29.2.04



29.02.2004

Hoje é aniversário da mamãe!

Ela está com 80 anos mas, como teve o bom senso de nascer em ano bissexto, só fez 20... :-)



Aos amigos, tudo:
o jeito Chico de ser

No tempo em que ele ainda era tímido, ou melhor: no tempo em que a gente ainda acreditava que ele era tímido, foi aí que conheci Chico Caruso. Saíamos para almoçar — nossa turma almoça junta desde princípios dos anos 80 — e ele lá, quietinho, mais calado do que o Veríssimo.

A diferença é que o Chico não parava de desenhar. Até hoje, mais de 1187 almoços depois (e sabe-se lá quantos jantares e festejos diversos), ainda encontra suficiente interesse nos velhos companheiros para pedir o bloquinho de comandas do garçom e registrar o que vê — com tal precisão que, espantosamente, acabamos todos muito mais parecidos com esses pequenos desenhos do que com nossas fotografias.

Tenho a impressão de que, para o Chico, fazer caricatura é uma etapa fundamental no conhecimento dos outros. É engraçado observar como fica contente quando chega a algum lugar novo, com pessoas desconhecidas. Já não é tão calado como antigamente, e não há como ver nele o antigo tímido — mas o impulso irresistível de desenhar continua o mesmo. Logo está com papel e lápis na mão, imortalizando, para as paredes dos amigos, a essência visual e psicológica do ambiente.

Chico adora gente. Não daquela maneira abstrata e hipócrita que tantas vezes se vê em quem diz que ama a humanidade, mas de maneira intensa e sincera, pessoa a pessoa, corpo a corpo. Tenho a maior admiração pela sua capacidade de se aproximar e de manter diálogos genuinamente interessados com qualquer forma de vida humana, de flanelinhas e bêbados desconexos a luminares da república — e de, tantas e tantas vezes, conseguir preservar esses laços pela vida afora, cultivando as amizades com carinho e empenho.

O mais curioso é que, quando ele gosta de alguém, não existem barreiras para a comunicação. Volta e meia aparece com algum desenhista estrangeiro a tiracolo; ainda que o sujeito não fale uma só palavra de português ou de qualquer idioma remotamente conhecido, lá está o Chico levando-o a festas, shows e botequins, na maior camaradagem, muito satisfeito por ter encontrado mais um bípede que, pelo caminho, consegue transformar num ser divertido.

Para sua sorte, encontrou também a Eliana, que tem a mesma generosa — e enérgica — dedicação aos amigos, o mesmo pique. No fim da noite, quando todo mundo já está desabando, os dois partem, intrépidos, para mais uma esticada, como se ainda houvesse onde esticar. Chico não seria menos genial sem a Eliana, mas provavelmente não seria tão carioca. Morena do Irajá, com 1m76 de exuberância, ela é, para mim, o exemplo mais perfeito de que, por trás de todo grande homem, há uma grande mulher. Até literalmente.

(O Globo, Especial Chico Caruso, 29.2.2004)

28.2.04



Mundo pequeno

Descobri essa semana uma fotologueira em Sofia, na Bulgária. O mais interessante é que ela estudou línguas e fala português! É uma moça muito simpática, chamada Svetla.


Blá blá blá

Estava ouvindo o Palocci explicar a queda do PIB. Falou, falou e não explicou nada. Enquanto isso, o setor bancário comemora mais um ano de lucros extraordinários.

O grau de ineficiência do governo começa a ficar assustador, sinceramente...

27.2.04



Fala, Claudio!

Pesquei esse texto do Claudio Lara dos comentários; vai que vocês passaram batido... É muito bom, vejam se ele não matou a pau:
Uma coisa que eu não entendo nesta época...

São aquelas pessoas que nunca brincaram carnaval, que não gostam de carnaval e que ficam repetindo que o carnaval acabou, que o bom era antigamente, que os desfiles não são mais para o povão, que só tem gringo , blá blá blá...

Pô! Dá um tempo, né?

Tá cheio de bandas pra quem gosta de carnaval de rua se divertir. O Cordão do Bola Preta daqui a pouco completa um século e o fogo não acaba nunca. Isso na Zona Sul e no Centro, porque nos bairros de subúrbios, Engenho de Dentro, Méier, Madureira , Marechal Hermes e na baixada, o carnaval de rua ainda sobrevive. Grupos de Clóvis e tudo. Ah! Não tem mais blocos de sujo? Faça o seu, ora bolas!

Desfile de Escola de Samba antigo é que era bom? Faz o seguinte: vai ver o desfile do Quarto Grupo na Rio Branco, é de graça.

Viu só? Matei dois coelhos com um tiro só. Você mata a saudade dos carnavais sem tanto luxo, carros alegóricos gigantes, desfile de "pé no chão", sem mulher peladas e ainda é "digratis". Isso mesmo. G-R-Á-T-I-S.

Ah! tá bom. Você agora gosta de conforto, né? Então faz o seguinte: em 2005 vá ver o desfile do grupo A. Esse mesmo do Acesso para o desfile Especial. Este ano foi um sucesso. O sambódromo lotou e tava cheio de grandes Escolas de Samba: União da Ilha da Governador, Estácio de Sá, Vila Isabel , Acadêmicos de Santa Cruz, Lins Imperial, etc.

Todas melhores que as "Escolas de Samba" de São Paulo.

E sabe quanto é o ingresso do grupo A? 10 REAU. Isso mesmo, R$ 10. Arquibancada setor turístico? 20 REAU. Todos os serviços e a mesma estrutura do grupo especial pra você se esbaldar.

Nem adianta chorar de querer ver o desfile do Grupo Especial do Rio. Será que esse pessoal nunca ouviu falar da lei da oferta e da procura?

Imagine só. Os ingressos para as arquibancadas do setor 7 custavam R$ 250, e mesmo assim todos os ingressos (e pra todos os setores) acabaram em 43 minutos. Na mão dos cambistas custavam o dobro.

Agora imagine o pobre dormindo na fila só pra comprar ingresso pra depois revender como cambista por R$ 500. Ou será que ele prefere deixar de comer e ir pular o carnaval? Se você afirmar que o pobre prefere pular carnaval, é porque você nunca passou fome.

Se a pessoa for rica, o melhor é comprar um camarote no setor 11 de 12 lugares por R$ 42 mil e parar de reclamar.

Ah! Já sei. Você é aquele que realmente não gosta de carnaval, mas não aproveita pra pegar uma praia vazia, prefere ir pra casa do seu cunhado em Piracema do Norte, com um banheiro para 25 pessoas. Adora aqueles engarrafamentos de quilômetros para a região dos Lagos?

Sim? Então, outra opção seria São Paulo. (Claudio Lara)



É fogo...

Ontem à noite, vendo o incêndio pela televisão, fiquei impressionada com a falta de recursos dos bombeiros. Havia uma única plataforma que conseguia ir além da altura do incêndio, e lá ficava aquela mangueira solitária, combatendo o mundaréu de chamas.

Pelo que vejo na televisão, a tecnologia contra incêndios no mundo civilizado já evoluiu muito em relação ao que temos aqui.

Por outro lado, ao contrário do que acontece por aí afora, nenhuma autoridade precisou vir a público para dizer que estava afastada a hipótese de ato terrorista...

26.2.04




Ufa...

Recebi hoje este bilhete do Márcio Braga, presidente do Flamengo. Mais incisivo do que isso, impossível...

