro.


(O Globo, Segundo Caderno, 25.3.2004)

24.3.04



Sampa

Há um ótimo banco de imagens antigas de São Paulo aqui.












Faz Diferença

Ontem foi o dia da entrega do Prêmio "Faz Diferença", do Globo, a 15 personalidades que se destacaram no cenário nacional em 2003.

Todo ano, as editorias escolhem as personalidades de destaque nas suas respectivas áreas. Acho que isso acontece em todos os jornais e revistas do mundo. Só que lá no Globo, este ano, em vez de se deixarmos as pessoas soltas pelos vários cantos do jornal, fizemos um caderno especial com os destaques. Daí à idéia da festa foi um pulo.

Achei muito legal a iniciativa, que valoriza tanto o jornal quanto os premiados. Gostei de encontrar colegas que mal vejo, como o Dapieve e o Moreno, e fiquei feliz da vida por entregar o prêmio de teatro ao Aderbal Freire Filho, amigo a quem admiro de longa data.

Outra coisa de que gostei: a entrega dos prêmios ter sido no Copacabana Palace. Para mim, o bom e velho hotel, com seus lustres, seus mármores e sua varanda com vista para o mar continua sendo o melhor lugar do Rio para se fazer uma bela festa.


Perder, uma grande vitória

Acabo de ver a notícia mais engraçadinha na BBC: o cavalo de corrida mais famoso do Japão é Haru-urara, uma égua que já participou de 106 corridas -- e nunca conseguiu vencer uma sequer! Os japoneses estão apaixonados por ela, que está levando multidões ao hipódromos e vai virar personagem de documentário.

Não entendo nada de corrida de cavalo, e não sei quais são as possibilidades de que um cavalinho perca tantas corridas em seguida, mas vou torcer para que ela continue perdendo. Pelo visto, esta é a sua maior vitória...

A notícia está também no site da BBC, em inglês, aqui.

23.3.04



Emergência felina

Acabo de receber este pedido de ajuda:
Temos muitos gatos em casa. Atualmente são quinze. Eles foram chegando aos poucos nos últimos dois anos. A maioria foi de filhotes abandonados na rua. A gente acreditava que conseguiria achar um lar para todos eles, mas isso não ocorreu. Só conseguimos dar uns dois ou três.

O nosso problema foi que fomos obrigados a nos mudar. No apartamento antigo, tinhamos um jardim de inverno bem grande onde eles gostavam de ficar. Agora, estamos morando numa casa. O problema é que somos obrigados a mante-los presos num banheiro pequeno pois nossos vizinhos costumam colocar veneno em seus quintais para acabar com os gatos.

Isso mesmo, com os gatos.

Não temos condições de manter a casa toda fechada. Pusemos tela nas janelas, mas ainda existem as portas e muitas outras saídas. Nossos bichanos estão muito infelizes com este regime de clausura. Gostaria de encontrar um lar para eles. Não um abrigo. Um lar. Você conhece muita gente e gosta de gatos. Por favor, nos ajude.
Que situação, coitados! Se alguém estiver precisando de gatos, souber de alguém que precise ou tenha alguma idéia em relação ao caso, por favor mande um email pro Marco Antônio.





Queimando o filme...
mais uma vez

A graciosa galera que já queimou o filme do Brasil no Fotolog ataca novamente; agora o alvo é o Photoblog -- mas este está em clima de Tolerância Zero, e simplesmente fechou as portas para os brasileiros. Tentei fazer login e recebi uma mensagem que dizia basicamente o seguinte:
Para continuar oferecendo um bom serviço sem baixar o nível do Photoblog, cuja idéia geral é apresentar narrativas visuais de alta qualidade, os registros do Brasil estão temporariamente suspensos.
O pior é que nem dá para discordar deles. Sobretudo depois de acompanhar o perrengue contínuo por que passam os administradores do Fotolog com a indisciplina, a falta de educação e a boçalidade pura e simples dos filhinhos de papai brasileiros, que acham que têm direito a tudo sem compromisso com nada.

Peguei os dois fofinhos aí de cima a esmo, sem sequer precisar procurar: estavam enfeitando a página de abertura do site. Essa é mais ou menos a imagem que estão fazendo da gente nos sites de fotografia mundo afora.

É deprimente, ou o quê?

22.3.04




Eu já disse isso algumas vezes, mas o diabo é que tem gente que custa a entender as coisas:
Não me dou ao trabalho de manter um blog com o meu nome, email e espaço para comentários para que pessoas que não têm coragem de deixar sequer um email para resposta -- num blog!!! -- falem mal de gente a quem eu quero bem, expressem opiniões racistas e preconceituosas e, last but not least, me esculhambem gratuitamente.

Paciência tem limite.



Poderosas maquininhas

A CeBit é, hoje, o que era a Comdex há alguns anos: aquele evento para o qual todos os olhares se voltam, cheios de curiosidade, para descobrir o que há de novo. Da mesma forma, tenho a impressão de que, hoje, os celulares ocupam o nicho que, naquela época era ocupado pelos micros. Neles é que se concentram atualmente as atenções do público e as principais -- ou, pelo menos, as mais atraentes -- novidades da tecnologia.

A julgar pelos lançamentos apresentados, começa a existir uma espécie de, digamos, divisão de "especialidade secundária" dos aparelhinhos. Todos são, lógico, telefones; mas alguns são games (como o nGage, da Nokia), outros (como os novos Motorolas) são máquinas de música; outros, ainda, são câmeras digitais. O topo de linha já adotou a marca do megapixel, o que significa fotos bastante razoáveis.

Nem preciso dizer quais são os meus favoritos, né? Mas, sem sectarismo, apesar do altíssimo coeficiente de diversão dos celulares musicais, é nos que têm câmera que está mesmo a grande revolução -- não só da indústria, mas da forma como nos comunicamos. Cada vez mais a imagem é a mensagem, a informação; e, quanto melhor a imagem, tanto melhor poderá ser a qualidade da informação. Fiquem de olho!

* * *

Na semana passada, eu disse que ia me encontrar com um celular com televisão. Pois me encontrei mesmo, e estou encantada! O celular é um Nokia 3650 normal: vocês sabem, aquele arredondado na parte debaixo, com os números dispostos em disco? Então. O serviço é que é especial: é da TIM, e ainda está em fase de experiência. Streaming vídeo de verdade, sem muita nitidez mas perfeitamente assistível, com um delay mínimo e som perfeito. Domenico Puntillo, diretor da empresa, garantiu que em dois ou três meses o brinquedinho chega às lojas, a custos razoáveis.

Euclides da Cunha online

"Dizem os mais antigos habitantes da Bahia que nunca ela se revestiu da feição assumida nestes últimos dias. Velha cidade tradicional, conservando melhor do que qualquer outra os mais remotos costumes, a sua quietude imperturbável desapareceu de todo. Modificaram-se hábitos arraigados, e, violentamente sacudida na onda guerreira que irrompe do sul, transfigurou-se".

Assim começa um artigo publicado no "Estadão" em 18 de agosto de 1897. Foi o primeiro de uma série de 25, escritos por um jovem jornalista chamado Euclides da Cunha. Transformada em livro em 1902, com o título de "Os sertões", a série garantiu ao autor um lugar permanente na História do Brasil -- e, de quebra, presença de destaque na internet.BR, onde dois sites magníficos celebram obra e autor.

O primeiro, criado pelo próprio "Estadão" em www.estadao.com.br/sertoes, foi ao ar no ano passado, durante as comemorações do centenário da primeira edição do épico de Canudos; o mais novo acaba de ser inaugurado pela Academia Brasileira de Letras, em euclidesdacunha.org.br.

Ambos são ricos em bibliografias, textos de e sobre Euclides e material iconográfico. No site da ABL destaca-se, naturalmente, o lado acadêmico do autor, minuciosamente estudado e apresentado.

O site do "Estadão" é pop, e mais gostoso de navegar; o da ABL é clássico, mais denso e proveitoso para pesquisadores em geral. Os dois merecem demoradas visitas, ou seja: merecem visitas. A demora é simplesmente inevitável, diante da quantidade e da qualidade do material online.

Diversão garantida, grátis, no conforto do próprio micro: dá para pedir mais?!

(O Globo, Info etc., 22.3.2004)


Ah, coitado!

Passe o cursor do mouse pela cara do rapaz: é muito bem feito. Valeu a dica, FL!

21.3.04



Beberam mal

Muitos de vocês conhecem, com certeza, o ótimo Amarula com sucrilhos. Pois aconteceu uma coisa surrealista com o dito blog: a empresa que fabrica o licor homônimo deu-se ao trabalho de se manifestar judicialmente -- lá da África do Sul! -- mandando a Alê tirar o nome da bebida do título.

Pode, isso?!

O causo está aqui.

Já o novo blog da Alê -- que, para evitar confusões, passou a se chamar Licor de Marula com Flocos de Milho Açucarados -- mudou-se para .

Minha recomendação: leiam o blog e boicotem a bebida.

Um licor com mentalidade tão tacanha não pode fazer bem a ninguém...


BB King e a capivara

Meu fim de semana está sendo uma maravilha. Na sexta à noite assisti à estréia de Capivara!, o filme, num simpaticíssimo evento chamado Cobal Drive-in lá no Humaitá. O filme tem sete minutos de delícia pura, com imagens da Musa do Verão que encantaram a platéia.

Já ontem à noite fui com a Bia assistir ao B.B. King lá na Marina da Glória (olha só a gente na fotinha aí ao lado, na barra!). Já ouvi muito B.B. King, mas nada se compara a ver a figura ao vivo. Ele é muito, muito simpático.

Com exceção de um casal do mal que estava sentado uma fileira à nossa frente, e que armou o maior barraco (devidamente fotografado pelo Nelson Vasconcelos, que lá estava com a sua câmera implacável), acho que todo mundo saiu da Marina da Glória levinho e feliz, de bem com a vida.

B.B. King, do alto dos seus 78 anos, ainda toca o que a galera lá em cima define como a mean guitar. E mais aquela voz, aquela banda, aquele balanço.

Show de show, taí.



Show de bola...

Continuando o nosso tricô básico, dêem uma olhada nos achados da Rosana: não é que ela foi atrás do camarada que fez aquela animaçãozinha linda do link quebrado?!

Gente, a energia que a Rosana tem é inacreditável... e humilhante!

Sempre que acompanho o dia a dia dela me sinto como uma tartaruga indisposta.

20.3.04



Blogger Vigil Against the War



O Fotolog voltou! Ufa...





A luta continua!


Hoje o ataque ao Iraque completa um ano.

Ativistas estão se mobilizando no mundo todo para que este seja um dia de protesto contra a guerra.

Há sites para download de posters e adesivos por todos os cantos. Alguns deles:

  • Posters ingleses

  • Peaceposter.org

  • Protest Posters

  • Design Action

  • La Loca

    * sigh *

    Está certo.

    É preciso protestar, sempre.

    É preciso denunciar a violência, o arbítrio, a mentira institucionalizada.

    Mas às vezes me pego duvidando disso, me perguntando se adianta alguma coisa. Um pouco como as passeatas aqui no Rio contra a violência: o que adianta a gente sair de camiseta branca na rua? O que adianta o mundo inteiro protestar se Bush e sua gang não estão nem aí?

    O único protesto eficiente será a eleição de Kerry; isso, claro, se ele for eleito. Até lá, porém, quantas mentiras já não terão sido ditas, quantas barbaridades mais já não terão sido cometidas?


  • !!!!!


    Rosana Hermann, a verdadeira Mulher Maravilha, fez um post lindinho sobre a blogueira que vos tecla.

    Fiquei encabulada. E feliz!

    19.3.04



    Geneton

    Ele já entrevistou todo mundo, escreve que é uma delícia e, agora, tem um crossover de site e blog muito legal. Confiram!


    A lista do Pelé

    Vocês sabem que não sou de futebol -- mas não resisto a um bom artigo. Pois hoje o meu colega e amigo Calazans deu um banho na coluna de volta das férias, falando da indigitada lista do Pelé:
    "Querem saber de uma forma de sepultar o passado do futebol, atirar ao esquecimento craques que fizeram a graça e a popularidade do esporte em todo o universo? Façam listas. As listas modernas condenam à morte os craques imortais que não viveram a era frívola das celebridades de televisão."
    Não deixem de ler a íntegra, é sensacional.




    Olhaí, gente!

    O lançamento mais esperado do ano estréia hoje, no Cobal Drive-in, às 20h30. Na Cobal do Humaitá.

    Capivara! é um documentário de dois Felipes, o Nepomuceno e o Sussekind, e tenta desvendar os mistérios que cercam a Musa do Verão carioca.

    Não percam!


    e-Memoriais

    Logo depois do dia 11 de setembro, o New York Times começou a fazer pequenas biografias das vítimas do atentado terrorista. O projeto, chamado Portraits of Grief (Retratos da Dor), foi sendo publicado aos poucos, à medida em que as biografiazinhas eram escritas. Hoje pode ser visto no website do jornal, aqui.

    Agora o diário espanhol El País está às voltas com um trabalho semelhante, dando notícia dos mortos no atentado de 11 de março. Sob o título Vidas Rotas (Vidas Partidas) encontram-se 201 lacinhos pretos, aos quais corresponderão, à medida em que ficarem prontas, as histórias das vítimas. Já podem ser lidas 66, entre elas a do brasileiro Sérgio dos Santos Silva.