Ainda bem! :-)

25.2.04




Notícias do carnaval


Tudo continua como sempre, ou seja:
tudo muda o tempo todo



Minha irmã acordou cedo no domingo para tocar piccolo no Boitatá, um bloco de músicos que, sabe-se lá por quê, resolveu sair às nove (!) da manhã. Mais tarde, meus amigos Alexandre e Gabriela, ainda com parte das fantasias de Flintstones que usaram no bloco, separaram dois sapatos velhos que pintaram de dourado para o desfile da Império Serrano, no dia seguinte. À noite, no camarote da Brahma, a Teca, que é da percussão do Monobloco, me disse que uma das maiores emoções da sua vida foi atravessar a avenida, na noite anterior, na bateria da Rocinha. Para não falar na Tereza, da velha guarda da Mangueira, que, aos 73 anos, sai em duas outras escolas pequenas e uma quantidade ignorada de blocos mas pára o trânsito – literalmente - como porta-estandarte do modesto Vai ni mim que sou facinha, que fica pulando ali na esquina mesmo.

O carnaval está em toda a parte, dos horrendos galhardetes dos postes ao triunfo das escolas de samba, mas é nos pequenos detalhes que consegue chegar mais perto e revelar, afinal, o que de fato é e que nunca deixou de ser: uma grande diversão, que cada um curte à sua maneira. Não é mais o que era? Não, claro que não: o carnaval não poderia permanecer imutável num mundo em constante transformação. Está comercializado? É lógico que sim. Com todo o respeito, se até Aparecida do Norte está comercializada, como é que o carnaval poderia não estar?

Também é moda dizer que o desfile das escolas de samba está pasteurizado mas, sinceramente, não vejo nada de pasteurizado na fisionomia das pessoas que desfilam, nem na das que assistem – com exceção de uns tantos gringos, mas esses estão de passagem, e de uma ou outra celebridade instantânea, mas aí o problema não é do carnaval.

O importante é que a essência da festa, que é a brincadeira, continua a mesma. Há tantos carnavais quantos foliões, tanto prazer em pintar um sapato de dourado quanto em fotografar este sapato, tanto prazer em sair num bloco quanto em ver o bloco passar, tanto encanto em desfilar quanto em assistir ao desfile. Apesar de todos os clichês, há sempre muita alegria no carnaval, da confusão das bandas ao luxo dos camarotes. O resto é irrelevante. A folia individual, essa pequena felicidade de realizar fantasias, será sempre maior do que a politicagem, as jogadas de interesse e a roubalheira que cercam a grande festa de todos.

Se calhar, o carnaval resiste até à nostalgia dos que acham que ele está acabado. Afinal, um parente próximo seu, o teatro, está em crise há três mil anos e vai muito bem, obrigado.

* * *

Não há folheto turístico que não diga isso, mas de fato não há nada no mundo que se compare às escolas cariocas como espetáculo. Assisto ao desfile todo ano, e a cada ano tenho a impressão de ter assistido a um novo milagre. Para mim, é incrível ver tantos talentos juntos, tanta criatividade, tanto trabalho; é maravilhoso constatar como tantas pessoas podem se mobilizar de forma tão organizada, mantendo um astral tão bom.

* * *

Consigo entender perfeitamente quem não gosta de carnaval, mas não compreendo quem diz que os desfiles são sempre iguais. Uma coisa é não querer assistir ao espetáculo, não gostar do gênero, achar tudo muito cafona ou simplesmente não ter paciência ou vontade para apreciar o conjunto e observar os detalhes; outra é sequer olhar para o que está sendo mostrado. Mesmo as imagens recorrentes, como os bichos ou índios que enfeitam tantos carros, ou as alas de baianas e as baterias, são tão diferentes entre si que parte da graça acaba sendo, justamente, ver como existem infindáveis variações para os mesmos temas.

O que já foi igual àquele maravilhoso tigre do Porto da Pedra, por exemplo, que rugia quando passava pela gente? O que pode ser igual à mágica da comissão de frente do Salgueiro, que transformou um elefante num grupo de remadores singrando o Pacífico? Quando vamos ver outra multidão de carteiros com cachorros agarrados à canela, ou as estátuas do Aleijadinho em plena avenida, ou uma interpretação tão peculiar do DNA, ou... não, não dá para enumerar as maravilhas, nem para descrever a curiosa relação entre o público e as escolas, sempre surpreendente.

Para achar tudo igual, só mesmo estando de olhos escancaradamente fechados. Eyes wide shut.

* * *

Ah, sim: Feliz Ano Novo!


(O Globo, Segundo Caderno, 26.02.2004)

PS: Tem muitas fotinhas lá no Fotolog...

22.2.04

20.2.04





Mundo cão

Tá na internet:
"Viajando com meu cocker spaniel, escrevi antecipadamente ao Hotel Amador Las Cruces, no Estado do Novo México, para saber se podiam acomodar um hóspede de quatro patas. Eis a resposta:

"Trabalho na indústria hoteleira há mais de 30 anos. Até agora nunca precisei chamar a polícia para expulsar um cão que estivesse promovendo distúrbios até altas horas. Até agora, nunca vi um cão pôr fogo na roupa da cama por adormecer com cigarro na mão. Também nunca encontrei uma toalha ou um cobertor do hotel na mala de um cão, nem manchas deixadas nos móveis pelo fundo da garrafa de um cão.

É claro que aceitamos o seu cão.

PS: Se ele se responsabilizar pelo senhor, venha também."

19.2.04



"Por que perdi o emprego"

Chegou pela internet (óbvio!):











Em defesa do ‘manto sagrado’

A camisa do Flamengo, um dos símbolos mais fortes
da cultura brasileira, deveria ser tombada



Nunca pensei que, um dia, eu fosse escrever sobre futebol. Não acompanho campeonatos, nunca sei de qual Ronaldinho estão falando e, até hoje, só fui ao Maracanã uma vez. Para ver o show do Paul McCartney. Mas sou brasileira e, no Brasil, mesmo quem não gosta de futebol vive futebol; a cultura dos times está no nosso sangue, faz parte de quem somos.

Não posso dizer que “sou Flamengo”, porque imagino que “ser Flamengo” seja acompanhar o time ou, pelo menos, saber quando ele está jogando, e contra quem — e nunca sei nada disso. Mas eu amo o Flamengo.

Meus filhos são rubro-negros, o clube fica praticamente na esquina de casa e, quando penso no que melhor representa o Rio para mim, uma das primeiras imagens que me vêm à mente é a do carioca cheio de marra vestindo a clássica camisa de listas pretas e vermelhas.

* * *

Pois agora vão mudar esta camisa. Ora, na minha cabeça e no meu coração, mexer com a camisa do Flamengo é mais ou menos como mexer com a bandeira nacional. Não tanto pelo clube, mas pelo que representa esta camisa, um ícone tão forte da cultura popular que atende por “manto sagrado”.

Até terça-feira passada, eu achava que isso era maluquice de carioca nostálgica que não entende nada de futebol, e ficava na minha; mas então descobri que já rola, na internet, um lindo texto do Maurício Neves (que mantém o site www.mantosagrado.kit.net) e do Arthur Muhlenberg a respeito do assunto. Como rubro-negros da gema, os dois também se manifestam preocupados:

“A camisa mudou ao longo dos anos, é verdade. Precisou render-se ao patrocínio, não é mais de pano pesado, os números não são mais costurados e o CRF foi trocado pelo escudo, formando uma absurda composição de escudo sobre escudo. Sobrevive no nosso imaginário, porém, sempre do mesmo modo: listras rubro-negras e CRF no lado esquerdo do peito.

A verdade é que a nós, flamenguistas, apavora a possibilidade de que o nosso fornecedor de material esportivo, a Nike, faça com o Manto Sagrado o mesmo que fez com a camisa da seleção brasileira, transformada em um artigo fashion como outro qualquer.”

Pois este é o ponto. Referências culturais são, ou deveriam ser, sagradas — ainda que sejam camisas de futebol. Nelas nos reconhecemos não só como torcedores, mas, sobretudo, como brasileiros. Pôr os interesses econômicos de uma fábrica de material esportivo acima de símbolos tão poderosos da nossa identidade me parece um tremendo gol contra.