    18.3.04



    Pauta

    O Cláudio Luiz sugeriu num comentário, e achei excelente, uma reportagem sobre os pequenos hospedeiros e prestadores de serviços para blogs.

    Já vou começando por aqui: alguém conhece e tem referências de outros pequenos, além do Blog Brasil, do Gardenal.org, do Via Link, do Vilago e do Pixelzine?

    Também aceito (pequenos) depoimentos de blogueiros que tenham mudado de casa, seja de grande para pequeno ou vice-versa (existe?); assim, vamos fazendo a matéria juntos...

    Agradeço antecipadamente!




    Zeca Pagodinho, a Luma da semana

    O que seria das conversas de botequim sem as
    pequenas traições da vida cotidiana?


    Não sei se um atentado a uma marca de cerveja merece tanto auê, mas uma coisa é certa: ninguém agüentava mais falar na Luma! Com mais uma semana de papo sobre a gravidez da Luma, o casamento da Luma, a coleira da Luma, a calcinha da Luma, o divórcio da Luma, os bilhões da Luma, o bombeiro da Luma ou o lume da Luma, corríamos todos o risco de ficarmos definitivamente sem assunto e, horror!, termos que discutir na mesa do boteco temas como a venda da Embratel, o caso Gtech, a CPI dos bingos, a política econômica ou a psiquê do Palocci. O que seria de nós sem a traição de Zeca Pagodinho?!

    Graças à providencial guerra das cervejas, pudemos enfim virar o disco e continuar, felizes, a jogar conversa fora sobre assuntos aparentemente sem importância. O que é — sem brincadeira — extremamente importante. É mais fácil e menos prejudicial à saúde e às amizades discutir ética, traição e valores morais de modo geral através da atitude de uma Luma ou de um Zeca Pagodinho do que, digamos, através de um governo do PT, eleito num dia para renovar a cena nacional e, no dia seguinte, já entregue, sem traumas, a Sarneys, ACMs e outras figuras que, em tese, julgávamos varridas pelas urnas.

    Para mim, a única coisa triste nisso tudo foi o papelão do Zeca Pagodinho que, até ontem, me parecia um sujeito legal e confiável. Que o Nizan Guanaes tenha dado um golpe contra a Fischer, em particular, e contra a propaganda brasileira, como um todo, sem problema — exceto talvez para uns poucos publicitários do bem. A gente sempre intuiu que “propaganda enganosa” é praticamente um pleonasmo, e que bom na área é quem melhor engana, mente e trapaceia; agora a gente sabe. Mas o Zeca Pagodinho?! Logo ele?! Ainda se fosse um Belo ou um Alexandre Pires...

    Se o Zeca Pagodinho só bebia Brahma não devia ter aceitado fazer propaganda da Nova Schin; mas, uma vez que aceitou, que cumprisse o contrato. Se não aguentava beber Nova Schin, que rompesse o contrato; mas avisasse a quem o contratou, de preferência dando um tempinho nos comerciais de cerveja. Propaganda ou não propaganda (quer dizer, mentira ou não mentira, é assim?), era a cara dele que estava lá e a palavra dele que estava empenhada, ainda que não dissesse nada. Não por questão de cerveja, não — mas por questão de atitude.

    Que pena.

    * * *

    Um dos livros mais bonitos que li nos últimos tempos foi “O Deus das pequenas coisas”, de Arundhati Roy. É uma jóia rara de observação, linguagem e sentimento, capaz de revelar a perversidade do sistema de castas indiano de forma infinitamente mais eloqüente do que toda uma biblioteca de política e sociologia. Afinal, este é o gênio da arte: traduzir a realidade, tornando visível o que não se conhecia ou, eventualmente, se ignorava; e transformar este conhecimento numa emoção que altera, para sempre, a percepção de quem a sentiu. Virei fã da autora, que manifesta a mesma angústia pelas divisões sociais em todas as áreas em que atua, seja como cineasta, arquiteta ou ativista política.

    Pois na última terça-feira assisti a uma entrevista com ela na Globo News. É exatamente como eu a imaginava: delicada, atenta e de uma ferocidade mansa interessante e verdadeira. Arundhati Roy esteve uma vez no Brasil, durante o Fórum Social, e visitou Porto Alegre e São Paulo. Quando a repórter Elizabeth Carvalho perguntou o que mais a impressionou por aqui, ela observou que não chegou a ver muito do país — mas acertou na mosca da desigualdade social, que a chocou pela, palavras suas, “extrema brutalidade”. Acertou em cheio também na expressão, “extrema brutalidade”, como marca registrada não só do nosso cotidiano, mas, também e sobretudo, da nossa elite de miliardários que se isola do mundo real, completamente insensível à miséria à sua volta.

    E olhem que Arundhati Roy nem viu o programa do Jô em que, dia desses, meia dúzia de colunáveis paulistas falavam, com indisfarçável orgulho, da quantidade de seguranças que haviam trazido ao estúdio. Que gente, sinceramente! Deviam ser condenados, todos, ao Castelo de Caras perpétuo.

    * * *

    Outro livro que me causou uma sensação de encanto e de descoberta semelhante à de “O Deus das pequenas coisas” foi “Balzac e a costureirinha chinesa”, de Dai Sijie. Nele, a revolução cultural chinesa é ao mesmo tempo pano de fundo e fio condutor da história de dois meninos de classe média em pleno processo de “reeducação revolucionária” nas mãos de camponeses analfabetos.

    O que os salva da miséria intelectual mais profunda é o cinema, meia dúzia de livros proibidos e o amor pela linda filha do alfaiate da aldeia. O romance virou filme no ano passado, dirigido pelo autor, e chega ao Brasil em princípios de abril, junto com o próprio Dai Sijie. Estou muito curiosa.


    (O Globo, Segundo Caderno, 18.3.2004)

    17.3.04



    Mudança geral

    Aliás, depois do papelão do Blogger.BR, está todo mundo de casa nova: Matusca, Carta Aberta, Banana Etc., Drops da Fal... a lista é enorme! Quem é que eu estou esquecendo?

    A turma aí de cima está toda num condomínio exclusivíssimo chamado Blog Brasil, que já tem até síndico (adivinhem!).

    Estou achando a revoada/reviravolta o máximo: é o triunfo dos pequeninos, oferecendo serviços com a qualidade, a cortesia e a educação que os grandes não têm.

    Muito "internet" essa história toda...

    Update: Oops, falha nossa! O excelente Carta Aberta não éstá no Blog Brasil, mas num outro condomínio muito simpático, o Gardenal.org.


    Blogs: uma ótima solução!