* * *

Por falar em gol contra, e a “decoração” carnavalesca da Vivo, patrocinada pela prefeitura? O que é aquilo?! Ainda bem que o Ministério Público já tomou providências. Com a publicidade a gente até convive. O que não dá para encarar é aquela feiúra abjeta.

* * *

Eu vinha voltando para casa no sábado à tarde quando a Eliana Caruso me avisou, pelo celular, que o Redi havia morrido. Eu estava na Visconde de Pirajá, indo em direção à Vinicius, atravessando um bloco qualquer, e tudo me pareceu, de repente, extremamente irreal: receber uma chamada no meio da rua, passar por aquele monte de gente alegre fazendo barulho e, sobretudo, saber daquela morte, daquele jeito.

* * *

Tenho pensado no Redi desde então. A sua própria figura era meio irreal. Nós nos conhecíamos há mais de 20 anos, nos víamos relativamente pouco (ele morava em Nova York) mas, do pouco que eu via, gostava muito — embora nunca tenha ficado claro para mim quem, de fato, era Sílvio Redinger, o Redi.

* * *

Havia toda uma mitologia a seu respeito entre os amigos. Ele era o personagem desajeitado e perpetuamente desligado em torno do qual circulavam mil histórias — algumas rigorosamente verdadeiras — sobre a inaptidão e a perplexidade do ser humano diante do mundo, uma espécie de M. Hulot com toques de Zelig e Mr. Magoo.

Redi cultivava essa imagem e essas histórias. Era o primeiro a contá-las, aparentemente resignado, se não contente, com sua incapacidade de adaptação ao planeta. Mas é óbvio que devia haver nele, também, um fio terra bastante bem conectado, ou não teria sido capaz de perceber, com tanta graça e clareza, as incongruências da vida e da arte. Qualquer arte: além de cartunista, Redi era um músico excepcional, à vontade com praticamente qualquer instrumento. Mas, não fosse quem era, tocava cuíca. Como um virtuose.

Tudo podia acontecer — e em geral acontecia — com o personagem Redi; menos morrer.

Isso não estava no script, não combina, não faz sentido.

Afinal, a graça é que ele sempre sobrevivia a si mesmo.


(O Globo, Segundo Caderno, 19.02.2004)

P.S. Se a coluna de hoje parecer muito familiar, é porque é mesmo: vocês leram aqui antes... ;-)

17.2.04



Com a palavra, o Blogger.BR

Pessoal, a Mariana Navarro, responsável pelo Blogger.com.br, me mandou um email com a posição oficial da equipe a respeito dos problemas de acesso dos últimos dias:
"O bloqueio de acesso de IPs de fora de Brasil a blogs hospedados no Blogger.com.br foi uma manobra pontual, adotada para proteger o Portal Blogger Brasil e o conteúdo dos próprios usuários da ação de hackers.

A Globo.com sofreu severos ataques de hackers durante o final de semana (essa é uma situação enfrentada constantemente por portais de grande exposição) e para evitar que problemas de maiores proporções viessem a ocorrer, bloqueou a "porta de entrada" desses ataques, que eram os blogs acessados de fora do Brasil.

O acesso do usuário internacional é visto como de grande importância para a Globo.com e vem crescendo comprovadamente. Para se ter uma idéia, no segundo semestre de 2003 o número de usuários que utiliza o serviço de fora do Brasil dobrou.

A equipe de Tecnologia da Globo.com, com a ação preventiva de bloqueio, pode estudar o comportamento do hacker para tentar evitar futuras investidas.

Vale ressaltar que o bloqueio se restringiu apenas aos blogs visitados e não ao portal Blogger Brasil que é utilizado pelos usuários para administrar seus blogs.

O acesso já está liberado."
Menos mal! Conversei com um dos diretores, e ele me garantiu que não há nenhuma intenção da Globo.com de fechar o acesso internacional aos blogs.BR, pelo contrário. Ele reconheceu que, de fato, faltou uma comunicação prévia, mas ressaltou que a equipe estava trabalhando no grito para impedir maiores estragos.

Se algo no gênero voltar a ocorrer, me disse ele, a primeira providência será postar um comunicado na página de abertura do Blogger.BR e, por precaução, também na da Globo.com.

Aproveitando o papo, sugeri que criem na página um link para comunicação com o pessoal do Blogger.BR, e ele me disse que isso será feito.



Em legítima defesa do que é sagrado

Taí. Eu nunca pensei que, um dia, pudesse fazer um post a respeito de futebol; mas recebi este texto e ele mexeu muito comigo. Toca num ponto que sempre me incomodou, a mudança das camisas dos times.

No Brasil, mesmo quem não gosta de futebol vive futebol; a cultura dos times faz parte de quem somos. Eu não posso dizer que "sou Flamengo", porque imagino que "ser Flamengo" seja acompanhar o time ou, pelo menos, saber quando ele está jogando, de preferência até contra quem, e nada disso eu sei.

Mas eu amo o Flamengo.

A Bia e os amigos dela são Flamengo, o clube é logo ali na esquina e, quando eu penso no que é o Rio para mim, uma das primeiras imagens que me vêm à mente é a do carioca de camisa do Flamengo.

Na minha cabeça e no meu coração, mexer com a camisa do Flamengo é mais ou menos como mexer com a bandeira nacional. Eu achava que isso era maluquice de quem não entende de futebol, e fiquei feliz em descobrir que, pelo visto, não é. Dou a palavra, então, a quem entende do assunto:
"Pense no Clube de Regatas do Flamengo por alguns segundos antes de continuar a leitura deste texto. Pensou? Pronto. Bastam alguns segundos para ligar o nome Flamengo ao Maracanã lotado, aos gols de Zico, à paixão de uma torcida tão grande que é chamada de Nação. Mas poderíamos apostar sem medo de errar que todas essas lembranças foram precedidas de uma única, primordial e insubstituível, a partir da qual nasceram todas outras.

Falamos da camisa do Flamengo. A veste que abrigou Domingos da Guia, Valido, Índio, Dida, Fio, Doval, Zico, Júnior, Leandro, Rondinelli e Petkovic. A camisa que vestiu nossos avós, nossos pais, que veste a nós e aos nossos filhos, e que vestirá os filhos de nossos filhos. O Manto Sagrado.

A camisa de listras horizontais rubro-negras é um símbolo maior do que Zico porque foi fundamental para que o menino Arthur Antunes Coimbra se apaixonasse pelo time que também era o time de seu pai. Arthurzico nasceu em lar flamengo respirando vermelho e preto por todos os lados. A camisa do Flamengo é um símbolo mais significativo do que Júnior porque sem ela Júnior seria Leovegildo, um nome difícil perdido na multidão. Por isso Júnior diz: - Esta camisa é a minha segunda pele.

Façamos um acordo: se há, na história do Flamengo, um símbolo mais importante do que Zico e Júnior juntos, este há de ser o símbolo maior do clube. Nelson Rodrigues disse que para os clubes a camisa vale tanto quanto uma gravata, mas ressalvou: menos para o Flamengo. Para o Flamengo a camisa é tudo. Tudo.

E quando qualquer um pensa na camisa do Flamengo, mesmo aquele que não tem a ventura de torcer pelo rubro-negro, a imagem que lhes vêm à cabeça é de uma camisa simples, de listras horizontais alternadas em vermelho e preto e bordadas sobre o coração, em letras brancas, as iniciais CRF.

E assim são as nossas camisas, panos rubro-negros com iniciais em branco, como se fossem dez escudos se espalhando pelo gramado em permanente defesa territorial.