    Luciana Misura, que não só é um amor de pessoa como designer da pesada, criou, junto com o Gabe e o Evandro Maciel, o Pixelzine -- na definição da Marina W. (que já está lá), "um hotel cinco estrelas para blogs".

    Na boa? É tudo de bom!

    Por U$ 7 mensais você nunca mais precisa se preocupar com o bem-estar do blog, com fotos, sistemas de comentário, essas coisas.

    Recomendo!



    CLIC!






    Precisar não precisa, mas...


    Quando eu vi os telefonezinhos aí de cima pela primeira vez — sim, é um telefone, não uma câmera digital — pensei imediatamente: “Caramba, que lindo! Quero um desses!” Um pouco antes, passando pela mesa do Tom Leão, vi o novo brinquedinho dele: um Panasonic SV-AV30 AV, gadget miudinho que faz vídeo, foto, toca MP3, passa clipes, beija na boca e faz amor. Um sonho! Como sobrevivemos tanto tempo sem algo assim?

    O Marcelo Balbio adora a sua câmera/chaveirinho USB da Philips; já o Xexéo está muito impressionado com a convergência, que está dando a todos os gadgets mil e uma funções com que a gente sequer sonharia há meia dúzia de anos. Graças a ela, aliás, hoje mesmo vou me encontrar com um telefone celular em que dá para assistir à CNN.

    Será que nós precisamos mesmo dessas coisas? Meninas precisam mesmo de tantas Barbies? Meninos precisam mesmo de tantos games? As necessidades básicas do ser humano passam ao largo da maior parte do que consumimos; mas nem só de necessidades básicas vive a privilegiada parcela da população mundial para a qual a indústria sonha, noite e dia, novos brinquedinhos.

    No mês passado, aliás, o Global Consumer Advisory Board divulgou os resultados de uma pesquisa chamada “Uma teoria da relevância para a adoção de produtos de tecnologia”. Ela define quais são os atributos que tornam um produto de tecnologia relevante o suficiente para convencer o consumidor a comprá-lo. Apoiado em seis atributos identificados em pesquisas anteriores, a pesquisa investiga como esses aspectos se complementam para motivar a adoção do produto: eles são “familiaridade”, “importância do benefício do produto”, “poder de compra”, “conhecimento de onde comprar”, “percepção de facilidade de instalação” e “percepção de facilidade de uso”.

    Ao contrário do que muita gente poderia pensar, mas ao encontro do que intui todo amante de gadgets, preço não é tudo...

    É um celular? É uma câmera? É um PDA?

    Resposta: é tudo ao mesmo tempo! O fato é que têm saído das pranchetas do designers da Sony-Ericsson alguns dos aparelhinhos mais cobiçáveis dos últimos tempos. Dois bons exemplos: o K700 e o S700i (nas fotos acima). Eles são celulares que, não por acaso, têm tudo a ver com o design das Cybershots da Sony, em que foram inspirados. Ambos são GSM, e atendem por “camera phones” na empresa.

    O K700, mais simples, trabalha em VGA (640 x 480), grava videoclipes, tem Bluetooth e infravermelho, 32Mb de memória interna (suficientes para armazenar mais de 400 fotos) e, coisa linda! rádio FM. Já a câmera do S700i, que é compatível com Memory Stick Duo de até 128Mb, é recordista da modalidade, com 1,3 megapixel de resolução. Ela divide o seu “espaço” com um perfeito PDA, que aparece quando se trabalha com o aparelho na vertical, e com o telefone, cujas teclas se escondem por baixo da tela deslizante.

    Então: a gente não precisa urgentemente deles? O K700 já está chegando ao mercado, embora ainda não tenha preço definido; o seu irmão mais parrudo só estará disponível lá para o fim do ano. Estou contando os dias...


    (O Globo, Info etc., 15.3.2004)


    Lar, doce lar

    Repete-se a cena da terça-feira passada.

    São 2h13. Voltei há pouco do jornal, com a sensação do dever cumprido -- como o Zuenir, eu não gosto de escrever a coluna, embora goste de ter escrito -- e agora estou com as patas em cima da escrivaninha, descansando, depois de ter traçado um velho favorito: cup noodles de camarão.

    Este cup noodles nada mais é do que um miojo metido a chique com camarões e pedacinhos de milho e tomate secos. Desta vez, tinha cinco camarõezinhos inteiros, e a sensação foi mais ou menos a de acertar numa loteria. O único problema é que a Keaton ama este sabor e, sempre que eu como isso, acabo ficando só com meia porção.

    Um dia ainda faço um cup noodles inteirinho para ela.

    A Bia está viajando e os gatos estavam sozinhos em casa, todos me esperando na porta. Fico pensando no que eles fazem quando estamos fora. Provavelmente inspecionam a casa toda; dormem; apreciam o mundo pela janela; dormem; implicam uns com os outros; dormem... que mais?

    Tadinhos dos meus queridos! Levam vidinhas tão singelas, tão pequenininhas.

    16.3.04





    Litigioso

    O mais engraçado foi o Extra, de ontem, constatando que, na separação, o Zeca Pagodinho ficou com os móveis da ex: 30 mesas e 120 cadeiras com a marca da Schincariol ficaram no seu sítio, em Xerém. Tsk, tsk...

    13.3.04



    A Paixão de Cristo: Nada no filme é relevante, a não ser a violência em estado bruto

    Tortura explícita e muita fé... no marketing


    Antes de assistir à “Paixão de Cristo”, eu já estava impressionada com a facilidade com que Mel Gibson montou a sua máquina de marketing; como foi criando as armadilhas mais transparentes; e como os alvos para os quais essas armadilhas foram montadas (mídia inclusive) nelas caíram obedientemente, sem pensar duas vezes. Aparentemente, aliás, sem sequer pensar. Agora, tendo assistido ao magnum opus de Gibson, minha admiração pelo marqueteiro não tem limites. Não é qualquer um que consegue transformar em assunto de primeira página um filme de quinta, sem vestígios de roteiro ou qualquer carga dramática; não é qualquer um que consegue criar uma polêmica religiosa a partir de um filme-pancadaria bizarro em que, contrariando todas as normas do gênero, apenas um dos lados apanha.

    “A Paixão de Cristo” começa com a última noite de Jesus no Monte das Oliveiras. O clima é soturno e, sobretudo, muito, muito canastra. “Interpretação”, na cartilha de Mel Gibson, não é propriamente uma atividade sutil. Logo Judas vai receber os seus 30 dinheiros e, na seqüência, a guarda aparece para levar Cristo ao seu destino. É uma abertura tensa, que pressupõe que todos os espectadores conhecem, de cor e salteado, a sucessão de eventos que levou a este ponto. Isso provavelmente é verdade — mas, ainda assim, falta ao filme uma raiz histórica ou um mínimo de dialética que justifiquem o que acontece depois dos seus dez primeiros minutos: uma longa sessão de tortura explícita e contínua, de um mau gosto inenarrável. Para dizer pouco. Resultado: duas horas macabras de violência gratuita, com sangue aos borbotões, carne estraçalhada, pedaços de pele arrancados ou pendentes, costelas à vista. Enfim, como prova a bilheteria estratosférica, um programão para o público que cresceu apreciando Jason e Freddy Krueger.

    Mais um vendilhão no templo

    Diante de violência tão repulsiva, é impossível entender o porquê da celeuma religiosa — até para a judia que vos tecla. Nada neste filme é relevante, a não ser essa violência em estado bruto, ampliada nos closes, esmiuçada nos detalhes, nojenta em todos os sentidos. Que ninguém se iluda: ela, e apenas ela, é o grande ponto de venda do filme.

    O que incomoda além de qualquer medida não é como os judeus ou os romanos ou mesmo os discípulos são apresentados, mas sim a hipocrisia que transveste de fé a exploração do que a Humanidade tem de pior, para não falar no descarado comercialismo que mal se disfarça por trás da iniciativa supostamente “nobre”.

    Se a motivação de Mel Gibson fosse de fato religiosa, a primeira coisa a fazer seria expulsar os vendilhões do templo, e não se juntar a eles, colhendo os frutos do merchandising duvidoso de cravos e canecas, coroas de espinhos e camisetas; ou, então, aceitar a palavra de Jesus, que falava em amor, e não em violência. Já se a idéia básica fosse mostrar à Humanidade o verdadeiro sofrimento do Cristo, o filme seria exibido gratuitamente, como são gratuitamente distribuídos tantos milhões de bíblias pelo mundo afora; ou, no mínimo, passaria a ser gratuito, ou quase isso, assim que Gibson, o Evangelista, tivesse recuperado o seu investimento inicial de US$ 30 milhões. No momento, porém, ele já está num lucro de US$ 70 milhões — e, aí, não há como não concordar com Millôr Fernandes, que desconfia de todo idealista que lucra com o seu ideal. Ainda mais na primeira semana de lançamento.

    Ao sair do cinema, o Bonequinho cantarolava o samba da Viradouro: “Ó, Virgem Santa, rogai por nós, rogai por nós, ó Virgem Santa, pois precisamos de Paz, ó Virgem...”

    Louco por uma dose de Zeffirelli.


    (O Globo, Segundo Caderno, 14.3.2004)

    12.3.04




    Explosões matam:
    não se pode esconder esta verdade


    O dia em que o fotojornalismo
    acabou sendo mais uma vítima




    Como tratar as fotos de uma tragédia que abala o mundo? Escondem-se dos leitores os detalhes mais chocantes, como fizeram as emissoras americanas nos idos do 11 de Setembro, em que, apesar da lúgubre contabilidade de 2.976 mortos, praticamente não se viu uma gota de sangue no vídeo, ou divide-se com eles o horror que chega às redações? Ontem, vários jornais, no Brasil e em outros países, responderam de diferentes maneiras a essa pergunta.

    A foto de maior impacto do atentado, que mostrava vítimas sendo atendidas diante dos trens destruídos, acabou na capa dos principais jornais do mundo — O GLOBO entre eles. Acontece que, do lado inferior esquerdo, podia-se ver um pedaço de corpo: um braço, talvez, ou uma perna. Uma visão terrível, mas não menos chocante do que a realidade que a cercava; um detalhe — horrível — do horror.

    Este detalhe, porém, mexeu tanto com a sensibilidade de alguns editores que eles acabaram atropelando uma regra básica do fotojornalismo: não se modifica, nunca, a realidade registrada pela fotografia. Pode-se cortar as fotos, pode-se publicá-las em preto e branco, pode-se, até, aplicar uma tarja por cima do que não se quer mostrar; mas não se pode suprimir ou acrescentar nada ao que foi capturado pela lente — sobretudo sem se informar isso.

    Em vários jornais, no entanto, o membro ofensivo foi eliminado digitalmente. Um recurso fácil, e até compreensível como cuidado, mas com uma consequência funesta: perda de credibilidade. Num mundo de fotos digitais, em que qualquer principiante manipula imagens com razoável eficiência, a única forma de conservar a fé do leitor no que vê é garantindo que nenhuma foto de reportagem será jamais alterada sem que ele saiba disso. Este é o caso em que uma palavra — “modificado” — pode valer por mil imagens.


    (O Globo, Mundo, 13.3.2004)

    Update: Para ver capas de jornais ao redor do mundo, a melhor pedida é o Newseum: são 284 primeiras páginas de 37 países, constantemente atualizadas.


    Horror

    Que droga de espécie é o ser humano, sinceramente. Não consigo ver o noticiário sobre o atentado na Espanha sem chorar.

    Qual é o sentido disso?

    Para que causar tanta dor a tantas pessoas inocentes, o que se pode lucrar com tanto mal?!

    11.3.04





    Parabéns, Bia!!!

    A Família Gato está em festa: hoje é aniversário da Bia!

    Como mãe coruja, tudo o que eu tenho a dizer é que ela é o máximo.

    A modéstia me impede de entrar em detalhes... :-)


    Um dia, uma noite


    Na segunda-feira passada, o Fotolog, que é uma espécie de gigantesco álbum internacional de figurinhas on-line, estava uma festa. Havia homenagens a mulheres e à mulher por toda a parte; era praticamente impossível navegar sem esbarrar num poema, numa foto especial, num recado inspirado.

    Muitas pessoas escreveram coisas lindas para mim, e eu mesma, para não desapontá-las, cumprimentei as amigas que me pareceram mais empolgadas com a data. Mas a verdade é que passei o dia na encolha, morrendo de medo que algum conhecido viesse me parabenizar pessoalmente, ou que algum dos lugares que freqüento me oferecesse a rosa protocolar. Acontece que abomino o Dia Internacional da Mulher.

    Fica até chato dizer isso depois de ter recebido tantas mensagens carinhosas, que agradeço de coração aos amigos que não podiam adivinhar minha implicância. O diabo é que acho extremamente cabotino, para não dizer constrangedor, receber os parabéns por algo que não é mérito meu. Nasci assim. Estou perfeitamente contente por ser mulher e, provavelmente, estaria igualmente contente em ser homem (ou gato, ou capivara), se a genética, os fados, qualquer ocasionalidade, tivessem determinado assim. Tenho plena consciência de que faço parte de uma classe privilegiada, a que boa parte das mulheres do mundo não pertence, que pode se dar ao luxo de gostar de ser o que é. Mas isso me parece ainda menos causa para comemoração.