A camisa mudou ao longo dos anos, é verdade. Precisou render-se ao patrocínio, não é mais de pano pesado, os números não são mais costurados e o CRF foi trocado pelo escudo, formando uma absurda composição de escudo sobre escudo. Sobrevive no nosso imaginário, porém, sempre do mesmo modo: listras rubro-negras e CRF no lado esquerdo do peito.

A verdade é que a nós, flamenguistas, apavora a possibilidade de que o nosso fornecedor de material esportivo, a Nike, faça com o Manto Sagrado o mesmo que fez com a camisa da seleção brasileira, transformada em um artigo fashion como outro qualquer, pois teve seu conceito original distorcido com o deslocamento do escudo da CBF da sua posição original, sobre o coração, para o meio da camisa. Não nos parece que o atual modelo possua a aparência e a dignidade que merece uma camisa cinco vezes campeã do mundo. Mas deixemos a seleção de lado e vamos agir enquanto é tempo.

Presidente Márcio Braga, todos os poderes para preservar essa instituição mundial que é o nosso Manto Sagrado repousam em suas mãos. Que seu bom senso, equilíbrio e respeito às nossas mais caras tradições se manifeste, ainda que, inexplicavelmente, em sua gestão tenha sido extinta uma de suas mais tradicionais vice-presidências, a do Patrimônio Histórico.

Como comandante dos poderes constituídos de uma Nação, o Presidente sabe melhor que ninguém que a aparência da nossa camisa não pode ser decidida pela visão inconstante e desapaixonada dos movimentos da moda. A camisa do Flamengo é um monumento. Um patrimônio pertencente à Nação e que deve ser preservado por cada um de nós.

As listras rubro-negras horizontais e as letras brancas foram tombadas pela nossa paixão.

São sagradas. E pedem socorro.

Antes que seja tarde demais." (Mauricio Neves e Arthur Muhlenberg)


S.O.S. Animal

A Cássia Schittini fez este comentário no post que roubei da Marina W. Achei importante:
"Na semana passada, fizemos uma manifestação em São Paulo contra o veto da Marta "Cruella". Foram 1.500 pessoas às ruas, convocadas pelo nosso Fórum de Proteção e Defesa Animal, que reúne as várias ONGs de proteção animal. Fizemos passeata no centro e um pedido de quebra de veto em frente à Câmara dos Vereadores. Por favor, peça para seus leitores escreverem para os vereadores de São Paulo pedindo que QUEBREM O VETO da prefeita Marta Suplicy ao PL 428/03, de autoria de Roberto Tripoli. Agora, é mais produtivo escrever para os vereadores, que têm o poder de derrubar o veto da prefeita.

www.camara.sp.gov.br

clique em Fale com a Câmara

No formulário, opte pela resposta "Todos os Vereadores" na pergunta "Gostaria de falar com:"
Recado dado, gente. Eu estou indo lá agora...

16.2.04





Outra dos meus amigos lá do Norte: adorei essa águia contrariada, enfrentando ventania! A foto é do Garnite, ou Jim Dubois para os íntimos.


S.O.S.

Post descaradamente roubado da Marina W.:
"O projeto de lei 428/03, de autoria do vereador Roberto Tripoli, que impede a entrega de animais recolhidos nas ruas pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) para serem usados em pesquisas foi aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo. Mas, para transformar-se em lei, dependia da sanção da prefeita Marta Suplicy, que vetou o projeto de lei.

Tripoli deixou claro que não se trata de impedir a realização de pesquisas e sim tratar de forma mais humanitária e ética animais que já sofreram tantas dores físicas e psicológicas nas ruas. De mais a mais, esses cães e gatos recolhidos em geral têm sua saúde extremamente comprometida, o que pode até invalidar o resultado das pesquisas.

MANIFESTE À PREFEITA MARTA SUPLICY SEU DESAGRADO AO VETO À LEI QUE PROTEGE OS ANIMAIS!

Marta Suplicy deve ser uma daquelas pessoas que adoram cachorros. De raça. Não conta com o meu voto nem para síndica de prédio."



Redi

Eu vinha voltando para casa no sábado à tarde quando a Eliana Caruso me avisou, pelo celular, que o Redi havia morrido. Eu estava na Visconde de Pirajá, indo em direção à Vinícius, atravessando um bloco qualquer, e tudo me pareceu, de repente, extremamente irreal: receber uma chamada no meio da rua, passar por aquele monte de gente fazendo barulho e, sobretudo, saber daquela morte, daquele jeito.

Tenho pensado no Redi desde então. A sua própria figura era meio irreal. Nós nos conhecíamos há mais de vinte anos, nos víamos relativamente pouco (ele morava em Nova York) mas, do pouco que eu via, gostava muito -- embora nunca tenha ficado claro para mim quem, de fato, era Sílvio Redinger, o Redi.

Havia toda uma mitologia a seu respeito entre os amigos. Ele era o personagem desajeitado e perpetuamente desligado em torno do qual circulavam mil histórias -- algumas rigorosamente verdadeiras -- sobre a inaptidão e a perplexidade do ser humano diante do mundo.

Redi cultivava essa imagem e essas histórias. Era o primeiro a contá-las, aparentemente resignado, se não contente, com sua incapacidade de adaptação ao planeta. Mas é óbvio que devia haver nele, também, um fio terra bastante bem conectado, ou não teria sido capaz de perceber, com tanta graça e clareza, as incongruências da vida e as sutilezas da cuíca, que tocava como ninguém.

Tudo podia acontecer -- e em geral acontecia -- com o personagem Redi; menos morrer.

Isso não estava no script, não combina, não faz sentido.

Afinal, a graça é que ele sempre sobrevivia a si mesmo.



Cuidado: olhe por onde clica!

Vejam os riscos que se escondem sob ações aparentemente inocentes! Quem dá o alerta é o leitor Cláudio Ornellas:
“Macaco velho, me vi entrando em um conto do vigário desta vasta internet e resolvi divulgá-lo para que outros não caiam também. Queria fazer o download de um programa grátis para rodar meu DVD (tem alguma indicação, a propósito?) e o primeiro link do Google apontava para o site 1000downloa ds.co.uk. Distraído, cliquei o connect (em corpo 30) sem ver que abaixo havia um aviso (em corpo 9) de que haveria uma cobrança de 1,50 euros por minuto. Estava em banda larga, jamais imaginaria que o software seria capaz de discar meu modem (sem barulho), me tirar do Velox e acessar o tal download “grátis”. Mas foi exatamente o que aconteceu. Sete minutos depois, o anjo da guarda mandou usar o telefone e me desconectei. Vou brigar para não morrer nesse dinheiro, é claro. Se aconteceu com um homem grande e distraído, com uma criança o problema pode ser bem mais sério.”

Pois é: este tipo de golpe é mais comum do que se imagina. Fui ao website que “fisgou” o Cláudio, e que oferece programas que, normalmente, se encontram em qualquer site honesto de downloads, como o CNet ou o Tucows; mas, ao se clicar em download, abre-se uma janela com um daqueles típicos contratos de uso de software que ninguém lê, esclarecendo que aquela é uma operação paga. A empresa fica no Uruguai (!) e, sinto informar, Cláudio, não cobra em euros, mas em libras. O minuto da distração sai, portanto, a nada menos de R$ 8,22 (mais 20% de taxa). Em suma, os seus sete minutos fatídicos vão custar quase R$ 70!

Portanto, pessoal, cuidado: nunca deixem de ler as letrinhas miúdas...

Quanto ao tocador de DVDs, causa deste prejuízo, há uma versão com publicidade do DivX em www.divx.com/divx que pode ser baixada de graça. De verdade!

Blogger.com.br. Só BR.