    Não consigo deixar de ver por trás dessa data um grande farisaísmo (talvez justificado depois de tantos séculos de opressão), um paternalismo condescendente, que se congratula pela boa ação de um dia, liberando-se com isso de maiores obrigações no resto do ano. Para não falar no consumismo dirigido que já nos dá a obrigação de comemorar comercialmente dias das crianças, das mães, dos pais, dos mestres e dos gêmeos siameses.

    Hoje a PM (!) e os postos de gasolina distribuíram flores. Amanhã pais, maridos e irmãos que não voltarem para casa com os devidos presentes serão considerados machistas e até criaturas desprovidas do sentido básico da família. Que é, naturalmente, gastar.

    Desculpem, mas não me façam parte da presepada. Incluam-me fora dessa. Quero viver em paz com os meus semelhantes, todas e todos, 365 dias por ano, dentro do saudável princípio de que gentileza gera gentileza, assim como solidariedade traz solidariedade: sem hora marcada ou anúncio institucional.

    * * *

    Esse mau humor todo bateu na segunda; domingo, porém, foi outra história. Peguei minha câmera e lá fomos, as duas, para o Nokia Trends, a megamuvuca que levou aquela multidão ao Aterro. O som de Fatboy Slim não chega a ser meu gênero musical favorito, mas o Rio em estado de graça é uma coisa linda de viver, sobretudo depois de semana tão traumática. Acreditem: foi comovente ver aquelas 178.423 pessoas (contei!) dançando felizes, sem maiores confusões, aproveitando o som, o ar, o momento e a lua cheia, muito cheia. No mar, dezenas de barcos iluminados; lá atrás, o Pão de Açúcar de sempre. Bem...

    * * *

    Bem. A violência já ultrapassou as previsões mais pessimistas, o desgoverno é geral, a segurança no estado é uma piada de mau gosto; mas, quando menos se espera, a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ainda consegue se erguer e se mostrar em toda a sua glória. A despeito do inepto casal de governadores, que nunca entendeu este Rio; do prefeito, que continua achando que nos engana com os seus Jogos Pan-Americanos; e mesmo do governo federal, este ingrato, que não consegue esconder que nos detesta, não há, no mundo, cidade onde se possa ver tanta beleza, embalada em tão alto-astral.

    Cidade tão mulher.

    * * *

    Há muito tempo eu não me identificava tanto com um livro quanto com “O efeito sanfona — confissões de um dependente químico de comida”, de Ricardo Freire. Um trechinho:

    “A mensalidade da academia é o imposto indireto mais injusto que existe. Você — um dependente químico de comida sério e pagador de impostos, que trabalha duro e movimenta a economia, sustentando um sem-número de fabricantes de salgadinhos, guloseimas e alimentos dietéticos — é obrigado a contribuir com uma parte significativa do seu salário para uma entidade na qual você não acredita. Pior ainda: que lhe causa repulsa. Antigamente era o dízimo da igreja; hoje é a mensalidade da academia.”

    O cara é ótimo, e passou por tudo. Informa a orelha (onde, aliás, ele nem parece tão gordinho assim) que “Ricardo já fez incontáveis regimes, internou-se quatro vezes em spas e foi proprietário de três esteiras elétricas pouquíssimo usadas.”

    Ele é um dos nossos! Se você também se reconheceu neste perfil, não deixe de ler o livro, melhor do que “A dieta de South Beach” e “A revolucionária dieta do Dr. Atkins” juntos. Você não vai emagrecer nada, mas pelo menos vai rir muito.


    (O Globo, 11.3.2004)

    10.3.04



    Os bichos do zoo

    Volta e meia alguém me pergunta nos comentários por que não escrevo sobre os crimes do zoológico de São Paulo. A resposta é simples: não sei o que dizer diante disso.

    Não sei o que pensar, o que sugerir, por onde começar.

    9.3.04



    Plantão Capivara

    Acabo de receber esta mensagem:
    "A capivara da Lagoa foi parar na vitrine do Garcia & Rodrigues. É que uma vez por mês, pelo menos, eles mudam o tema da vitrine. E já que a capivara virou um verdadeiro personagem carioca, o Garcia resolveu prestar uma homenagem. A vitrine já pode ser vista hoje. A idéia é exaltar a alegria de viver no Rio. A vitrine é composta de um painel como se fosse a Lagoa. Os animais terão suas silhuetas em madeira. Duas capivaras estarão comemorando a chegada à Lagoa, enquanto outros personagens como o martim-pescador e a garça observam a cena."
    Eu já tinha lido no Joaquim, mas fiquei na maior alegria. Todo poder às capivaras!


    Ah, sim...

    Por que estou vendo tanta televisão? Porque estou gripadíssima, sem ânimo para fazer qualquer outra coisa.


    Mais cobras!

    Agora é no National Geographic, dois outros caras. Tiveram uma boa idéia: mandaram uma câmera-robô para dentro do buraco das cobras para ver como era lá dentro; mas fiquei horrorizada com a cena de uma jibóia comendo... uma capivara.

    :-(



    Poderosa

    Sabem a Marina W? Então. Está escrevendo um livro. De encomenda, é mole? Tou curiosíssima a respeito do assunto...

    8.3.04





    Eles bem que avisaram...

    O intrépido site Rosinha Não! voltou à carga, com uma edição especial para o Dia da Mulher. A nota é reprodução de um grande achado da coluna Gente Boa, do Joaquim Ferreira dos Santos.




    Plantão Capivara

    Olhem quem foi fotografada ontem...!!!

    O autor dos cliques foi o RockRJ; esta capivara é o macho, que mora aqui em frente de casa.

    Fico tão feliz em saber que está bem... :-)

    7.3.04



    GRRRRRRRRRRRRRRRRRRR!!!

    Então estou eu aqui empolgadísima assistindo a Riverdance pelo Multishow quando uma das danças mais lindas, a dos russos, foi cortada ao meio, sem a menor cerimônia, para... um Big Brother ao vivo!!!

    Pode???!!!

    Essa sujeira com o telespectador foi feita graças ao patrocínio de diversas empresas. Vou ficar de olho e anotar o nome de cada uma para escrever um email para a diretoria reclamando.

    Update: Calculei mal o tempo; quando voltei pro Multishow, o Riverdance já tinha recomeçado. Não há de ser nada, a qualquer hora eles fazem isso de novo e aí anoto.

    É incrível como é difícil achar alguma coisa boa para ver. No Discovery houve um programa interessante sobre a separação de gêmeas siamesas; mas agora estão discutindo quem matou Kennedy.

    Alguém ainda agüenta discutir isso???

    *sigh*

    Update do update: Sabem a conclusão a que chegaram? Se algum dos fotógrafos e cinegrafistas amadores que registraram o momento do assassinato estivessem usando boas máquinas, filmes adequados e filtros apropriados, e tivessem feito enquadramentos melhores, seria possível ter respostas às nossas dúvidas.

    Juro.

    Agora imaginem só a fantástica série que este "documentário" não poderia gerar: Se as câmeras digitais houvessem sido inventadas no Antigo Egito, saberíamos detalhes do processo de mumificação que ainda não conhecemos! Se os aztecas usassem computador, saberíamos por que desapareceram! Se Abram Zapruder fosse à Inglaterra Medieval com sua filmadora Bell e Howell, saberíamos toda a verdade sobre o Rei Arthur...

    Ah, sim: a locutora termina dizendo que as imagens disponíveis "nos levam de volta no tempo, a uma época em que um presidente podia desfilar em carro aberto..."

    Uh?

    HELLO...




    Parabéns, Magaly!

    Hoje é aniversário da Magaly, do Eu pensando, que tantos de vocês conhecem aqui dos comentários -- sempre ponderados, gentis e simpáticos.

    Procurei entre as minhas fotos alguma flor para ela, mas o problema é que quase não fotografo flores; assim, meu presente virtual fica sendo a lembrança do caqui madurinho que vi ontem no pé, em Itaipava.

    Tudo de bom, Magaly!


    A verdade, a mentira e outras coisas na internet

    Não resisti a este texto do Claudio Rúbio, o meu querido Claudinho, do Circulando, e roubei pra cá.

    Vejam que ótimo!
    "Chove. Entro no Google e procuro a verdade. O resultado: 1.660.000 páginas encontradas em 0,15 segundos. Em seguida, procuro a mentira. 412.000 páginas, em 0,26 segundos. Concluo que há mais verdade que mentira na internet, embora cada mentira demore muito mais para se revelar que uma verdade.

    Com essa certeza em mente, procuro a felicidade; 446.000 resultados demoram 0,25 segundos para aparecer. A tristeza, não só é maior em volume, 538.000 ocorrências, como vem mais depressa, 0,15 segundos.

    Triste, mas ainda esperançoso, continuo minha busca e descubro que a paz (5.530.000 resultados, em 0,12 segundos) perde feio para a guerra (7.680.000 páginas, em 0,15 segundos) e ainda dura menos... Talvez isso aconteça porque o perdão (110.000 páginas, 0,15 segundos) não signifique nem um décimo do ataque (1.420.000 vezes, em 0,24 segundos).

    Embora o ódio, com 535.000 páginas em 0,19 segundos, se revele muito menos que o amor, com 8.900.000 páginas em 0,26 segundos, o bem (4.800.000 ocorrências, 0,15 segundos) se manifesta muito menos que o mal (11.600.000 ocorrências, 0,29 segundos).

    Finalmente, procurei por soluções, mas houve queda de energia, um raio, o estrondo de um trovão e eu perdi a conexão com o oráculo."

    6.3.04




    Adote um focinho carente

    Tutu e Keaton, essas duas maravilhas da legítima raça vira-lata, informam que hoje é dia de Adote um focinho carente!

    Compareça, nem que seja para uma visitinha: vale a pena conhecer o trabalho da SUIPA.

    Vai ser no Clube Boqueirão do Passeio, ao lado do MAM, no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, das 11hs às 16hs. Vários bichinhos abandonados vão estar lá, à espera de suas novas famílias.

    Se você quiser adotar um deles, leve cópia de identidade, CPF e comprovante de residência. Não se esqueça de uma casa de transporte caso você queira um amigo felino e guia e coleira para um cãozinho.



    "Bom dia!" (#$%@&*!)

    Tenho horror quando saio do jornal muito tarde (ou muito cedo, dependendo do ponto de vista) e o pessoal da limpeza me deseja bom dia. Enquanto a gente não dorme e acorda novamente, não é dia! GRRRRRR.

    O pior é que, daqui a pouco, nós vamos todos a Itaipava para almoçar com o Jaguar.

    Tenho menos de quatro horas de sono...

    Bom sábado para vocês! Eu vou fazer o possível para ter o mesmo, ainda que dormindo em pé.

    5.3.04



    Tem gosto para tudo...

    Estou vendo um programa muito legal no Discovery: um sujeito meio maluco, mas muito simpático, procura a maior sucuri do mundo. Agora está numa fazenda da Venezuela, feliz da vida, todo enlameado, se atracando com cobras gigantescas. Uma moça bonita chamada Maria é a especialista local em ofídios (uma sucuri é um ofídio, pois não?).

    Ao fundo, capivaras. Muitas capivaras! :-)

    4.3.04





    Entre Luma e o FMI,
    você fica com quem?

    Cronista é surpreendida por manchete insólita e
    descobre iceberg filosófico na primeira página



    Eu estava tomando café da manhã com os gatos quando vi a notícia da não-gravidez da Luma no alto da primeira página. Levei um susto.

    — Gente, o jornal surtou... Teve um caso agudo de Síndrome de Contigo!

    Os gatos, que estavam ocupados com outras coisas, mal levantaram os olhos. Obviamente não estavam interessados em discutir nem os problemas da Luma, nem a primeira página do Globo; e eu tive que me reconciliar com o fato sozinha.

    Como, uma não-notícia no alto da primeira página?! O pedaço mais importante do jornal dedicado a uma fofoca?! Onde é que nós estamos?! E onde é que isso vai parar?!

    Mais tarde, na hora do jantar, encontrei amigos que estavam muito ouriçados com o caso. Luma, o casamento de Luma, a gravidez de Luma, a mentira de Luma: todo mundo estava adorando a história, que se transformou num dos grandes temas da noite e — hoje a gente já sabe — um dos principais assuntos dos jornais do dia seguinte.

    Quando voltei para casa, peguei o jornal novamente e estudei as outras notícias: “Presidente do Haiti renuncia e foge”, “Governo culpa Bangu III por ataque à PM”, “FMI acena com a flexibilização de regras de acordo com o Brasil”, “Bom jogo, mesmo sem gols”, “Tubarão mata um banhista no Recife”, “Caso Gtech: CEF acusa funcionários”. OK. Era um dia de não-notícias. E era claro porque não sou eu quem faz a primeira página.

    * * *

    Fiquei pensando no que me levou a estranhar tanto a Luma como manchete, e cheguei à conclusão de que a questão, verdadeiro iceberg filosófico, está menos na Luma do que no papel da imprensa — e, por tabela, no inconsciente coletivo do país. O que se quer de um jornal, informação ou diversão? É possível ter informação e diversão ao mesmo tempo, ou a diversão atrapalha a informação? A informação deve receber, sempre, um tratamento melhor do que a diversão? Em suma: o jornal tem que estar sempre de terno e gravata, ou pode usar bermuda de vez em quando?