Muita gente que mora no exterior queixa-se de que não consegue mais ter acesso aos blogs criados e hospedados no Blogger.com.br, que confirma: seus servidores estão mesmo fechados para acesso internacional, por tempo indeterminado, por causa de sucessivos ataques de vírus. Eu, hein! Imagina se a internet inteira resolve adotar essa forma de fazer frente aos ataques...

Os nerds também se divertem. E como!

Quem acha que a galera de informática só pensa em computador está redondamente enganado. Em Recife, os 1500 profissionais do Porto Digital têm um bloco organizadíssimo, o Ancorados, que sai na próxima sexta pelas ruas da cidade, em busca de outros blocos de geeks & nerds. O Ancorados tem hino, CD e kit completo, com camiseta, sacola e porta-cerveja, que se compra, naturalmente, pela internet, e cujos rendimentos vão, é claro, para ações de inclusão social. Confiram, em www. novva com.com.br/ portodigital/ancorados2.htm.

UERJ: LISHEP 2004

A turma da física anda em polvorosa: vai ao ar na UERJ, de hoje a sexta-feira, a 13ª edição do LISHEP, realizado pela International School on High Energy Physics, dessa vez com o objetivo de debater a democratização da informática e o combate à exclusão digital. Mas o que está deixando o pessoal animado não é só a, digamos, “contrapartida social”; é que, na programação de palestras por teleconferência, estão dois físicos premiados com o Nobel, Burton Richter e Leon Lederman.

Burton Richter, que trabalha no Stanford Linear Acceleration Center (um dos mais importantes laboratórios de pesquisa do mundo) ganhou o prêmio, em 1976, por liderar o grupo de pesquisadores que criou o SPEAR (Stanford Positron Electron Asymmetric Ring) e descobriu uma partícula do quark chamada charm. Já Leon Lederman, da Universidade de Chicago, levou o seu Nobel, em 1988, pela criação de um método de feixe de neutrino e pela demonstração da estrutura dupla de leptons.

Outro tema em debate será a nova tecnologia de computação GRID — associada a experimentos de física de altas energias — que promete mudar radicalmente a internet nos próximos anos.

A conferência, composta de mesas-redondas, painéis e palestras, é organizada pelo departamento de Física Nuclear e Altas Energias da UERJ, e pretende atrair, além de físicos, profissionais da ciência da computação e estudantes da área de modo geral. Ela acontece no Auditório 11 do Pavilhão João Lyra Filho; a UERJ fica na Rua São Francisco Xavier, 524, no Maracanã. Inscrições e maiores informações no website do encontro, em www.uerj.br/lishep2004 ou pelo telefone (021) 2587-7919.


(O Globo, Info etc., 16.02.2004)

15.2.04



Blogger BR

Ainda não conversei pessoalmente com ninguém do Blogger.com.br, de modo que não tenho maiores informações a respeito do que está acontecendo, salvo a desculpa esfarrapada que deram para a Elis ("ataques de vírus").

Além da imperdoável falta de atenção e de cuidado com os usuários, o que me parece ocorrer por lá é a velha história: nocaute por custo de banda.

Na época da bolha, todo mundo -- não só no Brasil, e não só na Globo.com -- achava que a internet se transformaria numa espécie de televisão por computador, ou seja, numa máquina de fazer dinheiro. Contrataram-se técnicos e executivos a peso de ouro e construíram-se estruturas gigantescas, partindo-se do questionável princípio do "quanto maior, melhor".

Criou-se também o perigosíssimo mito de que em internet tudo é grátis. Mas não é não. Manter a rede no ar é caríssimo, e a publicidade, que seria a grande fonte geradora de renda, até hoje não se entendeu com a web. No entanto, no fim do mês, alguém tem -- sempre! -- que pagar a conta.

A minha impressão em relação ao Blogger.com.br é que, de repente, a conta ficou alta demais. Isso é puro "achismo" da minha parte; como eu disse, não conversei com ninguém de lá, e ainda não tenho informações concretas, a não ser em relação ao limite de armazenagem. O que me foi dito, na época em que o serviço foi fechado para quem não fosse assinante Globo.com, é que o Blogger.com.br tinha se transformado num ninho de sites pornô, e que o espaço para armazenagem de imagens seria reduzido para desestimular esses sites. O limite agora criado é, por sinal, o mesmo do Blogspot Plus, que eu uso.

Amanhã o Info etc. traz, por acaso, uma reportagem com novas ferramentas para blogs. Ainda não sabíamos que o Blogger.com.br estava invisível do outro lado do mundo -- medida a meu ver inteiramente incoerente com o espírito da internet.

Mas, sinceramente? Acho que, em breve, a única forma de se ter um blog que não dê problemas e que não apronte surpresas desagradáveis será partir para uma produção independente, ou seja: hospedando-se o blog por conta própria.

Por enquanto, para os amigos de fora que não conseguem ver os blogs.BR, a solução está aqui, no querido Caryorker.

Para quem tem blog no Blogger.com.br, e ainda não fez backup, receitinha de bolo do Ivan aqui.

14.2.04



Conteúdo Brasil

Há pequeno registro do encontro lá no Fotolog; mas aviso de cara que as fotos não estão grande coisa, já que eu precisava me concentrar mais na conversa do que na câmera.

Além disso, às oito da manhã, se há uma coisa que eu não sou é um bípede multi-tasking...



Parabéns, Paulinho!

Hoje faz anos o meu filhote que mora tão longe...

Já nem lembro mais há quanto tempo não posso dar um beijo de aniversário nele ou cantar parabéns; quer dizer, cantar parabéns até posso, mas fica muito esquisito fazer isso sem o aniversariante por perto, né?

No mínimo, os gatos iam achar que estou ficando maluca.

Ou melhor: iam ter certeza.

Beijos, meu queridinho!

Muitas felicidades, e que você passe um lindo dia ao lado da Kelyndra, das crianças e dos seus amigos!

13.2.04



Blogger.com.br: só BR!

Pedi para a Elis consultar o pessoal do Blogger.com.br para saber o que está acontecendo por lá. Os técnicos confirmam que os servidores estão fechados para acesso internacional, por tempo indeterminado, por causa de sucessivos ataques de vírus.

Eu, hein. Ataques de vírus?! Não faz muito sentido; se fossem hackers, ainda daria para entender. De qualquer forma, na segunda feira vou levar um papo com eles para esclarecer isso melhor.

Que medida mais sem graça... :-(


Mistérios

  • Por que frigobar de hotel nunca tem nada sequer remotamente saudável para se comer? Ou, pelo menos, algo que realmente mate a fome?

  • Por que o chocolate de todos os frigobares de todos os hotéis é sempre o Suflair -- que nem é lá aquelas maravilhas?!
  • 12.2.04



    Minha família e
    outros bichos

    Nem só de gatos e capivaras faz-se a crônica


    Uma das grandes alegrias do meu pai era acompanhar o ir e vir dos lagartos que moravam no sítio. Ele passava boa parte do dia trabalhando na biblioteca (ou "Brilhoteca", como dizia a Bia quando era pequena, e assim ficou) mas fazia questão de ser avisado sempre que algum deles aparecia. Nossos dias em Friburgo eram marcados pelos gritos do Dirceu e da Jandira:

    -- Doutor Paulo, lagaaaaaaaaaarto!

    Papai deixava de lado o que quer que estivesse fazendo para ir apreciar os tejus, que gozavam de todas as regalias. Podiam invadir o galinheiro à vontade e, mesmo que as galinhas não tivessem posto ovos, não deixavam a área desapontados: nos seus cantinhos favoritos havia sempre um ovo à espera, nem que fosse de supermercado, comprado especialmente para agradá-los. Que eu saiba, nenhum jamais percebeu qualquer diferença entre os caipiras autênticos e saborosos lá de casa e os ovos ralos das granjas.