    * * *

    Eu estava brincando com essas perguntas, que dão panos pras mangas, quando descobri o que havia me incomodado na manchete: confundir informação com diversão. Luma de Oliveira, ainda que tenha nome, endereço e telefone, não existe. Ela é uma figura de ficção tão inconsistente quanto, digamos, a Maria Clara Diniz, e o que diz ou deixa de dizer é tão irrelevante como informação — ou tão interessante como diversão — quanto o que diz ou deixa de dizer a Maria Clara.

    Se está grávida ou não está, se o casamento está ou não ameaçado, tanto faz; para todos os efeitos, a vida de Luma é uma espécie de Big Brother que a gente acompanha em capítulos esparsos, uma capa da Playboy aqui, uma reportagem de Caras ali. Há capítulos sem graça e há capítulos especiais, geralmente divulgados durante o carnaval, para manter aceso o interesse popular pela trama. O texto, naturalmente muito menos criativo do que o do Gilberto Braga, é ditado pelo advogado ou pelo assessor de imprensa da ocasião, e não tem, necessariamente, qualquer relação com a realidade.

    O grande segredo do “produto”, digamos assim, é que, como a Luma é representada por si mesma, a gente às vezes se distrai e leva a sério, confundindo episódios com fatos.

    * * *

    É impressionante como o Rio está mal cuidado — e, pior, como a gente vai se acostumando com isso! Para qualquer lado que se olhe, a grama está cheia de mato, o concreto está todo quebrado, o asfalto é uma colcha de retalhos; onde há pedras portuguesas as falhas são um risco permanente. Em Ipanema, as cores no chão dos cruzamentos, que seriam alegres se estivessem bem conservadas, viraram um ruído no ambiente, um elemento a mais na poluição geral; no Jardim de Allah, há tanta sujeira no canal que as garças ficam em pé na água. E tome grade quebrada, jardins sujos e fradinhos horrendos, espalhados a torto e a direito, sem nenhum critério.

    A violência não se faz só de arrastões, de bandidos desinibidos e de polícia ineficaz, mas também de agressões visuais e ambientais. O descaso das autoridades pela cidade, cada vez mais evidente, não é apenas uma agressão contínua a todos nós, mas também a garantia de que as coisas vão ficar cada vez piores: as gerações que estão crescendo em meio a este caos não têm como adivinhar a paz da beleza, aquele Rio de amor que se perdeu.

    * * *

    A delegação brasileira junto à ONU vai propor uma resolução que estabelece a discriminação por orientação sexual como violação dos direitos humanos. Não é nada, não é nada, já é alguma coisa. E é, sobretudo, uma postura muito mais civilizada e esclarecida do que a patética cartada de Bush, disposto a provar que é a vanguarda do atraso.

    (O Globo, Segundo Caderno, 4.3.2004)

    Update: O Rafael Barbastefano fez uma observação muito importante nos comentários:
    "Cora, um comentário sobre a iniciativa brasileira na ONU. Seria louvável acabar com a discriminação contra homossexuais, entretanto falar em "discriminação por orientação sexual" é vago e perigoso. O Brasil, por exemplo, não só realiza discriminação por orientação sexual com determinadas pessoas, as prende e a sociedade concorda com isso. Um exibicionista ou um pedófilo podem ser considerados indivíduos com um "orientação sexual heterodoxa", entretanto não só são discriminados mas presos, quando realizam atos de atentado ao pudor ou pedofilia. Dizer que seria uma violação dos direitos humanos a discriminação por orientação sexual é equivalente a concordar com práticas como pedofilia e exibicionismo, que não seriam mais crimes." (Rafael Barbastefano)

    3.3.04



    Bom programa!

    Valsa, chorinho, marcha rancho, samba enredo, canção, bossa nova... Tem de tudo na sinfonia popular que Edmundo Souto compôs para a Lagoa, e que será apresentada em primeira mão no sábado, dia 6, no Parque do Cantagalo, às 19hs.

    São 17 músicas, e os intérpretes são da pesada. Vejam só: a Orquestra Filarmônica do RJ sob a regência de Florentino Dias, a Banda Brasil, as Meninas Cantoras de Petrópolis e Beth Carvalho, Dudu Nobre, Emílio Santiago, Luanda Cozetti, MPB 4, Luana Carvalho, Quarteto em Cy, Arranco de Varsóvia, Carequinha e Zé Renato.

    Tou lá: só preciso atravessar a rua...


    Lar, doce lar

    Cheguei do jornal, troquei de roupa, chequei a geladeira: sopa de legumes. Argh. Eu não agüento mais sopa de legumes! Então fritei dois ovos muito bem fritinhos, com um pouco de páprika por cima, e comi com duas fatias de pão, enquanto os gatos me olhavam desconsolados -- eles detestam que a gente coma coisas de que não gostam. Agora estou no escritório, com os pés em cima da mesa, contentíssima por já estar em casa.

    Mas eu queria ter um horário mais normal na minha vida.

    *sigh*

    2.3.04



    Salão de humor. É?

    Pois é. Eu ia escrever sobre o XV Salão Carioca de Humor, mas acontece que não fui.

    Ou por outra: fui mas não fui.

    Quando chegamos à Laura Alvim, as portas estavam fechadas. Do lado de fora, uma quantidade enorme de pessoas inteiramente perplexas: não só o convite era indispensável como, ainda por cima, precisava estar endereçado. Se fosse um convite qualquer, sem o nome do portador, nada feito. Acontece que nunca jamais pediram convites para qualquer evento na Laura Alvim, casa tradicionalmente amigável e hospitaleira e, sobretudo, em nenhum lugar do convite isso estava escrito.

    Mesmo que estivesse, quem vai se lembrar de levar convite para Salão Carioca de Humor?!

    Ficamos um pouco por lá, na calçada, conversando com amigos que também ficaram de fora. A certa altura o Helinho Fernandes veio chamar o Millôr, mas o Millôr, naturalmente, não quis entrar sozinho. Ou se abriam as portas para todos, ou nada feito. Como estava tudo muito confuso e enrolado, fomos jantar no Gibo, ali perto.

    O pior é que o salão foi organizado por amigos nossos.

    Este tipo de exclusão social em locais públicos já é chato quando acontece por obra da burocracia anônima; mas quando parte de amigos é um horror. Eu sei que a minha visão do mundo é meio panglossiana, mas, para mim, os meus amigos são perfeitos e nunca fazem nada errado. Constatar que nem sempre é assim é muito triste.

    Bom.

    Também não é o fim do mundo.

    É só uma tentativa de criar ordem no caos no momento errado, no lugar errado, com o público errado.

    Da próxima vez o pessoal acerta...