    * * *

    O maior dos lagartos tinha um senso de humor muito peculiar: gostava de ir para o galinheiro dar corrida nas galinhas, mesmo já bem alimentado. Depois que elas fugiam espavoridas, virava as três tartarugas de costas, uma por uma, contemplava por alguns minutos aquele espernear impotente, ficava ouvindo o caos cacarejante, e ia embora tranqüilo, com a consciência do dever cumprido.

    * * *

    As tartarugas eram minhas, resgatadas de vendedores de rua. A primeira era tão pequena quando a comprei que cabia na minha mão fechada. Chamei-a de Quelonious Monk e levei-a para morar comigo no Bairro Peixoto. À noite, quando eu chegava em casa, Quelonious saía debaixo da geladeira para me cumprimentar; durante muito tempo, só comeu na mão, basicamente alface e tomate, embora tivesse um fraco por morangos, cerejas e frutas importadas de modo geral. Mas só vim a descobrir que tartarugas também comem carne quando, mais crescidinho, passou a morder o meu pé com uma determinação impossível de confundir com manifestação de afeto.

    * * *

    Entre os vários bichos que freqüentavam o sítio, os meus favoritos eram os inquilinos, andorinhas, que uma vez fizeram ninho na lareira, passaram décadas - quantas gerações? - regressando pontualmente à casa e sumiram, misteriosamente, no ano da morte de meu pai. Apesar disso, seu bípede de estimação era mamãe: conversavam com ela, gostavam de observar o que fazia e, às vezes, até pousavam nos seus ombros.

    Mamãe, por sua vez, se encarregava de encontrar as soluções possíveis para os diversos problemas estratégicos criados pelas andorinhas, que teimavam em fazer ninho nos lugares mais inconvenientes - a começar, justamente, pela lareira. Em pleno inverno! Quase congelamos naquelas férias mas, por outro lado, nos divertimos muito vendo os filhotes aprenderem a voar.

    Na temporada seguinte, encontrando a chaminé fechada com uma grade, os inquilinos optaram por se instalar na parte mais alta do armário dos meus pais. Um arranjo mais conveniente para a família, como um todo, mas meio complicado para papai e mamãe que, volta e meia, acordavam com um filhote estatelado entre eles, na cama. Madrugada sim madrugada não, lá ia mamãe, na noite polar sub-ártica de Nova Friburgo, buscar a escada para devolver passarinhos ao ninho.

    Depois de alguns anos de alpinismo noturno involuntário, ela resolveu convencer as andorinhas de que o banheiro, sim, era o lugar perfeito para um lar de pássaros. Para isso instalou, em cima da porta e na mesma altura do armário, uma caixinha com sobras do ninho anterior, fechando-a com cortinas iguais às do armário.

    A mensagem, porém, não foi imediatamente captada pelos inquilinos que, dando com a janela do quarto fechada, de fato aprovaram o banheiro - mas preferiram a pia, que prontamente começaram a encher de palha. Mamãe a recolheu e pôs na caixa de cortinas, sob o olhar atento das andorinhas que, ato contínuo, trouxeram mais palha para a pia. De onde mamãe a retirou ainda algumas vezes, até que, afinal, os inquilinos se instalaram na caixinha, à qual retornaram, ano após ano, por tanto tempo.

    * * *

    Tivemos, bípedes com e sem plumas, uma ótima convivência. As andorinhas sentiam-se perfeitamente à vontade, e só reclamavam quando fazíamos barulho ou acendíamos a luz à noite. Para não contrariá-las, passamos a tomar banho com o dia claro; quando escurecia falávamos baixinho no corredor e, na medida do possível, evitávamos acender a luz do banheiro. O privilégio de conviver com os inquilinos mais do que compensava esses pequenos inconvenientes. Fomos todos muito felizes.

    * * *


    O título da coluna de hoje foi emprestado de um dos meus livros favoritos, "My family and other animals", de Gerald Durrell. Menos conhecido, mas para mim mais importante do que seu irmão, Lawrence, o do famoso "Quarteto de Alexandria".



    (O Globo, Segundo Caderno, 12.2.2004)





    Essas lindas gatinhas foram abandonadas num parque, no Rio. As condições de vida no local são precárias; se alguém estiver precisando de gato, ou souber de alguém que queira a companhia dessas duas meninas mansinhas e gentis, por favor visite este fotolog. Valeu!

    11.2.04





    Tou dando um pulinho em São Paulo mas volto amanhã. Dessa vez, como estou indo tarde e, possivelmente, voltando tarde também, não vai dar para fazer fotos da Ponte Aérea -- um dos meus passatempos favoritos a bordo...




    Adorei isso! Me mandaram por email, sem identificação de autor; alguém sabe de quem é?

    10.2.04




    Enquanto isso, lá em cima...

    Há uma turma de amigos do frio da pesada no Fotolog. São engraçados, simpáticos, fotografam bem e, sobretudo, têm grande amor à natureza: todos se envolvem em causas ambientais, prestam a maior atenção aos animais e trocam boas informações entre si.

    Andy, que fez essa foto, explica o drama: os peixes estão morrendo de falta de ar porque, num lago de 76 centímetros de profundidade, o gelo está chegando a ter 46 centímetros. Garnite, que sabe tudo sobre peixes, disse, nos comentários, que este aí parece ser de um tipo que precisa de mais oxigênio do que os outros.

    Não posso traduzir o comentário porque estou tentando terminar a coluna em tempo hábil, mas aí vai para que pelos menos os angloparlantes vejam que interessante:
    "With 18 inches of ice in a 36 inch deep pond, you`re going to have an oxygen shortage at some point. Also, that fish appears to be a bass or crappie, and they have a higher oxygen requirement than many other fish. Bass start to die at about 6ppm O2, whereas carp and suckers are fine at 1ppm. A bubbler probably wouldn`t keep the ice off the whole pond, but could keep a few holes open. It would also help with the oxygen levels. Cold water absorbs oxygen much more readily than warm, and will hold more oxygen in suspension."
    O tipo de coisa que as pessoas sabem sempre me espanta...

    9.2.04



    Peço mil desculpas...

    ...aos amigos que enviaram emails nas três últimas semanas, e aos quais não dei resposta e/ou satisfação; entre os transtornos do upgrade, a reposição do HD e o sumiço do Eudora, fiquei sem acesso à minha mailbox de casa. A bem dizer, desde o começo do ano estou fora do ar no meu endereço well.com.

    Acabo de restaurar o Eudora e, aos poucos, o resto do disco. Parece que não perdi nada ou, se perdi, foi pouquinha coisa.

    No ínterim, descobri que 546 novas msgs esperam por mim, já descontados os 867 spams que apaguei.

    Se eu demorar a responder um pouco mais do que de hábito, vocês já sabem porque é... ;-)



    Fotolog: uma semana turbulenta

    A crise comeu solta no Fotolog ao longo da semana. O sistema está devagar, quase parando. Postar fotos é tarefa que requer disciplina, paciência e nervos de aço; já abrir páginas e navegar pelas fotos dos amigos tem sido pura e simplesmente impossível. Nos vários grupos de discussão do sistema, a temperatura subiu a níveis explosivos, com usuários geralmente calmos e bem comportados dando vazão à frustração e discutindo uns com os outros. Grande barraco!

    Na terça-feira, finalmente, quando o Fotolog ultrapassou a marca dos 300 mil usuários, Cypher — um dos fundadores e porta-voz habitual do Fotolog — postou um comunicado com várias notícias importantes.

    A primeira, pela qual todos ansiavam, é que, afinal, foi possível levantar dinheiro junto a investidores. A quantia em questão não foi revelada, mas sabe-se que Cypher, Heif e Spike, os sócios fundadores, abriram mão de parte de sua propriedade no sistema para poder concretizar o negócio, e que viabilizará a nova etapa do Fotolog, que nasceu como um pequeno sistema para troca de fotos entre amigos e é hoje a ferramenta de maior sucesso da internet.

    Nos próximos dias, o Fotolog terá um escritório de verdade em Nova York. Graças ao investimento recebido, Cypher pode pedir demissão do emprego, e agora passará a se dedicar, full time, às questões do Fotolog — entre elas, a contratação de uma pequena mas mais do que necessária equipe técnica.

    Um dos investidores — que pode ser encontrado em www.fotolog.net/mjlato — passou a ser, também, o primeiro funcionário do Fotolog. Sua tarefa inicial é cuidar das negociações com eventuais parceiros brasileiros. Como todo mundo sabe, o Brasil é recordista mundial em usuários, com quase 167 mil fotologs. Todos, praticamente, gratuitos.

    Encontrar um representante local, que possa receber pagamentos em reais, é crucial para a sobrevivência do site. Acontece que mesmo brasileiros que gostariam de contribuir acabam esbarrando no Pay Pal, método de pagamento razoavelmente eficiente para quem mora nos EUA e/ou tem cartão de crédito internacional, mas inviável fora de lá.

    * * *

    Outra boa notícia é que o site foi temporariamente fechado a inscrições gratuitas. Essa era uma medida óbvia para todo mundo que vinha sofrendo com os bugs e com os nós da rede; ninguém conseguia entender como, apesar do funcionamento precário, o Fotolog ainda permanecia aberto à criação de novos fotologs. Mas isso, parece, era necessário para mostrar aos investidores a sua vertiginosa capacidade de crescimento.

    Há todo um upgrade sendo preparado para entrar em cartaz dentro de alguns dias. Segundo Cypher, uma das principais novidades é um novo sistema de Friends/Favorites, aquela lista em que os usuários podem acompanhar o movimento dos seus amigos e favoritos. Este é um ponto delicadíssimo, já que, sob muitos aspectos, é a chave do extraordinário sucesso do site.

    Outras novidades anunciadas por Cypher incluem melhor capacidade geográfica, ou seja, a tão desejada possibilidade de se encontrar fotologgers não-americanos por seus estados (e não só países) de origem, e uma área de fotologs de grupos totalmente redesenhada. No momento, os grupos sofrem com postagens inadequadas, e têm poucas ferramentas de controle.

    A medida mais polêmica foi a restrição temporária de horários de upload para os fotologs gratuitos. Até segunda ordem, usuários não-pagantes só podem postar entre uma e dez da manhã, horário do Brasil. Cypher explicou a razão:

    — Os uploads em si mesmos não têm causado engarrafamentos, mas nós observamos que o grosso das atividades dos usuários se concentra no momento em que fazem o update dos seus fotologs, — disse. — É aí que eles vão conferir os F/F, ler os comentários, responder, e assim por diante. Ao mesmo tempo, as fotos tendem a receber a maioria dos comentários assim que são postadas. Não achamos que essa medida causará um alívio gigantesco e imediato ao site, mas esperamos que, pelo menos, desvie parte do movimento para as horas mais sossegadas.

    Nem preciso dizer que este anúncio deflagrou a habitual saraivada de baixarias por parte dos adolescentes brasileiros.

    Deprimente.


    Até o nariz do irmão ficou pra trás...


    O famigerado peito exposto por Janet Jackson durante o Superbowl foi, pasmem, o assunto mais procurado na internet num único dia em todos os tempos, ganhando até do 11 de setembro! Segundo a coluna Lycos Report, observatório diário das máquinas de busca, o indigitado peito foi cinco vezes mais procurado do que o ônibus espacial Columbia no dia em que explodiu.

    Ah, o que a falta de um bom carnaval não faz com a pessoas...!


    (O Globo, Info etc., 9.2.2004)

    8.2.04



    Snack a.C.

    Que coisa: estou viciada num produto que não tem website! No outro dia, comi uma simples pêra e ela veio com etiqueta e URL; agora, revirei a rede para achar pelo menos algumas informações sobre um snack de fruta chamado Andros, e nada!

    Este snack, que descobri no outro dia no Zona Sul, é uma delícia, um purê de maçã eventualmente misturado com outras frutas. Não gostei muito nem do de morango nem do de banana, doces demais, mas o de pêra e o de goiaba são o que há de bom.

    Ah, sim: cada potinho tem menos de 80 calorias.

    7.2.04



    Notícias do caos e uma
    consulta aos geeks de plantão

    Bom: vocês não têm idéia de como é aflitivo ter que ir trabalhar, resolver problemas e cuidar da vida social (sim, eu tenho uma vida longe da máquina) sabendo que o Eudora sumiu! Consegui fazer tudo direitinho, quase matei os amigos de tédio -- imaginem alguém que só fala em arquivos perdidos! -- e essa madrugada, finalmente, pude me dedicar ao drama.

    Dei várias buscas diferentes que ou resultaram infrutíferas ou trouxeram muito lixo à tona, sem saber ou indicar o que fazer com ele. Finalmente encontrei uma ferramenta na internet que, aleluia!, mostrou que os arquivos estão todos lá e, o que é melhor, em estado legível.

    A questão é que este utilitário, o VirtuaLab Data Recovery, é caro às pampas: U$ 99 por Gigabyte, sendo que eu devo ter muitos Gb a restaurar...

    Há outros programas parecidos (já estou, inclusive, com um demo do File Scavenger, que custa U$ 40), mas agora que estou sabendo que os dados são recuperáveis e que já estou respirando de novo, pergunto:

  • Algum de vocês já teve experiência com algum programa de recuperação de dados?

  • Se deu bem?

  • Qual foi o programa?

  • Finalmente: vou num utilitário desses ou entrego logo o disco a uma oficina especializada em recuperação de dados?


  • Sic itur ad astra, ou
    Acessoria efissiente

    O pior é que, mais dia menos dia, esse Laglott será uma celebridade de peso, podem anotar... Xexéo não resistiu ao press release e fala dele na coluna de amanhã; vocês leram aqui; e, a essa altura, outras pessoas estão tomando conhecimento desta pérola da comunicação de várias outras maneiras.

    Já já, na próxima festa de telefônica que reunir o elenco de Malhação, meia dúzia de Big Brothers e o Murilo Rosa, o Bernardo Langlott estará entre os convidados, sem que ninguém estranhe. Afinal, para ser famoso basta ser famoso, né? Ou alguém tem idéia do que lançou ao estrelato o casal Bruno Chateaubriand e André Ramos?

    6.2.04



    Celebridade pouca é bobagem

    Gente, este press release é autêntico. Juro. Eu nem teria imaginação para tanto...
    À acessoria de imprensa de BERNARDO LANGLOTT, 20 anos, Empresário do Ramo Joalheiro, modelo, ator e padrinho da cadelinha Perepepê, da socialite Vera Loyola, destaque de inúmeras revistas de celebridades e colunas sociais, informa aos prezados jornalistas que, BERNARDO LANGLOTT está namorando a musa do carnaval QUITÉRIA CHAGAS, 23 anos; Rainha da Império Serrano. Quitéria já roubou a cena nas vinhetas de carnaval da Globo, nos humorísticos "Zorra Total" e "Turma do Didi" e na novela "O Clone".

    BERNARDO LANGLOTT como um homem apaixonado está presenteando sua amada com a fantasia que a musa desfilará no carnaval de 2004.

    Seguindo o estilo irreverente de BERNARDO LANGLOTT a fantasia terá um grande detalhe, será toda em ouro 18k. Um mimo, coisas de LANGLOTT!!!!

    Desde já agradecemos aos prezados jornalistas e para maiores informações, BERNARDO LANGLOTT estará a inteira disposição dos senhores.

    SARA MANCEBO.
    ACESSORA DE IMPRENSA


    5.2.04



    -

    Da violência — mas sem
    perder a ternura jamais

    Há algo de errado numa cidade quando qualquer
    mãe de família sabe o que é uma AR-15



    Eram duas da manhã de quarta-feira e eu estava dando o dia por terminado na redação, quando um dos últimos colegas a ir embora veio me avisar para evitar o Rebouças:

    — Tá rolando o maior tiroteio por lá.

    Trocamos as palavras usuais a respeito do caso, agradeci a gentileza do alerta e nos despedimos, tranqüilos, apenas o fim de mais um dia de trabalho. Peguei o Santa Bárbara, vi a blitz de sempre em frente ao Palácio Guanabara e não pensei mais no assunto. No dia seguinte, a notícia estava no jornal, mas passei por ela como venho, há tempos, passando pelas notícias do gênero: sem qualquer espanto ou maior interesse. Três dias depois, às duas e meia da madrugada de sábado, voltando para casa com outros colegas num carro do jornal, o motorista apontou:

    — Acabaram de matar um cara aí.

    Estávamos na Rua Mem de Sá, a poucos quarteirões do Globo. O corpo estendido no chão, coberto por uma manta axadrezada; ao redor, um pequeno grupo de pessoas.

    — Eu vi esse cara cair, — disse o motorista, como se estivesse falando sobre um fato corriqueiro. Estava; e continuou. — Eu vinha com o carro quando vi quatro caras correndo, um com uma pistola na mão. O cara aí ainda deu um passo e pá, caiu.

    Um dos meus colegas ficou ali perto, na Lapa; o outro em Laranjeiras. Durante todo o trajeto, até a Lagoa, só vimos polícia na blitz do Humaitá, e ainda assim em clima de fim de festa: uns três ou quatro guardinhas encostados no camburão, conversando, totalmente alheios a quem passava.

    A cidade não é uma entidade única, uniforme. Ela varia de pessoa para pessoa, moldada por uma série de fatores, dos quais os mais óbvios são, naturalmente, endereço e condições de vida do cidadão. Há, no entanto, variantes mais sutis, determinadas pelo DNA de cada um. Fui feliz na loteria da vida, e vim ao mundo otimista, com uma predisposição natural para gostar do que encontro. O meu Rio de Janeiro é, em geral, amistoso e divertido, cheio de alegria, bons momentos e, até, encontros especiais com capivaras. Mas, convenhamos, não há otimismo que resista a um tiroteio na quarta e a um assassinato no sábado — ainda por cima quando, entre um e outro, a gente lê jornal, vê televisão e ouve trechos das conversas alheias.

    — Como é que eu chego até lá? — perguntou um rapaz a outro num elevador em Ipanema, na quinta-feira. — Pela Brasil tem tiroteio, pela Linha Amarela tem tiroteio também...

    Fiquei sem saber se havia um caminho seguro até “lá” porque eles desceram no terceiro andar e eu fui até o sexto.

    — O cara estava com um revólver na mão, o que é que ele podia fazer? — disse alguém na mesa ao lado, no restaurante, ontem mesmo.

    Parecia perseguição, mas não era. Era só a
    normalidade me invadindo. Não houve, em nenhum dos casos, qualquer sinal de choque ou de indignação nas vozes; nem havia por quê. A conversa carioca de hoje é assim mesmo, um assalto aqui, um tiroteio ali. A violência deixou de ser um assunto especial. Ela é a realidade, a matéria do dia-a-dia, o ar que se respira.

    * * *

    A cidade está debaixo de um manto difuso de violência, como um mundo perdido debaixo de um nevoeiro. As nossas vidas vão se encolhendo, se fechando em áreas cada vez menores e mais restritas. Caminhar meia dúzia de quarteirões até o cinema ou o restaurante deixou, há muito, de ser um passeio agradável. A qualquer hora do dia ou da noite, andar por uma calçada carioca é ter a perfeita consciência de que se está correndo um risco; é desconfiar de qualquer barulho, qualquer movimento e, sobretudo, qualquer outro ser humano. Isso, claro, supondo-se que a gente consiga andar pelas calçadas, tomadas pelos automóveis — outra forma de agressão ao cidadão.

    * * *

    Há tempos decidi que não ia me deixar envenenar por tudo isso, mas há um momento em que o bom senso manda reconhecer a derrota. Não deixei de sair com a minha câmera nem de passear à noite, mas o simples fato de saber que essas atividades inocentes são, hoje, um comportamento de risco, já me faz vítima da violência que tento, mas não consigo, ignorar. Até porque, em cada esquina, em cada centímetro quadrado de parede, estão as pichações que mostram ao cidadão temente à lei e ao fisco quem está mandando no Rio.

    Para mim, a parede pichada é uma das formas mais insidiosas de violência, um dos sintomas mais claros da ausência de qualquer espécie de ordem ou de autoridade na cidade. Nessa anti-estética do desrespeito, do descaso e do desamor, está a proclamação de vitória da bandidagem.

    Tá tudo dominado.

    Mas eu, otimista que sou, sigo em frente, achando que ainda tem jeito, que um dia conserta. No meu coração, contra todas as evidências, o Rio de Janeiro continua.

    Lindo.

    (O Globo, Segundo Caderno, 5.2.2003)




    Existirmos, a que será que se destina?


    AAAAARRRRRRGGGGGHHHH!!!!!!



    Estou refazendo aquele famigerado disco de 120GB que dançou e...




    o




    b

    a

    c

    k

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    .

    .

    .





    Por favor, por favor, alguém me diga que isso não é verdade.




    Pleeeeeease???


    4.2.04



    Fotolog: o comunicado

    Cypher finalmente postou o comunicado tão esperado no Fotolog. As notícias são basicamente as mesmas que já haviam sido dadas no grupo de discussão.

    A versão em português está aqui. Não está lá aquelas maravilhas em termos de regência e de ortografia, mas acho que até o Fotolog ter condições de contratar um tradutor de verdade ainda demora um pouquinho...

    De qualquer forma, o importante é que, finalmente, o site está fechado para novas inscrições e que providências estão sendo tomadas para recolocá-lo nos trilhos.

    Ufa!


    Alô...

    Meninos, desculpem o sumiço, mas estou terminando um trabalho urgentíssimo que era para ontem e que, naturalmente, acabei deixando para amanhã; agora estão querendo o meu escalpo... e estou correndo contra o tempo

    3.2.04



    Fotolog: Cypher tem novidades!

    Respondendo a um minucioso e bem elaborado manifesto do Jef, Cypher disse algumas coisas interessantes. A mais importante é que o Fotolog recebe essa semana um angel investment, isto é, uma bela bolada de alguém que tem grana de sobra e que acredita na idéia. Com isso, ele vai largar o atual emprego para se dedicar única e exclusivamente ao Fotolog; ao mesmo tempo, será possível a contratação de um equipe de tecnologia para ajudar a tocar o site.

    Eu gostei muito do que li. Para quem lê inglês, a íntegra está aqui; infelizmente estou terminando um trabalho urgente e não tenho tempo para traduzir, mas acredito que amanhã teremos a versão em português de algum texto semelhante no site, já que o Cypher promete postar um comunicado bombástico.

    Agora é torcer para tudo dar certo, e para o Fotolog voltar a ser o brinquedo divertido que era.

    Update: A Cris Carriconde me diz que fecharam o Fotolog para novas inscrições. Já não era sem tempo! Eu ainda não consegui sequer abrir a página principal hoje... :-(

    1.2.04





    They shoot horses, don't they?

    Para que não se diga que este blog só fala em gatos e capivaras, hoje tem zebra, para fazer par com o cavalinho de focinho gelado da Diane. Esta é do André Arruda: craque é craque, né?

    Aliás, o André mantém um excelente blog sobre (principalmente) fotografia, que recomendo calorosamente: On Camera.